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    O céu estava pesado, tingido por um negro opressor que parecia engolir toda a luz ao redor. Renier estava de pé, com sua foice negra em mãos, seu olhar fixo na entidade à sua frente. A Sombra, uma forma flutuante e amorfa, emanava uma energia que parecia devorar o próprio ar.

    Renier sabia que perder não era uma opção. Não contra aquilo. Não com tanto em jogo.

    A Sombra inclinou a cabeça, um gesto quase humano, e sorriu docemente. Um sorriso que não devia existir. — Ah, Renier… Como é fascinante ver você lutar contra si mesmo. Contra o medo, contra a emoção. Você é realmente especial.

    Renier não respondeu. Cada palavra da Sombra era uma arma, uma lâmina invisível tentando perfurar suas defesas. Ele precisava ignorar. Precisava focar.

    Mas, mesmo enquanto avançava com um golpe preciso de sua foice, seus olhos desviaram por um instante para Aura. Ela estava caída alguns metros atrás, mas ainda respirando. Ele sentiu um aperto no peito. Ela estava viva, mas vulnerável. Sua presença o preocupava, tornava seus movimentos cautelosos demais, limitava o fluxo de sua força.

    A Sombra percebeu a hesitação. — Ela o enfraquece, Guardião Negro. Está claro. Deixe-a. Você sabe que ela só é um fardo agora.

    Renier cerrou os dentes e canalizou sua energia na foice. Com um grito, ele golpeou o ar, gerando um arco de pura energia que explodiu contra a Sombra, empurrando-a para trás com força. A entidade cambaleou, surpresa.

    “Interessante… Ele aprende rápido demais.” Ponderou ela, vendo o quanto Renier mudava conforme a necessidade.

    Renier, no entanto, não deixou que a Sombra o distraísse. Seus olhos brilharam em azul intenso, varrendo o ambiente com uma percepção além do físico. Ele viu através das montanhas à frente: um terreno desolado, sem sinais de vida. Estruturas antigas, cobertas pela passagem do tempo, estavam ocultas além do horizonte. Um local perfeito.

    Ele precisava levar a luta para lá. Longe de Aura.

    Renier então proclamou. — Como ambos já decidimos lutar, para colocar nossas palavras em ação…

    — Então que nossos sentimentos sejam destruídos aqui! — exclamou a Sombra, soando quase como uma súplica. Mas o olhar que ela lançou a Renier não deixava dúvidas: ela queria ver até onde isso iria.

    Uma explosão de energia púrpura irrompeu ao redor da Sombra, enquanto o cosmos respondia com uma onda devastadora que fluía de Renier. A energia negra que emana de seu ser se misturava ao brilho sombrio da Sombra, criando um vórtice de destruição pura que parecia ameaçar rasgar a própria realidade. O chão tremeu sob o impacto, e o ar vibrou, como se as fibras do universo estivessem prestes a se partir.

    A Sombra olhou para baixo, surpresa ao ver seus pés sendo puxados para trás. Não demorou muito para que uma risada sádica escapasse de seus lábios. Seu sorriso, carregado de um prazer doentio, se espalhou por seu rosto.

    — Então é isso, Renier? — disse ela, sem conter a gargalhada, como se a cena fosse hilária. — Está tentando me afastar da garota? Que fofo… tentando proteger a sua amiguinha, huh? Pois bem, que assim seja. — O sorriso dela se alargou ainda mais, a malícia transbordando de cada palavra.

    Ela ergueu a mão, liberando um pulso de energia pura, fazendo Renier vacilar momentaneamente. A Sombra, com uma risada que misturava desdém e prazer, fez sua espada se desintegrar, transformando-a em um chicote de pura energia púrpura. O som cortante da lâmina reconfigurando-se ecoou como se o próprio espaço estivesse se retorcendo diante dela. A Sombra balançou o chicote com força, e o som de um tecido se rasgando reverberou pela atmosfera.

    — Quer levar isso para outro lugar? — disse ela, com um sorriso travesso e olhos brilhando de diversão. — Vamos ver do que você é capaz, querido. Eu sou adepta de uma dinâmica mais… ativa, então, deixe-me guiá-lo.

    Renier, sem hesitar, ajustou sua postura e empunhou sua foice. A lâmina cortou o ar enquanto o chicote da Sombra avançava em sua direção. Mas, para sua surpresa, o chicote se enrolou habilidosamente no cabo da foice, puxando-o com uma força brutal. Renier soltou um grunhido, exasperado, enquanto sentia seu corpo sendo puxado para a força oposta.

    — Droga! — resmungou, se recusando a soltar a arma. Mas a Sombra, com um sorriso vitorioso, usou o chicote para arremessá-lo para o outro lado com uma violência que fez o chão estremecer. Um estrondo ensurdecedor se seguiu, levantando uma nuvem de poeira e fragmentos.

    Renier levantou-se lentamente, com os olhos ardendo de raiva, limpando a poeira do rosto. Sua postura estava firme, mas sua expressão deixava claro que ele não estava disposto a cair tão facilmente.

    — Isso é tudo o que você consegue? — ele perguntou, a voz carregada de desdém. — Empurrar-me para o chão não será suficiente para me fazer cair.

    A Sombra, ainda sorrindo de maneira sedutora e cruel, respondeu com um tom de brincadeira, mas com um olhar perigoso:

    — Querido, mal começamos. Prepare-se, você ainda tem muito o que aprender sobre o que significa lutar comigo.

    A Sombra levantou a mão com um movimento lento, como se estivesse orquestrando um grande espetáculo. Uma distorção se formou no ar ao seu redor, a energia púrpura se acumulando em espiral, girando mais rápido a cada segundo, até que uma enorme esfera de pura destruição se formou diante dela. O poder emanava daquela esfera com tal intensidade que a própria atmosfera parecia tremer com a força que ela concentrava.

    — Vamos brincar um pouco mais longe, então — disse a Sombra, a voz impregnada de uma diversão malévola. — Quero ver o Guardião Negro em todo seu resplendor. Acho que aquela alma fraca da garota que você tenta proteger ainda está segurando você, não está? Eu quero ver o que você realmente pode fazer, sem essas amarras.

    Renier sentiu a pressão do poder da Sombra crescendo e, sem hesitar, ergueu um enorme escudo de energia diante de si, em forma de doba, sentindo o peso da ameaça iminente. A esfera da Sombra continuava a se intensificar, e ele sabia que não seria prudente deixar um ataque desse porte atingir seu corpo diretamente. Ele se preparou, a tensão crescente em seus músculos.

    — Vamos aproveitar o espaço, Renier — a Sombra disse com um sorriso frio, suas palavras cheias de malícia. — Mostre-me o que você é capaz de fazer quando se solta de todas essas restrições.

    Com um gesto rápido, ela lançou o ataque. A esfera de pura energia roxa disparou na direção da barreira criada por Renier, e o impacto foi avassalador. A força da explosão foi tão intensa que a barreira se desfez instantaneamente, como se fosse feita de vidro. O impacto lançou Renier para trás com uma violência catastrófica, e antes que ele pudesse reagir ou se recuperar, o chicote de energia da Sombra cortou o ar e o atingiu diretamente no peito, rasgando sua defesa e ferindo-o profundamente.

    A dor o atingiu com uma força esmagadora, e Renier foi arremessado para longe, seu corpo sendo arrastado através do campo de batalha. Ele se chocou violentamente contra uma montanha, o impacto ressoando em toda a região, enquanto pedaços de rochas e terra voavam para todos os lados.

    Antes que Renier pudesse se levantar ou se preparar para a próxima ofensiva, a Sombra apareceu diante dele, seu movimento rápido como uma sombra. Com um sorriso cruel, ela desferiu um chute brutal contra seu corpo, a força do golpe afundando sua forma no solo e atravessando a montanha por completo, fazendo a terra se partir e se desfazer ao redor deles.

    Até seu corpo bater com tudo em um solo pesado, o fazendo ficar desacordado por um breve momento.

    A situação era crítica, a Sombra era mais experiente e forte, mas nem ao menos levava a sério o combate, deixando o Guardião Negro em um estado onde nem mesmo ele saberia se existia uma possibilidade de vitória…

    Continua…

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