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    Renier caminhava calmamente pela terra árida, seus passos silenciosos entre as plantações de trigo douradas que se agitavam com o vento. O contraste entre o solo seco e a vegetação reluzente dava ao cenário um aspecto peculiar, quase surreal. O bracelete hi-tech escuro em seu pulso brilhou levemente, projetando um holograma com as informações sobre os Wiverys.

    “Wiverys: uma subespécie de dragão. Diferente dos verdadeiros Dragões, são irracionais, brutais e agem puramente por instinto. Não possuem honra ou orgulho, características essenciais dos Dragões superiores. Alimentam-se de carne humana e de outros seres vivos, algo impensável para dragões de linhagem pura. A distinção entre um Wivery e um Dragão é clara: Wiverys possuem apenas duas patas, enquanto Dragões verdadeiros possuem quatro. No entanto, em muitas culturas, essa diferença é ignorada, e qualquer criatura dracônica de duas patas é simplesmente chamada de Dragão.”

    Renier observou as informações projetadas, seus olhos azuis refletindo a luz do holograma. Ele relembrava as palavras do diário do General Morales. “Um Wiverys aparecendo aqui, longe do território dos Dragões.” Havia algo de errado com essa afirmação. Segundo as informações conhecidas, os Wiverys viviam entre os Dragões, subordinados a eles como criaturas inferiores. No entanto, as palavras do diário indicavam o contrário.

    Então, a questão era: por que apenas um Wivery teria atacado o forte? Ainda mais quando outro monstro desconhecido já estava desgastando os soldados furtivamente? Isso não parecia uma simples coincidência.

    Renier franziu o cenho levemente. Wiverys não eram inteligentes o suficiente para agir estrategicamente. Receber ordens de boa vontade estava fora de questão. O que significava que a única explicação lógica era que a criatura mencionada no diário, o ser com um manto marrom e um braço desproporcional, estava no controle.

    — Manipulação… interessante — murmurei para mim mesmo, pensando a respeito.

    Se sua teoria estivesse correta, então esse monstro era ainda mais problemático do que ele esperava. Manipular uma fera irracional como um Wivery exigia um nível de poder significativo. E, pior ainda, inteligência.

    Renier estreitou os olhos, sentindo a excitação de um mistério se desenrolando diante dele. Mas isso trazia um novo problema: como encontrar essa criatura? A descrição no diário era vaga demais. Um manto marrom cobrindo a cabeça, um braço maior que o outro… O que exatamente era esse ser?

    O vento soprou com mais força, levantando folhas secas no ar. Ele parou, cruzando os braços enquanto ponderava. Se a criatura estivesse realmente no controle de um Wivery, como, quando e onde seria seu próximo ataque?

    Por ora, deixou essa questão de lado. Havia algo ainda mais imediato para resolver: havia alguma civilização por perto?

    No instante seguinte, ao dar um passo à frente, sentiu uma leve distorção no espaço, um arrepio percorrendo sua pele. Como se tivesse atravessado… uma barreira?

    Renier ergueu o olhar, à sua frente, um grande morro se estendia até um pico alto, coberto por um gramado esverdeado e flores silvestres.

    Seus olhos azuis se iluminaram sutilmente, analisando a energia ao seu redor. E então viu: a barreira tinha uma estrutura translúcida, formando um domo que se estendia até o horizonte. Talvez cobrisse todo o território dos Forjanos, onde aquele barão do forte governava.

    Perdido em pensamentos, sua atenção foi desviada quando algo rasgou os céus. Um som cortante, como uma lâmina rasgando o ar.

    Do pico do morro, uma criatura emergiu em um voo violento, suas enormes asas cortando os ventos enquanto subia. O rugido selvagem reverberou pelo campo. Renier imediatamente analisou a situação.

    “Um Wivery.”

    Mas algo estava errado. Esse não era o mesmo da descrição do diário. Sua coloração amarronzada era diferente do tom negro mencionado pelo general.

    Os olhos de Renier captaram algo mais: uma queimadura na asa direita da fera. Ferido.

    O som de gritos abaixo o fez olhar para o solo. Soldados em armaduras de diferentes cores disparavam flechas e magias contra o monstro. Flechas ricocheteavam inofensivamente, e feitiços apenas dissipavam contra suas escamas duras.

    Uma voz feminina se destacou entre os gritos, entoando uma magia. Renier desviou o olhar para ela.

    Uma guerreira, claramente uma maga de suporte, estava posicionada estrategicamente. Usava um elmo, mas seus longos cabelos fluíam ao vento. Sua armadura era ajustada, combinando proteção com mobilidade. O tom de sua magia era distinto: vento.

    A magia atingiu seu ápice, o vento se intensificando até formar um tornado. Com um movimento preciso, ela lançou a tempestade contra o Wivery.

    Renier cruzou os braços, observando.

    — Uma boa execução, mas não vai funcionar.

    E não funcionou.

    O Wivery usou suas próprias asas para rebater a magia, revertendo o ataque contra a maga. O impacto foi direto. Um grito ecoou quando ela foi arremessada para o alto, desprotegida. Nenhum outro mago conseguirá resgatá-la a tempo.

    Mas Renier não era qualquer um… Soltou um suspiro, descruzando os braços.

    — Bem… não é meu estilo bancar o herói, mas acho que vou fazer uma exceção — afirmou ele, dando de ombros.

    Chamando seu inventário, ele materializou uma espada de lâmina azul reluzente. Em um instante, seu corpo brilhou contra o Sol, desaparecendo no ar.

    O Wivery abriu suas mandíbulas, pronto para devorar a guerreira caída.

    Mas antes que conseguisse, uma lâmina afiada perfurou seu pescoço.

    O grunhido de dor da fera ecoou pelo campo. Renier segurou firme a espada e, com um movimento ágil, retirou a lâmina e usou o próprio corpo da criatura como impulso, empurrando-a para o solo. O impacto levantou uma nuvem de poeira.

    No mesmo instante, ele segurou a maga antes que ela caísse. Seu corpo estava leve nos braços dele, mas não demorou muito para que despertasse.

    Seus olhos amarelos se abriram lentamente, focando-se nele.

    Ao perceber sua posição, o rosto dela corou levemente.

    Renier sorriu, colocando-a no chão com suavidade.

    — Está bem?

    — S-sim… — respondeu ela, um pouco atordoada.

    Mas então percebeu como havia sido segurada, e seu rosto ficou ainda mais vermelho.

    — Q-quem é você?! — perguntou, nervosa.

    Renier apenas deu um sorriso suave, um brilho brincalhão nos olhos.

    — Pode me chamar de Renier.

    A guerreira desviou o olhar por um instante, claramente sem saber o que dizer.

    “Charmoso e perigoso?” Que combinação interessante, pensou ela enquanto desviava o olhar queimando de vergonha.

    Renier que ainda a segurava, observava com diversão a forma como ela tentava encontrar palavras sem piorar sua própria situação. “Isso estava ficando cada vez mais interessante”, ponderou ele dando um leve sorriso travesso.

    Continua…

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