Capítulo 53: Festas e Despedidas.
Os dias que se seguiram à batalha contra a Sombra foram marcados por uma agitação silenciosa, onde o Mundo Zero, antes assolado pela destruição, começava lentamente a recuperar sua forma. A vitória de Renier sobre a ameaça que pairava sobre o território dos Demônios trouxe consigo uma sensação de alívio.
O caos havia finalmente se acalmado, e os ecos de uma era de incertezas estavam se dissipando. A morte de Alaster, a Sombra, e a aparente queda de Siryus, embora esta fosse mais complexa do que parecia, haviam transformado o mundo, mas o tempo, como sempre, seguia seu curso.
Na Cidade Fronteira, a vida voltava ao seu ritmo habitual, mas havia uma festa fechada na guilda dos aventureiros. Somente os mais próximos e aqueles que haviam testemunhado ou, de alguma forma, se envolvido nos eventos recentes eram convidados. A atmosfera estava carregada de alegria e celebração, e todos estavam animados por poder celebrar o retorno de Aura, e Renier de sua jornada.
Entre os presentes, Kirara segurava um grande copo de cerveja, seu sorriso sendo a própria definição de satisfação. Ela brindava ao retorno de seus amigos e, mais importante, à vitória de Renier. A energia da festa estava palpável, e o som de risadas e conversas se misturava com o tilintar dos copos.
Aura e Renier já estavam sentados em uma grande mesa, o ambiente à sua volta repleto de rostos sorridentes e conversas amenas. A presença de Aura, a Rainha dos Demônios, não passava despercebida, mas ninguém parecia mais do que o necessário interessado em seu título ou passado. Ali, ela estava como parte do grupo, uma amiga entre amigos. Ao seu lado, Renier parecia ser a personificação de um Guardião tranquilo, alguém que tinha cumprido seu dever, mas agora descansava, compartilhando o momento com aqueles que o haviam apoiado.
Malo, a Wendigo que sempre demonstrou sua lealdade a Renier, não escondia sua felicidade ao vê-lo de volta enquanto balançava sua cauda. Ela comia com gosto, mas seu olhar se fixava em Renier com um sorriso caloroso, como se estivesse observando uma história se desenrolar diante dela.
Anny, a filha de Anastasia, também estava presente, seus olhos brilhando com admiração ao ter Renier de volta. Para ela, Renier não era apenas uma figura de lenda e histórias, mas uma realidade que agora a inspirava de forma palpável.
Anastasia, sentada ao lado de Renier, observava-o com carinho, sempre atenta aos seus gestos e expressões. Ao seu lado, a avó de Renier, Makoto Kanemoto, parecia mais uma irmã do que uma avó. Sua aparência jovial era o reflexo de ter sido receptáculo de Alaster, e ela exalava uma energia que parecia muito próxima à de Renier. Ela estava animada, acompanhando a movimentação do evento com a mesma atenção com que observaria uma peça de teatro, e seu olhar se fixava, orgulhoso, no neto.
Selena, com seu sorriso radiante, circulava pela mesa, carregando bandejas repletas de pratos deliciosos, garantindo que ninguém ficasse sem alimento ou bebida. Ela adicionava um toque de calor humano à festa, servindo a todos com um carinho e entusiasmo genuínos.
Foi então que Kirara, com uma risada leve, se levantou e anunciou para todos os presentes.
— O novo Guardião Negro retornou de sua grande batalha vitoriosa, junto da Rainha dos Demônios, Aura! É uma honra tê-los de volta à nossa cidade, e agradecemos profundamente por tudo o que fizeram em prol da vida neste mundo!
Aquelas palavras ecoaram pela sala, mas Renier, com um sorriso suave, respondeu com humildade. — Eu só fiz o que um Guardião faria. — Sua voz era calma, mas havia uma certeza nela, como se ele tivesse cumprido seu destino sem buscar mais reconhecimento.
Makoto, com um brilho no olhar, imediatamente rebateu. — Renier, você fez mais do que isso. Como alguém da nossa família, do Clã Kanemoto, todos teriam grande orgulho do que você fez — Ela se inclinou um pouco à frente, sua voz carregada de emoção. — Você não só cumpriu sua missão, mas mostrou a todos o que significa ser verdadeiramente destemido.
Aura, que estava ao lado de Renier, não ficou atrás. Ela assentiu com firmeza, um sorriso suave curvando seus lábios. — Sim, posso garantir que ele fez mais do que um simples ato de heroísmo. Ele foi além, fazendo o que muitos não teriam coragem de fazer… Heh, nem parece mais o garoto que encontrei naquela floresta.
Renier riu do que disse, embora de fato essa pequena jornada de fato mudou muito sua natureza. — Acho que você está certa — afirmou Renier.
Anastasia também concordou, sua voz suave mas cheia de sinceridade. — Você sempre foi especial… — comentou Anastasia, segurando a mão dele. — Disso eu não duvidei por nenhum momento.
O salão da guilda ainda ressoava com a alegria da celebração. Risadas, brindes e conversas cruzavam o espaço, mas na grande mesa onde Renier estava sentado, o clima era um pouco mais íntimo. Aura, sempre elegante, estava ao lado dele, observando os demais com um sorriso discreto. No entanto, ela desviou o olhar para Renier, deixando transparecer um misto de orgulho e nostalgia.
— Sim, posso garantir que ele fez mais do que um simples ato de heroísmo. — Aura disse, cruzando os braços enquanto um sorriso suave curvava seus lábios. — Ele foi além, fazendo o que muitos não teriam coragem de fazer… Heh, nem parece mais o garoto que encontrei naquela floresta.
Renier riu ao ouvir isso. Apesar de tudo o que passou, as palavras de Aura traziam um calor peculiar, como se ela fosse a personificação de um lar encontrado em meio ao caos. Ele passou a mão pelo cabelo, os olhos brilhando com uma leveza rara.
— Acho que você está certa. — Ele afirmou, quase como se aceitasse a mudança que essa jornada trouxe a ele.
Anastasia, que estava sentada próxima a Renier, observava a cena com ternura. Sua voz, sempre suave, ecoou com sinceridade:
— Você sempre foi especial… — disse ela, estendendo a mão e segurando a de Renier com firmeza. — Disso eu não duvidei por nenhum momento.
As palavras dela tocaram algo profundo dentro dele. Sem hesitar, Renier inclinou-se e depositou um beijo nos lábios de Anastasia, uma demonstração de afeto que fazia os outros à mesa olharem com sorrisos discretos ou risinhos abafados. Contudo, assim que ele se afastou, um brilho de melancolia surgiu em seus olhos.
— Mas infelizmente… — começou ele, desviando o olhar para o copo na mesa por um breve momento. — Como meu objetivo aqui nesse mundo se encerrou, eu devo ir para o próximo. Esse é o dever de um Guardião.
A declaração fez o ar ao redor da mesa pesar por um instante. Anastasia apertou os lábios, e Aura desviou os olhos, seu sorriso se esvaindo brevemente. Ambas sabiam que esse momento chegaria, mas isso não tornava a despedida menos difícil. Anastasia, porém, ergueu o olhar novamente, decidida.
— Eu entendo. — Sua voz era firme, mas havia um toque de tristeza nela. — Não posso me colocar entre você e um objetivo tão importante. Seria egoísmo da minha parte pedir para que ficasse aqui e ignorasse o peso de tantas vidas lá fora.
Aura, que mantinha sua expressão neutra, suspirou e finalmente falou:
— Mesmo que vá para outros mundos, Renier, só peço uma coisa. — Ela virou o rosto para ele, os olhos âmbar parecendo mais intensos sob as luzes do salão. — Não se esqueça de nós. E volte para nos visitar, algum dia.
Renier olhou para as duas com um sorriso suave, mas carregado de emoção.
— Como eu poderia esquecer vocês? — disse ele, sua voz carregada de sinceridade. — Esse lugar e todos vocês sempre terão um espaço em mim. E, claro, voltarei de vez em quando para ver como estão.
O clima ao redor deles aliviou-se com suas palavras. Mesmo que a despedida estivesse próxima, havia uma promessa de retorno, um fio de esperança que conectava Renier a esse mundo e às pessoas que agora faziam parte de sua história. E naquele momento, enquanto a festa continuava ao redor deles, todos escolheram aproveitar o presente, sabendo que, não importa quão distantes estivessem no futuro, os laços que haviam construído seriam eternos.
Continua…
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