Capítulo 80: O Coração da Teia Parte 1.
A situação era nova para os três. O silêncio opressor daquela câmara tornava o ambiente ainda mais sufocante. Renier tentava localizar o núcleo da sala, seus olhos varrendo cada canto, enquanto sua máscara de kitsune ativava a interface, analisando o ambiente. O problema era que a fonte de energia não estava concentrada em um único ponto. Pelo contrário, parecia estar espalhada por todo o território, como se fosse parte da própria estrutura daquele lugar.
Renier soltou um suspiro, sua mente já formulando as possibilidades. Se estivesse sozinho, poderia agir livremente, sem hesitação. No entanto, Mila e Luna estavam com ele. Não podia simplesmente avançar sem um plano.
Ele ajustou sua postura, mantendo a calma enquanto ponderava sobre os próximos passos. Sabia que a criatura acima deles não havia atacado ainda por uma razão: ela estava esperando. Observando. Como uma caçadora que não desperdiça um movimento até que tenha certeza de que a presa está vulnerável.
— Não podemos nos mover sem um plano. — Renier disse em um tom baixo, os olhos ainda fixos nos quatro pontos luminosos na escuridão. — A energia dessa sala está dispersa, o que significa que esse lugar pode ser mais do que parece.
Luna franziu o cenho, entendendo o que ele queria dizer.
— Se está espalhada, isso significa que a própria sala pode ser parte do núcleo?
Renier assentiu.
— Exatamente. O núcleo pode não ser um objeto que possamos simplesmente destruir. Pode estar interligado a essa coisa que está nos observando.
Mila se encolheu levemente, desviando o olhar para as teias.
— Isso significa que temos que enfrentar essa coisa de qualquer jeito…?
Renier não respondeu de imediato. Em sua mente, as opções se desenhavam rapidamente. Se aquele monstro fosse de fato o núcleo, eliminá-lo seria a única maneira de interromper a energia se espalhando.
As possibilidades estavam abertas, e qualquer erro poderia ser fatal.
A tensão era palpável. O tempo corria contra eles. E acima, os quatro olhos ainda brilhavam na escuridão, pacientes, esperando o momento certo para atacar.
Renier ficou em silêncio por um momento, analisando a situação. O chefe do labirinto os observava das sombras, seus olhos brilhantes refletindo um instinto predatório. O núcleo da sala permanecia oculto, sua energia espalhada pelo ambiente, tornando difícil localizar sua verdadeira posição. E, além disso, havia pessoas ainda vivas presas nos casulos ao redor, tornando a situação mais complexa.
Ele soltou um suspiro. Se estivesse sozinho, poderia agir livremente, atacando de forma impiedosa. Mas com Mila e Luna ao seu lado, precisava ser mais estratégico. Um movimento errado e as duas poderiam se tornar presas.
Seus olhos azuis brilharam por trás da máscara de Kitsune enquanto olhava para as duas. Já tinha sua resposta.
— Eu vou dar o primeiro passo — declarou em um tom calmo, mas firme. — Segurarei o chefe do labirinto para ganhar tempo. Enquanto isso, Mila, você e Luna precisam libertar os reféns.
Mila assentiu, cerrando os punhos. Ainda se ajustava à sua nova armadura e às habilidades sombrias que havia adquirido, mas sabia que Renier não teria dado essa ordem se não confiasse nela.
Luna, por sua vez, observava a escuridão ao redor com cautela. Seus olhos pequenos, mas atentos, demonstravam que compreendia a seriedade do plano.
Renier então se voltou para ela.
— Luna, você tem a responsabilidade mais importante. Quero que encontre o núcleo desse lugar. Se ele for destruído ou removido, tudo pode desmoronar. Então não toque nele, apenas descubra onde está.
Luna acenou lentamente, absorvendo cada palavra.
— Entendido…
O silêncio pairou sobre os três. A tensão no ar era palpável. O monstro ainda não atacará, mas Renier sabia que isso não duraria muito.
Ele ajeitou a máscara, ergueu a cabeça e sorriu com confiança.
— Bem, então vamos começar o show.
E, sem hesitar, deu um passo à frente, desafiando a criatura oculta na escuridão.
Renier avançava cuidadosamente pelo campo de teias, saltando entre os espaços vazios e evitando o contato direto com os fios de seda. A criatura no teto o observava com atenção, mas seu foco estava em outro ponto, o chão.
Ele já havia percebido a verdade: a aranha acima não era o verdadeiro chefe do labirinto. Na melhor das hipóteses, era apenas um guardião. O que significava que em algum lugar daquela câmara existia uma fêmea, uma aranha muito maior e mais perigosa, a verdadeira dona daquele território.
Seus olhos brilharam por trás da máscara de Kitsune enquanto ele buscava sinais de Mila e Luna. As duas permaneciam imóveis, seguindo suas instruções à risca.
Renier parou quase no centro da câmara e analisou o ambiente. Foi quando notou algo peculiar: um fio de teia mais fino que os demais, quase imperceptível no breu absoluto. Era um gatilho.
Ele franziu o cenho e, sem hesitar, pressionou a ponta da bota sobre o fio.
O efeito foi imediato.
Um tremor percorreu o chão, sutil no início, mas crescendo rapidamente até se tornar um verdadeiro terremoto. Então, com um som seco e violento, o solo se abriu como um alçapão.
E das profundezas emergiu a verdadeira rainha do labirinto.
A monstruosa aranha ergueu-se do chão, sua carapaça negra refletindo um brilho metálico, quase como se fosse feita de aço puro. Oito pernas imensas se cravaram no solo, cada uma parecendo lâminas afiadas o bastante para cortar pedra. No centro de seu rosto deformado, quatro olhos escarlates brilhavam intensamente, ofuscando Renier como faróis demoníacos.
Um som agudo e estridente preencheu o ar enquanto a criatura movia sua pata dianteira com uma velocidade aterradora, lançando um ataque direto contra Renier.
Ele reagiu sem hesitação.
Com um movimento ágil, acessou seu inventário através da interface, materializando uma pistola na cintura. Mas essa não era a arma que usaria. Com um giro calculado, sua verdadeira escolha apareceu em suas mãos, a lança de ponta vermelha.
A lâmina da criatura desceu, buscando parti-lo ao meio.
Renier girou o corpo no último instante e ergueu a lança. O impacto foi brutal. O choque entre os dois gerou um estrondo ensurdecedor, acompanhado por uma onda de ar que sacudiu as teias e fez os casulos balançarem violentamente.
Por um instante, o labirinto ficou em silêncio.
Renier sentiu um formigamento nas mãos. A força da criatura era absurda, como se tivesse recebido um golpe de aço contra aço.
Ele sorriu por trás da máscara.
— Interessante… — murmurou, os olhos brilhando com fascínio.
Renier se encontrava em um confronto brutal com a enorme aranha fêmea do labirinto. Cada golpe da criatura era um teste de força e precisão, suas patas gigantes lançando garras afiadas em direção a ele, criando explosões de ar que reverberavam ao redor. A aranha estava focada, parecia ver Renier como uma ameaça real.
Ele se esquivou com destreza, mas os ataques se sucediam implacáveis, e ele sabia que seria difícil manter o ritmo por muito tempo. A grande aranha continuava pressionando, tentando esmagá-lo com a força de seus ataques.
Quando um de seus ataques mais poderosos veio em sua direção, Renier bloqueou com a lança, mas o impacto foi tão forte que a lâmina se partiu, a ponta quebrando em estilhaços.
— Eu sabia que isso ia acontecer em algum momento… — Renier murmurou, observando os pedaços de metal caindo no chão. — Pelo menos aguentou o suficiente.
Ele não perdeu tempo, se afastando rapidamente para encontrar uma posição mais estratégica. A tensão estava alta, e ele sabia que não poderia se dar ao luxo de vacilar.
De repente, um disparo ecoou por todo o espaço, vindo da direção da aranha. Renier se jogou para o lado, desviando com agilidade. O chão ficou pegajoso por um momento, uma teia se grudando em sua bota e dificultando o movimento.
Com um movimento rápido, ele olhou para cima e retirou a pistola da cintura. Ele não hesitou. Com um gesto preciso, disparou uma rajada de energia cósmica diretamente contra a aranha macho, que estava posicionada um pouco acima deles.
O impacto foi devastador. A explosão de poeira e fragmentos de rocha formou uma cortina temporária, mas ao dissipar, revelou que a aranha macho ainda estava de pé, embora claramente ferida. Sua aparência era semelhante à da fêmea, mas muito menor, suas patas tremendo pela força do ataque.
Renier observou o monstro caído com interesse.
— Não foi suficiente… — ele murmurou, os olhos brilhando. — Mas com isso, você vai ter que se reerguer, e isso pode me dar uma vantagem.
A batalha estava longe de acabar, mas Renier se sentia mais determinado do que nunca. Ele não iria permitir que essa aranha fosse uma ameaça por mais tempo.
Enquanto Renier se mantinha ocupado enfrentando as duas aranhas, o Guardião e a Rainha do Labirinto, focando toda sua atenção e habilidades para lidar com os ataques implacáveis, Mila e Luna observavam a cena com calma, sabendo que a situação estava em suas mãos agora.
Luna, com um olhar atento, foi a primeira a quebrar o silêncio.
— É nossa chance. Como Renier disse, temos que agir agora.
Mila acenou com a cabeça, o movimento rápido e decisivo. Sem hesitar, as duas começaram a correr pelo território, suas botas ecoando no chão enquanto se dirigiam para os casulos espalhados pelo ambiente. Cinco, no total, estavam ali, cada um guardando um refém. Elas não podiam perder tempo.
Enquanto corriam, Mila se virou para Luna, uma dúvida surgindo em sua mente.
— Luna, posso te perguntar uma coisa? — Ela respirou fundo, ainda correndo, sem diminuir o ritmo. — Ouvi muitas histórias sobre Labirintos, sobre chefes de Labirintos… sempre são enfrentados por grupos fortes, exércitos, e coisas assim. Não é… estranho ver Renier enfrentando uma criatura tão poderosa sozinho? Isso é normal?
Luna olhou para Mila, sem diminuir a velocidade, mas com uma expressão pensativa.
— Normal? — Luna riu levemente, os olhos brilhando com um toque de incredulidade. — Não. Não é normal. Mas Renier… ele não é uma pessoa normal. Ele tem uma força, uma presença… que ninguém mais tem.
Mila sorriu, percebendo o que Luna queria dizer.
— Faz sentido. — Ela riu, os cabelos balançando com o movimento. — Mas o que importa é que ele sabe o que está fazendo.
O som dos disparos de Renier reverberava pela sala, cortando o ar com precisão, cada disparo ecoando com uma intensidade que não poderia ser ignorada. Brilhos azuis piscavam pela grande sala, o que indicava que ele estava fazendo o que melhor sabia: segurando as duas aranhas, mantendo-as focadas nele, para que Mila e Luna pudessem cumprir sua missão.
Apesar de todo o caos ao redor, Mila e Luna não olhavam para trás. Elas sabiam que podiam contar com Renier para manter as aranhas ocupadas. A confiança em seu poder era inabalável. Seu trabalho agora era resgatar os reféns.
O destino de todos dependia da coragem e das habilidades de cada um, e naquele momento, elas estavam prontas para fazer sua parte.
Continua…
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