Índice de Capítulo

    Ronald saiu do apartamento e Emily foi ao banheiro para tomar banho, logo ficaram apenas Karol e Fernando na sala de estar.

    A mulher se sentou no sofá e se espreguiçou. Depois olhou para o jovem que estava em pé próximo ao balcão da cozinha. 

    Ele parecia incomodado e ocasionalmente olhava em direção a Karol. Ela percebeu a atitude do rapaz e sorriu consigo mesma.

    Será que ele está nervoso porque ficou sozinho comigo? Ah, por causa de tudo que aconteceu hoje eu até esqueci que ele fica um pouco tímido às vezes. Karol pensou, achando isso engraçado.

    Desde que Fernando defendeu ela e os outros dos encrenqueiros, a visão que tinha dele mudou drasticamente, de um jovem que parecia introvertido para alguém confiável que sempre ajuda os amigos.

    Percebendo que Karol o observava e sorria, Fernando imediatamente se sentiu ainda mais nervoso, seu coração batendo loucamente, como se fosse saltar por sua garganta a qualquer momento. 

    Porém, ao ver seu sorriso encantador e gentil dela, de repente se lembrou da forma como a tratou durante o episódio com os brutamontes. Devido à raiva extrema que sentiu no momento, ele a tratou muito mal. Ao pensar nisso, seu coração, que estava queimando como uma fogueira, de repente esfriou.

    Karol pensou em brincar um pouco com Fernando, achando divertido provocar o rapaz tímido. Mas para sua surpresa, ele começou subitamente a andar em sua direção e a olhá-la fixamente nos olhos, uma atitude firme e resoluta, muito diferente da timidez de momentos atrás.

    O que está acontecendo? Por que ele mudou de repente? Será que… ele vai se declarar para mim? Ai, não! Eu não quero te magoar, Fernando, mas não tem como eu namorar um garoto 7 anos mais novo que eu!

    Fernando se aproximou de Karol e se sentou ao seu lado no sofá. 

    Ele virou seu olhar lentamente para ela como se estivesse reunindo coragem.

    “Karol, eu…”

    “Desculpe, Fernando, mas eu recuso! Você é um rapaz de bom caráter, mas você é simplesmente muito novo para mim, não tem como isso dar certo.”

    A súbita recusa de Karol pegou Fernando completamente desprevenido, ele ficou consternado.

    Isso é o que chamam de ser rejeitado? Mas eu sequer tive a chance de tentar… Espera, eu nem iria pedi-la em namoro ou algo assim…

    Fernando estava em choque e triste. Ele se sentia muito atraído pelo jeito carinhoso e simpático da garota, além, é claro, de sua beleza incrivelmente sedutora. Ser recusado dessa forma o deixou deprimido, ainda mais pelo fato dele não ter qualquer pretensão inicial.

    Talvez fosse porque ele era muito feio ou o seu jeito antissocial a desagradou. Não sabia qual dos dois, porém, estava tão envergonhado que queria simplesmente sumir dali, mas de repente se lembrou que tinha algo que precisava dizer.

    Apesar da circunstância extremamente estranha e do que sentia naquele momento, ainda sentia que precisava fazer isso.

    “Bem… Eu entendo. Uma garota tão bonita como você certamente não tem motivos para ficar com um cara como eu.” disse, hesitante.

    “Não se trata disso, Fernando, é apenas que… Você é tão novo, com certeza vai achar uma boa garota no futuro.”

    Karol o interrompeu, ela não queria deixá-lo deprimido, contudo também não podia aceitar seus sentimentos.

    O coração de Fernando se apertou ainda mais com essas palavras, quanto mais ela dizia, mais difícil era conseguir dizer, porém, insistiu.

    “Eu compreendo, eu acho… Mas, na verdade, o que eu queria dizer, é que gostaria de me desculpar pela forma que te tratei mais cedo. Antes de lutar com Marcus, realmente fui muito insensível e grosseiro. Enfim, me perdoe. Quanto a isso tudo de agora… eu também entendo.”

    Após dizer isso, ele se levantou e foi para seu quarto sem dizer mais nenhuma palavra.

    O que Fernando disse surpreendeu Karol. A garota pensou que ele continuaria tentando conquistá-la, embora, na verdade, sua intenção era simplesmente se desculpar sobre algo que ela nem se lembrava mais. 

    Ao parar para pensar, finalmente se deu conta que Fernando não pretendia se declarar para ela! O rapaz apenas queria se desculpar sobre como a tratou mais cedo! Ao notar isso, imediatamente se sentiu mal. Enquanto pensava apenas em si, na realidade Fernando estava preocupado com ela.

    “Droga! Eu sou realmente burra!” murmurou de forma arrependida, enquanto via o rapaz desaparecer na virada do corredor.

    Fernando entrou em seu quarto e trancou a porta. Ele realmente não queria ver ninguém mais naquele dia. Ser recusado sem sequer tentar foi algo muito estranho, na verdade, foi algo completamente novo, ele nunca foi recusado antes! Obviamente não porque ele era um ‘pegador’, mas porque nunca tinha sequer tentado. 

    Apesar disso, já estava acostumado a frustrações amorosas. Em sua adolescência, sempre houve garotas de quem gostou, todavia, no final, elas sempre o desprezavam ou fingiam que ele não existia.

    Karol foi realmente a primeira garota que o tratou bem. Apesar de conhecê-la a pouco tempo, Fernando sentiu uma ligação tão próxima a ela, como se estivessem ‘conectados’ que achou que realmente tinha alguma chance, mesmo que pequena. Porém, essa concepção foi dizimada em um único instante e um sentimento amargo brotou na sua garganta.

    Isso é o que chamam de se afogar na praia? Nem tive a chance de tentar. Afinal, por que eu estou tão desapontado? Isso era o esperado… Não é porque eu decidi mudar a mim mesmo que minha aparência também iria mudar ou as garotas iriam cair aos meus pés… Que seja, que se dane o amor.

    Apesar de dizer isso a si mesmo, ainda se sentia triste e só conseguia pensar em Karol, foi então que se recordou dos itens que comprou na loja de magia e alquimia.

    No lugar de remoer sobre o que acabou de acontecer, eu deveria fazer algo em que sou bom e esquecer tudo isso, estudar! Eu preciso aprender o máximo possível sobre esse mundo se eu quiser sobreviver e ter uma boa vida, não posso acabar morrendo e arrastar o outro ‘eu’ comigo, minha família depende dele!

    Após se decidir e reafirmar suas convicções, Fernando se sentiu muito melhor, então focou na sua Pulseira de Armazenamento e se concentrou em acessar seu espaço interno, logo  viu os itens que comprou mais cedo. 

    Após pensar um pouco, o rapaz resolveu tirar o Guia do Mago Aprendiz. Era um livro relativamente curto, com apenas um pouco mais de cem páginas. Logo começou a folheá-lo e finalmente resolveu começar a lê-lo. 

    O jovem pálido tinha uma capacidade de leitura incrível. Com apenas alguns segundos ele conseguia ler e memorizar uma página inteira, essa era uma das poucas coisas em que era bom e se orgulhava. Sempre usava a memorização de textos a seu favor e foi dependendo dela que tirava notas perfeitas. Era praticamente uma memória eidética, também conhecida como fotográfica, porém só conseguia utilizar isso para ler e memorizar textos, números e outros dados e caso não relesse isso com frequência, acabaria esquecendo tudo depois de algum tempo, mesmo assim, era algo extremamente útil.

    Logo após ler por menos de uma hora, analisando cada informação com calma e sem pressa, Fernando concluiu a leitura do guia. 

    Geralmente, ele sempre sentia uma sensação de realização ao terminar um livro, mas ao se recordar das informações que aprendera, tudo o que conseguia sentir era angústia. 

    Anteriormente, ele havia calculado o tempo da sua recuperação de seu mana, que era de 1 mana a cada 10 minutos. Então para seus 70 de mana recuperarem totalmente após estarem zerados seriam necessárias cerca de 11h e 40 minutos.

    Fernando havia achado um pouco demorado, mas levando em conta a força da magia, também achou que era razoável haver limitações. Porém, para seu espanto, ele descobriu pelo livro que não era exatamente assim.

    A recuperação natural de mana dependia da Compatibilidade mágica! Ele finalmente entendeu porque os Executivos do Salão davam tanta importância a esse Atributo oculto. 

    Nas informações do Guia, cada nível de Compatibilidade dobrava a recuperação em relação ao nível anterior. Então ele, que tinha um nível de compatibilidade 5, que recupera 1 de mana a cada 10 minutos, ficará totalmente aquém de alguém de Compatibilidade nível 6 que recupera 1 de mana a cada 5 minutos! 

    Ao se recordar de que Josh Norton tinha uma Compatibilidade de nível 8, sua recuperação de mana deveria ser de 1 mana a cada 1min e 25 segundos!! Levando em conta que o nível do Atributo de Magia só subia conforme gastava mana, era basicamente impossível competir com ele!

    Fazendo alguns cálculos mentais, Fernando se sentiu extremamente deprimido. 

    Ele não tinha nenhuma ambição de competir com Josh Norton pelo primeiro lugar, contudo queria pelo menos provar para aqueles Executivos bastardos que iria se levantar nesse mundo com sua própria força. Mas, segundo o livro, a Compatibilidade da grande maioria das pessoas comuns que eram trazidas a esse mundo era 6, ou seja, ele estava abaixo da média!

    O rapaz logo se sentiu extremamente azarado, pois a maioria das pessoas nesse mundo tinha pelo menos o dobro da sua velocidade de recuperação de mana! Ele odiava isso, porém entendeu um pouco do porquê os Executivos o ridicularizaram tanto.

    Isso não é nada bom, se eu depender unicamente da minha recuperação natural de mana, a maioria das pessoas que vieram a esse mundo no mesmo dia que eu irão me superar em termos de Atributo de Magia, que é atualmente minha única vantagem. Eu tenho que me acalmar, não posso me desesperar. Segundo o Guia, existem diversos materiais e poções que podem recuperar meu mana ou incrementá-la por um curto período, como as Poções de Mana Menor que comprei anteriormente, que recuperam 50 de mana cada. O único problema é que para conseguir esses materiais e poções, eu preciso de força para caçar monstros e colher plantas, ou muito dinheiro. Atualmente não tenho nenhum dos dois, preciso pensar em uma solução…

    A conclusão mais razoável que Fernando conseguiu chegar era a de aumentar sua força. No Guia do Mago Aprendiz dizia que nesse mundo a forma mais comum de ganhar dinheiro era caçar monstros e sem força suficiente isso era impossível.

    No livro também dava uma explicação resumida da situação da área em torno de Vento Amarelo.

    Segundo as informações, próximo à cidade existem monstros tão fracos quanto um rato e até uma criança conseguia caçá-los, mas, em contrapartida, também existiam monstros com a força de dez leões. Se um recruta ou soldado fraco encontrasse um desses, só havia um resultado possível, a morte! 

    Porém, o livro resumia alguns locais que provavelmente seriam relativamente seguros para caçar, onde raramente havia avistamentos de criaturas ferozes ou seres malignos.

    Esse livro realmente valeu cada centavo, sem ele eu estaria na completa ignorância sobre a minha situação…

    O Guia também dava uma breve introdução de como usar uma magia. Na realidade, era apenas uma mera magia de treino muito popularizada nesse mundo, uma pequena bola de fogo, menor que um punho e que poderia ser lançada a até três metros de distância 

    Parecia algo surpreendente, mas segundo o livro, numa batalha real, ela não era realmente muito útil, no máximo servindo para causar um pequeno dano a um oponente fraco. Por isso mesmo um livro aleatório como esse continha as instruções para essa magia. 

    As magias realmente úteis eram vendidas a preços super altos, algo que Fernando não poderia pagar, mesmo sendo atualmente o recruta ‘mais rico’ do novo lote.

    Mas para ele, que estava desesperado para ficar mais forte, até algo simples como isso seria de grande utilidade. 

    Ela era chamada de Mini Bola de Fogo e, para pessoas inexperientes e fracas como o jovem pálido, consumia 5 pontos de mana. Apesar do nome ser pouco criativo, parecia combinar bem com ela. 

    Fernando seguiu imediatamente as instruções e começou a praticar. 

    Segundo o livro, eu preciso imaginar que meu mana é uma espécie de combustível e então visualizar uma faísca no centro da minha palma. A fagulha irá acender meu mana e criar chamas, então só preciso focar em reuni-las, formando assim uma Mini Bola de Fogo que eu posso lançar onde eu quiser. Parece bem simples, mas é como na Pulseira de Armazenamento, uma descrição simples, só que, na prática, é desafiador para uma pessoa comum. No fim, tudo se trata de concentração…

    O jovem pálido continuou tentando acender a fagulha. Entretanto, após dezenas de vezes, não obteve nenhum resultado.

    Sinto como se fosse a época em que eu assistia Dragon Ball quando criança, tentando lançar um Kamehameha apenas para não ver nada acontecendo. disse a si próprio enquanto sorria amargamente.

    Apesar da falta de resultados, Fernando não diminuiu seu empenho e continuou tentando várias vezes com o máximo de concentração. 

    Ele estava hipnotizado enquanto olhava para o centro da sua palma, até que algo surpreendente aconteceu. Uma ‘faísca’ se acendeu de repente, e apesar de ser uma mera faísca, iluminou levemente o quarto como um flash de câmera. 

    Antes que ele pudesse se alegrar com o resultado, um pequeno som de algo queimando veio do centro de sua mão e, de repente, uma chama violenta se acendeu. Apesar de ser apenas um pouco menor que sua mão, ela era impressionante, brilhando intensamente.

    Fernando então analisou a chama. Ela era quase translúcida, sendo possível ver através dela, o que não era comum. Ele chegou a conclusão que isso acontecia devido ao mana funcionar como uma espécie de gás nobre, sem impurezas, resultando em sua aparência translúcida.

    Isso! Eu finalmente consegui! Parece que a parte mais complicada é realmente a de acender a faísca e a chama se forma, então só preciso reuni-la e finalmente tenho uma Mini Bola de Fogo. Acho que entendi mais ou menos o segredo por trás disso. pensou, de forma animada, seus olhos completamente focados no fulgor luminescente vindo de sua palma. “É realmente surreal a sensação de segurar essa bola quente de chamas, é como se eu estivesse segurando um pouco de água morna, mas não me machuca em nada, talvez por eu ser o conjurador da magia.

    Fernando checou seus Atributos e 5 pontos de mana haviam sido reduzidos, provando que ele havia executado a magia com sucesso. 

    De repente pensou em tentar lançá-la, entretanto, estando em um ambiente fechado, isso não seria nada sábio, então resolveu deixar os testes mais aprofundados para futuramente.

    Ao tentar dissipar as chamas, foi aí que surgiu um problema, elas não apagavam!

    “Porra, estou pensando em apagar, mas não funciona! Extinga! Apague! Droga! Será que eu não tenho controle suficiente? Ou talvez seja um dos defeitos dessa magia de treino?”

    Assim que Fernando começou a se desesperar, a Mini Bola de Fogo em sua mão começou a perder sua forma redonda, parecia uma bola de sorvete derretendo. As chamas derretidas começaram a escorrer pelas suas mãos e a cair no chão como pingos de fogo, isso fez pequenas labaredas se acenderem no piso.

    Essa não! Nesse ritmo eu vou acabar incendiando o quarto! Preciso apagar isso agora! O rapaz pálido pensou enquanto pisava nas pequenas chamas que haviam acendido no chão, depois destrancou apressadamente a porta com a mão esquerda e correu até o banheiro, tomando cuidado para que as ‘gotas’ de fogo não caíssem de sua palma. 

    Ele abriu apressadamente a porta do banheiro e entrou procurando a pia. Sem pensar duas vezes abriu a torneira e colocou sua mão embaixo, apesar de não ter certeza se água comum poderia apagar chamas mágicas, precisava tentar. 

    Shuaaa!

    Felizmente o fogo imediatamente apagou ao entrar em contato com a água.

    Hissss!

    Fernando deu um suspiro profundo, alívio tomando conta dele, mas ao olhar para o lado seu coração e corpo tremeram como se ele tivesse sido atingido por um trem. 

    Em sua frente havia uma linda garota que estava completamente nua embaixo do chuveiro, com seu corpo completamente molhado. Ela o olhava espantada como se estivesse paralisada e sem reação. 

    O jovem pálido identificou imediatamente a pessoa: era Kelly, a garota da Equipe 4 de Noah!

    Fernando não sabia o que ela estava fazendo ali, porem não conseguia se importar menos com isso.

    Talvez devido ao susto e falta de reação, a moça não cobriu absolutamente nada, estando com o corpo totalmente à mostra.

    O rapaz observou seus seios, e depois sua visão seguiu suas curvas molhadas lentamente até embaixo. A visão daquilo tudo fez seu corpo amolecer, se sentindo extremamente quente como aquelas chamas de antes. Tudo que seu corpo pedia era para avançar e abraçar aquele corpo, todavia logo seu lado racional voltou a funcionar e ele tomou rapidamente o controle de si próprio. Virando o rosto para o outro lado e cobrindo-o com um das mãos, correu apressadamente em direção à porta.

    “Me desculpe! Foi um acidente!”

    Após dizer essas duas frases e ‘sem querer’ dar uma última olhada enquanto puxava a maçaneta, usou toda a força mental que tinha em seu ser para fechar a porta.

    Mas que porra! Por que a garota da equipe de Noah está tomando banho aqui?? E por que eu tenho tanto ‘azar’ de entrar no lugar errado e na hora errada? Se a Emily souber, certamente vai voltar a me chamar de pervertido! O que a Karol vai pensar? Uma situação parecida aconteceu com ela antes. Talvez ela acabe até pensando que fiz de propósito!

    Fernando, que já havia voltado para o seu quarto, estava digladiando-se mentalmente sobre o ocorrido. Foi então que recordou do corpo completamente nu de Kelly, era a primeira vez que viu uma mulher nua. Antes disso, o mais próximo foi quando acidentalmente entrou no quarto de Karol que estava de sutiã, contudo ele realmente não havia visto muita coisa e havia sido muito rápido. Entretanto, no caso de Kelly, ela nem tentou se cobrir e estava no banho. Ao lembrar da cena, o rapaz se sentiu extremamente quente.

    Droga, talvez eu seja realmente um cara pervertido como Emily me acusou? As imagens não saem da minha cabeça! Eu sou realmente idiota, por que fui treinar uma Magia de Fogo em um ambiente fechado?

    Fernando passou uns bons minutos nesse dilema, até que ouviu um som.

    Toc! Toc!

    Alguém bateu na porta de seu quarto e o seu coração tremeu, imaginando que a garota havia vindo cobrar satisfações, porem rapidamente endureceu o coração, criando coragem e foi diretamente até a porta, estava completamente disposto a assumir a culpa apesar de ter sido um acidente.

    Assim que o jovem pálido, que estava suando frio, abriu a porta e já imaginava ver a garota chamada Kelly junto a Emily, para a sua surpresa, era Ronald.

    “Fernando, venha jantar, Karol disse que você estava cansado, então não o chamamos antes da comida estar pronta, mas não acho adequado você dormir sem comer, vamos.”

    O jovem estava surpreso, pois imaginou que seria xingando ou algo do tipo, no entanto, estavam apenas o chamando para jantar. Ele não pensou muito a respeito e apenas seguiu Ronald.

    Chegando na sala, todas as meninas estavam reunidas na mesa, com Kelly fazendo parte. 

    Vendo a garota com quem ele teve um ‘inconveniente’ bem ali, ficou imediatamente sem palavras. Nem sequer conseguia olhá-la nos olhos, na verdade, não conseguia olhar para nenhuma das meninas nos olhos.

    “Fernando, achei que você fosse ficar enfurnado no quarto a noite toda! Você está lá há quase duas horas, que demora! Vem comer logo!” Emily disse de forma birrenta.

    Notando a forma normal da ruiva de se dirigir a ele, o rapaz não entendeu nada, então olhou Kelly nos olhos, que apenas desviou levemente o olhar, aparentando estar sem jeito.

    Foi então que percebeu que a garota provavelmente não havia contado nada, se sentindo aliviado e, ao mesmo tempo, agradecido. Se ela tentasse fazer um escândalo a respeito, estaria no seu direito e ele simplesmente não poderia falar nada, mesmo que tivesse sido um acidente. Imediatamente prometeu a si próprio que um dia pagaria esse favor a ela.

    Depois Fernando olhou para Karol, que o observava fixamente. Ele se recordou da recusa mais cedo, e juntamente ao que aconteceu a pouco, ficou envergonhado.

    Definitivamente hoje não é meu dia de sorte…

    “Kelly não se sentia muito à vontade para tomar banho no apartamento dela com tantos rapazes por lá, então veio até aqui já que tem eu e a Karol, espero que não se importe, Fernando.” Emily comentou.

    Após ouvir isso, o jovem ficou ainda mais sem graça, a garota também pareceu um pouco incomodada.

    “Isso… Eu realmente não me importo.” Fernando respondeu de forma breve, então foi até a cozinha preparar seu prato. Após isso, se sentou no sofá junto a Ronald enquanto comia, evitando interagir muito com os outros. Todos já estavam um pouco acostumados ao jeito introvertido, então não repararam muito. As meninas, por outro lado, conversavam sem parar.

    “Quanto às moedas de antes, Noah me pediu para agradecer a todos. Nós queríamos recusar, mas Ronald foi realmente insistente.” Kelly disse.

    “Hahah, eu apenas segui com o que me foi dito para fazer.” O rapaz mulato falou enquanto ria.

    “Bem, isso foi inteiramente ideia de Fernando. S você quer agradecer alguém, apenas o agradeça. Foi ele quem as ganhou e quem decidiu dá-las.” Karol respondeu com um sorriso.

    Kelly olhou para o jovem, com seu rosto levemente avermelhado.

    “Muito obrigado pelas moedas, passamos em algumas lojas de armas e magia e é tudo realmente tão caro. Com esse dinheiro extra, agora podemos comprar várias coisas.” Kelly agradeceu suavemente.

    Fernando não estava esperando por isso. Ele realmente não queria interagir com ninguém depois de tantos episódios constrangedores, mas também não podia ser mal-educado, ainda mais com a garota que não o dedurou.

    “Eu que agradeço por tudo…” Ele queria ser sucinto e disse apenas isso, porém ao olhar para o rosto assustado de Kelly e se recordar do banheiro, percebeu que talvez ela tenha entendido errado, então apressadamente se corrigiu.

    “Quero dizer… sem a ajuda de Noah e Lance, provavelmente aqueles caras teriam varrido o chão conosco, somos nós quem devemos agradecer.”

    Vendo o rapaz quase gaguejando e se enrolando nas palavras, a garota apenas deu uma leve risada, assentindo.

    Karol achou que Fernando estava agindo muito estranho, mas imaginou que fosse por ser ‘recusado’ por ela anteriormente.

    Após comerem, Kelly foi embora e todos foram para seus quartos descansar.

    Voltando para seu próprio quarto e vendo o chão levemente queimado, o jovem pálido suspirou, sentindo-se realmente irritado consigo mesmo.

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