Capítulo 213 - Partida

O Pelotão Zero estava disposto de forma ordenada, os cinco esquadrões aguardavam ordens. Fernando, o Oficial Imediato, estava de pé, em frente a eles.

Dum Dum Dum

Trombetas e tambores soavam ao longe, o som vinha de dentro da Décima Terceira assim como de outras guarnições próximas.

“Esta na hora… Dê o sinal, estamos saindo.” Fernando disse, num tom calmo.

Noah assentiu, então indicou que um soldado tocasse uma trombeta, esse era o sinal de que estavam prontos e partindo.

Tãããã!

Bum Bum Bum

Os esquadrões começaram a marchar sob a liderança de seus respectivos Cabos, Fernando estava à frente do Pelotão, caminhando calmamente, num ritmo apenas um pouco mais rápido que as tropas.

Na estrada para fora da Guarnição, os outros Pelotões podiam ser vistos ao longe, Marlon do Pelotão Montanha estava ao oeste, Nina Baumer do Pelotão Leopardo ao Leste e Argos do Pelotão Lazuli na rota próxima ao Pelotão Zero.

Fernando viu Argos à frente de Lazuli, seus olhos se encontraram brevemente. O sujeito, com seus longos cabelos negros parecia calmo e composto, sorriu e acenou, mesmo tendo tido problemas anteriormente entre si, não parecia se importar no minimo.

Apesar de achar o homem estranho, Fernando respondeu com um aceno de cabeça, afinal, ambos estavam sob Gallia e iriam para a guerra, era melhor ter suas costas com aliados do que com inimigos.

O Pelotão Zero e Lazuli juntaram-se no fim da bifurcação. Ambos os Pelotões pareciam estranhar um ao outro, mas rapidamente se organizaram e entraram em formação na estrada larga. Marcha e formação era algo básico que todos aprendiam desde sempre, então não foi difícil.

“É bom revê-lo, Oficial Fernando.” Argos disse, com um rosto simpático.

“Igualmente, Oficial Argos.” Fernando respondeu, ainda estranhando a etiqueta do novo cargo.

Olhando para trás, Argos parecia admirado, mesmo tendo menos de um mês para se preparar, todas as tropas do Pelotão Zero estavam organizadas e sob um comando impecável. Os cinco Cabos, em especial, pareciam emanar uma forte autoridade sob os soldados.

“Vejo que treinou bem seus homens.” elogiou.

“Eu não fiz muita coisa, realmente.” Fernando respondeu.

Argos tomou isso como um sinal de humildade, mas na realidade Fernando estava sério sobre isso. Tirando algumas metodologias de treino e treinamentos conjuntos, ele não havia feito muita coisa, foram os membros originais do Esquadrão Zero juntamente a Gabriel e Ilgner que cuidaram de tudo, ele só precisava aparecer ocasionalmente para mostrar sua autoridade e ditar algumas diretrizes.

Na saída para a Décima Terceira, os Pelotões Montanha e Leopardo juntaram-se à marcha. Os quatro Cabos ficaram à frente das tropas, eles se entreolharam e trocaram saudações curtas. Nina Baumer em particular tinha um rosto um pouco irritado ao olhar para Fernando, como seu Tenente, Ismar, odiava o rapaz, ela deduziu que havia alguns motivos sólidos para isso.

Próximo a saída da Guarnição, um sujeito alto e forte esperava em frente a algumas tropas, ele era tão alto que se destacava em meio a multidão, era Túlio Martins, o Sargento que iria liderá-los.

Fernando e os outros três Oficiais fizeram uma saudação militar, então juntaram-se às tropas de Túlio, com isso o Quinto Batalhão da Décima Terceira finalmente estava formado.

Uma multidão de soldados se reuniu de todas as direções, Viktor Yudin apareceu no alto de uma edificação, Gallia e Ismar estavam ao seu lado.

Fernando tremeu ao ver sua professora, ele havia tentado falar com ela por diversas vezes, mas foi recusado em todas.

Se eu ao menos tivesse conseguido criar as Veias de Mana da professora, eu estaria mais tranquilo. Fernando pensou consigo mesmo, suspirando.

Os olhos de Gallia varreram a multidão, encontrando-se brevemente com os de Fernando, mas ela rapidamente desviou o olhar.

“Hoje o Quinto Batalhão irá reforçar as tropas de apoio em direção a Legião, varram nossos inimigos e derramem seu sangue, façam o nome da Décima Terceira de Vento Amarelo ecoar muro a fora!” Viktor Yudin gritou em plenos pulmões, junto com seu grito um turbilhão de vento soprou, uivando nos ouvidos de todos.

“Huh! Huh!! Huh!!!”

Os soldados gritaram junto, sem demora Túlio levantou a espada, apontando para frente. O batalhão avançou, saindo em direção às ruas da cidade.

Gallia olhou aquela cena com um rosto indiferente.

Sobreviva, meu querido aluno.

Diferente do normal, não havia uma única pessoa nas ruas de Vento Amarelo, todos estavam em suas casas ou lojas, era possível apenas vislumbrar alguns rostos assustados ou admirados nas janelas.

O som das trombetas, dos tambores e da marcha dos soldados ecoou em todas a cidade, o clima fazia os cidadãos tremerem de medo, isso era guerra! Mesmo que o cidadão comum soubesse que o campo de batalha não seria ali, ainda causava medo e ansiedade.

Em pouco tempo o Quinto Batalhão chegou ao portão sul, outros Batalhões já estavam cruzando e se alinhado do lado de fora.

Assim que saíram, todos puderam ver uma cena de tirar o fôlego, milhares de homens e mulheres alinhados lado a lado, em formações de 500, as planícies em frente ao portão sul eram como um mar de cabeças.

Dessa vez cada guarnição estava enviando um Batalhão, ou seja, 500 soldados, somando as 12 guarnições em operação, isso totalizava 6.000 homens. 

Não muito longe, à frente era possível ver alguns soldados com armaduras diferenciadas, essas eram as tropas do Salão da Recepção, totalizando pouco mais de 3.000 soldados.

“Você ouviu? Soube que o Major Dimitri vai liderar as tropas de Vento Amarelo.” Marlon disse, empolgado. Fernando e os outros Oficiais ouviram isso e ficaram surpresos.

Fernando em especial tinha uma expressão estranha, Dimitri foi o Major que aplicou uma ‘punição’ nele e em Gallia depois do confronto entre as guarnições. Só o pensamento de ficar sob aquele sujeito causava-lhe irritação. Felizmente ele e seu pelotão eram apenas um entre muitos, se ele tivesse sorte nem cruzaria com o sujeito.

O Quinto Batalhão se posicionou na extremidade direita da última formação, ocupando a posição de “Décimo Terceiro” que condizia com sua guarnição, apesar de ser chamado de o Quinto Batalhão internamente, naquela campanha eles representavam a Décima Terceira, sendo nomeados de Décimo Terceiro Batalhão.

Todos do batalhão pareciam ansiosos, principalmente ao ver milhares de pessoas ao redor. Até esse ponto todas as tropas já haviam se reunido.

Dum! Dum!

As tropas do Salão começaram a se movimentar de forma estranha, então um grito estrondoso foi ouvido.

“Marche!”

Foi um grito tão alto e forte, que pareceu soar bem ao lado de cada um.

Tããããã!

Dum! Dum! Dum!

As trombetas soaram, os tambores tocaram e todos começaram a se mexer. Não houve discurso, não houve falas, apenas uma ordem seca e direta.

Túlio fez um sinal para os quatro Oficiais atrás dele, que rapidamente repassaram a ordem para seus Cabos. Fernando estava entre eles, e ordenou que seguissem a marcha.

Bum! Bum!

Os passos de milhares de soldados causavam uma sinfonia aterradora.

Olhando para frente, Fernando nem conseguia ver quem era que comandava, se realmente era o Major Dimitri ou Wos, havia simplesmente uma distância enorme entre o Décimo Terceiro Batalhão e a frente. Ao olhar para trás, vendo seu Pelotão Zero, percebeu que ele e seus 100 homens não eram nada em relação a essa guerra, eram como uma gota num oceano.

Avançado pelas planícies, o grande exército se dividiu em dois, flanco esquerdo e direito, o flanco esquerdo foi chamado de Primeira Brigada, e o direito de Segunda Brigada. Cada brigada continha cerca de quatro mil tropas.

Fernando e o Décimo Terceiro Batalhão foram alocados para a Segunda Brigada. Entre ambos os exércitos, estavam vários animais de carga, assemelhando-se a touros, mas com chifres muito maiores e patas largas. Estes responsáveis pelo transporte de carga, mesmo com a facilidade das Pulseiras e outros itens de Armazenamento, era simplesmente impossível carregar todo o aparato e suprimentos em itens de armazenamento, afinal eram milhares de cabeças para alimentar.

As tropas avançaram incansavelmente, hora e outra Fernando olhava para trás, para verificar como Karol estava, somente ao vê-la junto ao Esquadrão Zero 1 que ele se acalmava. Em pouco tempo estariam deixando as planícies, para muitos soldados, esse era o mais longe que haviam ido.

Nenhuma informação ou tática foi passada a ele, então Fernando só podia deduzir o destino, eles estavam seguindo a leste. No caminho ele pôde ver um longo e largo trilho cruzando as planícies ao longe, essa era a Linha Negra.

Apesar de inacabada, ficou surpreso com o quão longe a construção chegou, Lian, o Ferreiro Negro, não o decepcionou. Se não fosse a guerra, talvez a ferrovia pudesse ser completada em pouco tempo.

Se estamos seguindo na mesma direção da Linha Negra, então talvez estejamos indo para as Lâminas do Norte… deduziu consigo mesmo.