Capítulo 1456 - Faça o que quiser

Combo 199/250

Cassie e Jet logo retornaram ao Quebrador de Correntes. Sunny já havia explicado as informações básicas sobre o loop para Nephis até então — no entanto, ele guardou as coisas que Flor do Vento havia lhe dito para si mesmo, por enquanto. Não porque ele estava relutante em compartilhar o conhecimento, mas simplesmente porque ele não queria repetir tudo pela segunda vez quando chegassem a Effie.

A coorte partiu para o outro lado da ilha sem demora. Enquanto viajavam, faziam armas, lutavam contra abominações e se escondiam na floresta para esperar as mais terríveis, Sunny não conseguia deixar de pensar em Flor do Vento… E no juramento que ele havia feito.

‘Mate-a…’ O Defeito de Sunny não o obrigava a cumprir nenhum juramento… apenas o impedia de fazer um falso. Ainda assim, ele era livre para mudar de ideia a qualquer momento.

‘Posso matá-la?’ Claro que ele podia. No entanto, seria um eufemismo dizer que Sunny estava relutante. Ele não era um homem inocente. Na verdade, havia muito sangue humano em suas mãos. Ele até gostou de matar algumas de suas vítimas, embora muito poucas. Na maioria das vezes, ele não gostava nem um pouco. A ideia de matar alguém como Flor do Vento era abominável. Ele… admirava muito a encantadora Santa de um mundo diferente. Ele também sentia muita compaixão por sua trágica situação. E ainda assim, amargamente, não havia mais nada que ele pudesse fazer por ela. A morte era a única misericórdia que ele poderia dar a Flor do Vento.

‘Que… apropriado. O Deus das Sombras ficaria orgulhoso.’ Sunny até considerou entregar o Espelho da Verdade para ela. Mas havia muito pouca chance de que isso ajudasse. Sim, Flor do Vento seria capaz de atrasar a propagação da Corrupção por algumas horas se ela pegasse emprestada a Habilidade de Aspecto de Nephis. Mas quase não havia esperança de que a semente da Corrupção não apenas fosse temporariamente impedida, mas desaparecesse como resultado. Uma vez que o Espelho da Verdade desmoronasse, a semente provavelmente ainda estaria lá, na alma da Flor do Vento. Então, somente a morte seria capaz de salvá-la.

… Mesmo sabendo que a chance era infinitamente pequena, Sunny ainda ofereceu sua Memória à bela Santa. Era algo muito raro, para ele agir desinteressadamente daquela forma. Mas ela recusou. Flor do Vento não explicou suas razões, mas Sunny suspeitou que era por causa da Primeira Procuradora e quão precioso o Espelho da Verdade seria se alguém quisesse destruir a criatura abominável.

‘Maldição…’ Sentindo-se triste, Sunny fez o possível para atravessar a Ilha de Aletheia.

Algum tempo depois, os cinco membros da coorte estavam juntos novamente. Sunny finalmente compartilhou suas descobertas com suas companheiras, sem esconder nada. As reações delas, como ele esperava, foram muito intensas. Não era todo dia que alguém aprendia sobre a origem de seu próprio mundo. Bem… aqui na Ilha de Aletheia, alguém podia. Mas, falando de modo geral, notícias desse calibre eram extremamente raras.

Eventualmente, a discussão acalorada morreu. Cansados ​​de tentar compreender assuntos divinos, Sunny e suas companheiras voltaram sua atenção para questões mais mundanas. As Seis Pragas e o Príncipe Louco.

“Eu simplesmente não sei o que ele quer. Eu vejo como isso é engraçado, considerando que ele sou eu… mas ele também é uma Criatura do Pesadelo, e quase completamente louco. Eu não consigo dizer.”

Elas permaneceram em silêncio por um tempo, suas expressões sombrias. Ninguém gostava de saber que suas ações estavam sendo manipuladas por um sinistro Santo Corrompido. Eventualmente, foi Nephis quem quebrou o silêncio. Olhando para o fogo que eles fizeram para preparar a comida, ela disse:

“Acho que estamos fazendo a pergunta errada.”

Sunny olhou para ela atentamente.

“Que pergunta deveríamos fazer então?”

Nephis hesitou por alguns momentos. Sua expressão… parecia estranhamente distante. Inclinando-se para frente, ela colocou mais lenha na fogueira e perguntou:

“O que as Seis Pragas querem?”

Sunny piscou algumas vezes. Sentada à sua esquerda, Effie franziu a testa.

“A resposta não é óbvia? Eles estão fazendo o que todas as Criaturas do Pesadelo fazem. Tentando obliterar tudo que não é Corrompido, até que só reste Corrupção. Aqui na Tumba de Ariel, significa eliminar todos os Nativos do Rio.”

Nephis assentiu.

“Mas por que eles querem eliminar todos os Nativos do Rio?”

Nenhum deles sabia o que responder, então eles apenas a encararam confusos. Abominações precisavam de uma razão para massacrar humanos?

Ela suspirou.

“Vamos com outra pergunta, então. Se a pessoa que desafiou um Pesadelo sucumbe à Corrupção… o que acontece com ela quando o Pesadelo acaba?”

Sunny abriu a boca, sentindo-se um pouco atordoado com a pergunta.

“Eles vão… eles vão…”

Ele hesitou. Nada parecido com isso já tinha acontecido, pelo menos não que ele soubesse. Então, não havia uma resposta definitiva. A mais provável, porém, era que…

“Eles serão expulsos de volta para onde vieram?”

Nephis assentiu mais uma vez.

“Então. Se as Seis Pragas querem escapar do Pesadelo, elas têm que conquistá-lo, assim como nós.”

Ela suspirou.

“Mas como elas conquistam isso?”

Jet olhou para ela com a testa franzida.

“Elas precisam destruir a fonte da Corrupção e salvar o…”

Mas então, de repente, ela ficou em silêncio.

Os outros também ficaram em silêncio.

‘Não… salvar o Povo do Rio não é o objetivo do Pesadelo.’

Sunny cerrou os dentes.

O objetivo do Pesadelo nunca foi direto. Havia um conflito no coração de cada Semente, sim, mas muitas soluções possíveis. No caso deste Pesadelo, o conflito era sobre o destino da civilização do Grande Rio. Uma solução possível seria destruir a fonte da Corrupção e salvar o Povo do Rio…

Mas outra solução, não menos válida, seria garantir a aniquilação deles. Uma vez que cada humano na Tumba de Ariel estivesse morto ou Corrompido, o conflito também teria sido resolvido.

Seus olhos se arregalaram um pouco.

“Você está tentando dizer… que as Pragas… saíram em fúria através do Grande Rio, destruindo as cidades das Sylbils uma após a outra… para conquistar o Pesadelo?”

Nephis olhou para o fogo, enquanto as chamas dançantes refletiam em seus lindos olhos cinzentos.

“Isso faria sentido, não faria? O objetivo deles é o oposto do nosso. Mas, mais do que isso… já que sabemos qual é a ambição deles e que ela é diferente da do Príncipe Louco… também podemos adivinhar o que ele quer.”

Ela olhou para Sunny e deu de ombros.

“Parece-me que o que o seu eu do futuro quer… é garantir que este Pesadelo nunca acabe. Ou pelo menos que não acabe da forma como as outras Pragas desejam. Ah, posso estar errada, é claro.”

Sunny de repente se lembrou do sonho em que conheceu o remanescente do Príncipe Louco. O ódio na voz da abominação quando ele chamou Sunny de assassino.

‘Por que aquele bastardo iria querer que o Pesadelo durasse para sempre? Ou ele quer outra coisa?’

Enquanto uma carranca profunda aparecia em seu rosto, Cassie perguntou calmamente, sua voz o trazendo de volta à conversa:

“Então, o que? Devemos apenas sentar e relaxar enquanto as Pragas derrotam o Pesadelo para nós?”

Nephis olhou para ela e então balançou a cabeça lentamente.

“Primeiro, não sabemos quanto tempo vai levar. Segundo, não quero soltar esses monstros no mundo desperto.”

Ela olhou para eles sombriamente, permaneceu em silêncio por um momento e então acrescentou em um tom neutro:

“Mais importante… quer gostemos ou não, também estamos aqui na Tumba de Ariel. Cassie assumiu o papel de governante de Graça Caída. Effie e Jet são os últimos dos Nômades do Rio. Se as Seis Pragas quiserem erradicar todos os humanos no Grande Rio… elas não conseguirão atingir esse objetivo a menos que nos erradiquem também.”

Um sorriso estranho apareceu em seu rosto.

“É quase como se o cerne deste Pesadelo fosse lançar duas versões do nosso grupo uma contra a outra e ver qual delas sobrevive.”

Ela balançou a cabeça.

“É claro que uma dessas versões é muito mais poderosa. Enquanto a outra… a outra me tem.”