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    Combo 127/300

    A batalha entre Sid e Felise foi como uma pequena calamidade… uma que se desenrolava no terror de um cataclismo muito maior. O campo de batalha onde centenas de milhares de Despertos buscavam destruir uns aos outros estendia-se de um horizonte a outro, tensionado pelas grandes e violentas forças que invocavam ao mundo. Acima deles, estava o manto de nuvens radiantes; abaixo deles, os ossos de uma divindade morta.

    Sid e Felise percorreram um longo caminho desde a Costa Esquecida. Hoje, porém, seus caminhos sinuosos se cruzaram mais uma vez… apenas para um caminho pôr fim ao outro. Sid sentiu gosto de sangue na boca quando Felise a empurrou. Elas se moveram com velocidade suficiente para fazer seu confronto furioso parecer um borrão — de tempos em tempos, grupos de soldados Despertos em luta se interpunham em seu caminho, apenas para serem violentamente arremessados ​​para o lado. Alguns sobreviveram… outros tiveram menos sorte. 

    ‘Merda!’

    Ela recorreu a toda a sua experiência em combate — poucos no mundo tinham mais disso do que ela — e a toda a sua habilidade. Sua espada se movia como se fosse um ser vivo, desviando golpe após golpe. Não havia como se conter naquela batalha, então Sid abandonou toda a contenção, alternando entre explosões curtas de poder, resiliência e velocidade incríveis — suas Habilidades Adormecida, Desperta e Ascendente.

    Ainda assim, tudo isso não foi suficiente para resistir a Felise, que era como um espectro carmesim. Sua antiga amiga era cruelmente forte e incrivelmente rápida. Sua Kris era como uma maldição, aparentemente existindo em vários lugares ao mesmo tempo. Sua técnica era insidiosa e impecável, e sua intenção assassina era absoluta. Sid conseguiu bloquear um golpe que a teria cegado, invocando sua força. Ela evitou outro saltando para trás com a velocidade da luz. O terceiro penetrou em uma fenda em sua armadura, mas apenas raspou sua pele adamantina, sem conseguir perfurá-la. Um momento depois, Felise desferiu um chute esmagador em seu abdômen, fazendo Sid gemer de dor. Ela cambaleou para trás. 

    “Elly… se você não parar… eu vou ficar séria…”

    A ex-Serva zombou. “Não somos mais crianças, Sid. Pare de fingir.”

    Sid sorriu, com os dentes pintados de vermelho pelo sangue. Era verdade… elas não eram mais crianças. Felise se tornara incrivelmente poderosa. A garota gentil que ela conhecera um dia se fora. Em vez disso, uma guerreira orgulhosa e letal agora estava diante dela — alguém que havia alcançado o ápice daquilo que os mortais almejavam. Uma Irmã de Sangue do Domínio de Song. Mas…

    Sid cerrou os dentes e se endireitou, segurando o punho da espada com as duas mãos. Lá na Costa Esquecida, a vida não tinha sido fácil para as Servas. A maioria das pessoas do assentamento externo imaginava o Castelo Brilhante como uma espécie de paraíso, mas Sid sabia que não era bem assim — na realidade, quem morava lá tinha que lidar com seus próprios pesadelos. Felise não teria sobrevivido lá se fosse fraca.

    Mas ainda assim…

    Ela não era uma caçadora do assentamento externo. Avançando, Sid ativou sua Habilidade Ascendente e atravessou o osso encharcado de sangue. E daí se Felise era mais forte? E daí se ela era mais rápida? E daí se ela era mais poderosa em todos os aspectos?

    Sid ganhava a vida matando criaturas muito mais poderosas do que ela. Afastando a ágil Kris, ela colidiu violentamente com a ex-Serva e a agarrou, soltando a espada. Se não houvesse espaço para se mover, a velocidade não importava muito. Ela empurrou Felise para trás, colocando um pé atrás do dela e a derrubando. Sem um apoio firme, era difícil exercer força. Afinal, cada ação tinha uma reação igual e oposta, e sem chão para empurrar, a mais poderosa das criaturas teria suas capacidades limitadas. Para cada poder, havia uma fraqueza.

    Houve uma falha.

    Enquanto ambas tombavam e caíam, Felise arranhou o rosto de Sid, deixando cortes profundos. Sid inclinou a cabeça e mordeu a mão da Felise, sentindo ossos quebradiços se quebrarem sob os dentes. Caçadores eram pessoas que matavam feras. Contudo…

    Antes disso, os próprios caçadores eram bestas. Eram apenas animais mais astutos, ferozes e letais do que suas presas. Felise soltou um grito abafado, falhando em enfiar sua Kris no lado de Sid.

    Um momento depois, elas atingiram o chão, e Sid bateu a testa na ponta do nariz da Aia com toda a força. Felise ficou cega de dor e, uma fração de segundo depois, a parte de trás de sua cabeça bateu na superfície dura do osso antigo com uma força terrível.

    Seus belos cabelos de ébano ficaram encharcados de sangue. Tirando a Kris da mão momentaneamente fraca, Sid agarrou o cabo, preparando-se para cravar a ponta na carne do inimigo.

    No entanto, então… ela hesitou. Mesmo sabendo que Felise poderia dispensar a adaga encantada a qualquer momento, ela ainda não conseguia desferir um golpe fatal. 

    “Que estupidez…”

    A mão dela não se movia.

    Então, em vez disso, ela cravou o Kris na lateral da Aia, causando-lhe um ferimento debilitante… mas não mortal. Felise soltou um grito de dor e lutou desesperadamente, tentando se livrar de Sid. Ela dispensou a Kris… mas, a essa altura, a adaga de Sid já havia se manifestado em sua mão livre. Não foi fácil segurar a Irmã de Snague terrivelmente poderosa. Sangue escorria pelo rosto dilacerado de Sid, e as mãos de sua ex-amiga o exploravam, em busca de seus olhos para arrancá-los.

    A luta desesperada delas era violenta e estranhamente íntima, como se fossem transportados de volta à Costa Esquecida. Sentadas lado a lado em uma cabana fria e decadente, compartilhando o calor e contando histórias uma à outra. Pressionando a ponta da adaga contra o abdômen do inimigo, Sid rosnou roucamente:

    “Fique abaixada!”

    Mas Felise apenas lutava com mais desespero, sem querer admitir a derrota. Havia faíscas de luz girando ao seu redor, que logo se manifestariam em outra Memória. Os olhos de Sid ardiam. Ou era suor ou sangue. Ou lágrimas. Ela deixou a adaga descer alguns centímetros, fazendo-a sangrar, e disse em tom abafado, quase suplicante:

    “Fique abaixada, Elly… fique abaixada. Ou eu te mato…”

    ‘Por favor, deuses…’

    Mas Felise ainda lutava. As faíscas de luz dançaram, manifestando-se lentamente em uma arma. 

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