Capítulo 385: Ilha da Mão de Ferro

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A ilha onde Sunny estava descansando era estranha. Era bastante grande e coberta de grama macia, com antigas colunas de pedra projetando-se do chão aqui e ali. A maioria delas havia caído e sido despedaçada por algum desastre desconhecido. O terreno em si estava cheio de depressões e geralmente irregular, como se já tivesse servido de campo de batalha para gigantes.

A razão pela qual Sunny inventou tal metáfora não foi coincidência. A principal característica da ilha estava situada no centro e parecia ser uma mão gigante de metal enferrujada. Consequentemente, a ilha foi chamada de Ilha da Mão de Ferro.

Era bem conhecida dos Despertos ancorados no Santuário porque muito poucas Criaturas do Pesadelo vieram aqui e, portanto, muitos humanos a usaram para descansar durante suas jornadas.

No entanto, hoje, Sunny não foi o único visitante da pacífica ilha.

Uma monstruosidade bastante feia jazia morta à sombra da mão gigante de ferro, seu sangue formando uma grande poça. Tinha um corpo semelhante ao de uma cobra, duas mãos poderosas projetando-se de um torso humano, uma cabeça com focinho longo e cheio de dentes e duas asas de couro.

Pelo que parece, a criatura pousou na ilha devido a ferimentos graves e depois sucumbiu ao Esmagamento mais recente. Seu corpo parecia quebrado e achatado, com lascas afiadas de ossos saindo das escamas rasgadas.

O interesse de Sunny foi naturalmente despertado, porque não era todo dia que ele encontrava Fragmentos de Alma gratuitos. Além disso, e o que é mais intrigante, a sombra notou algo brilhando no chão perto de uma das mãos da abominação.

‘Huh…’

Levantando-se, Sunny olhou em volta e dirigiu-se para o centro da ilha.

Logo, ele alcançou o braço de metal enferrujado e mergulhou nas sombras, emergindo em cima dele. Parado a uns bons dez metros acima do solo, ele olhou para a carcaça da Criatura do Pesadelo morta para se certificar de que a sombra não deixou escapar nada.

…Tudo parecia estar bem.

Com um encolher de ombros, Sunny pulou e pousou suavemente na grama perto do enorme monstro. Andando ao redor, ele se aproximou do local onde a mão da abominação estava no chão, seus cinco longos dedos terminando em garras terríveis.

“Puxa. Você era assustador, não era?”

Ele não precisava se perguntar quem havia matado o monstro. Nas Ilhas Acorrentadas, as Criaturas do Pesadelo lutavam constantemente entre si. As aladas como esta eram frequentemente capturadas pelos habitantes do lado negro, despedaçadas e devoradas.

Esta teve relativa sorte, considerando todas as coisas.

Curvando-se, Sunny pegou o pequeno objeto que parecia ter caído da mão da criatura e olhou para ele com uma expressão duvidosa.

“…Uma moeda?”

Na verdade, segurava uma pesada moeda de ouro. O que não fazia sentido.

As Criaturas do Pesadelo não eram exatamente conhecidas por participarem do comércio e os humanos não usavam moedas. Se precisassem negociar, eles trocavam itens adequados ou usavam créditos – é claro, créditos não existiam no Reino dos Sonhos, mas a transação seria honrada quando ambas as partes retornassem ao mundo real.

Então, de onde poderia vir uma moeda de ouro?

Sunny olhou para a moeda por um momento e depois a virou. Havia a representação de um navio arcaico em um de seus lados, com um mastro alto que tinha uma árvore de verdade crescendo ao seu redor. Um lindo rosto humano olhava para ele do outro lado, um sorriso despreocupado nos lábios.

A pessoa tinha maçãs do rosto salientes, cabelos longos e traços requintados. Sunny não sabia dizer se era homem ou mulher, apenas que parecia bastante charmoso. Havia uma lua crescente desenhada em suas testa e… bem, era só isso.

Sunny estudou a moeda um pouco mais e depois pensou, desanimado:

‘Essa coisa é definitivamente amaldiçoada, certo?’

Só tinha que ser. O que mais ele deveria pensar depois de encontrar uma moeda misteriosa perto do cadáver de um monstro que teve uma morte violenta?

…Mas não parecia estar amaldiçoada.

Sunny tinha uma intuição bastante boa sobre essas coisas. Ele também viu uma pessoa que havia herdado uma parte da linhagem proibida de Weaver.

Olhando sob a superfície da moeda, Sunny esperava ver um feitiço malévolo, ou pelo menos algo estranho, mas não havia nada.

Pelo que parece, a moeda… era apenas uma moeda.

A única estranheza era que parecia um pouco quente ao toque.

“Huh…”

O professor Julius ficaria encantado se lhe trouxesse um esboço de uma moeda genuína do Reino dos Sonhos. Artefatos culturais como esse eram poucos e raros. Isso não resultaria em Sunny recebendo nenhum ponto de contribuição, mas o velho era fácil de agradar.

Encolhendo os ombros, Sunny enfiou a moeda na mochila e virou-se para o monstro morto.

“Vamos ver quantos Fragmentos você está escondendo, lagarto feio…”

Ele convocou o Fragmento da Meia Noite, aprimorou-o com duas sombras e cortou a pele dura da Criatura do Pesadelo. Por um tempo, a sorte esteve do seu lado. Ele rapidamente recuperou dois Fragmentos de Alma brilhantes… tão rapidamente, na verdade, que Sunny teve certeza de que deveria haver um terceiro dentro da carcaça.

“Um demônio, hein?”

Foi aí que sua sorte terminou. O corpo do demônio estava muito danificado, então quando ele tentou pegar o terceiro cristal, seu estômago se abriu e derramou seu conteúdo por todo o chão.

“Argh! Merda!”

Sunny ficou tão enojado com a ideia de ser mergulhado na massa pútrida e viscosa que instintivamente se teletransportou para alguns metros de distância.

Então, ele inclinou a cabeça e olhou para baixo.

Cobertas por um líquido repulsivo e ácido, mais três moedas – bem como algo que lembrava um pedaço de um baú de madeira – estavam na grama que derretia rapidamente.

‘Esse cara… tentou comer um baú de tesouro?’

Sunny balançou a cabeça, contornou a bagunça nojenta e rapidamente recuperou o último Fragmento de Alma.

Como as moedas de ouro eram inúteis para ele e ele já tinha uma, ele não tinha intenção de recuperar o resto.

‘Não, obrigado…’

Nesse momento, ele havia recuperado Essência das Sombras o suficiente para retornar ao Santuário, então nada mais o prendia na ilha.

Lançando uma última olhada para a mão gigante de metal e imaginando que golpe terrível poderia tê-la separado do resto do possível gigante, ele se virou e caminhou em direção à borda da ilha.

O sol já estava se pondo, então ele não tinha muito tempo para retornar à Cidadela e usar o Portal antes do amanhecer.