Capítulo 798 – Árvore Solitária

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Logo, a rua estreita em que estavam andando abriu caminho para um pequeno lote. Espaços como esses não eram raros nos arredores, já que ninguém realmente se importava com o planejamento urbano aqui. A bagunça de ruas e becos cresceu caoticamente, com muitos deles sendo nada além de um resultado acidental de prédios altos, fábricas e enormes colmeias humanas sendo construídas próximas umas das outras.

Como resultado, havia muitas lacunas aleatórias como esta ao redor. O que tornava o lote vazio especial, no entanto, era que ele de alguma forma se transformara em um pequeno parque. A vegetação era extremamente rara nos arredores, o que tornava o parque especialmente precioso.

O modesto espaço na frente deles estava atualmente coberto por neve suja, mas quando chegasse a primavera, manchas de grama de verdade apareceriam por baixo dele. Havia alguns arbustos, um lago congelado e uma árvore solitária que de alguma forma se agarrava à vida apesar de toda a razão. Atualmente, ela estava nua e escura, desprovida da coroa brilhante de suas folhas.

O parque era cercado por prédios altos, fazendo parecer que estava situado no fundo de um poço profundo. A luz do sol escassa caía sobre a árvore de muito acima, iluminando seus galhos finos e os flocos de neve cinzentos que giravam no ar ao redor deles. Havia vários caminhos limpos pela neve, bem como alguns bancos danificados e vandalizados aqui e ali.

Várias pessoas estavam sentadas nos bancos, aproveitando um momento tranquilo de descanso. Eles deram à jovem vestida de branco e ao jovem vestido de preto olhares inquietos.

Nephis estudou o parque por alguns momentos, então olhou para Sunny:

“Você não está cauteloso que algo possa acontecer?”

Ele olhou para ela, depois para si mesmo. Ambos estavam obviamente fora do lugar, considerando sua aparência física e roupas caras. Tudo neles gritava riqueza, status e cidadania.

Sunny duvidava que os habitantes da periferia os reconhecessem como Ascendentes, mas inevitavelmente chegariam à conclusão de que os estranhos eram ricos.

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Ele deu de ombros.

“O que pode acontecer? Mesmo que alguns idiotas decidam tentar nos roubar, o pior que eles podem fazer é atirar em nós com armas de fogo baratas. Duvido que suas balas possam machucar nossa pele, muito menos penetrá-la.”

Alguém teria que usar um veículo de assalto pesado com canhão magnético de última geração, ou melhor ainda, um armamento de tecnologia do feitiço, para deixar um pequeno arranhão no corpo de um Mestre. Mesmo assim, acertar um tiro não seria fácil.

Nephis balançou a cabeça.

“Não estou preocupada conosco. Estou preocupada com… os idiotas.”

Sunny sorriu.

“Bem, não fique. Se há uma coisa em que nós, ratos da periferia, somos bons, é autopreservação. Qualquer um pode ver que nós dois somos assassinos. Eles ficarão longe.”

A Estrela da Mudança deu a ele um aceno hesitante.

Alguns momentos depois, ela perguntou:

“… Então qual é o motivo?”

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Ele demorou um momento, então deu de ombros.

“Já conheci sua mãe. Então pensei em levá-la para conhecer a minha.”

Nephis levantou uma sobrancelha.

“Achei que sua mãe estivesse morta.”

Sunny assentiu.

“Está. Venha…”

Ele foi em direção à árvore, sabendo que Nephis o seguiria. Conforme se aproximavam, Sunny suspirou e disse em um tom neutro:

“A maioria das pessoas nos arredores não tem um enterro, então não há sepulturas também. O espaço é um bem precioso… energia e combustível também. Restos humanos geralmente são dissolvidos e depois descartados. Ainda assim, é bom ter um lugar especial para se lembrar deles. Esta árvore é um lugar para mim. Há muito tempo, esculpi duas linhas nela — uma para minha mãe e uma para meu pai.”

Ele parou e olhou para a árvore, uma expressão distante aparecendo em seu rosto.

Na verdade, Sunny estava pensando muito em sua mãe recentemente, e isso o levou a visitar o pequeno parque. Levar Nephis junto foi apenas uma reflexão tardia. Ele decidiu que mostrar a ela o lado oculto da cidade lhe faria bem. Poderia lhe dar perspectiva, pelo menos.

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Enquanto eles estavam em silêncio sob a árvore, Nephis a estudou por um tempo e, de repente, disse:

“Há três linhas.”

Sunny olhou para ela confusa.

“O quê?”

Nephis apontou para o fundo do tronco.

“Há uma terceira linha.”

Ele olhou para ela por um momento e então se virou.

“Ah. A terceira linha é para mim. Eu a adicionei antes de ir enfrentar o Primeiro Pesadelo.”

A Estrela da Mudança olhou para ele e perguntou em seu tom calmo de sempre:

“Você não estava confiante de que iria conquistá-lo?”

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Sunny riu.

“Deuses, não! Eu tinha certeza de que morreria. Eu estava pronto para isso, na verdade. Naquela época… eu era meio ambivalente sobre a vida, eu acho. Pouquíssimas pessoas da periferia sobrevivem aos seus Pesadelos. Somos fisicamente fracos e menos educados do que cidadãos de verdade. As escolas locais não são exatamente conhecidas por treinar lutadores habilidosos.”

Ele permaneceu em silêncio por um momento e então acrescentou:

“É estranho, na verdade. Uma grande parte do motivo pelo qual sobrevivi ao Primeiro Pesadelo foi exatamente porque eu realmente não me importava em sobreviver. Como eu já tinha aceitado que morreria, não me preocupei muito com nada. Não importa o que acontecesse, eu era capaz de reagir calmamente em vez de entrar em pânico. Eu agia com frieza e cálculo desenfreados.”

Sunny suspirou.

“É claro que tal atitude tem utilidade limitada. Ela me ajudou no começo, mas não se pode ir longe agindo como um cadáver ambulante. Foi só na metade do Pesadelo que de repente decidi que queria viver. E quando o fiz… eu realmente, realmente queria viver. Foi isso que me fez continuar apesar de toda a razão e, eventualmente, escapar.”

Ele olhou para a árvore solitária, demorou-se e disse:

“Não voltei aqui desde então. Quando eu estava esculpindo a terceira linha para mim, não tinha ideia de que voltaria um dia como um Mestre, muito menos um com a designação de Ativo Estratégico Especial e valor suficiente para fazer o governo e os grandes clãs lutarem por mim.”

Sunny balançou a cabeça e sorriu.

“… Que reviravolta estranha, hein?”

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