Capítulo 301 - Um Coelho Solar

Capítulo 301 – Um Coelho Solar

Tradutor: Cybinho

“Como vão as coisas aí em cima, Yin? Miantiao?” uma voz divertida perguntou, e os olhos de Yin se abriram. Ela estava aquecida e contente enquanto estava deitada na rede. Ela virou ligeiramente a cabeça e olhou para onde Mestre Jin estava sorrindo para ela. “Deveria ser maior ou menor?”

“Isso é realmente ótimo. Altura perfeita”, disse ela, levantando o polegar para ele.

“Bem, aqui está o aviso de cinco minutos. Estamos todos nos reunindo para receber a carta de Bi De – e vamos fazer isso aqui”, ele gritou para ela, ao que Yin assentiu. Ela estava ansiosa para ouvir o que havia acontecido!

“Entendido, Mest…” ela se interrompeu ao ver a sobrancelha levantada. “Irmão mais velho.”

Grande Irmão Jin riu divertido e deixou Yin sozinho. Ela o observou ir embora por um momento antes de voltar a olhar para o teto de vidro da estufa. A rede estava pendurada mais ou menos no meio da estufa, e o vidro concentrava os raios do sol apenas o suficiente para parecer perfeito – mesmo no final da tarde estava perfeito.

Foi muito legal da parte do Grande Irmão mostrar a ela esse lugar. A cama da noite anterior tinha sido ótima, mas isso? Isso era perfeito. Balançando numa rede, dentro da maior criação do seu Shifu, com um copo de suco de fruta gelado e umas saborosas nozes…

Eles nunca tiveram tanto tempo para relaxar nos Picos, e isso era… exatamente o que ela precisava. Até agora, ela havia tomado o café da manhã mais delicioso que havia comido em oito meses, construído um golem de neve gigante, recebido uma massagem da Grande Irmã Mei, que foi fantástica, e então o Grande Irmão lhe deu este lugar incrível para tirar uma soneca, e trouxe suco de frutas para ela enquanto Wa Shi lhe dava alguns lanches.

Como ela havia dito antes: era realmente ótimo. Yin bocejou e se espreguiçou, estalando os lábios de felicidade.

Em seu peito, seu Shifu se mexeu, a velha cobra abrindo um olho turvo. Suas cicatrizes pareciam um pouco menos ásperas e dolorosas ultimamente, e algumas das maiores haviam encolhido depois de sua última queda. No primeiro ano, as feridas de Shifu não pareciam cicatrizar, apenas ficando um pouco menos doloridas. Mas agora as artes de cura da Grande Irmã Meiling estavam fazendo sua mágica, lenta e continuamente.

A única coisa que era completamente igual eram as costas quebradas de Shifu… mas nisso também a Grande Irmã Meiling estava trabalhando. A espinha era algo delicado, e ela queria ter certeza absoluta de que nada de ruim aconteceria — especialmente porque os testes que ela realizou em peixes só tiveram sucesso na metade das vezes.

Mas ela estava trabalhando nisso e isso era tudo que Yin poderia pedir.

‘Já essstá na hora?‘ seu Shifu perguntou, e Yin assentiu.

“Quer que eu deixe você aqui até o último raio de sol?’

A cobra ponderou por um momento antes de balançar a cabeça.

‘Eu não gossstaria de perder a expressão de Tigu’, afirmou a cobra simplesmente, parecendo divertida. Ele acariciou a bochecha de Yin e depois se enrolou em seu braço para que ela pudesse se mover.

Yin guardou isso, mas não fez mais perguntas. Em vez disso, ela rolou para fora da rede e caiu três andares no chão. Seus pés pousaram na grama macia e ela olhou para a rede pendurada entre as vigas de sustentação do teto. A única maneira de chegar à rede era pular nas vigas.

Yin saiu da grama e subiu na pedra. Ela partiu em direção à área de estar principal, mais uma vez maravilhada com o quanto até a estufa havia mudado.

Como tudo o mais, era maior… mas apenas uma estufa maior não teria sido tão incrível.

No ano passado, tinha pisos de pedra e vasos elevados. Foi muito bom ter um lugar quente com um pouco de verde durante o inverno, mas aparentemente isso não foi bom o suficiente para o Grande Irmão Jin.

Este ano, os pisos de pedra ocuparam apenas um quarto do espaço que ocupavam antes, relegados principalmente a pequenos caminhos que serpenteavam entre diferentes seções da estufa. Grande parte do chão agora era grama. Ainda havia um monte de plantadores elevados onde os vegetais cresciam, mas eles não eram mais a única coisa. Havia algumas árvores frutíferas transplantadas, alguns arbustos de frutas silvestres e o que deviam ser centenas de flores. Havia até um pequeno rio e algumas lagoas geradas a partir de cristais de água. Eles estavam cultivando as ervas daninhas favoritas de Wa Shi, que não cresciam durante o inverno.

As plantas também não eram a única vida. Yin ergueu um dedo enquanto caminhava, uma borboleta pousando brevemente nele antes que a linda coisa azul e preta voasse novamente.

O Grande Irmão Jin havia apanhado algumas borboletas no final do verão, cujos filhos agora voavam e ajudavam Vajra e seus servos a polinizar as coisas.

Yin realmente não entendia a abelha Besta Espiritual, mas tudo bem. Eles poderiam conversar algum dia, e isso era o suficiente.

“Bom trabalho, meninas”, disse Yin ao passar por algumas das abelhas que estavam coletando mais néctar. As abelhas giravam e subiam e desciam como um arco. Yin sorriu enquanto continuava pelo caminho, fazendo um desvio para conferir os girassóis – seus favoritos.

Era… um lugar mágico. E pelo que o Grande Irmão estava falando, se a expedição ao sul desse certo, ficaria ainda mais bonita.

Foi realmente um pedaço de verão transplantado, tornado possível apenas pelo vidro forjado por Qi. Além disso, havia os “conservatórios” anexados diretamente às casas, bem como os recipientes de vidro para beber, pratos de porcelana e potes de argila para conservas… seu Shifu e Mestre Jin realmente se superaram.

…e talvez, apenas talvez, se o Shifu dela estivesse se sentindo bem o suficiente, ele pudesse começar a aceitar aprendizes? E então, todas as Colinas Azure poderiam ver tais maravilhas! Não seria isso aquela coisa de ‘ironia’? A aldeia de Shifu que Sun Ken destruiu teria um monumento em cada aldeia; uma casa de vidro para ajudá-los durante o inverno.

Ela falaria sobre isso com seu Shifu mais tarde.

Yin e seu Shifu chegaram ao local do encontro pouco depois, com passos leves e um sorriso firme no rosto. Ela podia sentir o calor do sol, dentro e fora de seu corpo.

Eles foram os últimos a chegar. Huo Ten e Pi Pa estavam tomando chá com a Grande Irmã Meiling, Bowu e Chun Ke. Tigu e Grande Irmão Jin estavam sentados na margem do rio artificial com os pés na água, conversando com Wa Shi. Xianghua e Gou Ren estavam encostados um no outro em um banco de pedra. Bei Be, para surpresa de Yin, estava cuidando de Zhuye, a criança rastejando pela grama.

Xiulan estava enrolada em um cobertor e ainda cochilava.

Grande Irmão Jin sorriu ao vê-los e depois se levantou.

“Tudo bem, pessoal, reúnam-se – vou acordar o rolo Xiu-Shi ”, disse ele, parecendo divertido. Yin ficou um pouco confuso antes de perceber de quem ele estava falando. Ela riu. Xiulan parecia uma espécie de sobremesa ou alimento estranho, todo enrolado assim.

Jin enfiou o dedo molhado do rio na orelha da mulher.

Yin começou a rir enquanto Xiulan gritava, se debatendo por um momento em seu cobertor – antes de se virar e olhar impotente para ele.

O Grande Irmão apenas mostrou a língua e secou as mãos. Ele então pegou um pergaminho que estava ao lado de uma pilha de xilogravuras e começou a lê-lo.

Fa Bi De presta seus respeitos ao seu Grande Mestre, a Sábia da Cura, e seus colegas discípulos…

E assim, eles se acomodaram para ouvir a história da jornada de Bi De. Um dos amigos mais próximos de Yin, aquele que os trouxe para este lugar maravilhoso, maravilhoso.

Eles ouviram em relativo silêncio enquanto a jornada avançava – até uma determinada linha.

Assim, para facilitar nossa infiltração na Seita da Montanha Oculta e investigar a potencial presença demoníaca, nos transformamos em humanos.

“Ah! Eu sabia que eles conseguiriam!” Tigu gritou. “Vamos, vamos ver como eles são! Tenho certeza de que Bi De parece insuportavelmente presunçoso e Ri Zu é baixa!”

Yin notou que praticamente todo mundo que tinha ficado em casa se virou para olhar para Tigu, enquanto o Grande Irmão Jin tirava a xilogravura e a virava.

Cabelo ruivo vibrante imediatamente chamou a atenção de Yin. Um rosto perfeito e masculino. Músculos por dias. E aqueles olhos verdes… Yin engoliu em seco enquanto seu coração acelerava.

“Uau ,” ela suspirou.

E então Tigu quebrou o feitiço.

“Aquele rato vai ser absolutamente insuportável quando voltar, não é?” a mulher perguntou, seus olhos fixos na segunda pessoa da imagem. Yin conseguiu desviar os olhos de Bi De e olhar para—

Ah, então é por isso que todo mundo estava olhando para ela. Yin também se virou para Tigu depois disso, observando sua sobrancelha trêmula.

“Por que?! Não é justo, droga! Por que ela fica com sardas! E depois de dizer que meu gosto é estranho, olha! Olhe para os braços dela, ela tem alguns músculos ali!” Tigu marchou até o bloco de madeira e olhou feio para Ri Zu. “Olhe! Olhe aquele sorrisinho! Ela está zombando de mim! Eu sei isso!”

“Mas ela é fofa,” disse a Grande Irmã Mei, sorrindo.

“Claro, os dois são bonitos! Como poderia Ri Zu ser tudo menos devastadoramente fofa quando ela se parece com a Senhora?! Como poderia Bi De não ser bonito quando parece uma versão feminina do Mestre?!” Tigu indagou. Yin viu Wa Shi quase cuspir sua bebida quando começou a rir. “Admito que a musculatura do Bi De é quase perfeita… mas ele ficaria melhor com um pouco mais de robustez! E o que diabos é isso?!” Um dedo apontou para o peito de Ri Zu. “Por que eles são tão grandes?!”

Yin pegou os lanches que Wa Shi havia lhe dado para a rede e se acomodou, com um sorriso no rosto enquanto Tigu discursava.

Porra, ela adorava estar em casa.

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Eles finalmente superaram a história.

Foi bastante tenso, cheio de reviravoltas… mas Yin se contentou com um fato; não havia demônios, e o velho bastardo Shen Yu estava atualmente atacando-os.

Ela ainda estava com medo do homem. Ela ainda não gostava dele, por ameaçar sua casa.

Mas se aquele idiota estivesse no caso? Os demônios estavam fodidos.

Yin foi dormir na rede, contente.