Capítulo 12: Se você quiser sobreviver, ande na corda bamba (4) (Parte 1)

A oportunidade se apresentou.

Pelo que vi, era realmente abundante.

Mesmo que os detalhes intrincados de nossas batalhas tenham sido ignorados quando transmitidos ao Mestre, isso não significava que o Mestre estivesse completamente inconsciente da situação. Ele ainda poderia reunir informações suficientes para saber quem estava na vanguarda da luta, quem estava mais ativo e até mesmo quem estava relaxando na retaguarda.

Parece que não haverá o mesmo erro novamente.

Isel apareceu e gritou.

[Jenna, Yellens. Vão para a Câmara de Síntese. Agora!]

— Síntese? Onde fica isso?

[Você não consegue ver o portão à direita? Basta entrar lá.]

Yellens olhou para mim com uma expressão ansiosa.

O que você quer? Quer que eu te ajude?

Se você tivesse fingido lutar, tentaria ajudar um pouco. Assim como Shay fez comigo, eu estava disposto a fazer algumas concessões, mesmo para um único goblin.

Mesmo que eu o tenha ignorado completamente, ainda falei com Jenna.

— Vá em frente. Nada vai acontecer com você.

— Eu voltarei.

Jenna saiu andando com passos determinados. Por outro lado, Yellens não conseguia se mover.

— Por que você não vai?

— O… o que acontecerá se eu for?

— Você enfrentará julgamento pelo que fez.

— Em primeiro lugar, fui arrastado injustificadamente para cá!

— Essa é a sua opinião.

[Bem, olhe isso! Concordamos pela primeira vez!]

Um sorriso travesso apareceu nos lábios de Isel.

[Estou cansada de trocar suas fraldas, crianças. Entre já.]

— Eu não vou.

[É assim mesmo?]

Isel empurrou Yellens para a Câmara de Síntese.

O portão se fechou.

Depois de um tempo o portão da Câmara de Síntese se abriu e Jenna saiu com uma expressão confusa.

— O que aconteceu? Aquele homem se transformou em luz e desapareceu.

— Aqueles que são inúteis neste lugar tornam-se sacrifícios para aqueles que são úteis. A seguir é a minha vez. Qual de vocês será?

Olhei para os dois.

O portão da Câmara de Síntese ainda não havia sido fechado.

[Próximo, Han, Toby!]

— Você vai me mandar de volta para casa?

Isel parecia sem vontade de responder, e logo jogou Toby para dentro segurando seu pulso. Eu segui e entrei na Câmara de Síntese. Abaixo dela, cercado por paredes de metal, um círculo mágico roxo brilhava ameaçadoramente.

— Finalmente acabou? Eu vou voltar para casa. Estou indo embora!

Ele murmurou com um rosto em êxtase.

— Pense assim se quiser.

Eu não tive energia para responder. Quem iria querer tal morte, prefiro morrer lutando.

Toby gradualmente se desintegrou, desaparecendo.

Quando chegamos à praça, a Câmara de Síntese havia fechado e não abriu novamente. O restante, Aaron, olhou para mim sem expressão.

Eu sorri e dei um tapinha no ombro de Aaron.

— Você teve sorte.

— Por que, por que eles não voltaram? Eles morreram?

— Eles podem ter voltado para casa. Por que, você quer tentar também?

Aaron sacudiu a cabeça como se tivesse enlouquecido. E então ele falou com uma cara distorcida.

— Você, seu  desgraçado, você sabia disso… E não nos contou?

— Se eu tivesse te contado, você teria acreditado em mim? Vocês não me ouviram, não importa o que eu, ou Jenna, disséssemos.

O corpo de Aaron tremeu, mas ele não correu em minha direção. Ele apenas soltou um gemido profundo e voltou para o dormitório.

Me virei para falar com Isel.

— A programação de hoje acabou?

[Não, espere! O Mestre ainda não se desconectou.]

Isel girou no ar e desapareceu.

Depois de um tempo, uma mensagem do sistema apareceu.

Uma forja, hein?

Bem, como acumulamos muitos materiais, era hora de sintetizar o equipamento.

O céu brilhante, com as cores do arco-íris, ficou cinza. Qlqr1 fechou o aplicativo do Escolha-me.

—Acabou? — Jenna perguntou.

— Por ora.

— E aquelas pessoas…?

— Eles provavelmente morreram. 

— Então, as pessoas consideradas desnecessárias pelo Mestre desaparecem naquela sala…

Jenna parecia um pouco perturbada.

— Por que você está tão sombria? Você sempre reclama e faz uma brincadeira tola.

— Será que vai chegar o momento em que eu não serei mais necessária e isso vai acontecer comigo?

Sua expressão era indiferente, mas sua mão tremia.

— À medida que os andares sobem, os monstros ficarão mais fortes, e os humanos que são convocados também ficarão mais fortes. Se morrermos, ou morremos nas mãos dos inimigos ou nos tornamos sacrifícios. É um ou outro.

— Entendi. Parece que você já sabe sobre isso, não é, irmãozão?

— Você quer viver? — eu perguntei a Jenna.

— Sim.

— Então siga as palavras do seu pai.

—  As palavras do meu pai… — murmurou Jenna enquanto olhava para mim.

— Se você quiser sobreviver…

— Ande na corda bamba.

Passei por Jenna e voltei para o dormitório.

Tirei suco de laranja da geladeira. Estiquei as pernas no sofá preto e deitei-me, engolindo o suco. Foi incrivelmente refrescante.

— Isel, saia se você estiver aqui.

[Quem é você para me dizer para sair!]

— Estou ficando cansado desse repertório. Mude um pouco.

[Raah!]

Isel atacou-me.

Fiquei parado. Isel não conseguiu tocar meu corpo e apenas balançou os punhos na minha frente.

— Você também passou por momentos difíceis.

[Huh! Barulhento!]

— A propósito, as dicas que foram enviadas para Qlqr1, foi você quem as enviou?

[O que isso importa para você? O que isso tem a ver com você?]

— Nada.