Capítulo 95: Niflheimr (7)
Tradução: Nimsay
Eu abri meus olhos. Essa é minha segunda manhã em Niflheimr.
A aparência da sala tornou-se um tanto familiar.
Bebi a água morna colocada ao lado da cama.
Depois de arrumar tudo, ao me levantar, ouvi uma batida na porta.
— Você acordou?
— Sim.
— Com licença.
Nisled entrou no quarto e começou a arrumar a roupa de cama.
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Ela endireitou o travesseiro e dobrou o cobertor. Foi a mesma coisa que fez ontem. Coloquei minha espada e escudo.
— Por quanto tempo você vai me seguir?
— A menos que diga o contrário, ficarei enquanto você estiver aqui.
Nisled terminou de arrumar.
Pelas palavras dela, Nisled sabia que eu não ficaria aqui por muito tempo.
Lembrei-me dos acontecimentos de ontem.
Depois que terminei de falar, Yurnet retirou-se silenciosamente, dizendo que entendia.
Não houve resistência ou objeções. Minha decisão permaneceu inalterada.
‘Eu preciso ficar mais forte.’
Mesmo que um dia eu aceitasse a proposta de Yurnet, só o faria depois de ter confiança em mim mesmo. Eu não confiaria totalmente neles, mesmo que pudesse aceitar sua ajuda.
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Coloquei a armadura de couro removível pendurada no cabideiro.
Eram seis e trinta e cinco da manhã. Ainda havia tempo antes do início das aulas. Pensei em pegar emprestado o pátio do anexo para praticar espada. Já fazia um tempo que não movia meu corpo.
Eu pretendia passar por Nisled, que estava ali parada de uma maneira estranha.
Mas algo chamou minha atenção.
— …
Havia um aglomerado de névoa acima da cama.
A massa nebulosa se fundiu na forma de uma pessoa, ganhando cor e definição. E tinha a minha aparência.
— O que está acontecendo?
< Decidi que não fazia sentido o Mestre fazer um treinamento desnecessário. >
A voz de Yurnet ecoou.
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< A aula atual é conduzida de acordo com os conhecimentos que o Mestre possui. Não há necessidade de assistir a essas aulas. >
A figura que parecia comigo levantou-se da cama.
Toquei sua panturrilha com o dedo do pé. Eu podia sentir isso. A especialidade de Yurnet, uma Magia de Ilusão tangível. Do lado de fora, ninguém seria capaz de perceber a diferença.
— Você está configurando meu substituto?
< Sim. Misturei algumas magias. Mesmo os seus colegas vão conseguir perceber. >
Tick.
< Já que o Mestre decidiu não ficar, não deveria aproveitar ao máximo seu tempo aqui? Por favor, nos dê ordens. >
Minha ilusão embainhou a espada.
— Estamos aguardando sua aprovação, Mestre — Nisled falou.
Eu estreitei meus olhos. Ela não estava errada. Eu teria que passar mais da metade do meu dia sem fazer nada se seguisse o horário das aulas. Pensei por um momento e concordei com a cabeça.
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— Muito bem, você tem minha aprovação.
< Obrigada, Mestre. >
Meu clone passou pela porta.
Mesmo que atue de forma pouco natural, o clone de Yurnet cria uma ilusão psicológica no espectador. Não havia preocupação em ser pego.
— Mestre, o que você planeja fazer a partir de hoje? — Nisled perguntou.
Um mês de tempo livre e meus planos já estavam definidos.
— Treinamento pessoal.
Aqui não há necessidade de verificar o progresso da missão ou a situação na sala de espera.
Planejei alugar um local adequado e focar no treinamento. Meu objetivo era claro.
‘Vou aumentar minhas habilidades com armas para o nível intermediário.’
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Atualmente, a Esgrima de Baixo Nível está no nível oito. Com mais dois níveis e uma classe estabelecida, eu cumpriria as condições de evolução. Era nisso que eu estava focando. Nada mais importava. Afinal havia uma lacuna significativa entre as habilidades com armas de baixo nível e intermediárias.
— Se possível, gostaria de pegar emprestado o quintal do anexo. Tudo bem?
— Você deveria fazer sua refeição primeiro.
Um portal dimensional foi aberto no canto da sala.
Além do portal havia uma cena familiar. Era a residência de Yurnet, o Jardim da Névoa. Hesitei por um momento e depois balancei a cabeça.
— Não vou usar este portal. Eu mesmo irei para lá.
< Como você desejar. >
O portal dimensional se fechou.
Ao mesmo tempo, uma sensação fresca envolveu meu corpo. Eu sabia o que era. Era uma magia que escondeu minha aparência.
< Nisled, por favor, guie o Mestre. >
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— Sim.
Nisled abriu a porta.
Entramos no corredor do anexo e começamos a andar.
Os instrutores passaram por nós como se não tivessem nos visto.
‘Vou dar uma olhada pelo menos uma vez.’
Niflheimr.
É um lugar que projetei e criei. Embora possa ser um desafio explorar todos os locais devido a limitações de tempo, minha intenção era ver o máximo possível. Afinal, você não sabe de algo até ver com seus próprios olhos.
Entramos no corredor que levava aos elevadores.
Um grupo de pessoas em uniformes cinza apareceu. Um instrutor vestido de preto os conduziu na frente do grupo.
‘Eles devem ser do salão principal.’
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Estes eram heróis recém-convocados da Estação de Invocação de Niflheimr.
Eles estavam em um estado de produção contínua. Os heróis continuaram sendo convocados mesmo na minha ausência. Os recém-chegados passaram por avaliações básicas, foram designados para centros de treinamento com base em suas aptidões, formaram-se e foram categorizados com base em suas habilidades.
Chegamos ao hall central do segundo andar.
Vi elevadores subindo e descendo por corredores de vidro. Lá, haviam pessoas com trajes coloridos. Nisled apontou para a porta do lado direito do corredor.
— O Mestre deveria ir por aqui.
A porta, pintada de preto, tinha arabescos dourados.
Era uma passagem reservada a funcionários de alto escalão. Segui Nisled para dentro e o elevador começou a se mover.
Ao contrário dos elevadores normais, quase não havia vibração1.
Observei a paisagem de Niflheimr através do vidro nos fundos. O terceiro andar abrigava ocupações básicas de produção e coleta. Os heróis trabalhavam em uma instalação de triagem em um lado da praça.
O quarto andar era onde residia o pessoal de combate básico.
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Eles eram responsáveis por missões de combate menores e pela escolta do pessoal reunido do terceiro andar às masmorras diárias. À medida que você subia de andar, as responsabilidades, a autoridade e os benefícios aumentavam.
Mas não era uma estrutura piramidal.
A maioria do pessoal de Niflheimr estava nos andares intermediários, do quinto ao oitavo. Isso também foi algo que eu havia arranjado.
Do nono andar em diante foram localizados oficiais e pessoal administrativo.
Eles estavam encarregados de comandar batalhas e administrar as instalações de Niflheimr. A partir do décimo andar, a autoridade aumentou ainda mais.
A partir do décimo primeiro andar, o número de funcionários diminuiu drasticamente.
Haviam quatrocentos heróis no décimo primeiro andar e noventa no décimo segundo andar.
No último andar, o décimo terceiro, tinha dez heróis.
‘Na verdade, são cinco.’
Os auxiliares do grupo principal eram membros temporários.
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A porta do elevador abriu. Olhando para cima, vi um céu cinza.
Eu estava no décimo terceiro andar.
Quando olhei para baixo, vi um jardim circular com caminhos de tijolos.
Ao contrário dos outros andares, que eram do tamanho de uma cidade, aqui não era muito espaçoso.
Na melhor das hipóteses, era do tamanho de uma pequena vila.
O último andar de Niflheimr foi dividido em cinco seções, cada uma com sua residência.
— Isso foi criado por Yurnet?
Apontei para o castelo no centro. Era a construção que se destacava, e que eu não lembro de ter criado.
— Sim. Foi construído para o Mestre.
— Ela o fez de maneira muito grandiosa.
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Embora não fosse chamativo, tinha um brilho preto.
Dentro do castelo havia uma recepção, onde eu entrei ontem.
< Mestre, por aqui, por favor. >
A névoa se formou no caminho de tijolos, indicando um caminho.
Eu sorri e segui a névoa, que levou ao jardim de Yurnet.
— Isso é o mais longe que eu vou. Por favor tome cuidado.
Nisled baixou a cabeça.
Seu corpo começou a embaçar. Ela parecia estar indo cumprir outras tarefas.
Entrei no jardim.
Yurnet estava esperando próximo à mesa central.
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— Eu preparei uma refeição.
Yurnet sorriu e bateu palmas.
Vários pães e saladas apareceram na mesa.
— Eu mantive tudo simples, mas espero que se adapte ao seu gosto.
— Isso é mais que suficiente.
Peguei um pequeno pedaço de pão da cesta. Se fosse um banquete suntuoso, eu teria recusado.
Sentei-me e mordisquei o pão.
— Por que me chamou?
— Ouvi dizer que deseja treinar.
— Isso mesmo.
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— Admiramos sua determinação de se tornar mais forte por conta própria. Mas… — Yurnet baixou o olhar. — Estou triste, Mestre.
— Pelo que?
— Entendemos bem suas intenções. Mas parece que você não confia em nós.
Yurnet tinha uma expressão solitária.
Eu ri. Eu tive uma noção do que ela queria dizer.
— “Tornar-se mais forte é bom. No entanto, espero que você possa confiar um pouco em nós.” É isso que você quer dizer?
— Sim. Afinal só podemos observar você de longe…
Yurnet abraçou-se a si mesma, cabisbaixa.
‘Ela é muito boa atuando.’
Metade disso provavelmente foi sincero.
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Eu ri e disse: — Eu ia pedir isso.
— Isso é realmente verdade?
— Por que mais eu viria aqui?
Se o Niflheimr não tivesse sido útil para mim, eu teria ficado em Taoni. Há uma razão pela qual vim aqui, além de apenas querer informações.
— Não vou depender de você para tudo. Mas espero que você possa pelo menos ajudar — continuei.
— Como, como podemos ajudá-lo?
Yurnet inclinou-se sobre a mesa, aproximando o seu rosto.
— Você está chegando muito perto. Afaste-se um pouco.
— … Peço desculpas por mostrar tal comportamento.
Yurnet ajustou sua postura.
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— Para começar, Mestre, deveríamos enviar cerca de um milhão de gemas para Taoni?
Suspirei.
— Você está realmente perguntando isso?
Mesmo com todo o apoio, eventualmente teria que ficar sozinho nos andares mais altos. Eu não posso estragar Qlqr1.
— O apoio a Taoni é estritamente proibido. O contato também é proibido. A menos que eu diga o contrário, não interfira de forma alguma.
— Como você ordenar.
Yurnet curvou-se profundamente.
‘Quando se trata disso…’
Qlqr1 depende bastante de mim.
Mas isso é algo que devo levar em consideração. Os cuidados básicos são necessários, no mínimo.
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‘É como ensinar um aluno do ensino fundamental.’
Depois de esclarecer meus pensamentos sobre Qlqr1, continuei falando.
— Como mencionei, trata-se de treinamento.
— Treinamento.
— Quero avançar de classe e de habilidades.
Havia mais uma coisa que iria solicitar.
Eu planejo trazer isso à tona quando o treinamento estivesse quase concluído.
— Se é o que você deseja… — Yurnet me deu um sorriso gentil. — Tenho algo em mente.
Depois de terminar a refeição, saí do jardim.
Yurnet foi para seu escritório, dizendo que cuidaria dos assuntos de Niflheimr.
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Originalmente, era uma tarefa que compartilhamos. Ela estaria bastante ocupada fazendo isso sozinha.
Se eu tivesse tempo, ajudaria, mas, por enquanto, precisava cuidar da minha vida.
Eu caminhei ao longo do caminho.
O cenário, repleto de árvores e grama, começou a mudar gradativamente para um terreno rochoso e árido.
Até o caminho de tijolos sob os pés desapareceu.
Eu saí completamente do território de Yurnet.
Rochas se projetavam em vários lugares.
Algumas tinham apenas um metro de altura, enquanto outras tinham mais de dez metros. Inúmeras marcas de corte foram gravadas nas superfícies rochosas.
‘Mas, na verdade, não são pedras.’
À primeira vista, pareciam pedras, mas pareciam diferentes de perto.
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Eram minérios gigantescos com um brilho preto profundo, chamados de Ferro Escuro. Um metal várias vezes mais duro e afiado que o aço. Eu estava familiarizado com esta área.
‘A Montanha de Ferro.’
Examinei as rochas de perto.
As marcas da lâmina que cortou o Ferro Escuro como papel, vieram de um único corte.
‘Aquele cara sabe esculpir.’
Havia esculturas nas paredes internas do castelo.
Fazia sentido. Além dele, não havia ninguém a quem considerar.
Aquele que está na terceira posição da classificação de Niflheimr.
O dono da Espada Celestial, Clau Solas2.
Seu talento era avassalador, a tal ponto que uma vez suspeitei que ele fosse um erro no sistema.
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— Ridgion.
— Eu estive lhe esperando.
Atrás da montanha de ferro dividida ao meio.
Um jovem de aparência fria saiu.
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