Capítulo 310: Epílogo 3 – Terra
Tradução: Nimsay
— Sim, por favor assine aqui.
No balcão de informações no primeiro andar do grande hospital, ela assinou os documentos que a enfermeira lhe entregou.
— Já que você foi hospitalizada por excesso de trabalho, você precisa descansar adequadamente e cuidar da sua saúde por um tempo. Entendido?
— …Sim — ela respondeu fracamente. Em sua bolsa estavam as coisas que havia usado no quarto do hospital. Um pequeno laptop, um carregador e alguns livros de autoajuda.
— Tudo pronto! O processo de alta está completo. Você pode ir para casa agora. — A enfermeira sorriu e acenou.
Ela assentiu em agradecimento e saiu do saguão do hospital.
‘Eu raramente sou hospitalizada.’
Ao sair pela porta de vidro, o vento frio do início do outono roçou sua bochecha. Foram três dias de hospitalização. Era algo estranho para ela, que raramente tinha estado em um hospital.
‘Escolha-me.’
Esse era o nome do jogo que ela estava jogando antes de desmaiar. Segundo sua mãe que a encontrou inconsciente, deitada, segurando o telefone com força.
‘Excesso de trabalho… eles disseram.’
Não havia nada realmente errado com seu corpo.
Ela tinha acabado de perder a consciência por um momento. O médico diagnosticou-a com ‘excesso de trabalho’ e, devido à insistência da mãe, ela recebeu alta após três dias.
— Ah. — Ela suspirou novamente e pescou seu velho smartphone do bolso. Na tela principal do aplicativo estava o aplicativo Escolha-me! Gacha Infinito.
Obrigado por amar Escolha-me! Gacha Infinito!
Nos últimos dois anos, Mobius ficou feliz por estar com todos os Mestres…
Após tocar no ícone, uma notificação apareceu na tela de login. Uma mensagem que ela havia lido dezenas, talvez centenas de vezes.
Embora estivesse repleta de linguagem rebuscada, o significado era simples.
Escolha-me! Gacha Infinito encerrará seus serviços em XX de XXXX de 20XX.
Informações sobre o período de reembolso…
— O que deveria ser isso?
Eles disseram que era um jogo mundialmente famoso. Até seis meses atrás, era uma das maiores empresas de jogos do mundo.
Mas Escolha-me! e Mobius caíram de repente.
Ela entrou no fórum oficial do jogo, onde o quadro de avisos estava cheio de postagens e comentários de usuários, com insultos e críticas por toda parte.
O mesmo era encontrado em outros lugares. Em comunidades de jogos, artigos criticando Escolha-me! Gacha Infinito apareciam quase diariamente, e havia até programas de TV investigando a verdadeira face da empresa Mobius.
‘Era uma empresa fantasma?’
O CEO e a maioria dos executivos foram hospitalizados e negaram ter fundado tal empresa. Como se estivessem hipnotizados.
Além disso, alguns dos jogadores mais bem classificados do Escolha-me! entraram em coma, e a má gestão do servidor e o tratamento incorreto de incidentes se tornaram tópicos de discussão, levando-os à falência.
No fim, tudo isso poderia ser resumido em uma palavra. Escolha-me!, que teve um milhão de downloads, faliu.
O jogo que ela antes considerava seu ‘jogo da vida’, uma lembrança preciosa que iria levar consigo, havia terminado assim.
— Não pode ser. — Ela murmurou em choque.
‘Finalmente encontrei o jogo da minha vida…’
E o servidor parou. A conta dela foi suspensa. E o destino do herói que ela havia criado com tanto amor ficou em aberto.
Fom! Um táxi parou na frente dela enquanto ela estava ali. A porta se abriu e um garoto de uniforme escolar olhou para ela do assento.
— O que você está fazendo? Você nem está atendendo ligações. Eu vim te buscar.
— …
— Entre. A tia está esperando em casa.
O menino se afastou e ela entrou no táxi. O táxi, com os dois dentro, seguiu pela estrada silenciosamente.
— Jinho — ela falou enquanto estava sentada.
— O que?
— O que aconteceu com Escolha-me! Gacha Infinito?
O menino, chamado Jinho, franziu a testa.
— Aquele jogo fracassado?
— …Sim.
— Eu queria me divertir, mas ele se autodestruiu. É um jogo lixo. A empresa também é lixo. Gastei todo meu dinheiro nele. — Jinho não escondeu seu descontentamento. — Eles nem tinham vozes. Nenhuma fantasia. Só sorte e gerenciamento de servidor terrível. Se eu jogar um jogo para celular de novo, vou cortar minha mão. Pfft!
— Eles não pareciam vivos?
— Vivos? — Jinho olhou para ela incrédulo. — O que estava vivo? Os heróis do jogo?
Ela assentiu.
— Eu disse para você não exagerar nos jogos. Foi por isso que você acabou no hospital. Se a Tia descobrir que você desmaiou por causa do vício em jogos, ela vai te bater.
— Sim. — Ela encolheu-se instintivamente. Ela sabia o quão dolorosas as surras de sua mãe podiam ser desde criança1.
— Bem, o sistema de inteligência artificial era bom.
— Verdade, nera!? — Ela sorriu.
— Por que você gosta tanto? Você ainda não desistiu?
Jinho olhou para ela com desconfiança e ela balançou a cabeça rapidamente.
‘Não quero ser espancada pela mamãe.’
Ela já era uma adulta que trabalhava.
— Quando chegar em casa, coma bem. Lembre-se de que você tem que voltar ao trabalho amanhã. Disseram que você teve licença médica na empresa.
— Sim, eu sei.
— Repito, cuide da sua vida. Jogue com moderação. Não estou dizendo para não jogar, só não faça isso sem parar. A titia está preocupada.
— …Desculpa.
— Não se desculpe. Não é como se eu quisesse repreendê-la. — Jinho desviou os olhos dela. Ela percebeu que o menino realmente se importava com ela. — A propósito, quando visitei você há dois dias, havia um homem estranho de terno na frente do seu quarto. Quem era ele?
— Huh?
— Não me diga que você está namorando alguém assim. Com um pouco de esforço, os caras virão até você.
— Não, não! Não é nada.
Jinho olhou para ela com desconfiança, mas deu de ombros.
— Se não quer falar, tudo bem.
— Ele estava dizendo coisas estranhas. Parecia um vendedor. Eu o expulsei.
Ela olhou para sua bolsa. Dentro havia um envelope que o homem havia lhe dado.
‘Trinta bilhões de won?’
Um apartamento em Gangnam, um carro de luxo e um documento de propriedade de terras em algum lugar em Seul.
‘Alguém me deu de presente?’
Foi isso o que o homem de terno disse, que a propriedade havia sido transferida e ela precisava confirmar.
Ela engoliu em seco.
Os documentos foram embalados em um envelope elegante. Ela pensou em verificá-los, mas depois de pensar muito, decidiu não fazê-lo.
‘Mesmo que seja real…’
Ela sentiu que não deveria aceitar isso. Certamente, tinha um dono legítimo.
‘Se eu não devolver…’
Ela precisava pensar um pouco sobre isso.
— Chegamos!
O táxi parou na entrada de um antigo complexo de apartamentos. Jinho entregou algumas notas de milhares de wons ao motorista e saiu do táxi.
— Vou embora primeiro. Tenho que ir para a academia. Vá direto para casa.
— Obrigada.
— Te vejo por aí. — Jinho começou a caminhar na direção oposta do complexo de apartamentos.
— Obrigada pela carona. — Ela cumprimentou educadamente o motorista e saiu do táxi.
— Que jovem muito educada — o motorista disse antes de ir embora.
O apartamento em que ela morava ficava bem em frente ao complexo. Ela pegou o elevador até o sétimo andar.
Era um apartamento antigo e pequeno.
Ao contrário da família rica de Jinho, sua casa era modesta e alugada, mas ela sonhava em comprar uma casa para ela e sua mãe algum dia.
Bip. Bip. Bip. Ela digitou a senha e a porta se abriu. Ao entrar, ela foi recebida pela foto da família pendurada na parede.
— Estou de volta, pai2. — Na foto, um homem sorri largamente enquanto monta um cavalo e levanta um troféu. Um cavaleiro promissor que não estava mais neste mundo, seu pai.
— Suyeon, você voltou? — A voz de sua mãe foi ouvida.
— Sim, estou em casa.
— Desculpe-me por não poder buscá-la. Queria lhe dar uma refeição quente.
— Você não precisava.
Um aroma picante vinha da cozinha. Provavelmente era ensopado de kimchi, seu prato favorito. O ensopado seria recheado com tofu e carne de porco.
— Você está realmente bem? Não deveria descansar mais?
— Se eu descansar mais, o chefe vai me repreender. Amanhã eu volto a trabalhar.
— Certo. Está quase pronto. Tome um banho e assista TV na sala de estar. — Sua mãe falou da cozinha.
— Vou só arrumar minhas coisas e depois te ajudo.
— Não, não precisa. Eu farei isso.
Quando sua mãe ficava assim, não havia como detê-la.
Ela arrumou suas coisas e sentou-se no sofá da sala. Naquele momento, estavam passando comerciais na TV.
— O unicórnio está… vivo!
— Onii-chan!
— Eu vou te alimentar, vou acariciar sua cabeça…
Um comercial de jogo para celular que destacava o vínculo entre o usuário e os personagens do jogo.
‘…Han.’
Ela acariciou seu smartphone. Lá dentro estava o jogo no qual ela havia colocado tanta paixão.
‘Eu trabalhei mais duro do que aquele cara.’
Ela não estava agindo como aquele homem do comercial. Ela sempre foi sincera.
‘Eles eram…pessoas vivas.’
Os eventos de três dias atrás pareciam um sonho. Qualquer um riria dela se soubesse o que ela sentiu.
Eles a chamaram de viciada em jogos e a ridicularizaram.
‘Por que terminou assim?’
Ela não sabia exatamente pelo que seu sub-mestre, Han Israt, estava lutando. Mas, de alguma forma, ela sentiu que conseguia entender os sentimentos dele.
‘Há algo que eu não sei.’
Algo que ela nunca conseguiria entender do mundo exterior. Mas… isso não muda o fato de que eles são pessoas vivas.
Eles podem chamar isso de ilusão. Ela não conseguia compartilhar seus verdadeiros sentimentos com ninguém, mas ela tinha certeza.
‘Aqueles heróis são reais.’
Mesmo que fossem apenas personagens de um jogo, eles lutavam com todo o seu ser. É por isso que ela dedicou parte de sua vida.
Porque ela queria vê-los triunfar.
— Quem é você…? — Ela sussurrou para seu telefone. Ela não esperava uma resposta, mas não conseguiu evitar. — Han. — Seu rosto se contorceu. Ela estava à beira das lágrimas.
‘Quero jogar mais uma vez.’
Ela queria saber o que havia acontecido com ele. Se ela pudesse, ela queria ajudar.
— De qualquer forma, você…
— Suyeon! — Ela foi arrancada de seus pensamentos pelo grito da sua mãe. — Está pronto. Venha comer.
— Ah, sim. Estou indo.
Sua mãe estava esperando por ela.
Ela não queria mostrar uma cara triste, então deixou o telefone no sofá e foi para a cozinha.
As vozes de mãe e filha enchiam a casa.
Bzzz! Alguns minutos depois, o telefone no sofá vibrou e a tela acendeu.
【Bem-vinda ao Escolha-me, Gacha Infinito!】
Verificação de conta concluída. Acesso temporário permitido.
O aplicativo foi atualizado automaticamente.
> Você tem mensagens não lidas. Por favor, verifique-as! <
Ue, o jogo voltou?
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