Capítulo 325: Rei da Fronteira (2)
Tradução: Nimsay
O rosto pálido de Seris começou a adquirir um tom de pêssego. O poder infinito estava unindo seus ossos e músculos fraturados, reconectando seus nervos e vasos sanguíneos cortados.
Seu coração batia mais forte. E então… — Ugh! — Seris cuspiu sangue parado de sua boca. — Cof! Cof! Cof!
— Seris! Não morra! — Nihaku exclamou, agarrando-a com força.
Tirei minha mão do peito de Seris e murmurei: — Não chore. Ela não está morta. — Coloquei minha mão na cabeça de Nihaku.
Então, as pálpebras de Seris tremeram e seus olhos verdes brilharam.
— Seris! — Nihaku abraçou-a com força.
Levantei-me. Não queria interromper o momento.
Ela também passou por muita coisa. Não só enfrentou alguém como eu, como também teve que cravar uma adaga no meu coração. Não foi um esforço pequeno. E, como resultado, ela basicamente morreu.
— …Mestre. — Seris, ainda deitada, olhou para mim. Sua voz estava muito fraca.
— Não me chame assim.
O jogo acabou. Depois que Qlqr1, a última Mestra de Escolha-me! Gacha Infinito, se desconectar, o servidor não abrirá mais. A intersecção entre Mobius e a Terra desaparecerá para sempre.
— Eu… ugh… — Seris tentou se levantar, mas franziu a testa. Ela ainda não havia se recuperado totalmente. Mesmo conectada ao Cálice Infinito, ela também precisaria de tempo para se adaptar ao seu novo poder.
— Seris! Não se esforce! Se você cair de novo, o que faremos?
Seris deu um sorriso amargo para Nihaku. Então ela olhou para mim novamente.
— Descanse. Eu cuido do resto — falei.
— Eu… preciso… pedir… desculpas…
— Desculpas pelo quê? Por tentar me jogar na Terra? Já me esqueci disso há muito tempo.
Cocei meu pescoço.
Pensando bem, recebi muita ajuda de Niflheimr. Quando eu jogava, não levava em conta a situação dos heróis. Seris, Yurnet, Ridgion, Muden e Nihaku. Eles quase morreram ou perderam companheiros valiosos por minha causa. Eu realmente os explorei.
‘É um milagre não me esfaquearem.’
Nunca pensei que eles seriam tão leais.
— Você está sem um braço e um olho. Espere, eu vou regenerá-los.
— Estou bem. — Seris balançou a cabeça. — Levarei isso como pagamento pelos meus erros.
— Você vai viver sem um braço e um olho?
— Não vai afetar minha luta. Vou aprender novas técnicas. — Os olhos de Seris não vacilaram.
Era uma expressão de firme determinação. Pensei em discutir, mas fiquei em silêncio. Era melhor deixar para lá. Haveria oportunidades de convencê-la mais tarde.
[Carregando…]
Niflheimr está se regenerando.
Eu me virei.
Trum! Ao lado de onde Bifrost estava cravado, surgiu um enorme pilar, semelhante a uma grande árvore. A identidade do pilar era óbvia. Era a estrutura central do Saguão de Niflheimr, que eu havia projetado com grande esforço.
— Yggdrasil. — Yurnet, ao meu lado, falou. — Daquela árvore nascerá a nova Niflheimr.
Uma leve vibração fez o chão tremer. Numerosos galhos se estendiam do pilar. A luz se espalhava pelos galhos, preenchendo o espaço.
O chão, que antes era escuro e vazio, agora estava coberto com ladrilhos limpos. O horizonte escuro foi substituído por paredes grossas e resistentes. Uma fonte na praça jorrava água transparente e bancos se reuniam ao redor dela.
‘Esta vista…’
Eu já tinha visto isso antes.
Quando cheguei aqui pela primeira vez, era a mesma cena de quando a Sala de Espera foi criada.
A luz irradiada pelos galhos restaurou a paisagem de Niflheimr que eu conhecia. Infundiu nova luz e cor nesta fronteira sem limite onde antes não havia nada.
— Meu rei. — Yurnet inclinou a cabeça em minha direção.
— Quem?
— Vossa Majestade disse para não chamá-lo de Mestre — Yurnet respondeu.
— Eu não sou rei. Não use esse título.
Yurnet olhou para mim, perplexa. Ela queria me dar um título. Mas não sou um Mestre, nem rei.
Então, quem sou eu?
Eu já fui Han Seo-jin, mas deixei para trás minha vida na Terra.
Han Israt também foi deixado para trás. Embora eu tenha que visitar Taoni para ver Pria e outros camaradas, não posso ficar lá. Esse nome também acabou.
— Loki. — Um deus da mitologia que destruiu o mundo. Também era o nome da minha conta.
— Lorde Loki — Yurnet murmurou. E começou a resmungar. — Mas eu gosto do título de rei.
— Huh?
— Em nosso mundo, o rei também era uma figura mítica. Um líder que guiava seu povo à vitória e à prosperidade… uma lenda.
No planeta Terra isso não é diferente, mas os reis são relíquias do passado. Eu só os conhecia dos livros de história. Não combina comigo.
Quando expliquei isso, Yurnet assentiu.
— Ah, entendi. — Ela sorriu. — Então, meu papel será guiá-lo, Lorde Loki, ao verdadeiro trono do rei.
— O que?
— Não se preocupe. Não sabemos muito sobre o que significa ser um súdito, nem sobre o que significa lealdade. Podemos aprender juntos. Um dia, acho que teremos um relacionamento satisfatório. — Fiquei impressionado com o sorriso brilhante de Yurnet. Que esquisito. — Finalmente nos unimos. Você não pode mais fugir. Hahahahaha.
— …
— Agora, não creio que você vá quebrar o contrato, Lorde Loki. — Yurnet parou seu monólogo, sorrindo.
Bom, não devia ser eu a presumir isso? Afinal, fui eu quem os aceitou.
Do nada, o som de uma trombeta ecoou.
Olhei para cima.
< Todas as tropas de Niflheimr, avancem! >
Além do portal dimensional, inúmeras embarcações aéreas estavam se reunindo.
Finalmente, as principais tropas de Niflheimr chegaram.
< Acenda as chamas do inferno! >
O céu vasto da fronteira sem limite estava coberto. Ao redor do dirigível que comandava, Brynhildr01, uma frota de centenas de dirigíveis grandes e pequenos estava se formando. Eles avançaram com a estátua do carneiro, símbolo de Niflheimr, na vanguarda.
— Nós concederemos a vitória eterna ao Lorde Loki!
— Se os deixarmos assim, eles não morrerão? — perguntei para Yurnet.
— …Isso é verdade.
Suspirei. A luta aqui é completamente diferente da de antes. Para torná-los úteis, terei que começar do zero.
[Muhahahaha!]
Na popa de Brynhildr01, uma fada com um chapéu de pirata e um tapa-olho riu loucamente.
[Agora que sou uma funcionária plena, ninguém pode me impedir! Fragmentos, vejam! Minha ultra hiper mega super frota dourada! Tremam de medo, muhahaha! Venham se tiverem coragem!]
— Faça-a ser uma estagiária novamente.
— Sim, meu Lorde.
Minha capa esvoaçava, enquanto a recém-nascida Niflheimr sob meus pés estava sendo reconstruída.
‘Meu domínio.’
Niflheimr.
De agora em diante, será minha fortaleza e meu castelo.
‘Parece divertido.’
É como começar um novo jogo. Serei o Mestre novamente, mas a diferença é que agora meu destino está ligado ao de Niflheimr.
— Tenham isso em mente — murmurei. Minha voz imbuída de poder espalhou-se por toda fronteira sem limite. — Depois de fazer o contrato comigo, não poderá morrer, mesmo que isso aconteça. — Eles voltarão à vida para continuar lutando. Somos um e ao mesmo tempo todos. A taça infinita não é mais apenas meu poder. — Em troca, eu lhe darei forças para lutar.
Em uma guerra sem fim à vista, para alcançar a vitória.
— Para o rei, a vitória! — Ridgion recitou.
< Vitória! >
< Vitória! >
< Vitória! >
< Vitória para o nosso rei! >
< Vitória para o Rei da Fronteira! >
Um vasto coro ressoou.
— Precisaremos de novas tropas. Estabelecerei contatos em todas as dimensões de Mobius. Aqueles que buscam guerra e honra poderão se juntar a nós — Yurnet falou. — Seremos conhecidos como Valhalla.
Valhalla, não parece ruim.
— Há vários candidatos promissores em Taoni. Quer saber mais sobre eles?
— Hum… — Isso é algo para depois. Sorri largamente. — Aaron.
— Sim.
— Você se arrepende de ter vindo aqui?
Aaron acariciou sua lança. — Já me arrependi tanto que estou cansado.
— Sério?
— Eu venho fazendo isso há milhares de anos, a ponto de estar enjoado, a ponto de não sobrar nada.
Eu tenho sido uma pessoa terrível. Se Aaron tivesse permanecido como instrutor, ele não teria sofrido tanto. Ele poderia ter vivido confortavelmente fazendo a sua parte.
Ele poderia estar rindo junto com sua irmã.
‘A culpa é minha. Isso é o meu carma.’
Sou responsável pelo que aconteceu com ele, por empurrá-lo para essa luta eterna.
— Irmão.
— Hum?
— Eu não me arrependo mais. — Aaron olhou para mim com uma certa expressão. — É uma honra poder continuar lutando ao seu lado, irmão.
— Honra?
Ele foi obrigado a me seguir. E mesmo quando não houve progresso por tanto tempo, você nunca me culpou.
— Você sempre assumiu toda a responsabilidade. — Olhei para Ridgion, que estava em silêncio, apenas mostrando o punho de sua espada de longe. — Não há necessidade de palavras.
Nihaku estava chorando em um canto. — Mestre, estou realmente feliz… Mestre…
Dei de ombros.
E fui ver Seris, que parecia ter se recuperado um pouco.
— Seris.
Ela cambaleou em minha direção. O olho vendado com um pano e a manga vazia do braço direito pareciam solitários.
‘Minha… sub-mestra.’
A heroína que eu mais estimei.
No começo, cuidei dela porque era a única quatro estrelas, mas logo percebi que ela era diferente dos outros heróis. Às vezes ela cometia erros, mas ela sempre encontrou o caminho certo.
— Você não parece bem. Deixe-me regenerar seu braço e seu olho.
— Algum dia deixarei — Seris falou. Um sorriso satisfeito apareceu em seu rosto. — Quando eu sentir que cumpri minha responsabilidade, eu os recuperarei.
— Você continua sendo teimosa.
Isso é típico da Seris.
Mestre e herói, esse relacionamento unidimensional acabou. É hora de construir um novo relacionamento nessa longa luta.
‘Seja feliz.’
Foi o último comando da Mestra. Não sei o que significa, mas pretendo tentar.
‘Mestra.’
Olhei para o lado.
A tela de controle de Qlqr1 estava piscando. Não vai durar muito, provavelmente vai se desconectar em breve.
Acima da fronteira sem limite, em uma pequena tela de um celular, Qlqr1 estava me observando.
※ Alerta! ※
O servidor está instável!
Prepare-se para a desconexão!
É o fim. Nossos caminhos são muito diferentes.
‘Você deveria jogar com moderação. Parece que sua mãe está muito preocupada. Brincar pode aliviar o estresse, mas deve ser feito com moderação, sem interferir na vida diária.’
Talvez eu não seja a pessoa certa para dizer isso. Bem, não importa.
Mas tenho uma última coisa a pedir antes que ela se vá.
— Ei, você pode ajeitar isso?
Levantei a estátua do cavalo de guerra. Estava tão desgastado que lhe faltavam a cabeça e as pernas. Não era mais uma estátua, apenas uma massa deformada.
【Loja de presentes】
Uma Estátua do Cavalo de Guerra foi comprada por 5.000 Ouros.
> A Mestra presenteia Han (★★★★★★) com a Estátua do Cavalo de Guerra! <
Han fica feliz em receber a Estátua do Cavalo de Guerra.
Assobiei e aceitei a nova estátua.
— Adeus.
Com alguns ruídos, a tela de controle de Qlqr1 desligou.
※ Erro! ※
Conexão perdida.
A luz flutuando no ar desapareceu.
Acariciei a estátua. — Você não acha que deveríamos mudar o símbolo de Niflheimr? — Yurnet piscou confusa, enquanto colocava a estátua em uma bolsa no meu cinto. — O carneiro está ultrapassado. Não é elegante. Já que estamos começando do zero…
— Se está se referindo ao brinquedo que tem na mão, não, obrigada — Seris murmurou, ríspida.
— Você acabou de dizer que se arrependeu — lembrei ela.
— Isso é diferente — Seris sorriu com a resposta.
‘Nossa, elas não entendem de bom gosto.’
Estalei a língua.
Naquele momento, ouvi um rugido. Estendi a mão e a espada Bifrost, cravada no chão, voou para minha mão.
Nem preciso falar, todos estavam prontos para a batalha. Suas expressões estavam cheias de tensão, como se nunca tivessem relaxado.
‘Eu não estou sozinho.’
É uma sensação estranha ter alguém ao meu lado. Uma sensação de formigamento que eu não sentia há muito tempo.
E ao mesmo tempo, uma nova determinação surgiu.
‘O fim existe.’
Algum dia, haverá uma conclusão e esta longa guerra terminará um dia. Será que vou conseguir ficar em pé até lá? Sorri, sabendo que sim. Mesmo quando estava sozinho, era assim. Eu não luto batalhas sem esperança.
Milhares de fragmentos surgiram, rugindo.
‘A vitória… já está aqui.’
Eu levantei a Bifrost e os heróis pularam para o meu lado.
Não sei vocês, mas eu achei isso com cara de final.
Mas, ainda tem alguns capítulos da história principal.
Quando eu estiver no penúltimo vou mandar uma enquete sobre as histórias paralelas. Por favor, vejam o discord da Illusia para saber o conteúdo.
É isso estrelinhas~
Até a próxima.
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