Capítulo 1: Pureza (1)

Tradução: Nimsay

— … ? — Aaron Delcurd olhou em volta.

O lugar onde ele estava era uma biblioteca circular, com um lustre prateado brilhando no teto, uma estante alta que só pode ser organizada subindo uma escada e uma estante baixa. Além disso, inúmeras estantes, grandes e pequenas, enchiam a sala circular.

‘Desde quando eu estou aqui?’

É um lugar desconhecido.

A luz bruxuleante das velas iluminava vagamente o interior da biblioteca.

— Você está bem, Aaron?

Aaron se assustou e olhou para o lado. Uma mulher de cabelos grisalhos vestindo um longo manto está sorrindo. Sua aparência era tão misteriosa que não parecia real.

Parece parte de um sonho.

No entanto, Aaron sabia o nome da mulher. Yurnet Sid.

— Por que você está aí parado? Por favor, sente-se aqui.

— Ah… sim. — Aaron sentou-se à mesa no centro da biblioteca conforme instruções de Yurnet. — Por que estou aqui?

— Você não sabe? É por causa do meu pedido.

— Senhorita Yurnet… poderia por favor explicar melhor?

— Claro. Eu lhe pedi para se juntar a mim no meu hobby.

‘Hobby.’

Só então as memórias de Aaron começaram a retornar gradualmente.

‘Ok.’

Enquanto Aaron descansava na fortaleza de Valhalla, Yurnet de repente entrou em seu quarto. Ela disse que precisava de mim e perguntou se poderia sair com ela.

Normalmente, a Yurnet Sid que ele conhecia raramente expressava sua opinião. É por isso que ela pediu a ajuda de Aaron.

Embora ele estivesse pasmo, aceitou o pedido dela.

Então, seguindo a orientação de Yurnet, ele parou em frente a uma porta em um determinado corredor, e foi aí que as memórias de Aaron terminaram.

— Aaron, vale a pena viver em Valhalla? — Yurnet perguntou, servindo chá de uma fonte desconhecida.

— Sim, está tudo bem.

Valhalla, no passado, era uma fortaleza construída principalmente em torno da dimensão chamada Niflheim. O objetivo dela é evitar a destruição planejada de uma determinada dimensão.

Esta fortaleza foi mantida por um ser transcendente chamado ‘Loki’ e Aaron e Yurnet eram um dos principais executivos da Valhalla.

Embora cada pessoa estivesse em uma posição diferente, os dois trabalhavam juntos antes ‘dele’ atingir a divindade.

Yurnet é uma maga de Niflheim e Aaron é um lanceiro de Taoni. Agora que tudo acabou, estamos juntos em Valhalla.

— Por favor, coma.

Aaron bebeu chá, silenciosamente. Normalmente, Yurnet Sid usaria um uniforme preto, mas agora está usando um manto branco simples.

— Para preservar o poder de combate numa guerra longa, é necessária a gestão das condições.

— Sim, você está correta.

— O que o Mestre também enfatizou. Você concorda?

— … Sim.

A guerra continua. Mesmo agora, algumas tropas de Valhalla estão lutando contra o inimigo nas linhas de frente. Aaron está apenas fazendo uma pausa momentânea.

Você deve dar um passo à frente quando chegar a sua vez nesta guerra que dura para toda a eternidade, sem fim à vista. E para continuar esta guerra e não se perder, você precisa administrar sua condição.

Os heróis de Valhalla devem adquirir hobbies, gostem ou não. Esta também foi uma ordem do Mestre.

Para referência, o hobby de Aaron é escrever cartas para sua irmã mais nova, Nina. Ele escrevia cartas todos os dias, embora as cartas nunca chegassem à pessoa em questão.

— Senhorita Yurnet, ler é seu hobby?

— Sim. Eu gosto de livros. Para ser mais precisa, o que está escrito no livro… Gosto de histórias sobre pessoas diferentes. — Yurnet sorriu. — É por isso que chamei você à biblioteca com a intenção de pedir a Aaron que cooperasse com meu hobby.

Aaron piscou.

— Que ajuda posso dar? Não estou realmente interessado em coisas como livros…

— O que importa não é o livro, mas a história. Os livros são um meio de contar histórias.

— Sim?

— Que tal você me contar a história de Aaron? — Yurnet falou com um sorriso.

— Você está falando da minha história? Mesmo que você diga isso… Sou uma pessoa sem nada de especial…

— Aaron, você ainda é humilde. — Yurnet continuou. — Estou curiosa para saber como você adquiriu esse poder desconhecido chamado Carma.

— … 

— Se não houver problemas, você poderia me contar? Claro que não será sem uma recompensa. Se há alguma história que você deseje saber, contarei tudo o que eu souber.

— Mesmo se você disser isso… — Aaron inclinou a cabeça. — Não me lembro daquela época…

— Ah…

— Eu realmente sinto muito.

Ele não mentiu. O processo da obtenção do Carma de Aaron teve esse efeito.

Yurnet conseguia adivinhar aproximadamente, mas nunca foi completo o suficiente para ser uma história. O que ela quer é a verdade completa.

Mas as memórias de Aaron eram vagas, como se tudo estivesse envolto em uma neblina.

— Hum. Então não há memórias. Certo, tudo bem. Sua jornada será algo que outros nunca experimentaram.

— … Desculpe.

— Tudo bem. Eu tinha algumas expectativas. Precisaremos de preparação para trazer à tona suas memórias ocultas.

Trazer à tona as memórias daquela época? Aquela eternidade?

‘Ah?’

Não.

— Oh, por favor, não pareça assustador. Não é trazido literalmente, é apenas de forma indireta. Aaron, você pode confiar em mim?

— … — Ele se manteve silencioso olhando desconfiado para Yurnet.

— Por favor, me faça esse favor… — Yurnet pediu novamente. Aaron desistiu de se levantar da cadeira. — Obrigada, Aaron. Então, enquanto os preparativos terminam, devemos inventar algumas histórias para aliviar seu tédio?

Yurnet cantarolou e começou a agitar as mãos. E então, as estantes na parede começaram a girar arbitrariamente.

— Há algo que você gostaria de conversar?

Aaron olhou para dentro da biblioteca. Para onde quer que você olhe, há apenas livros e estantes.

‘Não sei o que ler.’

No entanto, certamente haverá livros que se destacam entre eles. Os olhos de Aaron se voltaram para a enorme estante na frente, onde havia dezenas de livros alinhados ali.

Esses livros, todos com a mesma cor e formato, são provavelmente um épico.

— Como esperado, você tem um bom senso de visão.

— Por alguma razão, isso se destaca.

— Sinto muito, mas por favor escolha outro livro. A história do rei ainda está inacabada. Um dia, quando a história dele terminar, eu a contarei para você.

Rei.

Depois de um tempo, Aaron percebeu a quem a palavra se referia e por isso que acenou com a cabeça silenciosamente.

— Agora, que tal isso? — Yurnet sorriu e gesticulou. Um livro preto voou de algum lugar da estante e foi sugado para suas mãos. — Esta é uma história de deuses esquecidos.

— Deuses esquecidos?

— Eles são os seres que governaram Mobius antes da criação de Valhalla.

Aaron percebeu de quem Yurnet estava falando. Os deuses que governaram e administraram Mobius antes de Valhalla. Foram eles que criaram o jogo Escolha-me! Gacha Infinito e brincaram com as vidas dos heróis.

‘Tell e Ikar.’

Os seres mais representativos entre eles são as deusas gêmeas, que simbolizam pureza e misericórdia, mas levaram Mobius ao profundo inferno.

Ele não sabia disso quando era um herói, mas agora que entrou em Valhalla, Aaron ouviu a verdade sobre tudo.

‘Agora elas foram esquecidas.’

Eu também ouvi bem o motivo. Foram subjugadas por Loki, o Rei de Valhalla, e absorvidas.

Agora, nenhuma voz louvando a Deus pode ser ouvida em qualquer lugar da dimensão Mobius. A própria existência dos deuses foi esquecida.

— Mas por que está falando disso do nada?

— Eu senti que era necessário.

‘Achou que é necessário?’

— Hoje, poucas pessoas sabem da existência dessas deusas. Mas eu detesto essa abordagem. Simplesmente esquecê-las é o fim de tudo. Não vou tolerar isso. — A voz de Yurnet ficou mais acalorada. — Se for esquecido, nunca iremos aprender com erros do passado. Como vamos saber o que aconteceu ou por que aconteceu? Devemos registrar e ensinar às gerações futuras. E assim, eles viram história.

Se for esquecido, nunca iremos aprender com erros do passado. Nessa parte em particular, a voz de Yurnet ficou mais alta. Aaron estava escutando tudo com um ar pensativo.

— Não é apenas a deusa. O mesmo vale para qualquer outra pessoa. Porque não quero perder isso. — Ao dizer isso, Yurnet olhou para Aaron.

Como se houvesse alguém nas suas costas, olhando para ele. Mas havia apenas os dois ali. Aaron não tinha ideia de a quem Yurnet estava se referindo.

— Uhuhuhu. Eu mal posso esperar. Saber como foi criado o jogo Escolha-me! Gacha Infinito e seu propósito. O que aconteceu com os deuses… Você não está interessado? — Aaron estaria mentindo se dissesse que não estava curioso. — Não sei quantas vezes importunei o Mestre para conseguir essa memória. Este é um livro que encontrei com muita dificuldade.

Aaron olhou para o livro preto sobre a mesa, que contém as memórias de deuses esquecidos.

— Você vai ficar bem, Aaron?

— Tudo bem — Aaron respondeu.

Yurnet corou de alegria.

A criação do jogo chamado Escolha-me! Gacha Infinito. O que houve naquele primeiro período? Ele estava apenas curioso.

— Então vamos começar.

Yurnet abriu a primeira página do livro e a visão de Aaron foi encoberta por uma luz.

E assim começou a história.

— Como vai o desenvolvimento?

Em um escritório de uma empresa preenchido pelo som de ventoinhas de uma CPU girando, pessoas digitando e mouse se movendo, um homem e uma mulher conversavam.

— Oh, acho que podemos cumprir o cronograma.

— Sério? Que alívio! Já estava perto do prazo. — A garota ficou muito feliz com a resposta. — Vamos, vocês não estão cansados ​​de trabalhar até tarde da noite? Vou dar uma bebida para cada um!

— Não, não faça isso… !

— Ei, eu apenas faço o que me mandam. Eu também farei tarefas! Por favor, deixe a limpeza do escritório conosco também! Não devemos desistir!

O café da bandeja que a garota segurava foi colocado em cada assento. O gelo estava áspero dentro do recipiente de plástico transparente que continha o café.

— Vamos, quando acabar, daremos a vocês um grande bônus.

— Obrigado!

— Ah, a propósito, que tal um jantar depois do trabalho hoje? Eu pagarei. Apenas me diga qual menu vocês querem!

— Gordura da barriga de atum, é possível?

— Claro!

— E lombo?

— Claro!

A atmosfera no escritório esquentou quando ela disse que faria qualquer coisa. Eles arderam de entusiasmo pelo trabalho e começaram a se concentrar em suas respectivas tarefas.

Esta noite terá um jantar da empresa. Os funcionários estavam com água na boca com os itens caros do menu que não podiam comer.

— Então está marcado! Todos, por favor, animem-se!

— Sim! — O moral da equipe de desenvolvimento foi elevado por uma única comemoração.

É sempre assim. Apesar de sua alta posição como CEO da empresa, ela trata os funcionários sem discriminação e trabalha duro para eles.

— Ei, o lombo está no menu do jantar?

— É uma comida que faz uma bagunça porque você não encontra nem na Terra, certo?

— O que é gordura da barriga de atum?

— Você já ouviu falar de peixe cru?

Assim que o CEO saiu do escritório, todos ficaram entusiasmados.

O nome desta empresa é Mobius, que tem como propósito específico o desenvolvimento de determinados jogos. Devido ao seu propósito especial, a sede da empresa não estava localizada na Terra.

— Ouvi dizer que é a comida mais popular da Terra?

— Sashimi? Você come carne de peixe crua?

— Ei, é popular naquele distrito.

Embora usem ternos e tenham carteiras de identidade de funcionários penduradas no pescoço, eles não são nativos da Terra. Nem mesmo eram humanos.

Eles eram espíritos, uma raça nascida para administrar suavemente as dimensões dos deuses. Os espíritos aqui têm corpos humanos, mas o núcleo de sua existência é o espírito e o fogo que residem em algum lugar de seus corpos.

O corpo é apenas um meio e, mesmo que o perca, pode tornar-se um espírito translúcido e flutuar, ou pode habitar outro corpo sobressalente.

Esses espíritos estão imitando os humanos por possuírem corpos sem alma.

— Ikar se preocupa muito conosco. Ahhh. Não sei o que ela está fazendo.

— Você sempre está reclamando.

— Se eu pudesse ser metade tão bom quanto ela, não teria desejos.

Bum! A porta do escritório se abriu violentamente. Todos os funcionários que conversavam pelas costas ficaram quietos.

— … — O que entrou dessa vez foi outra menina. Ela parecia quase parecida com a mulher que incentivou os funcionários anteriormente. A diferença são os olhos penetrantes e a expressão fria.

— O que estão olhando? Por que não param de olhar? — Os olhos da garota eram severos. Todos os espíritos baixaram os olhos. — O que? Café gelado? A data de lançamento está chegando, mas não ficam sem café, né? — A garota tomou um gole do café de alguém colocado sobre a mesa. — Então, qual é o progresso do desenvolvimento?

— Felizmente, podemos cumprir o cronograma! — A mesma pessoa de antes deu a mesma resposta.

As sobrancelhas da garota estavam tortas. — Tanto faz.

— Como?

— É claro que temos que cumprir o cronograma. Esse é o problema. O jogo é divertido ou não?

— Sim, ele é.

— Tem certeza? Este jogo precisa bombar quando for lançado. Assim poderemos ganhar muito dinheiro.

— O jogo precisa sair…

— Vocês falam isso porque a pessoa que não sabe disso é quem lidera a equipe!?

Bum! A garota bateu na mesa.