Capítulo 105: Vamos Lutar (2) (Parte 1)
Tradução: Nimsay
Subi ao terceiro andar, deixando Isel para trás.
Do primeiro ao terceiro grupo, era um lugar reservado apenas aos combatentes principais. A estrutura do terceiro andar não era muito diferente da do segundo. O mais reconhecível é que a entrada do campo de treinamento era um pouco mais larga.
Caminhei em direção ao dormitório.
Clang! Clang! Clang!
Eu parei no meio do caminho.
Passando pelo campo de treinamento, ouvi um barulho desconhecido. Era o som de metal colidindo contra metal. Espiei uma porta entreaberta.
‘Velkist.’
Lá, na frente do que parecia ser uma boneca de aço em forma humana, Velkist brandia sua espada.
Swish!
A lâmina cortou o ar com um som penetrante, deixando uma imagem residual enquanto disparava em todas as direções. Faíscas voaram quando o metal colidiu.
Todo o corpo de Velkist estava encharcado de suor.
— O que você está fazendo? Está tarde — falei quando entrei no campo de treinamento.
A espada parou. Velkist se virou para olhar para mim, seus olhos semicerrados e penetrantes.
— Oh, é você, veterano. Faz um mês.
— Acabei de chegar. Está acontecendo alguma coisa?
— Nada especial. Apenas treinando.
— Parece que você está descontando em um manequim perfeitamente bom.
— Não se importe comigo.
Velkist olhou para o manequim e embainhou a espada.
Seu antebraço exposto brilhava de suor. Olhei para baixo e vi que sua mão estava rasgada e o sangue fluía continuamente. A expressão de Velkist permaneceu indiferente como se não fosse nada.
— Só me dê um minuto. Apenas um minuto. Então, vamos lutar.
— Eu estava planejando entrar e descansar um pouco.
— Apenas uma rodada.
Eu me endireitei de onde estava encostado na parede.
Os olhos de Velkist ficaram frios. Eu não tinha visto muito essa expressão nele desde que nos conhecemos.
Clang! Clang!! Clam!!! Clam!!!!
Ele continuou derrubando a boneca, e o quarto e último golpe quebrou um dos ombros do manequim.
Os pedaços de metal quebrados se espalharam.
— Estou pronto. — Velkist estendeu sua espada. — Desculpe por não dizer olá antes.
— Se você chama isso de saudação.
Eu ri e entrei na sala de duelos.
As sobrancelhas de Velkist se contraíram.
— Eu não vejo seu escudo. Você jogou fora? Por que você está empunhando uma espada tão estranha?
— Tive um mês e tanto.
Sreung.
Eu retirei Bifrost da bainha. A lâmina brilhou friamente sob as luzes do campo de treinamento.
— É uma bela espada.
— Está com ciúmes?
— Se eu disser que sim, você vai me dar ela?
— Nem a pau.
Velkist riu maliciosamente.
Então, ele respirou fundo e de repente atacou.
À medida que seus pés se moviam, seu braço balançava. A espada em sua mão direita golpeou como uma flecha.
Clang!
Eu bloqueei com a lateral da espada.
Os ataques de Velkist continuaram. Impulsos, cortes para cima e golpes diagonais, todos fluíam como água. Eu desviei e esquivei.
— Parece que algo está incomodando você.
— Sempre tem.
Desviei a ponta da espada apontada para minha virilha.
Ele ainda não mostrou piedade.
‘Ele definitivamente melhorou.’
Mais nítido e limpo do que me lembro.
Enquanto eu bloqueava e me esquivava, os ataques implacáveis continuavam chegando. Se abaixar minha guarda por um momento, o sangue jorraria do meu corpo.
‘Sua esgrima deve estar no nível nove.’
Aprender com Ridgion me permitiu avaliar um pouco as habilidades de Velkist.
Foi um crescimento notável. No entanto, eu também cresci.
Apertei o punho da espada.
Coloquei força nos dedos dos pés, dobrei a cintura e ataquei.
Vuuruuuummm!
O vento gritou. Não havia como evitá-lo. Velkist trouxe a espada para encontrar a minha. Quando as espadas se chocaram, um som surdo ecoou.
— Merda!
Velkist, junto com a espada, voou e bateu nas barras de ferro.
Levantei Velkist, que estava prestes a desmaiar.
— Se vai lutar, pelo menos enxugue o suor. Não vá implicar com alguém enquanto estiver cansado. Assim não mostrará suas verdadeiras habilidades.
— Seu merdinha safado… Você ficou mais forte. Você tomou algum tipo de poção? Parece até que fui atingido por um aríete1.
— Isso é um segredo, amigo.
Saímos da sala de duelos.
Velkist colocou sua espada quase quebrada de volta na bainha e murmurou: — Mas, você sabe, a vida às vezes é muito estranha. Nunca imaginei que iria perder tão facilmente de uma pirralha.
— Uma pirralha?
— Tenha cuidado, veterano. Mesmo que ela pareça… Não, você provavelmente descobrirá apenas vendo.
O motivo da raiva de Velkist ficou um tanto claro. Eu sorri.
— As recém-chegadas são realmente tão fortes?
— As outras quatro valem a pena o esforço. Mas há um problema. Na sua ausência, elas aproveitaram para…
— Ouvi dizer que elas chegaram ao vigésimo quinto andar.
— Então, não há necessidade de dizer mais nada. Aquela garota…
A expressão de Velkist pareceu escurecer como se estivesse se lembrando de algo, e havia uma forte sensação de descontentamento em seu olhar.
— De qualquer forma, tenha cuidado com ela.
— Ela não é uma inimiga, então por que se preocupar? Ter uma pessoa forte por perto torna mais fácil escalar a Torre.
— Elas podem não ver da mesma maneira. De qualquer jeito, eu disse o que queria. Estou indo.
Velkist vestiu o casaco e saiu do centro de treinamento.
Quando estava para sair, falou: — Bem vindo de volta.
‘É inútil.’
Estamos indo pelo mesmo caminho de qualquer maneira.
Eu segui Velkist.
Quando abri a porta do dormitório, algo estranho me chamou a atenção.
— Hum…
Uma mulher de pijama cochilava no sofá.
— Você está dormindo?
— …
Nenhuma resposta.
Eolka, com as costas retas e as pernas cruzadas, estava sentada com a cabeça inclinada.
‘Por que ela está sentada aqui ao invés de estar dormindo em uma cama?’ Eu a ignorei e continuei.
Examinei o corredor do saguão. A estrutura mudou ligeiramente. Ela se dividiu em três caminhos.
‘Interessante.’
Tive a sensação de que conhecia o propósito.
Fui para a esquerda. Logo, uma pequena sala apareceu. E no corredor interno havia cinco portas.
‘Ela categorizou os dormitórios por grupos.’
Até agora, tínhamos simplesmente escolhido os quartos aleatoriamente, mas agora eles estavam atribuídos especificamente aos grupos.
Era o conceito de convivência em grupo.
Olhei para o relógio na parede da sala.
Já passava das três da manhã e estava ficando com sono. O quarto vazio entre os cinco é provavelmente o meu quarto.
Eu entrei.
- Aríete: Máquina de guerra com que se derrubavam as muralhas ou as portas das cidades sitiadas.[↩]
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