Capítulo 109: Os Registros do 25º Andar (3)

Tradução: Nimsay

Segui o terceiro grupo.

Kishasha estava na vanguarda com os três membros restantes correndo ao lado e atrás. Priasis ficou alguns passos atrás, mal acompanhando o grupo.

— Humana, você não pode correr um pouco mais rápido? — Lacari, que estava na retaguarda, insistiu.

— Este é o meu limite — respondeu Priasis, ofegante, mordendo os lábios.

Era natural. Talvez devido às características de sua espécie, a velocidade do grupo era excessivamente rápida em comparação com outros heróis do mesmo nível. Eu tive que exercer toda a minha força apenas para acompanhar. Não havia como Priasis acompanhar o ritmo.

— Não há outra escolha. Vamos desacelerar — disse Kishasha.

O ritmo do grupo diminuiu para uma mera caminhada.

Priasis enxugou o suor da testa.

Depois de cerca de dez minutos, Kishasha parou quando chegaram ao centro da aldeia. Kishasha olhou para o mercado, onde inúmeras tendas estavam espalhadas.

— Darama!

— Acabei de chegar, irmã.

Alguém saltou das tendas.

Era outra garota Terian. Um dos membros do terceiro grupo que ficou para trás quando o grupo começou a se mover.

— Existem três saídas. Para oeste, leste e norte. Os monstros estão fervilhando no portão oeste. Os humanos estão fugindo pelo portão leste e o portão norte parece um tanto vazio.

— Hum.

Kishasha colocou a mão no queixo, imersa em pensamentos.

Uma missão para escapar do campo com uma personagem não jogável a reboque.

Ela estava pensando sobre para onde deveriam escapar. O grupo teve um breve período de espera.

Sentei-me debaixo de um toco de palmeira. Quando olhei para longe, vi que as pessoas fugiam da estrada principal. Na vanguarda estava uma procissão de carruagens luxuosas, que deve pertencer aos nobres. Atrás deles estavam homens corpulentos que pareciam ser comerciantes, e na retaguarda estavam mulheres e crianças.

Priasis assistiu a cena com olhos distantes.

— Eles… Logo serão pegos — ela murmurou com um suspiro.

Lacari, que estava olhando com uma expressão sombria, falou.

— Eu não me importo com o que acontece com esses humanos sujos.

Virei meu olhar para a direita.

Os altos muros que cercavam a cidade haviam desmoronado há muito tempo e a cidade estava em chamas de ponta a ponta. Os gritos, clangores e rugidos dos monstros se misturaram e ecoaram.

‘O vigésimo quinto andar não é uma missão defensiva.’

Mal defendemos a cidade no décimo andar, mas a situação é diferente agora. O grupo mudou e a missão assumiu um aspecto diferente. Não havia necessidade de arriscar suas vidas para protegê-los.

‘Eu não acho que elas possam protegê-los de qualquer maneira.’

O número de monstros exibido na janela de status da missão continuou aumentando.

Por outro lado, o número de soldados humanos diminuiu constantemente. De três para um, depois de quatro para um e agora de cinco para um. O multiplicador aumentou exponencialmente.

As muralhas já haviam sido rompidas e a aldeia estava sob ataque de todas as direções.

De qualquer forma, esta aldeia estava condenada.

— Eu me decidi. Precisamos ir para o norte. Quantos monstros existem?

— Quando fui, eram cerca de trinta.

— É o bastante. Vamos passar por lá. Reúnam-se! Mulher humana, você também.

— Espere um momento! Eu tenho algo a dizer — Priasis falou.

Ela tinha uma expressão de medo, mas seus olhos estavam profundamente determinados.

— Heroínas, vocês não podem… Ajudá-los?

— O que você disse?

— Só levará cinco minutos. Apenas cinco minutos e essas pessoas podem escapar com segurança. Se você apenas segurá-los na estrada principal…

A expressão de Kishasha congelou por um momento.

Priasis continuou sem recuar.

— Eu sei que é horrível eu fazer um pedido tão perigoso àqueles a quem você deve sua vida. Mas… Eles são civis inocentes. E se você…?

— Quer morram milhares ou dezenas de milhares de humanos, o que isso importa para nós? Quando esses bastardos massacraram nosso povo, onde eles estavam? Essa escória precisa morrer agora…

Lacari aproximou-se de Priasis com uma expressão determinada.

— Pare. — Kishasha estendeu a mão para impedir Lacari. — Não toque nela.

— Mas, mana. Esta humana…

— Apenas deixe-a saber que é impossível — Kishasha disse com firmeza. — Humana, sinto muito, mas não podemos atender ao seu pedido.

— Você tem certeza?

— Tenho a total certeza.

Priasis fechou os olhos com força e se ajoelhou naquele momento.

O rosto de Kishasha fez uma careta enquanto ela examinava o registro da missão.

As telas continuaram a aparecer.

Estas eram mensagens anunciando sub-missões.

‘Parece que ela se envolveu aqui.’

Eu esperava por isso.

Ocasionalmente, os personagens não jogáveis davam sub-missões durante as missões completamente opcionais. Você receberia uma recompensa modesta ao fazê-los, mas recusá-los não resultaria em perdas significativas.

Olhei para Priasis.

Ela permaneceu ajoelhada na areia, com os olhos bem fechados.

Mas infelizmente Qlqr1 recusou imediatamente.

A razão era simples. A maioria dos membros do grupo tinha uma disposição negativa. Forçá-los não traria eficiência.

Afinal, os heróis podiam ver se a Mestra recusou ou não. 

O nível de pesquisa atingiu um certo nível e os heróis puderam observar este tipo de mensagens do sistema.

— Abra seus olhos — Kishasha disse.

Priasis, que abriu os olhos, olhou para Kishasha com uma expressão desesperada.

— É realmente impossível?

— Sinto muito, mas o risco é muito grande para nós. Não podemos nos dar ao luxo de proteger os humanos e perder a nossa própria espécie.

As recompensas da missão foram especificadas na mensagem da missão.

‘Pontos de experiência, ouro e um estágio bônus.’

Era uma oportunidade rara. Kishasha sabia que haveria recompensas se ela completasse, mas recusou.

‘É um risco significativo.’

Sendo um grupo constituído por uma raça minoritária, não seria fácil substituir um membro perdido.

Os ombros de Priasis tremeram. — …Eu entendo. — Priasis se levantou fracamente.

Seus olhos seguiram a procissão de refugiados. De um lado da estrada principal já ocorria um massacre. Os idosos, as crianças e os mais fracos morreram primeiro.

— Ainda sou a mesma, ainda sou uma inútil.

Priasis soltou uma risada amarga.

— Também estaremos em perigo aqui em breve. Vamos continuar.

Kishasha virou de costas.

O objetivo era a rua ao norte, onde ficava a porta que dava para o deserto.

Elas deixaram a área ao redor do oásis e entraram na rua.

Os inimigos apareceram imediatamente. Era o povo lagarto, monstros na forma de lagartos bípedes. Suas escamas brancas estavam manchadas de sangue humano.

— Ugh!

Assim que um dos lagartos as viu, ele correu em direção ao grupo com seus olhos amarelos brilhando.

A espada curva em sua mão foi usada.

Bam!

O soco de Kishasha fez a cabeça de um homem-lagarto voar, mas não havia acabado. Vários lagartos apareceram nas ruas. 

Porém, isso não ofereceu um perigo real.

O grupo de Kishasha massacrou facilmente os monstros. Eram muitos, mas estavam espalhados pela cidade. Além disso, o objetivo deles não era Priasis. Eles estavam simplesmente matando tudo que estava à vista.

— …

Enquanto Priasis olhava para os cadáveres de humanos espalhados pela rua, ela não pôde deixar de ficar cabisbaixa.

O grupo de Kishasha continuou em frente, sem prestar atenção às palavras ou ações de Priasis. Eu as segui com alguns metros de distância, mantendo o traçado da rua na minha cabeça. Onde estavam os atalhos e onde havia alguns do povo lagarto.

‘A dificuldade não é muito alta.’

Ficou claro que os monstros estavam furiosos.

No entanto, eles não representavam uma ameaça significativa. O terceiro grupo conseguiu facilmente chegar ao portão norte.

‘Parece uma missão fácil.’

A dificuldade das missões de Escolha-me! era aleatória. Às vezes, havia missões que eram incrivelmente difíceis, enquanto outras vezes, apareciam missões que pareciam muito fáceis. Comparado com a dificuldade que encontrei até agora, o vigésimo quinto andar foi sem dúvida muito fácil.

Escapar com a personagem não jogável era o único objetivo.

O povo lagarto não atacou todos de uma vez.

Monstros chefes de alto nível também não apareceram.

‘Mas…’

Se as missões desse jogo não fossem aleatórias, se houvesse um significado oculto por trás de cada missão, havia apenas uma possibilidade para esta missão existir.

‘É um trampolim para conquistar o trigésimo andar.’

Segui o grupo três com passos rápidos.

No portão norte, Kishasha se transformou e começou a despedaçar o povo lagarto. Orelhas se projetavam de sua cabeça e sua cauda balançava em resposta aos seus movimentos. Parecia que transformações desse tipo também eram possíveis.

Sentei-me nos escombros de um prédio destruído.

O grupo que lidava com o povo lagarto estava escapando pelo portão norte, mas eu não tinha intenção de segui-los. Eu já tinha visto tudo o que havia para ver. O vigésimo quinto andar terminava aqui.

Com certeza, conforme a mensagem de ‘Missão Concluída’ aparecia, o fundo gradualmente ficava embaçado. Os edifícios da aldeia espalharam-se pela areia. Então, os corpos do povo lagarto e dos humanos se transformaram em luz e desapareceram.

Pop!

E logo me encontrei de volta na fenda no espaço-tempo.

As sombras desapareceram e os três espelhos brilhantes estavam de volta.

‘Uma sub-missão ramificada.’

Existem vários tipos de sub-missões, mas a que apareceu no vigésimo quinto andar foi um tipo ramificação. Entre as inúmeras missões, ela tinha uma característica única. Sempre tem.

Uma mensagem explicativa oportuna apareceu.

Isel parecia estar tentando informar a Qlqr1 sobre os acontecimentos recentes.

As recompensas da sub-missão eram pontos de experiência e ouro, além de aumento da afeição da NPC e abertura de um estágio bônus.

Os pontos de experiência e ouro podem ser dados a outros heróis ou para Qlqr1. Mas o mais importante era a última recompensa.

No estágio bônus, havia grande probabilidade de informações sobre o próximo andar. Era sobre isso que me deixou absurdamente curioso.

Embora a afetividade de uma personagem não jogável fosse muito ambíguo.

‘Essa missão… Eu definitivamente vou fazê-la.’

Vup.

Prendi firmemente minha espada embainhada no cinto e saí da fenda.