Capítulo 112: A Sub-Missão (3) (Parte 1)
Tradução: Nimsay
As ruas em chamas estavam cheias de cadáveres de Pessoas Lagarto.
— Kiiirrr, Kiiiaaarrrr…
O Lagarto com duas flechas alojadas em seu corpo se contorceu de dor. Com uma expressão vazia, Velkist pôs fim à sua vida.
— Incrível… Vocês se tornaram incrivelmente fortes — disse Priasis com a voz trêmula. Marcas de queimadura cobriam sua bochecha. — É completamente diferente em comparação com aquela época. O que danado aconteceu?
— É difícil colocar em palavras.
Sentei-me entre os escombros do prédio destruído.
Fumaça misturada com cheiro de queimado podia ser vista subindo de vários lugares.
— Além disso, você não mudou nada em minhas memórias. Já se passaram três anos…
— Mas você mudou muito.
Embora os sinais da juventude não tivessem desaparecido completamente, ainda era difícil chamá-la de criança.
‘Para ela se passaram três anos.’
Do meu ponto de vista, não fazia nem meio ano desde que concluí o décimo quinto andar.
No máximo, dois meses. Mas para Priasis parecia bem diferente.
— Acabou? — Velkist murmurou.
Eu balancei minha cabeça. Do outro lado da rua, ouvia-se o som de tambores. Levantei a mão para a bainha, pronto para retirar minha espada a qualquer momento.
— Kik, Kiruiki!
【Pessoa Lagarto Nv.22】x 31
Um grupo de Pessoas Lagarto apareceu fora do cruzamento.
— Karr! Humano, um humano está aqui!
— Humano, Karr! Humano… Ki?
Seus olhos, que brilhavam com vitalidade, agora examinavam os arredores.
As ruas tinham montanhas de cadáveres com mais ou menos cento de vinte Pessoas Lagarto. O sangue deles formou poças no chão. Velkist, coberto de sangue da cabeça aos pés, riu.
— Os sacrifícios chegaram.
— …
Krruuu. Kruuu.
As Pessoas Lagarto mudaram de direção, como se não tivessem nos visto. E logo desapareceram.
Velkist franziu a testa.
— O que?
— Eles provavelmente têm emoções, como nós — disse Neryssa enquanto prendia a espada na bainha.
A multidão se afastou ainda mais de nós.
‘Isto é ruim.’
Talvez eu tenha sido muito agressivo.
Eu não esperava que eles fossem tão fracos.
[00:03:21]
Ainda não havia sinal de reforços.
Soltei o punho da minha espada.
Jenna coçou a bochecha.
— Acabou assim? Não pareceu muito difícil. Ficamos fortes demais?
— Parece que sim.
Por estarmos realizando missões com grande dificuldade, não percebemos a mudança.
Nosso grupo, inclusive eu, tornou-se significativamente mais forte. Uma Pessoa Lagarto no nível vinte e um não era um monstro fraco, era alguns níveis acima dos goblins.
‘Há várias razões para isso.’
A vantagem geográfica não poderia ser ignorada. A utilização adequada da formação durante as batalhas com fogo.
‘Mas a razão crucial talvez realmente seja que ficamos estrondosamente muito fortes.’
Se fôssemos fracos, já teríamos morrido em outras missões há muito tempo.
Por termos passado por missões difíceis, nos dedicamos ainda mais desesperadamente ao treinamento para sobreviver. Mas teria sido uma piada se as nossas habilidades não tivessem melhorado.
— Neryssa, poderia fazer um reconhecimento? Provavelmente não há nada de especial, mas é sempre bom checar.
— Claro.
Neryssa pisou em um barril de madeira e saltou para o telhado.
Eventualmente, sua figura desapareceu além do telhado. Se algo acontecesse, ela anunciaria imediatamente.
— O resto de nós pode descansar. Parece que a missão acabou.
— Que chato!
O grupo relaxou.
Eolka suspirou e sentou-se, com sua testa suando profusamente.
— Mesmo tomando as poções, está quente demais.
— Irmã, vamos pra lá.
— Por que? Eu gosto daqui…
— Venha, vamos! Irmãozão Vel vem também.
— Isso é irritante. Não me chame assim.
— Vamos!
— Solte-me. O que é?
Jenna arrastou Eolka e Velkist para um beco.
Apenas nós dois permanecemos aqui.
Eu e Priasis.
‘É uma consideração desnecessária.’
Não é como se eu tivesse algo a dizer.
Olhei para Priasis. Ela estava sentada no pilar quebrado do prédio com os joelhos dobrados.
— Como você tem estado todo esse tempo? — Priasis falou.
— Estou indo bem — respondi vagamente.
A vida na sala de espera era uma história bastante difícil de contar.
— Achei que estava morto. As teriantropos…
— Elas se juntaram a nós recentemente. Não faz muito tempo que voltei, então não as conheço bem. Provavelmente as veremos com frequência no futuro.
— Entendo. Elas são suas novas camaradas? — Priasis murmurou como se estivesse pensando.
Então, num tom calmo, ela começou a contar o que aconteceu depois que ela se separou de mim.
Foi como esperado.
Depois de escapar da cidade, Priasis tornou-se uma fugitiva de alta prioridade, perseguida por inúmeras pessoas. Indo de inquisidores enviados pela Igreja a caçadores de recompensas. Ela estava sempre em perigo.
— Você conseguiu não ser pega.
— Eu sou um osso duro de roer. — Priasis sorriu amargamente. — Mas tudo isso só foi possível porque você me ajudou.
— É sobre o que aconteceu na cidade?
— Não.
Priasis balançou a cabeça.
— Uma das quatro Grandes Casas, o Halkion. Foram eles que me perseguiram ativamente. Se você não tivesse ajudado, eu não teria durado muito.
— …
— O fato de a área onde residiam ter se transformado em ruínas foi um pouco inesperado, mas…
Então foi assim que aconteceu.
De acordo com a explicação de Neryssa, a família Halkion estava ligada à seita, que era inimiga de Priasis. Parecia haver algum tipo de conexão mesmo no vigésimo andar. Talvez fosse essa a estranha atmosfera na mansão que não pôde ser identificada.
— Então, por que você veio aqui? É um deserto.
— Isso mesmo. Este lugar é um vasto deserto chamado Silkia — Priasis falou. — Eu vim aqui para encontrar uma coisa.
— Uma coisa?
— Sim. O que vi no meu sonho… Eles chamam de chave.
— O que você vai fazer com isso?
— Não é óbvio? Vou salvar o continente.
A expressão de Priasis ficou séria.
Engoli uma risada amarga. Achei que falar sobre salvar o continente ou algo assim fosse apenas um capricho infantil, mas ela não desistiu. Na verdade, sua determinação parecia mais forte do que antes.
— O que exatamente é essa ‘chave’?
— Não tenho certeza. Eu só tenho um pressentimento. Acho que serei capaz de descobrir enquanto reúno essas coisas.
— Você ainda está falando em enigmas.
Foi assim quando nos conhecemos. Falando sobre os sonhos ou o mundo sendo destruído.
Foi estressante, mas agora eu também não tinha como entender.
‘Essa garota…’
Ela havia aparecido duas vezes na missão principal.
Houve algumas conexões vagas em outras missões também.
Pensei na estrutura dessa cidade.
Havia três entradas. O portão oeste, o portão norte e o portão leste.
Os refugiados fugiram pelo portão leste. Estava na direção oposta do deserto. Mas a rota de fuga de Priasis foi o portão norte.
‘Então você vai encontrar essa tal ‘chave’?’
Eu ri.
‘Acho que verei você com frequência no futuro.’