Capítulo 113: A Véspera (1) (Parte 1)

Tradução: Nimsay

Subimos à torre no dia seguinte.

Provamos que a força do grupo principal havia retornado com a missão do vigésimo quinto andar. Qlqr1 não tinha motivos para hesitar. Entramos imediatamente na fenda no espaço-tempo.

O cenário ainda era um deserto e o conteúdo da missão foi exatamente o esperado.

Sob o sol escaldante, consegui me reunir com Priasis no deserto. Ela havia caminhado pelo deserto sem rumo, com seu corpo coberto por uma fina camada de seda.

— Você não está morta? — disse com um sorriso.

Foi apenas um dia para mim, mas um tempo considerável se passou para ela. O olhar de Priasis se voltou para nós.

— Como você pode ver… Estou viva. Embora eu tenha me preparado, tem sido complicado — Priasis falou com uma voz cansada.

Sua bolsa antes abarrotada agora estava apenas pela metade. Joguei fora um embrulho que havia trazido da sala de espera. Priasis aceitou hesitantemente.

— Aí contém poções de resistência ao calor, água e comida. Use-os bem.

— Tenho uma dívida de gratidão com você…

Priasis abriu a tampa da Poção de Resistência ao Calor com as mãos suadas.

Eu não criei esses itens. Qlqr1 deve ter estudado os fundamentos da sobrevivência no deserto e ordenado ao alquimista do segundo andar para fazê-los. Não havia mais necessidade de manipulação de informações.

— Estou vendo essa mulher novamente. Qual é a missão desta vez?

— É simples, seguir Priasis e protegê-la. Você sabe o caminho, certo?

— Eu vi em meus sonhos várias vezes. Basta seguir o sinal.

Priasis apontou para o horizonte infinito sob as altas dunas.

‘Sinal? Não consigo vê-lo.’

De qualquer forma, não importava, desde que ela soubesse a direção.

— Mas antes de irmos, vamos beber a poção.

Consumimos a Poção de Resistência ao Calor.

Uma sensação refrescante fluiu por nossos corpos.

Apesar do sol escaldante, me senti muito melhor. Joguei a garrafa vazia em um canto e segurei o punho da minha espada. Além da colina vizinha, um grito distinto pôde ser ouvido.

— Karrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrk!

— Eles estão vindo nos cumprimentar.

Apareceu uma mensagem indicando a chegada de inimigos.

Neryssa subiu a colina e disse: — Eles estão mais armados do que da última vez. Eles parecem ser soldados de elite.

— É perfeito para exercícios pós-refeição.

— Preparem-se, pessoal.

Sreung.

Eu saquei minha espada.

— Kyyyyyaa!

A parte superior dos corpos dilacerados dos homens-lagarto voou com sons lamentáveis.

Demorou menos de três minutos para lidar com todos eles. Encontramos alguns outros grupos ao longo do caminho, mas os derrotamos um por um e continuamos pelo deserto.

— Nem os Guardas Imperiais são tão fortes. — Priasis, que estava observando, falou enquanto balançava a cabeça.

Meio dia se passou assim. Depois de cruzar três colinas, a mensagem de conclusão apareceu.

Embainhei minha espada. A noite estava chegando no deserto amarelo quando a luz nos envolveu. 

Falei para Priasis, que estava olhando para mim.

— Vejo você no próximo andar.

— Certo, Han. Até o próximo andar. — Priasis sorriu levemente e acenou com a mão.

O fundo ficou gradualmente desfocado e voltamos pela fenda no espaço-tempo.

— Não entendo o motivo desta missão. É apenas seguir a garota por aí?

— Garota? Tenha cuidado com suas palavras, Velkist.

Neryssa o repreendeu e Velkist ficou de mau humor.

— Quão importante ela pode ser? Ela é a princesa do império ou algo assim?

— Sim, ela é.

— Obviamente não… hein? O que você disse? — O rosto de Velkist ficou perplexo.

Eu ri e deixei a fenda no espaço-tempo.

No dia seguinte, a exploração continuou.

O cenário não mudou, ainda era um deserto. A diferença era que estava de noite. Então, desta vez, precisávamos de poções resistentes ao frio para evitar temperaturas congelantes, mesmo estando no deserto.

Houve muitas semelhanças com os encontros anteriores. O Povo Lagarto continuou aparecendo, lutando ferozmente contra nós. E à medida que nos aventuramos mais fundo no deserto, o número deles aumentou.

— Kirk! Matem aqueles que perturbam a ordem natural, matem!

— Kara-ralalak!

Mas dessa vez não eram apenas simples inimigos. Eles correram em nossa direção com ódio claro em seus corações.

Esses monstros enfurecidos estavam por todo o continente. O que aconteceu na cidade deserta foi apenas um pequeno pedaço do todo. Priasis olhou para os cadáveres do Povo Lagarto espalhados.

— Não temos muito tempo. Precisamos nos apressar — ela falou com seu cabelo prateado brilhando no luar. — Se meu sonho estiver correto, falta menos de dez anos para a destruição.

— Você disse que não sabia para que serviam as chaves. Por que coletá-las?

— É uma espécie de provação. As chaves são itens transmitidos apenas no mito fundador do império. Se eu conseguir obtê-la, eles me concederão seu poder.

— Eles?

— A família Assinis — Priasis disse com uma expressão determinada. — Eles são uma das quatro grandes famílias e a força militar mais forte do império. Eu fiz uma promessa a eles, para provar meu valor. Para fazer isso, tenho que tornar o impossível possível.

— E coletar as chaves é uma tarefa impossível?

— Isso mesmo.

A resposta veio sem hesitação.