Capítulo 116: Tempestades no Calor do Deserto (2) (Parte 2)

Tradução: Nimsay

Eu indico lerem escutando esse áudio.

E mais uma vez os tremores fizeram presença.

Truuuum-tum-tum-tum!

O chão tremeu violentamente de um lado para o outro.

Priasis, que havia perdido o equilíbrio, foi pega por Jenna.

— Tome cuidado.

— …Obrigada.

— Irmãozão, o que devemos fazer?

O chão continuou a tremer num ritmo regular.

— O que podemos fazer?

Levei minha mão ao ouvido.

< Venham para cá. > 

Click. Encerrei a comunicação.

— Precisamos sair desta cidade.

Tum-gung!

Uma parte do prédio da praça desabou.

— Neryssa, onde fica a saída mais próxima?

— No sudoeste. Eu vou guiá-los.

— Todos, corram!

Neryssa foi na frente.

Corri colocando a mão na bainha, pronto para sacar a qualquer momento. Membros do primeiro grupo me seguiram.

— Garotinha!

— Eu também estou correndo!

Trrrick. Tic-tic-tic-tric..

Sons mecânicos ecoaram sob nossos pés.

‘Que som é esse?’

Não tive tempo para pensar. Corri pela rua com os outros grupos seguindo de perto.

Virei em um cruzamento.

As vibrações continuaram. Os detritos dos edifícios cobertos de areia estavam espalhados por toda parte.

Truu-taam!

Um pilar em ruínas desabou na minha frente. A cidade inteira estava desmoronando.

< Que caralhos está acontecendo? >

— Vocês acham que eu sei?

Cada vez que tremia, os edifícios tombavam como peças de dominó.

— Gente, lá trás! Olhem aquilo! — Eolka gritou com uma voz quase como um grito agudo.

— Finalmente alguma coisa está acontecendo. — Velkist riu.

Com uma altura de mais ou menos vinte metros, uma onda colossal de areia sem fim estava cobrindo tudo.

< AH! AHHHH! >

— Pare de gritar, não quero ouvir.

Click.

— O primeiro grupo assumirá a liderança. Me sigam.

A tempestade de areia, que parecia obscurecer o céu, se aproximava.

Uma sombra cobriu a rua.

Ku-gu-gu-gu-gung!

O chão tremeu violentamente.

Os destroços dos edifícios cobriram a área em ambos os lados.

Eu corri para frente.

O telhado desabado de um prédio atingiu o local onde eu estava.

— Ugh! — Priasis tropeçou, perdendo um passo.

— Jenna, cuide da garota. Não a deixe mesmo que ela morra.

— Entendi!

— O resto, continue correndo!

— Faltam cinco minutos para a saída.

Neryssa saltou levemente sobre os escombros que bloqueavam o caminho à frente.

Peguei impulso em uma parede e pulei por cima dela. Jenna, ajudava Priasis, me seguiu. Velkist ergueu Eolka, que corria freneticamente à frente.

‘Ela morreu? Como?’

Virei à esquerda no cruzamento. Depois a direita novamente. As vibrações estavam se tornando cada vez mais intensas.

Olhando para trás, alguns dos heróis com pouco equilíbrio estavam tropeçando. Atrás deles, havia um corpo sem vida grudado no chão como chiclete. Parecia ser a falecida, Jedy.

Click.

— Aqueles com energia sobrando, apoiem aqueles que estão tropeçando. Será problemático se alguém morrer aqui.

< Já sabia disso. Q-quanto tempo falta para a saída? >

— Apenas um minuto.

Encerrei a comunicação.

Continuei em frente, saltando obstáculos e ultrapassando-os.

A entrada que dava para fora estava se aproximando.

‘É uma sorte que não haja monstros.’

Se assim fosse, a dificuldade poderia ter duplicado.

Corri ignorando as vibrações. Meu senso de equilíbrio já havia transcendido os limites humanos. Tremores fortes não conseguiram me derrubar. Passei por pilares desmoronados de ambos os lados.

Entrei no deserto fora da cidade.

— Não parem mesmo se você estiver fora da cidade. Continuem correndo.

Olhei para trás brevemente.

Os membros estavam saindo constantemente da cidade. A enorme onda de areia atingiu a borda do grupo. Num instante, a cidade inteira foi engolida pela areia.

< Já estou do lado de fora. Até onde devemos ir? >

— Até eu dizer que pare. Mas vocês podem desacelerar.

Eu diminuí meu ritmo.

Minhas roupas ondularam e a areia escorreu do meu corpo.

— Isso é por minha causa? — Priasis falou com uma voz rígida.

— Não se preocupe com isso. Se discutirmos agora, vamos ficar casados à toa.

Peguei uma bolsa de água e tomei um gole.

Ninguém ficou ferido. Os outros membros do primeiro grupo estavam bem. Priasis também saiu ilesa. De alguma forma, havíamos escapado da cidade. As vibrações ficaram distantes.

Depois de me afastar um pouco da cidade, parei.

Imediatamente enviei um sinal de parada através da comunicação. O movimento de todo a Equipe foi interrompido.

Alguns heróis caíram, talvez exaustos.

— Bem, nós conseguimos. Mas foi um pouco arriscado. — Jenna enxugou o suor da testa.

Olhei para a cidade. Sua forma era irreconhecível. Tornou-se uma mistura de areia e detritos. No entanto, as vibrações ainda estavam em andamento.

‘…’

— Irmãozão, por que você está olhando assim?

— O que isso parece para você?

Apontei para a cidade que ainda estava tremendo.

— Uh… Um terremoto?

— Existe mesmo um terremoto como este?

Engoli uma risada amarga.

‘Você realmente me pegou.’

Eu olhei em volta.

Alguns deles tinham expressões aliviadas, como se sua missão tivesse sido cumprida. Coloquei minha mão no ouvido e abri um canal.

— Todas as unidades, preparem-se.

< A missão não acabou? >

— Era pra rir? Isto foi apenas o começo.

Pequenas ondas apareceram em todo o deserto.

Cada grão de areia sob nossos pés tremia.

— Peguem suas armas. Estejam preparado.

— O que na Terra…

O chão abaixo de nós tremeu fortemente.

Truuuutururururu!

Uma muralha de chamas ergueu-se nos arredores do deserto.

As chamas formaram um amplo círculo, envolvendo-nos.

Bam!

Imediatamente olhei para a cidade.

Prédios grandes e pequenos eram jogados como brinquedos, há dezenas ou centenas de metros.

Então, a areia subiu como uma montanha.

Dez metros. Cinquenta metros. Cem metros. Parei de medir quando passou de trezentos metros.

Uma coisa era certa.

‘É um monstro gigantesco.’

Não tinha apenas alguns ou dezenas de metros.

Tentei estimar seu tamanho novamente.

É um absurdo. Incrivelmente gigantesco. Embora a criatura e eu estivéssemos a quase cem metros de distância, mal conseguia ver seu fim sem dobrar o pescoço.

Truumm-tu-ru-tu-ru-trumm!

Um objeto, que eu presumi ser uma de suas pernas, se moveu.

O alcance estimado de uma perna era superior a dezenas de metros. Era do tamanho de um grande edifício. Uma luz vermelha brilhou na cabeça da criatura.

Eu ri e disse: — Você costuma sonhar com essas coisas?

— Oh, não, nunca vi nada assim em meus sonhos…