Capítulo 117: Tempestades no Calor do Deserto (3) (Parte 2)

Tradução: Nimsay

Ao longe, várias Pessoas Lagarto apareceram além das chamas.

Eles mostraram a língua e atacaram-nos, com os olhos brilhando em vermelho.

— Prestem atenção. — falei enquanto ouvia alguém engolindo a saliva. — O segundo grupo, vai para a vanguarda. Os grupos quatro e cinco ficaram na retaguarda. O primeiro grupo protegerá a pessoa a ser escoltada e tentaremos encontrar uma maneira de derrotar a estátua. Vocês cuidam dos Lagartos. Certifiquem-se de que eles não cheguem perto do grupo um.

— Mas a estátua…

— Se mantiverem a distância, não serão atacados.

O gigante deu o quinto passo. À medida que a distância diminuía, ficou claro quem era o alvo.

Priasis.

Ele estava de olho em quem estava com a chave. Sua direção combinava com a de Priasis.

— Tão fácil de perceber.

A segunda formação de Pessoas Lagarto apareceu a oeste do campo.

— Hahaha! Nós cuidaremos desses caras!

Kishasha caiu na gargalhada enquanto agachava seu corpo. Todas do terceiro grupo assumiram a mesma postura.

As cinco correram pelas dunas de areia, usando seus braços e pernas. Em pouco tempo já podíamos perdê-las de vista.

Concordamos em não interferir em suas escolhas e elas cumpririam seu papel. Agarrei minha espada com força e disse: — Vamos começar.

— Kaaaaaaiii!

Os grupos quatro e cinco recuaram. O grupo dois, liderado por Edis, avançou.

— Formem uma linha!

Flechas dispararam do arco curto de Edis.

A pessoa Lagarto que estava liderando uma ofensiva montado em um lagarto gigante¹ caiu. No entanto, eles não vacilaram e continuaram a atacar com seus olhos vermelhos brilhando. Eles colidiram de frente com o segundo grupo.

O choque do metal e os gritos do povo Lagarto encheram o ar.

— Eles estão vindo para cá. Preparem-se!

Lycan desembainhou sua espada larga.

Desta vez eles vieram do sul.

A horda de monstros atravessou as chamas e se aproximou. Eles imediatamente começaram seu ataque.

— Nós temos que nos mover.

— Como planeja fazer isso?

— Vamos atrair os ataques da criatura e encontrar uma abertura.

Sem que percebêssemos, os arredores foram cobertos por uma sombra.

O enorme corpo do gigante bloqueou a luz do sol. Não muito longe, uma de suas enormes pernas rangeu. Levei minha mão ao ouvido. 

Click..

— Não se aproximem de nós, mantenham distância. Poderão ser esmagados se chegarem muito perto.

< Tá! >

< Ok! >

< Certo! >

A moral da equipe está alta.

— Garota, não perca o foco.

— Ah, entendi.

Depois de um barulho alto a estátua parou.

Kikigig.

O ombro e o braço direito da criatura se moveram.

Lentamente, estendeu-se para trás. O comprimento parecia ser de centenas de metros. A grande sombra de seu braço cobriu todo o campo.

— Está chegando.

Kikigig.

Seu punho começou a descer.

Não havia necessidade de ver o alvo.

— Priasis!

— Sim?

— Corra!

O tamanho do punho excedia facilmente um campo de futebol.

Priasis correu, agitando suas roupas. Havia muito espaço para escapar. O punho era enorme mas não era rápido, podendo ser facilmente evitado. O problema era outro.

— Kiaaaaargh!

Uma Pessoa Lagarto saltou sobre uma duna de areia.

Ele rolou até a metade e brandiu a espada. Imediatamente, Velkist correu para frente. Com um movimento rápido, a espada despedaçou a Pessoa Lagarto, dividindo-o em dois.

— Krr, Krr! Mate, mate!

Desta vez, cinco Pessoas Lagarto apareceram. A voz desesperada de Edis ecoou em meu ouvido.

< Sinto muito! São demais para evitarmos! >

— Tudo bem. Concentre-se no seu grupo. Eu esperava por isso.

Zing!

Um deles disparou uma flecha.

Eu a desviei com a braçadeira de aço em meu cotovelo. Ao mesmo tempo, joguei uma adaga. A Pessoa Lagarto gritou quando a lâmina cravou em seu olho.

‘Não se pode segurar todos.’

O campo era muito amplo, quinze pessoas não conseguiriam cobrir todas as direções. Alguns inimigos romperiam nossas defesas ou as contornaria. O objetivo deles era o mesmo da estátua. 

A morte de quem estava com a chave.

— Primeiro grupo, abra caminho.

— Entendi!

Jenna puxou seu arco na velocidade da luz.

Quatro Pessoas Lagarto, que estavam atacando, rolaram colina abaixo. Sangue escorria de onde as flechas haviam perfurado.

Um Lagarto veio pela lateral com uma lança.

Eu balancei minha espada o mais longe que pude. A lâmina cortou tudo em seu caminho como se fosse tofu. Junto com a lança, as partes superior e inferior da Pessoa Lagarto se separaram. Sangue aquoso se espalhou na areia. Logo após isso, joguei duas adagas em sucessão. Elas perfuraram a testa de mais dois inimigos.

Uuuuuh.

Senti uma forte pressão do vento vinda de cima.

O punho estava se aproximando. Recuperei as adagas ao passar pelos cadáveres e pulei em direção a Priasis. Abracei a cintura dela e corri.

— Huh, Han?

— Segure firme.

A sombra no chão ficou mais escura.

— Krrak, kkkaaaiiiaaaa!

Buuummgugag.

A explosão fez o corpo de uma Pessoa Lagarto voar alto. Aquilo deve ter sido a magia de Eolka. 

Eu olhei para cima. Algo preto descia do céu, obscurecendo o sol.

— Saiam da área!

Eolka e Jenna saltaram para a esquerda, enquanto Neryssa e Velkist foram para a direita.

Corri carregando Priasis no meio das costas. Coloquei toda a minha força nas panturrilhas. A areia subiu quando meu corpo foi impulsionado para frente.

Baaaam!

O punho bateu atrás de nós.

Todo meu corpo foi levantado pelo impulso da batida. E então, a onda de choque nos atingiu como uma batida de um caminhão.

— Uuuuuhg.

Priasis saiu de meu braço e começou a voar para longe.

Finquei a lâmina de Bifrost profundamente no chão antes de segurar firmemente a mão dela.

— Mas o que… — O rosto de Priasis ficou pálido.

Uma enorme cratera apareceu onde o punho havia atingido.

— O poder disso é incrível.

Tirei a areia dos meus ombros enquanto escutava um barulho alto.

Kikigigig. 

O punho da estátua gigante de pedra, enterrado no chão, começou a tremer.

1. Ue, é tipo uma pessoa em cima de outra ainda maior.[↩]