Capítulo 119: Tempestades no Calor do Deserto (5) (Parte 2)

Tradução: Nimsay

Ouvi sons mecânicos e algo apareceu. Era um cristal gigante brilhando em azul.

Eu ri levemente e disse: — Nós cuidaremos disso. Vão em frente.

< Entendido! >

Depois de desconectar a comunicação, gritei: — Destruam!

— Kiaaaaa!

As Pessoas Lagarto cercaram o cristal.

No entanto, a resistência foi inútil, pois Velkist e Neryssa massacraram cinco deles em um instante. Flechas penetraram seus rudes escudos de madeira, atingindo-os fatalmente, enquanto eu corria brandindo minha espada.

Quando a lâmina grossa atingiu, o cristal quebrou como vidro.

Groooooon.

A cem metros à frente pude ver a face da estátua, tão alta quanto um prédio, se distorcendo. Uma luz branca começou a se acumular em seus dois olhos.

— Mas o que…?

Agarrei Eolka pela cabeça e a empurrei em direção ao chão.

Ao mesmo tempo, pressionei meu corpo contra o chão de pedra. O raio branco dos olhos da estátua passou por cima da minha cabeça. Três Pessoas Lagarto atingidos pelo raio evaporaram.

— Porque essas coisas estranhas ficam surgindo…?! — Jenna, que estava deitada ao meu lado, disse frustrada.

Mensagens anunciando morte e quase morte apareceram uma após a outra.

‘Parece que algo semelhante os atingiu lá embaixo também.’

< Ah, Han, houve uma magia muito estranha… >

— Há um Feixe Ocular por aí também?

< Feixe Ocular? >

— Bem, seja o que for, diga-me o que saiu.

< No começo, eram balistas. Uma veio normal e depois veio uma de tiro rápido. Desta vez… >

— É o bastante.

Cortei a comunicação e me levantei.

Embainhei minha espada.

— Me protejam.

Jenna imediatamente assumiu uma postura de tiro.

Subi a encosta. Pude ver várias flechas caindo sobre as duas Pessoas Lagarto que corriam pela lateral. Eles caíram com flechas alojadas em seus corpos. Neryssa, que estava abaixo, finalizou com seu florete.

Pulei para o lado e um raio branco passou por onde eu estava. Corri novamente. Desta vez, o raio do olho direito queimou a superfície.

— O que você está tentando fazer?

Cinquenta metros. Trinta metros. Quando cheguei aos vinte metros, uma Pessoa Lagarto usando capacete atirou uma lança em mim.

Eu me esquivei, girando meu corpo. Eu puxei a lança para a lateral do meu corpo e chutei a Pessoa Lagarto para fora do braço de pedra.

Os olhos da estátua começaram a brilhar novamente.

Agarrei a lança com a mão direita e joguei-a. A lança voou, fazendo um som sibilante, e perfurou um dos olhos da estátua. Os olhos que emitiam luz escureceram.

< Oh?! >

— Está resolvido. Continuem.

— Onde você aprendeu essas habilidades? — Velkist disse enquanto enfiava a espada no pescoço de uma Pessoa Lagarto.

— Foi algo que aprendi vendo.

Desembainhei minha espada novamente.

Olhando para baixo, a superfície parecia distante. Havíamos subido centenas de metros.

Movi meu olhar para o punho da estátua. Os círculos mágicos enrolados nos braços estavam ficando cada vez mais embaçados.

Truummm! Truuu-trummmm!

De repente, o braço tremeu violentamente. Eolka perdeu o equilíbrio e cambaleou. Corri até ela e a agarrei.

— O-obrigada. Quase caí.

— Não sei que tipo de magia é essa, mas parece que não vai durar muito tempo.

— Temos que chegar pelo menos nos ombros.

Eu olhei para cima. Os olhos de dezenas de Pessoas Lagarto estavam brilhando. Além deles havia uma grade, um corredor e uma ponte. Se conseguíssemos recuperar o equilíbrio, haveria espaço suficiente para avançar.

< O quarto grupo! >

Shiiiiik!

Um vapor surgiu inesperadamente.

— Kiiiiakkk!

A Pessoa Lagarto que emitia vapor tropeçou e caiu.

A estátua, que estava presa no chão, começou a levantar o corpo.

A inclinação entre o braço e o chão foi gradualmente aumentando¹.

— Irmão, parece que não temos muito tempo!

Uma Pessoa Lagarto brandiu sua espada contra mim.

Abaixei minha cabeça para evitá-lo e o suspendi com meu ombro. Derrubei o lagarto que caiu fazendo um som lamentável, rolando pelo braço de pedra. 

A inclinação do braço aumentou novamente.

— Eu vou primeiro!

Jenna subiu o caminho íngreme como se estivesse voando. A adaga em seus braços girou rapidamente, brilhando. Duas infelizes Pessoas Lagarto caíram, respingando sangue.

Logo depois foi a vez de Neryssa. Sete facas de arremesso perfuraram três Pessoas Lagarto. Eles engasgaram e caíram, com o sangue roxo escorrendo.

Pouco depois, Jenna e Neryssa chegaram no ombro da estátua.

Groooooan. A estátua gemeu.

— Eolka, Velkist. Vão!

— E você?

— Eu fico por último.

Um alçapão se abriu na lateral do braço de pedra e uma Pessoa Lagarto apareceu. A flecha de Jenna perfurou seu crânio assim que sua cabeça estendida mostrou a língua.

Naquele momento, Velkist, que apoiava Eolka, passou correndo pela Pessoa Lagarto.

Quando o ângulo do braço se aproximou dos setenta graus, agarrei a parte saliente do braço e empurrei com o pé.

— Kiiiiaaakk!

Uma Pessoa Lagarto, que tentou brandir uma espada contra mim, escorregou e caiu verticalmente.

Neryssa e Jenna estenderam a mão e puxaram Velkist e Eolka para cima.

— Minha vez.

Comecei a subir pelo braço. 

A inclinação do braço em relação ao chão atingiu oitenta graus.

Agarrei as pedras salientes com as mãos e apoiei os pés como se estivesse escalando um penhasco.

Quando olhei para cima, Jenna estava estendendo a mão por cima do ombro da estátua.

‘Não há ponto de apoio.’

A área onde o ombro encontrava o braço era plana e a única opção era pular. Eu pulei com todas as minhas forças.

No momento em que tentei agarrar o braço de Jenna, o corpo da estátua tremeu violentamente.

Trrrruum!

Meu braço cruzou com o de Jenna no ar.

— Não! Irmãozão!

Meu corpo começou a cair de repente.

— Se agarre em algo!

Minha posição não era boa. Não havia lugar para segurar. Minha velocidade de queda aumentou.

— Uhh, mas nem fudendo que eu vou!

Segurei o Bifrost com a lâmina para trás e enfiei no corpo de pedra.

Tcchiiii-iii-iiii-iii-ii-ing!

Faíscas azuis voaram enquanto a pedra e a lâmina se esfregavam. Deslizei, arranhando a superfície da estátua.

Dessa forma, desci cerca de cem metros.

Quando cheguei a esse ponto, tirei uma adaga com a mão esquerda.

‘Vou atacar de uma só vez.’

A adaga, brilhando ao sol, perfurou perfeitamente uma brecha da estátua. Girei a espada longa em minha mão direita, fincando em outra fenda, para impedir a queda.

Eu parei de cair.

Estava a centenas de metros acima do solo, suspenso no ar por duas armas.

No chão, um redemoinho de areia e chamas girava ferozmente.

‘Por que você fez uma captura de tela?’

1. Vou explicar essa parte. O braço está chegando próximo do corpo, diminuindo o ângulo do ponto braço-ombro e aumentando o ângulo do ponto braço-chão. O que significa que os ângulos que Han menciona, são os ângulos braço-chão.[↩]