Capítulo 145: Turbulência (2)

Tradução: Nimsay

Eu cerrei meu punho.

Centenas de quilos de ferro foram levantados no ar.

— Geeehhhhhhk! — Um tritão gritou e atacou-me.

Dei um passo à frente e balancei minha espada. O ar se partiu ao meio e o corpo da criatura foi dividido. Os tritões atrás dele foram arremessados e tombaram devido à pressão da espada.

— Guuuuug! Giaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

— Calem-se!!

Bam! Cinco tritões foram feitos em pedaços junto com um pilar próximo.

Ouvi o som de algo sendo torcido. Não foi de fora. Estava vindo de dentro do meu corpo.

A ferida em meu estômago se alargou, mas não havia tempo para sentir isso.

Essa dor era trivial.

Trec. Truc. Era o som de ossos sendo perdidos e músculos se torcendo impiedosamente.

Doía como se estivesse sendo feito em pedaços, queimando cada parte do meu ser. Meu corpo estava se partindo por dentro.

Eles continuaram aparecendo.

Maravilhoso. Eu não conseguiria lidar com isso se não estivesse ocupado matando-os.

Espero que venha muito mais. Se eu deixar meu corpo assim ele se desintegrará mais rápido.

Trec! Eu movi a espada.

Um por vez. Dois. Três. Com carne e entranhas espalhadas, o sangue tingiu a cova. Os corpos dos tritões estavam espalhados como lixo.

A grande espada quebrou o chão, perfurou pilares e deixou marcas profundas nas paredes.

…Quebrando o limite.

Eu já estava usando várias vezes mais força do que minha habilidade original.

Em cada movimento meu corpo explodia em dor. Um fogo frio aquecia gradualmente, cobrindo todo o meu corpo. Eu não consegui parar. E se parasse, o caminho se fecharia.

Gritei silenciosamente e balancei minha espada.

E depois de um tempo imensurável, chutei a cabeça de um tritão que estava gemendo.

— Guuug…!

A cabeça se espatifou, derramando sangue e massa cerebral. Este havia sido o último. 

Olhei em volta e vi numerosos corpos de tritões enchendo o local. Nenhum manteve a forma original.

— Ugh!

Ajoelhei-me e minha visão escureceu brevemente antes de retornar. Cambaleei por um momento, mas fiquei de pé.

‘O que foi…’

Parece um ataque cardíaco.

Coloquei minha mão sobre meu coração que batia violentamente de maneira descontrolada.

‘…Uma habilidade que sobrecarrega o corpo.’

Concede temporariamente um poder explosivo ao corpo. No entanto, o risco é inteiramente pago pelo próprio organismo. De maneira extremamente violenta.

Segui em frente.

Minha perna esquerda começou a ficar dormente, então usei a espada como bengala. Me movi em direção à porta da passagem aberta.

— Grufg!

Um tritão pulou do teto.

Movi minha mão esquerda. Um punho se estendeu como um raio, esmagando a cabeça e o ombro da criatura num instante. O monstro perdeu a parte superior do corpo e entrou em colapso.

— Uhhh!

Eu cambaleei. Uma corrente de sangue fluiu da minha boca. A adrenalina subiu em minhas veias. Eu não conseguia mais sentir dor.

‘Ainda não. Não acabou.’

Bati minha testa contra a parede.

Bati novamente.

E de novo. Bati minha testa até sangrar.

Evolua.

Meus sentidos começaram a retornar. Após um momento, segui em frente.

Logo apareceu a terceira cavidade.

Trat. Um pilar moveu-se sozinho e assumiu a forma de uma pessoa. Mas era apenas semelhante, pois tinha quatro metros de altura.

Os golens se aproximaram de mim com olhos brilhantes e eu silenciosamente virei minha espada.

De novo.

Um punho, que mais parecia um porrete, voou em minha direção.

Plantei firmemente meus pés e fiz a grande espada balançar em um arco.

Com uma forte explosão, o braço do golem quebrou.

Inseri meus dedos no torso do golem com a mão esquerda. A luva de couro rasgou e minhas unhas se soltaram, sangrando. Eu arranquei a pedra mágica de dentro.

Mais dois golens atacaram de ambos os lados.

Cerrei o punho. Não tinha como sair. E eu não queria escapar.

‘Mais força.’

Minha visão ficou vermelha.

Bam! A parte superior dos corpos dos dois golens foram instantaneamente destruídas. Apenas suas pernas permaneceram, cambaleando antes de desabar.

— Uhhh!

Mal consegui ficar de pé, plantando a espada no chão.

O consumo de resistência foi mais severo do que o esperado. Vasculhei meu cinto, mas não encontrei nenhuma poção.

‘Ainda não.’

Não é o suficiente.

Mordi minha língua até sangrar.

Eu manquei pela passagem. Não resta muito até o fim.

‘Caramba.’

A cada segundo, todo o meu corpo estava desmoronando.

Não foi um consumo de força mental. Eu estava usando meu corpo para aumentar minhas habilidades. A habilidade era muito poderosa para o meu estado atual aguentar.

Mas ainda não acabou.

Graças as habilidades Furor em Combate e Indomável. Mesmo que meu corpo seja de um cadáver meio morto, eu poderia continuar a luta.

O problema de usar essas habilidades existe depois que tudo acabar.

< Koooar! Você acha que irei deixar você conseguir o que quer!? >

O rugido do Dragão Aquático ecoou pelo templo. Meus ouvidos estavam agindo de forma estranha ou a voz da criatura parecia distante.

A sensação de realidade parecia longínqua, como um sonho.

Não posso terminar aqui. Se eu não consigo lidar nem com isso…

— …

Eu levantei minha cabeça.

Entrei na cavidade. Vi cristais azuis se projetando aqui e ali. Lá dentro, no altar, algo emitia uma luz azul.

Trat! Os cristais que cobriam a parede se estilhaçaram, fundindo-se em um só no centro da cavidade.

Eventualmente, uma figura gigante tomou forma ao redor do cristal.

‘Um segundo chefão?’

Finquei a espada e apoiei meu corpo nela.

‘Só uma vez.’

Os limites do meu corpo. Do quanto posso mover.

< Inooommmm! >

Bam! Um lado da cavidade foi rompido, revelando a cabeça do Dragão Aquático.

A água do mar começou a encher a cavidade.

< Eu vou te matar! >

A boca enorme do Dragão Aquático se aproximou como se fosse me engolir.

Simultaneamente, um golem de cristal correu em minha direção.

Levantei minha espada.

‘Só mais uma vez.’

Eu dei um passo à frente. O chão desabou e depois rachou para todo lado.

Agarrei a espada com as duas mãos. Meu aperto foi tão forte que minhas mãos sangraram.

A durabilidade era desnecessária. A resistência era desnecessária.

Tudo que preciso é de um único momento de explosão.

< Kraaaaaaaah! >

O Dragão Aquático abriu bem a boca.

Movi minha mão.

Cada órgão do meu corpo reuniu o que restava de força ao limite, para um único ataque devastador.

Não pensei no que viria a seguir. Cem, duzentos, trezentos por cento. Mesmo além.

Eu coloquei minha alma neste ataque final.

Cada osso do meu corpo quebrou. 

Todas as veias do meu corpo estouraram.

Minha visão ficou vermelha como sangue.

Eu balancei minha espada para o lado.

Seguindo a trajetória da minha espada, meu sangue se espalhou lentamente e a lâmina colidiu com os dentes da criatura.

A grande espada perfurou os dentes, escamas, pele, entranhas e esmagou o cérebro.

O corpo do Dragão Aquático, com dezenas de metros de comprimento, foi dividido ao meio com um único golpe. Depois disso, o golem atrás dele foi atingido. Quando a espada atingiu a superfície transparente do golem, chamas azuis brilharam.

As partes superior e inferior do guardião foram divididas e se espalharam para os lados.

Trum! Um jorro de água subiu tardiamente.

— …

O sangue jorrou do cadáver do Dragão Aquático como uma cachoeira e o corpo quebrado do golem de cristal não se moveu nem um centímetro.

‘Acabou.’

Eu exalei e desabei.

Ao examinar meu corpo percebi que estava indescritivelmente danificado.

Não era uma técnica de sacrificar a carne por ossos, mas uma técnica de sacrificar carne para tirar a carne do inimigo.

‘…Que absurdo.’

Totalmente ridículo, de fato.

Eu rastejei no chão. Usando apenas os braços, subi as escadas até o altar e peguei a gema azul brilhante no centro.

Este foi o fim.

— Cof cof!

Cuspindo um bocado de sangue, encostei as costas no altar.

< Han! O que está acontecendo? Você está bem? >

A voz de Edis foi ouvida.

Fechei os olhos.

A água começou a encher a cavidade.

— Ei…

— …

— Irmãozão!

Eu abri meus olhos. Alguém estava gritando na minha frente.

— Por favor, recupere o juízo! O que você está fazendo aqui?!

— …

— O que aconteceu com você? O que são essas feridas? Por que a irmã Eolka…?

Ela deve ter visto o corpo de Eolka. Jenna não conseguiu continuar suas palavras.

Levantei meu braço quase imóvel com dificuldade e entreguei a gema para ela.

— Leve isso para a superfície e entregue a Priasis. Só assim a missão terminará.

— E você?

— Eu… Eu acho que não consigo ir.

Há apenas uma lágrima de sereia.

Eu não tenho condições de nadar. Até falar era difícil.

— Pare de dizer isso! — Jenna retrucou.

— Desculpe.

— Agora não é hora para desculpas!

Jenna pegou uma poção, destampou-a e tentou despejá-la em minha boca, mas mais da metade derramou.

Jenna franziu os lábios com força, encheu a boca com a poção e pressionou seus lábios nos meus.

‘Ah.’

Eu não tinha pensado nesse método.

A poção escorreu pelo meu esôfago.

— Sinceramente!

— …

— Eu realmente não vou te perdoar se você morrer. Eu mesma irei no inferno para te trazer de volta. Olhe só você, dizendo que eu preciso ter cuidado, para depois fazer uma merda dessa!?

Jenna pegou um pano vermelho e começou a me amarrar nas costas.

Estreitei meus olhos. O pano vermelho era um pedaço do vestido de Eolka⁴.

— Pessoas vivas deveriam viver e não pensar nessas bobagens.

Jenna pegou uma poção branca.

A lágrima da sereia. Ela destampou e estava prestes a encher a boca com a poção.

— …Ei.

— O quê?

— Apenas dê para mim. Eu vou beber.

— …Você deveria ter dito isso desde o início.

Jenna colocou a poção na minha boca.

Tossi, mas consegui engoli-lo.

— Você acha que morrer com estilo deixará alguém feliz? De jeito nenhum!

— Eolka…

— Falaremos sobre isso mais tarde. — A água subiu logo abaixo do altar. — As pessoas vivas… Devem viver.

Jenna enxugou os cantos dos olhos e depois apertou o pano que amarrava suas costas e a mim mais uma vez.

Depois de esvaziar sua porção da poção, Jenna respirou fundo e mergulhou na água comigo. Eu observei fracamente as costas de Jenna.

…Truuuum. Todo o templo começou a desabar.

Jenna, carregando-me, nadou pela água, esquivando-se das pedras e dos detritos que estavam sendo carregados pela correnteza.

Movi minha mão.

Afrouxei o pano que me prendia em Jenna para que pudesse cair facilmente se ela atingisse seu limite.

O corpo inchado de Eolka apareceu entre as bolhas.

Empurrada para fora do templo, ela estava sendo sugada para o fundo do mar junto com o cadáver do Dragão Aquático.

‘Ela vai apodrecer nesse lugar.’

No fundo do mar, onde ninguém viria.

Desaparecendo lentamente.

‘…’

Eu não queria deixá-la lá.

O gosto do sangue era amargo.

Jenna lutou para subir.

Ela não conseguia ganhar velocidade. Sua perna não estava totalmente curada e ela carregava um grande fardo nas costas. Mesmo assim, Jenna cerrou os dentes e continuou a nadar.

O corpo de Eolka desapareceu no abismo.

Jenna não olhou para trás. E quando eu estava prestes a desamarrar completamente o pano, uma forma vaga desceu de cima.

Eles estavam movendo os braços e as pernas rapidamente, vindo em nossa direção.

‘Eles vieram… ​​Para nos encontrar.’

A luz do sol começou a entrar em meus olhos.

Eu fui tão tolo.

Fechei os olhos.

1. Ira excessiva; raiva extrema; ação repleta de violência; fúria. Também pode ser dito como Frenesi, só que essa habilidade já existe.[↩]
2. A tradução pode ser modificada no decorrer da história.[↩]
3. Meiaum mencionado qqq[↩]
4. A dor, ela doí.[↩]