Capítulo 207: Não se bate nem com uma flor (5)

Tradução: Nimsay

Eu estava olhando pela janela do alojamento, no segundo andar da vila, duas garotas brincando com várias flores no campo que estavam em plena floração.

As garotas, que pareciam ter no máximo dezoito anos, jogavam flores umas nas outras e riam. Atrás delas, um jovem da equipe de vigilantes, carregando uma lança, as observava.

Um momento dramático e tranquilo.

Desviei meu olhar para a mesa.

Uma flor murcha estava flutuando em uma garrafa de água.

Adilang havia dito que queria proteger esse paraíso para sempre, que esse é o seu maior sonho. E estava disposto a fazer qualquer sacrifício por isso. 

‘Um sonho.’

Sonhar é bom. A vida sem um objetivo é muito sombria, principalmente em um lugar tão louco como esse.

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A maioria dos mestres da Guilda Estrela Prateada desistiu de escalar a torre e estavam focados em decorar suas Sala de Espera, aproveitando o jogo à sua maneira.

Na verdade, há muitas pessoas desse tipo em Escolha-me!. Conforme ia subindo a torre, a Sala de Espera ficava maior, e havia dezenas de coisas para administrar. Quase ninguém estudava estratégia com afinco só por causa de um jogo.

‘Realmente estão felizes?’

Olhei para as duas meninas rindo. Elas devem estar felizes, afinal não precisam lutar contra monstros, nem de treinamento severo. O risco de síntese é quase inexistente.

Para elas, este mundo pareceria um paraíso em uma dimensão superior, não um inferno onde a vida e a morte vêm e vão várias vezes ao dia.

Pensando bem, lembro-me das palavras de Jenna quando Qlqr1 não fazia login há muito tempo. Ela disse que não seria ruim mesmo que a Mestra não viesse.

‘Ela ainda pensa assim?’

Ri baixinho.

Era tarde, um pouco antes do anoitecer, onde o crepúsculo brilhava fracamente sobre o imponente cristal.

Já fazia alguns dias e nossa vez ainda era a última.

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Qlqr1 entrou cedo pela primeira vez em algum tempo e o bate-papo da guilda ainda estava agitado com conversas dos usuários pacifistas.

‘Eles estão aqui.’

Passos foram ouvidos descendo pelo corredor de madeira.

Fechei a cortina.

Com um estrondo, a velha porta de madeira foi aberta bruscamente.

— Preciso de uma resposta hoje. — Uma mulher com uma espada de um único gume pendurada diagonalmente no corpo estava parada na porta. Sijar, a líder dos vigilantes.

Ela continuou vindo, apesar de ter sido rejeitada.

— Você não está cansada de fazer isso?

— Pense nisso como sinceridade.

A atmosfera não está tensa demais para chamar isso de sinceridade?

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Olhei além de Sijar. Vários membros armados da equipe de vigilantes estavam me encarando no corredor.

Talvez queiram me intimidar, que atitude fofinha.

— Se você se juntar aos vigilantes, posso garantir uma boa posição. Sei que você é forte. Não planejamos ficar no quadragésimo andar. Vamos subir cada vez mais. Se você se juntar a nós, receberá muita ajuda. Posso garantir.

Nossa, como gostam de incomodar.

Brinquei com a estátua de cavalo de madeira sobre a mesa.

Eu queria desembainhar minha espada, mas ainda não é o momento.

— Olha… Ah, esquece. — Depois de balbuciar por cerca de dez minutos, Sijar olhou para mim com olhos cansados. — Fique aqui pelo resto da sua vida. Vamos ver quanto tempo vai demorar para sua vez chegar.

Sijar bufou e saiu com a equipe de vigilantes.

Se ela queria tanto conquistar esse lugar, teve muitas chances. Mas parecia relutante em fazê-lo, apesar de seu desgosto.

Enquanto isso, um mestre barulhento invadiu o bate-papo da Mestra.

Ele é um membro dos vigilantes e estava conversando incessantemente depois que Qlqr1 se recusou a participar.

Qlqr1 não respondeu.

Comecei a rolar a estátua de cavalo de madeira na minha mão.

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A porta fechada abriu-se novamente com um estrondo. Mas dessa vez não foi Sijar, Jenna ou Velkist que apareceu, mas sim um homem magro e ossudo com dois punhais na cintura.

‘Este deve ser o herói do Embaixadinha93.’

Que momento perfeito.

— O Mestre tem uma mensagem para você.

— …

— Vou direto ao ponto. Seu mestre é incompetente. Junte-se a nós. Você não quer trabalhar sob um mestre capaz?

A tinta da estátua de cavalo de madeira lascou um pouco quando a segurei.

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Qlqr1 permaneceu em silêncio.

Eu também não falei com o homem na minha frente.

— Pelo menos finja ouvir quando alguém fala. Você não tem modos. Mesmo sendo o vencedor de um grande torneio, você é apenas um covarde.

— …

— Pare de brincar com essa estátua inútil!

O homem arrancou a estátua da minha mão esquerda. A cabeça da estátua de cavalo de madeira quebrou horrivelmente ao atingir o chão².

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— Você está pronto para conversar agora?

— Sim.

— Isso é bom…

Antes que ele pudesse terminar, a lâmina da minha espada foi cravada em seu ombro esquerdo. Cobri a boca dele enquanto ele tentava gritar.

— …?!

— Você realmente quer derrubar este lugar? — Sorri enquanto girava a lâmina.

O som de ossos e carne se rasgando encheu a sala.

— Mm! Mmm… Uuugh!

Chutei a mão do homem enquanto ele tentava sacar suas adagas. Com o som de um osso quebrando, seu pulso dobrou na direção oposta.

— Urrrgh!

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— Eu te darei o que você quer.

No prado azul do lado de fora da janela as meninas estavam entregando uma coroa de flores para Sijar enquanto ela passava.

— Senhorita Vigilante! É um presente para você. Ouvimos dizer que você trabalha duro.

— Não precisa, sério…

— Você não quer?

— Não, eu vou levar! Foi tão bem…

Do nada, um objeto suspeito caiu na frente deles. Melhor dizendo, voou.

Os quatro membros estavam dobrados como pauzinhos quebrados e todo o corpo estava coberto de vermelho. À primeira vista, parecia um tatuzinho de barro.

— …!

Era o cadáver do homem que eu tinha jogado pela janela.

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Pulei para o primeiro andar, sacudindo o sangue da minha espada, melando um lado do jardim.

As meninas, que finalmente perceberam que era um cadáver, ficaram pálidas.

Sijar se virou e gritou: — Meninas, vão para o abrigo! Darhin, vá com elas.

— Certo!

As duas meninas saíram apressadamente, guiadas pelo rapaz.

Os olhos de Sijar se estreitaram enquanto ela olhava para o corpo.

— O que você fez?

— Você disse que iria derrubar este lugar e agora finge ser boazinha?

— Han, qual é o significado disto!?

A porta do primeiro andar da vila se abriu e outro hóspede apareceu.

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Adilang Rizos, o sub-mestre da Guilda Estrela Prateada, sob o comando de Seochorom.

Respirei fundo. 

Sijar e os vigilantes. Adilang Rizos e seus subordinados. Todos os heróis no jardim estavam olhando para mim.

Devia haver pelo menos uma centena deles.

— Han, brigas entre familiares são estritamente proibidas! Não importa o motivo…

— Pare com essa porcaria.

— O que?

— Vou dizer só uma vez, então ouçam com atenção. — Afrouxei o aperto na minha espada e olhei para todos que estavam me encarando. — Deixem tudo para trás e saiam daqui. Se eu os vir novamente, irão morrer.

— …

— Entederam? — Sorri largamente. — Estamos tomando essas Ruínas.

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Por um momento, a atmosfera congelou. Tanto Sijar quanto Adilang tinham expressões vazias.

‘Eu não queria fazer isso.’

Ainda não era o momento certo, porque Jenna estava coletando informações sobre o inimigo.

Mas tudo tem limite e ele tocou em algo que não deveria.

— Isso significa…

— Você está declarando guerra? — Adilang perguntou.

Eu assenti.

Qlqr1 entrou imediatamente no menu tático e tocou no ícone de uma espada vermelha.

— Seu desgraçado sem noção! Quem você pensa que é?! — Um cara com uma lança correu em minha direção.

Obviamente, seu corpo foi cortado em dois, junto com a haste da lança. 

Quando chutei a parte superior do seu corpo, sangue e carne espirraram, pintando o jardim de flores de vermelho.

— Preparem-se para a batalha!

Os membros da milícia sacaram suas armas simultaneamente.

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Sijar olhou para Adilang.

— Adilang!

Adilang, com o rosto endurecido, puxou um pequeno cajado e desenhou um círculo. Um portal dimensional azul apareceu.

— Não combatentes, por favor, evacuem pelo portal! Esta passagem leva ao abrigo!

Pessoas sem armas começaram a entrar apressadamente no portal dimensional.

Eles realmente tem uma sinergia.

— Seja um Descontrolado ou o que for, você não retornará vivo — Sijar rosnou, mostrando os dentes.

— Parece que te julguei mal — Adilang estava ao lado de Sijar. Ele é um mago invocado com quatro estrelas e um dos líderes da Guerra de Libertação.

‘Eles vão dar trabalho.’

Um inimigo externo une facções internas, não é? Muito bom. Isso significa que posso matá-los todos de uma só vez.

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Dezenas de vigilantes me cercaram à distância, um cerco perfeito.

— Ah!

Ouviu-se um grito da esquerda e um corpo encharcado de sangue voou pelo ar.

Ele chegou cedo. Talvez tenha sentido o cheiro do sangue.

— Cara. Por que arrastar isso quando é inevitável? — Velkist, que havia rompido o cerco, estava ao meu lado. Sangue escorria de sua espada.

— Yaaah! — Jenna, que havia saltado vários metros no ar, pousou ao nosso lado. — Eu suspeitava disso, mas estou feliz por ter chegado imediatamente.

— Sua investigação terminou?

— Aproximadamente. Há uma fortaleza de vigilantes bloqueando o caminho para o cristal. Dentro da fortaleza, há um objeto, e se resistirmos lá, parece que venceremos por captura.

Bom. A investigação foi concluída.

‘O que resta…’

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Olhei para frente, onde duas pessoas que costumavam ser hostis uma com a outra ficaram ombro a ombro. Deve ter sido a mesma coisa quando lutaram juntos no passado.

Infelizmente a batalha de hoje será longa, mas não vamos nos estender.

Isto é só o começo.

Acima do horizonte, pequenos pontos se aproximavam.

Aqueles que estavam esperando o momento certo, também notaram.

Fizemos a formação triangular. À direita estava eu, à esquerda estava Velkist e abaixo estava Jenna.

— Você vai se conter, arqueira?

— Quem você pensa que eu sou? Eu faço o que precisa ser feito. — A mão de Jenna alcançou seu arco curto. — Observe atentamente, irmãozão Vel. Eu lhe mostrarei como aqueles que ficam em nosso caminho recebem minhas flechas na fuça.

— Hum.

Girei minha espada.

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A partir de hoje, a Guilda Estrela Prateada está dissolvida. Não há nada que possamos fazer, não importa se ganhamos ou perdemos.

Paz para todos? Leseira de gente besta. Neste jogo os fortes vencem e os vencedores levam tudo.

Vou fazer vocês perceberem o quão lamentável é seu sonho.

A janela do sistema apareceu novamente na minha visão.

Qlqr1 estava olhando para o campo de ruínas. Observando que fomos cercados pelos membros dos vigilantes.

Ela tocou em ‘Sim’.

Minha visão ficou vermelha, mostrando que o sinal de ataque havia sido dado.

1. Olha, um incel. O autor quis fazer representatividade de abestalhados da internet.⤶
2. Nem preciso dizer que esse cara vai ter o pior destino possível depois dessa presepada.⤶