Capítulo 21: Tipo de Missão: Sobrevivência (4) (Parte 2)

— Seus nojentos desgraçados!

Eu lancei meu escudo no goblin que subia.

Um grito fraco veio do meu lado.

— Aaaaaa!

— Você ainda está viva?!

— Estou bem, posso lidar com isso.

Uma adaga estava alojada na lateral do corpo dela.

Seu vestido estava manchado de vermelho.

Aaron mostrou sinais de choque. Seu corpo tremia e o sangue jorrava intermitentemente de sua perna decepada.

Não seria surpreendente se ele não conseguisse.

— Não morra! Apenas espere até que acabe! Então podemos voltar.

— Mas… acho que isso é o máximo que posso ir…

— Cale-se! Não vamos perder!

Eu não consegui mais segurá-los.

Dezenas de goblins invadiram o telhado.

— Saiam, entrem no telhado, entrem!

— Mas não há espaço lá dentro!

— Apenas vão!

Perdi a sensibilidade do meu braço direito.

Eu me senti tonto, o mundo girando ao meu redor.

— Ker-ker, kerlak!

— Você quer me matar? Vamos, venham todos, seus malditos!

Sem espada, sem escudo.

Eu nem sabia quantos segundos faltavam.

Não pude pensar na situação de Jenna.

— Aaaaah!

Dezenas de goblins atacaram-me simultaneamente.

Suas lâminas encharcadas de sangue pretendiam me despedaçar.

E então, como se o tempo tivesse congelado, o movimento dos goblins com suas lâminas apontadas para mim parou.

— …

A paisagem urbana dizimada, a horda de goblins e os corpos sem vida de Zeeth e Hanson desapareceram em um feixe de luz radiante.

Uma suave luz branca envolveu todo o meu corpo, curando minhas feridas. A sensação voltou ao meu braço, meus pulmões recuperaram o ritmo e os músculos dilacerados se recuperaram.

A adaga cravada na lateral de Jenna caiu no chão e carne fresca brotou da perna decepada de Aaron.

— Ah, ha, haha, hahahahahaha.

Jenna soltou uma risada vazia, caindo no chão.

— Você pode segurar minha mão? Minhas pernas não vão me sustentar.

Eu sem palavras estendi minha mão.

Jenna agarrou-a, cambaleando algumas vezes antes de conseguir se levantar.

— Nós… Nós conseguimos?

— …Sim.

Era uma sala familiar.

A mensagem no espelho à esquerda sinalizava que estávamos na fenda.

O zumbido familiar encheu o ar quando a sala de espera começou a subir.

Aaron ainda estava deitado no chão.

Embora inconsciente, sua respiração permaneceu estável.

Ele havia conseguido.

— É assim a partir do quinto andar? Se sim, isso é…

— Desta vez foi diferente.

Eu refleti sobre a batalha.

As três vielas. O enxame de goblins.

Era uma estrutura onde o fracasso de uma pessoa levaria à aniquilação total. Se tivéssemos treinado um pouco mais Zeeth e Hanson, não teríamos que lutar tão desesperadamente.

Sobreviver à missão não foi muito difícil, uma vez que um bom grupo foi formado. Foi uma pena termos sido apanhados num momento tão vulnerável.

Peguei a espada de ferro e o escudo que estavam no chão.

Até o equipamento encharcado de sangue foi milagrosamente restaurado.

— Isso é demais! Se eu soubesse que seria assim, teria treinado mais! — Jenna murmurou, pendurando o arco e a aljava nas costas.

Sua voz parecia alegre, mas seu rosto contava uma história diferente.

Ela foi esfaqueada e quase morreu.

Zeeth e Hanson morreram.

E acabei cortando a perna de Aaron.

Ao entrarmos na praça, Dica veio correndo como se estivesse esperando.

— Irmão mais velho, você voltou!

Silenciosamente, fui até o Dormitório.

— Zeeth e Hanson estão lá dentro? Chloe disse que preparou algo delicioso.

— Eles estão mortos.

— O que?

— Eles morreram.

Dica ficou congelado.

Ignorando-o, entrei no Dormitório.

Algumas pessoas no saguão olharam para mim. Gentilmente coloquei Aaron no sofá e coloquei a lança ao lado dele. Suas feridas sararam, mas ele não recuperou a consciência imediatamente.

[O Mestre está chamando. Quem ouvir seu nome, venha!]

A voz de Isel ecoou pela praça.

Parecia que Qlqr1 estava tentando formar um subgrupo para os andares inferiores.

‘Minha cabeça está latejando.’

Eu não tinha intenção de pensar na perda de alguém na sala de espera.

Num lugar como este, especialmente para alguém como eu, na vanguarda da Torre, a morte era uma ocorrência diária. Mas o latejar na minha cabeça não podia ser ignorado.

Abri a porta no final do corredor e entrei. Era o meu quarto designado no Dormitório. Eu havia me acostumado com aquele lugar, embora estivesse longe de ser uma casa moderna.

Desabei na cama.

Uma mensagem apareceu anunciando a abertura da Masmorra Diária após concluir o  quinto andar.

‘Pensando bem, adquiri uma habilidade no estilo Berserk…’

Compostura e Fúria não poderiam coexistir.

Era um bug evidente.

A compostura me mantém racional em qualquer situação, enquanto Fúria sacrifica a racionalidade por maior capacidade de combate.

Deve estar ligado à minha natureza única como Mestre e Herói.

Eu ainda não tinha todas as respostas. Pelo menos por hoje, eu não queria insistir nisso.

A partir de amanhã, as coisas ficariam ocupadas novamente.

Eu tinha alcançado o nível dez, o limite para uma classificação de uma estrela, e a Masmorra Diária, onde eu poderia obter materiais valiosos, foi aberta. Era hora de tentar ser promovido para duas estrelas.

Então, vamos tirar uma folga hoje.

Fechei os olhos.