Capítulo 248: A Princesa do Sol (1)

Tradução: Nimsay

[Grupo Um, reúnam-se na praça do primeiro andar! Agora!]

Tarde da noite, a voz de Isel ecoou alto na Sala de Espera.

< Tch, quando estava ficando bom. >

PruPruPoo resmungou enquanto balançava a cabeça e saía lentamente.

Foi um bom timing, para ser honesto. Se tivessem chegado dez segundos depois, eu teria sido cortado em pedaços por Halkion no mundo da ilusão.

‘Pensando bem…’

Eu estava tão focado em dominar a gravura que não estava prestando atenção em mais nada.

A Sala de Espera havia terminado seus ajustes e a subida estava progredindo.

Os responsáveis ​​pelo segmento do quinquagésimo andar era o Grupo Dois. Enquanto nós do Grupo Um estávamos absortos em nosso treinamento individual, eles estavam realizando missões. Toda noite, Neryssa relatava o progresso deles.

Edis, a líder do Grupo Dois, foi substituída pelo lanceiro de meia-idade Roderick, que já havia se aposentado. Ele era um guerreiro de três estrelas convocado ao lado de Eolka durante a escalada inicial. Embora tenha saído da equipe de ataque para servir como líder do Centro de Treinamento, ele voltou quando houve uma brecha no grupo, agindo sob as ordens de Qlqr1, das quais não podia recusar.

De qualquer forma, com Roderick liderando o Grupo Dois reestruturado, eles assumiram as missões… e agora, nossos nomes estavam sendo chamados para outra missão.

‘O quinquagésimo quinto andar.’

Estamos nos movendo rápido.

Esvaziei de uma só vez a garrafa de água que estava ao lado da minha cadeira e me levantei.

Quando desci para a praça no primeiro andar, pude ver o resto do Grupo Um se reunindo.

— Irmãozão, aqui! Aqui! — Jenna acenou energicamente quando me viu.

Os outros membros do grupo estavam na fila ao lado dela.

— Tem sido difícil até mesmo nos vermos ultimamente. Especialmente vocês, que têm ficado enfurnados em seus alojamentos, treinando sem parar… Essa é a primeira vez que nos reunimos desde o quinquagésimo andar? — Jenna estreitou os olhos para mim. — Costumávamos estar todos em sincronia, nós cinco.

— É uma mudança natural. Todos tiveram suas próprias tarefas para focar. Não é mesmo, veterano? — Velkist, encostado na parede, sorriu.

Ele também não era exceção. Desde que obteve o Sangue do Dragão Branco, ele se trancou na sala de treinamento, completamente absorto.

— Eu só queria um dia de descanso — Kátio murmurou com uma expressão pálida. Ele não teve descanso, estava ocupado fazendo a manutenção dos dirigíveis.

— …Yeeeey. — Kishasha soltou uma risada estranha. 

Ela alegou ter encontrado uma equipe composta de teriantropos dentro do Grupo de Mercenários de Pria. Além disso, ela disse que conseguiu evoluir sua gravura com um item que recebeu do Rei dos Teriantropos. Todos nós do Grupo Um estávamos ocupados com nosso próprio treinamento, nos esforçando para ficar mais fortes.

— Irmãozão, nos dê um resumo como sempre, por favor — Jenna pediu.

— Não há muito a dizer — respondi.

— Vamos, não seja assim.

‘Aaaah, que entediante.’

Estalando a língua, comecei a explicar os detalhes básicos que Neryssa me contou.

‘Uma missão de pequena escala que requer apenas um grupo, sem a utilização de dirigível.’

Comparada à missão do quinquagésimo andar, que exigiu dezenas de equipes, esta parecia quase ridiculamente insignificante.

Mas a dificuldade nunca é uma surpresa. O Grupo Dois, que estava lidando com a subida em nosso lugar, conseguiu passar do quinquagésimo quarto andar sem enfrentar nenhuma resistência séria.

A julgar pelos padrões até agora, sempre que tínhamos um andar fácil, um difícil certamente surgia.

Os subestágios sempre foram fáceis, enquanto as fases de chefão dos andares principais eram uma história diferente. Sempre foi assim.

‘Eles avisaram que reuniram tropas destinadas aos andares superiores.’

O motivo pelo qual a missão do quinquagésimo andar foi tão difícil foi que o desafio era grande.

— Desde que você se mantenha atento, não será muito difícil — concluí.

— Mas é um andar principal — ressaltou Jenna.

— Isso não importa — respondi enquanto entrava na ampla e brilhante fenda no tempo e no espaço.

Eu podia ouvir os passos dos outros seguindo atrás.

O espelho no centro da sala brilhava intensamente.

Coloquei minha mão no punho da espada presa ao meu cinto. Logo, senti a sensação familiar de flutuar envolvendo meu corpo.

Foi o sinal de que a missão havia começado.

< Finalmente, uma chance de mostrar resultados. Você está pronto? >

— Não se intrometa.

< Haha! > 

PruPruPoo riu muito no meu ouvido.

Fechando meus olhos, deixei as ondas de luz me banharem. Quando os abri novamente…

— Vamos dar a esses desgraçados que ousaram invocar o nome da deusa um gostinho de nossas lanças!

— Atirem!!!

Homens barbudos avançavam pelas planícies.

Suas armas e armaduras não combinavam, mas eles se moviam com eficiência, eliminando qualquer soldado em seu caminho.

Apesar da aparência selvagem, seus movimentos eram afiados para a batalha. Sangue jorrava pelas planícies com cada golpe de suas lâminas.

‘Mercenários’, pensei ao observar o cenário.

Inúmeros mercenários marcharam sob várias bandeiras, avançando.

Ao nosso redor, os sons da batalha rugiam. Gritos e berros enchiam o ar, misturados com o barulho implacável das armas.

A guerra já havia começado.

— Oh, isso é… — Jenna deu um passo à frente, olhando ao redor.

Nós chegamos no meio do campo de batalha.

Os objetivos da missão passaram diante dos meus olhos.

‘Um cerco…’

À direita, avistei uma muralha imponente que parecia um penhasco e quase dez mil mercenários avançavam em sua direção.

— Parece que uma guerra civil começou — Kátio murmurou enquanto observava o campo de batalha.

— Embora pareça bem unilateral. Acho que nem precisamos intervir.

Eu levantei uma sobrancelha.

Kátio estava certo. Os mercenários estavam avançando implacavelmente, enquanto os soldados do exército da igreja adversária estavam recuando, deixando um rastro de cadáveres.

— Isso é estranho. Nós sempre lutamos do lado perdedor — disse Jenna, coçando a bochecha desajeitadamente.

Respirando fundo, virei-me para Kátio.

— Kátio, posso deixar isso com você?

— Huh? O que você está deixando para mim?

— Quero que você tome conta do Grupo Um enquanto eu estiver fora. Assista à batalha e entre no momento certo. Não faça nada muito arriscado. Tenho um lugar onde preciso estar.

— E-Espera aí, você quer que eu…?

— Sim.

Dei um tapinha no ombro de Kátio e fui embora¹.

O vento soprava em meu rosto enquanto eu saltava vários metros de uma só vez.

‘Há um objetivo especial.’

Isso significava que aquela pessoa devia estar aqui em algum lugar.

Acelerei o passo, chegando mais perto de onde os dois grupos estavam se chocando. Eventualmente, os mercenários no cenário começaram a me notar.

— Que porra é essa? Por que ele é tão rápido?

— Ele está vindo para cá…? É um inimigo?

Eu parei no meio do caminho.

Os mercenários tinham acabado de exterminar um grupo de soldados e estavam garantindo que nenhum sobrevivesse. O homem que parecia ser o líder deles apontou uma espada ensanguentada para mim.

— Quem diabos é você? O que lhe dá o direito de invadir assim?

— Onde está Pria? — perguntei.

— Pria?

— Priasis al Ragna. Estou procurando por ela.

O queixo do homem caiu.

— Seu… desgraçado louco… Como ousa falar o nome da princesa tão casualmente…

— Você é um assassino enviado pela igreja? Heh, você é carne morta! Considere isso seu funeral!

— …Eu vejo.

Eu não esperava que eles cooperassem.

— Vou cortar um braço e arrastar você de volta! — gritou um mercenário careca enquanto balançava sua espada em minha direção.

— Eca!

Rachadura!

Um golpe rápido o fez voar, com sangue jorrando enquanto ele caía no chão.

— …Eu vejo.

Eu não esperava que eles cooperassem.

— Vou cortar um braço e arrastar você de volta! — gritou um mercenário careca enquanto balançava sua espada em minha direção.

— Eca!

Rachadura!

Um golpe rápido o fez voar, com sangue jorrando enquanto ele caía no chão.

— Esse desgraçado é forte! Cerquem-no!

— Você não chegará vivo até a princesa!

Logo eu estava cercado por mercenários.

‘Parece que ela tem muitos seguidores agora.’

Sorri levemente. Ela estava muito longe da princesa negligenciada que um dia já foi.

— Ataquem!

Cinco mercenários atacaram ao mesmo tempo. Eles eram veteranos bem treinados que claramente tinham visto combates reais, mas…

Bam!

— Ah!?

— O que… O que está acontecendo?!

Eles caíram assim que os afastei com um golpe leve. Eu só dei um tapinha no queixo deles para que não sentissem muita dor.

Os mercenários tentaram se levantar, mas continuaram caindo e seus membros cederam.

— Você… não vai chegar até ela…

— Rápido, mandem uma mensagem…!

Bem, não havia nada que pudesse ser feito. De qualquer forma, eles não reconheceriam meu rosto.

Limpei o sangue da minha mão.

— Então, onde está Pria? — perguntei novamente.

— Você acha que nós contaríamos? Mesmo se tivermos que morrer…!

— Ela está ali, não está? — falei, olhando na direção para onde os mercenários continuavam olhando.

— O-O quê…?! Como você…!

— Você basicamente deu isso de graça ao olhar constantemente para trás. Honestamente, era óbvio.

— Droga! Isso não pode estar acontecendo… Não podemos deixar você chegar até ela!

— Não vão deixar? Vamos ver — murmurei enquanto começava a descer a colina em direção ao local que eles estavam tentando proteger.

Demorou cerca de dez minutos. Em um canto remoto das planícies, avistei uma tenda luxuosa, destacando-se em forte contraste com o campo de batalha ao redor.

A tenda era feita de seda branca imaculada com fios de ouro nas bordas, um claro sinal de importância.

‘Isso é óbvio demais.’

Qualquer um poderia dizer que havia alguém importante lá dentro.

Estalando a língua, fui em direção ao fundo da barraca.

— Pare…!

Quando me aproximei, alguns mercenários me avistaram e pegaram seus apitos para pedir reforços.

— Não torne isso mais irritante do que já é — murmurei.

Antes que pudessem apitar, eu os derrubei com golpes rápidos e não letais. Então, sem perder o ritmo, continuei em direção à parte traseira da tenda.

‘Se eu descer aquela parede alta de pedra, consigo evitar chamar muita atenção.’

Pulei da parede rochosa e aterrissei perto da barraca. Surpreendentemente, não havia muitos guardas ao redor da tenda.

Dei de ombros e segui em direção à entrada da tenda.

‘…Agora…’

Lentamente coloquei minha mão no punho da minha espada. Antes que eu pudesse dar outro passo… uma lâmina veio em direção a minha testa, sem emitir nenhum som.

Reagi instintivamente, desembainhando minha espada em um instante.

Clang! As duas lâminas se chocaram, soltando faíscas.

Se eu tivesse sido um segundo mais lento, a lâmina teria perfurado meu crânio.

— Quem é você? — perguntou o agressor.

O homem estava de pé na minha frente, espada em punho. Sua postura era perfeita, uma indicação clara de sua maestria.

Não é de se espantar que Pria não tenha nenhum outro guarda, esse cara claramente era habilidoso o suficiente para lidar com a maioria das ameaças sozinho.

— Onde você aprendeu sua esgrima? Você não é um amador.

— Você é…? — Os olhos do jovem se encheram de confusão enquanto ele estudava meu rosto. — Espere… Você é…?

— Eu sou…?

— …O Patrocinador!

— Patrocinador?

Naquele momento, a tensão de Yoshu diminuiu e ele abaixou a espada com um suspiro profundo.

— Uhh, pensei que você fosse um assassino. Eu estava pronto para finalmente quitar minhas dívidas, mas então, você desapareceu sem dizer uma palavra. É tão difícil nos deixar saber para onde foi?

Ele coçou a cabeça, frustrado, e seu tom de voz estava cheio de exasperação.

Não consegui deixar de rir da reação dele.

— Você cresceu.

— Claro, eu cresci. Dez anos podem mudar uma pessoa. Mas você… não mudou nada.

Yoshu me olhou de cima a baixo com um sorriso torto.

‘Ele agora é o Rei Mercenário.’

A aparência de Yoshu havia mudado drasticamente desde quando ele era mais jovem. Seu rosto antes suave e juvenil agora estava marcado por cicatrizes, e uma barba espessa cobria seu queixo.

O garoto que colava cartazes de procurados havia se tornado um homem endurecido.

— O que aconteceu com você depois que desapareceu? A Princesa Pria procurou por você por muito tempo.

— Eu tive meus motivos. Além disso, estou aqui agora, não estou?

— Três anos é pouco para você?

Franzi as sobrancelhas.

— Três anos?

— É, já faz três anos desde a batalha na floresta. Você não sabia?

Dei outra longa olhada em Yoshu.

Não havia nenhum traço da inocência infantil que ele costumava ter. Ele agora era um homem completo.

— E Pria…?

— Ela está esperando por você há três anos.

Para mim, tinha se passado apenas um mês. Três anos? Será que passou tanto tempo realmente assim?

— Então vocês estão em uma guerra civil há três anos.

— Sim. Já faz três anos desde que começamos a guerra contra aquele príncipe traiçoeiro. Você sabe o quanto a Princesa Pria tem procurado por você todo esse tempo? Ela chorava até dormir quase todas as noites, foi horrível de se ver.

— …

— Essa tenda? Ela a montou aqui porque achou que você poderia aparecer um dia. Mesmo que isso a coloque em risco de ser encontrada pelo inimigo, ela insistiu.

— Para ter certeza de que eu poderia encontrá-la?

— Sim — Yoshu resmungou baixinho. Eu mal podia acreditar no que estava ouvindo. — Ela já deve ter percebido você.

Yoshu embainhou sua espada e deu um passo para trás, permitindo-me passar.

De dentro da tenda, pude ouvir passos fracos se aproximando.

‘Três anos…’

Embora eu tenha estado em missões e treinamento durante o que pareceu um curto período de tempo para mim, três anos inteiros se passaram aqui.

— Você não envelheceu um dia, irmãozão.

— É uma condição especial.

Yoshu riu em resposta, e eu me virei em direção à tenda.

Respirando fundo, empurrei a cortina e entrei.

1. Maldadeeeee shuahsuhaushauhuahs[↩]