Capítulo 256: Réquiem (2)

Tradução: Nimsay

Alguns dias depois, já tarde da noite, o céu, tingido de cinza, chamou minha atenção.

Qlqr1 tinha desconectado. Então não preciso me preocupar em ser descoberto.

Afinal, essa festa dura apenas um dia.

Estreitei os olhos. 

Um bilhete dourado, que chegou na noite em que entrei em contato com a Mobius, estava sobre a mesa.

Peguei o bilhete que tem o emblema da Mobius em relevo.

‘Porque comemorar com uma festa?’

Ainda não consigo entender por que eles fariam isso. Além do mais, por que convidar logo a mim?

Toda essa situação é muito suspeita. Mas ainda assim, eu já tinha decidido comparecer, embora não baixasse a guarda. Estalei os dedos com a mão esquerda.

[ Weeee! ]

Isel girou na minha frente e apareceu num piscar de olhos.

Em vez de seu vestido preto habitual, ela usava um vestido curto com babados.

[ O que você acha, Loki? Combina comigo? ]

— Onde você conseguiu isso?

[ Aham, é um traje de festa. Gastei todo o meu salário comprando para isso! ]

Isel pigarreou e tirou a poeira estelar da bainha do vestido.

[ Você realmente vai se vestir assim, Loki? Você não parece diferente do normal. ]

— Por que me incomodar em me vestir bem? Não é como se eu estivesse indo lá para me divertir.

Eu estava com uma armadura de couro e um cinto com uma espada presa. Não era uma armadura completa, mas eu estava preparado para reagir a qualquer emergência.

Clink. Ajustei a bainha da adaga presa ao meu cinto.

[ Mas é uma festa… ]

— Isso não é por diversão. Vou investigar.

Acalmei minha respiração. Na pior das hipóteses, a própria festa pode ser uma armadilha contra mim.

Eu preciso ficar atento.

‘Seria ótimo trazer alguém do Grupo Um…’

Qualquer pessoa que eu trouxesse seria uma excelente proteção. O problema era se eles me deixariam levar alguém.

Mas provavelmente se oporiam veementemente.

Depois de verificar o estado da bainha da adaga, cobri o cinto com minha capa.

Então, tranquei a porta firmemente. Até a fresta na parte inferior da porta, que eu geralmente deixava aberta para PruPruPoo, estava bloqueada. Ninguém deve saber sobre essa viagem.

— Você está pronta?

[ Sim. ]

Eu assenti e segurei o bilhete. E, sem hesitar, o rasguei.

Depois que o papel dourado rasgou, uma luz começou a ondular de dentro.

Vuuuuuu. Um vórtice dimensional apareceu na nossa frente.

Uma vez que entrasse ali, estaria em território inimigo. Me lembrei de manter o foco e dei um passo à frente.

Uma sensação familiar de leveza tomou conta de mim enquanto a luz envolvia meu corpo.

Abri meus olhos. A primeira coisa que vi foi o vasto oceano além da grade de aço.

O Luar brilhava suavemente na superfície da água, estendendo-se até o horizonte.

‘Este lugar…’

Eu me virei. Acima do convés de aço, uma estrutura elegante e aerodinâmica erguia-se em direção ao céu.

— Que diabos é isso?

[ É uma embarcação da qual só ouvi rumores… o Pioneiro! ]

Os olhos de Isel brilharam quando ela olhou para mim.

[ É o cruzeiro de luxo para as autoridades! ]

— Somente autoridades?

[ É para onde os funcionários da Mobius vão nas férias. Tem as melhores acomodações de hotel, um campo de golfe, piscinas, todos os tipos de instalações de lazer! Há de tudo, de restaurantes a um grande salão de baile! ]

As bochechas de Isel ficaram vermelhas. Ela parecia perdida em seu próprio mundo.

— Eles têm de tudo, né?

Nesse ponto, nada realmente me surpreendeu.

— Você é um convidado?

Virei-me ao ouvir a voz desconhecida.

Um homem de terno estava me encarando. Ele parecia ser um funcionário da Mobius, a julgar pela identidade de funcionário pendurada em seu pescoço.

— Com licença, você poderia me mostrar seu convite? Indivíduos não autorizados não podem entrar.

Tirei o convite do meu casaco e entreguei a ele. O homem inspecionou a frente e o verso do bilhete antes de olhar para mim.

— Você está sozinho?

— Isel está comigo.

— Entendo. Uma pessoa e um animal de estimação.

[ Um o quê?! ]

O queixo de Isel caiu.

— Por favor, siga-me. Eles estão esperando por você.

O homem abaixou a cabeça ligeiramente e começou a andar em frente no convés.

Sem dizer uma palavra, eu o segui. Quando ele passou seu cartão de acesso na entrada da cabine, as grandes portas se abriram para os lados. Ele subiu as escadas sem hesitar.

‘Então é assim que entra.’

Examinei rapidamente a estrutura da cabine.

Na minha mente, mapeei o navio de cruzeiro e calculei possíveis rotas de fuga. Também não esqueci de identificar lugares onde poderia lutar se estivesse em menor número. Guardas de segurança estavam organizados por todo o navio.

‘As armas deles…’

Observei um homem passando. Ele usava um colete à prova de balas sobre o terno e um coldre de arma na cintura.

‘Sem lâminas.’

Estalei a língua.

A superioridade das facas em relação às armas de fogo era clara.

Então as forças armadas de Mobius operavam assim.

— Por aqui.

O homem nos levou até um grande elevador. Depois de cerca de um minuto, as portas se abriram.

— Quando as portas se abrirem, você estará no salão de baile.

— …

— Ah, mas antes disso… você poderia deixar suas armas conosco? Nós as guardaremos em segurança.

Então, eles sabiam. Com um suspiro, desabotoei a bainha da minha adaga.

— Por favor, entregue a espada também.

O homem sorriu e seu rosto se enrugou. Desabotoei o Bifrost e entreguei a ele.

— Obrigado pela sua cooperação. Por favor, aproveite seu tempo.

O homem sorriu satisfeito e cobriu as armas com um pano.

As portas do elevador se abriram, revelando um grande salão de baile exatamente como esperado. O enorme salão, tão grande quanto um campo de esportes, estava coberto de luxuosos carpetes. Uma orquestra elegantemente vestida tocava música clássica, enquanto vários licores caros e pratos de bufê estavam em exposição.

‘Que típico. Típico demais, realmente.’

Dei um sorriso.

O Salão de baile estava cheio de homens e mulheres de terno e vestido, curtindo a festa.

— Todas essas pessoas são funcionários da Mobius?

[ Sim! ]

Isel respondeu energicamente.

Ela apontou para um canto da sala.

Um grupo de pequenas fadas se reuniu e zumbia por ali.

[ Olha, minhas colegas estão ali. ]

— Vá se divertir. — Sussurrei para a confusa Isel. — Reúna algumas informações sobre o Alpha Zero.

Dei um pequeno empurrão nas costas de Isel. Ela pareceu um pouco nervosa, mas saiu voando em direção a suas colegas.

Sozinho, fui até o canto do salão de baile e encontrei um lugar para me acomodar.

‘Vamos ver do que eles estão falando.’

O Salão de baile era uma cacofonia de vozes de pessoas conversando.

Sentei-me e concentrei minha audição. Gradualmente, o barulho caótico começou a se acalmar.

— Quem é esse cara? As roupas dele parecem tão ultrapassadas.

— Aquele não é Loki, o mestre de Niflheimr? Aquele que supostamente matou El Cid.

— Por que ele está aqui, sozinho? Onde estão seus subordinados?

— Não faço ideia.

Eles estavam olhando para mim.

Deve parecer estranho. Todos aqui usavam trajes modernos, enquanto eu era o único de armadura.

— Que idiota. Ele não percebe o tipo de perigo em que está? Ele nem parece tão forte.

— El Cid realmente foi morto por alguém assim? Eu não acredito.

— Como se ele o tivesse matado. Ele apenas levou o crédito.

Fechei meus olhos. Eles estavam sussurrando sobre mim à distância, mas não ousaram se aproximar.

— Por que o diretor convidaria um estranho para uma festa como essa? Não faz sentido.

— E se algum segredo da empresa vazar? Nós seríamos os únicos a sofrer, não ele.

— Sério, esses chefões sem noção estragam tudo. Eu só vim aqui para aproveitar minhas férias, e agora esse esquisitão está acabando com o clima.

Claramente, eles não tinham uma opinião favorável a meu respeito.

Não que eu esperasse algo melhor.

— Mas, por outro lado, o diretor não está perdendo o controle?

— Ouvi dizer que ele foi marginalizado na política corporativa e está basicamente acabado. Ele é apenas um velho preso em seu escritório, navegando na internet o dia todo.

— Certifique-se de se alinhar com as pessoas certas. Há rumores de que o diretor do jogo será substituído.

Parecia que eles também não tinham uma boa opinião sobre Alpha Zero, o anfitrião da festa.

— Quem sabe? Talvez esse cara chegue ao topo da torre e se torne o braço direito do presidente. O antigo número um quase conseguiu, mas ele desperdiçou sua chance.

— Deveríamos nos apresentar a ele, só por precaução…?

Uma mulher de vestido começou a caminhar em minha direção. Quando a encarei, ela recuou rapidamente, nervosa.

— O que há com os olhos dele? Ele parece querer matar alguém.

— Não o incomode. Dizem que ele é um descontrolado¹.

‘Não parece haver nenhuma informação útil aqui.’

Relaxei meu foco e comecei a examinar lentamente a sala.

‘Não vou mais dar atenção a eles. são apenas pessoas inúteis falando bobagens.’

Olhei para trás.

De pé ao lado de um pilar de mármore no salão de baile, uma mulher de terno acenou para mim.

Ela tinha um comportamento composto. Seu cabelo azul profundo estava preso em um rabo de cavalo elegante e uma bainha metálica pendia de sua cintura.

— …Quem é você?

— Eu sou Sizel, a principal secretária do diretor. Obrigado por aceitar nosso convite. O diretor aprecia muito seus esforços em subjugar El Cid.

— Eu não o subjuguei. Ele veio para morrer.

— Essa é uma interpretação — Sizel sussurrou.

Eu franzi a testa.

— O que quer dizer com isso?

— Quem sabe?

Sizel sorriu levemente.

Então, depois de limpar a garganta, ela me examinou cuidadosamente.

— Você veio sozinho, por acaso?

— Eu trouxe Isel comigo.

— Oh céus. — Sizel coçou a bochecha, parecendo preocupada. — Bem, não tem jeito. O diretor está chegando em breve. Vejo você mais tarde.

Depois de se curvar, Sizel subiu as escadas no centro do salão de baile.

Soltei uma risada. Não consegui entender quais eram suas intenções. Naquele momento, o mestre de cerimônias no meio do salão pegou o microfone.

< Todos, por favor, deem as boas-vindas com uma salva de palmas, ao diretor chefe e produtor de Escolha-me, Sr. Rukardis! >

O som dos plausos encheram o salão de baile.

‘Alpha Zero.’

Nheeec. As portas principais no centro do salão de baile se abriram e um homem de meia idade entrou em uma cadeira de rodas.

‘Entrar sendo empurrado seria uma descrição mais precisa do que ‘entrar andando’.’

O homem de meia-idade, examinando o salão com olhos vidrados, olhou para mim.

— Loki — O diretor murmurou com uma voz monótona. — Onde está… Seris?

— …?

— Sim, Seris-chan…

Do que diabos ele está falando? O homem de meia idade murmurou com uma expressão vazia.

— Eu quero… lambê-la².

— O que?

— Lamber… lamber…

Eu franzi a testa.

— Ele perdeu completamente o controle. —- Alguém na sala murmurou, mas o diretor nem pareceu ouvir.

— Seris-chan…

O homem de meia-idade saiu em sua cadeira de rodas e desapareceu pela porta aberta.

Fiquei ali, perplexo, por um momento.

‘O que diabos foi isso?’

Eu não tinha imaginado isso. Aquele é o Alpha Zero? O Responsável por Escolha-me?

‘…’

Dei uma olhada no verso do cartão de convite.

Agora o absurdo do cartão fazia sentido.

< Vamos dar uma grande salva de palmas para o maravilhoso discurso do diretor³! >

Aplausos vazios ecoaram pelo salão de baile.

— Hah, essa relíquia realmente perdeu o controle.

Em meio aos aplausos, uma risada de escárnio pôde ser ouvida.

Virei-me em direção ao som. Um jovem de terno branco, fumando um charuto, estava me observando.

— Ele merece por ultrapassar os limites. — Ele exalou uma baforada de fumaça e então, ele se virou para mim. — O mesmo vale para você. Parece que você chamou a atenção da diretoria, mas nem pense em resistir. A menos que queira acabar como El Cid.

— …

— Você ainda não entendeu por que convidamos um mestre como você? É para lembrá-lo do seu lugar. Este é um aviso. Não importa o quão forte Niflheimr seja, você nunca será capaz de nos derrotar. Lembre-se disso.

Depois de fazer seu discurso, o jovem jogou o charuto no carpete e o apagou com o pé.

Ele deliberadamente esbarrou em meu ombro antes de sair do salão de baile. Vários homens, que pareciam ser seus guarda-costas, o seguiram.

‘…’

Eu também saí do salão de baile.

O Jovem estava cantarolando enquanto descia as escadas. Depois de olhar para ele, me movi em direção ao corrimão.

‘Ninguém por perto.’

Tirei um pedaço de papel do meu casaco.

Quando o rapaz esbarrou em mim, roubei isso do bolso da calça dele.

Enquanto eu examinava a agenda, meus olhos pararam em uma parte.

Uma exibição do final. Essa é a informação que eu procurava.

‘No sétimo andar.

O último andar desse cruzeiro.

A segurança deve ser rigorosa.

— EI! O que você está fazendo aqui?

Olhei para trás.

Um dos guarda-costas do jovem estava caminhando em minha direção. Escondi o papel rapidamente.

— O que você estava fazendo aqui?

— Nada.

— Desgraçado suspeito… — O homem franziu as sobrancelhas e pegou a arma no coldre. — Vou te revistar. Mãos para cima e deite-se…

Trat! Agarrei seu braço direito e o torci antes que ele pudesse terminar de falar.

— Hmmmk!

Quando sua articulação deslocada saiu, agarrei sua cabeça com minha mão esquerda e a bati na grade de aço.

Bam! O som do nariz dele quebrando foi seguido por um respingo de sangue. Eu chutei as pernas dele, fazendo-o girar no ar e cair sobre o corrimão.

Pum!

— …

É melhor eu ir procurar esse cara.

Limpando o sangue das minhas mãos, desci as escadas.

1. Esse apelido chegou até aqui ashushuahsuhaushauhsuahsua[↩]
2. ???? Não… Não pode ser…[↩]
3. Mais falso que nota de 4 reais…[↩]