Índice de Capítulo

    Tradução: Nimsay


    Chutei a porta da sala de controle e vi o para-brisa sujo de sangue.

    Zzzzz, tzzzz. Faíscas voaram dos controles quebrados e do painel. Em cima deles estava um cadáver, tão mutilado que era irreconhecível. O chutei para o lado e o corpo tombou. Parecia ser o maquinista do trem.

    ‘Ninguém aqui.’

    A sala de controle continha apenas o cadáver e a paisagem além do vidro estava obscurecida pelo sangue.

    Aproximei-me dos controles, pensando em parar o trem, mas ele estava no piloto automático e pará-lo manualmente não parecia fácil. Fechei a porta e saí.

    Eu tinha caminhado da sala de máquinas no outro extremo do trem até o primeiro vagão, mas não vi qualquer sinal deles. O que deixou uma possibilidade.

    Entrei na passagem que ligava a sala de máquinas ao primeiro vagão, agarrei a maçaneta da porta ao lado e puxei-a. 

    Quando a porta se abriu, um vento forte soprou para dentro, e o gás verde que enchia a cabine começou a vazar lentamente para fora.

    ‘Não sei quanto tempo tenho…’

    Não era um veneno instantaneamente letal, mas a exposição prolongada poderia ser mortal.

    ‘Foco. 

    Negociação e combate, essas são as cartas que eu tenho. Eu tenho uma espada na mão direita e enfiado dentro do meu casaco está o Livro que Desafia os Céus.

    Analisei a situação, repetindo as prováveis ​​reações do inimigo e minhas possíveis respostas repetidamente. O que eles queriam, o que eu podia fazer.

    — Uhhh.

    ‘Fique calmo. Eu não posso deixar minhas emoções tomarem conta.’

    Depois de acalmar meus pensamentos, corri para fora da porta.

    Vuuuuuu! O vento, como um chicote, atingiu todo o meu corpo. Se eu soltasse o batente da porta, seria jogado para fora do trem a centenas de quilômetros por hora. 

    Com toda a minha força nos meus membros, me lancei para cima do vagão.

    — Eu estava me perguntando quando você apareceria. Estou esperando há séculos.

    O inimigo estava lá e estava me esperando.

    Endireitei meu corpo. Quando me estabilizei, olhei para frente vendo a cidade passar em alta velocidade. 

    — Você sabe que estamos com pouco tempo, né? — Ela sorriu maliciosamente.

    Vestindo uma roupa de couro justa que lembrava um traje de corrida, seu cabelo roxo e cacheado brilhava ameaçadoramente ao vento. Sua aparência era como eu esperava.

    ‘Os assassinos sempre têm esse olhar.’

    — O antídoto? — perguntei.

    — Bem aqui.

    Ela abriu o casaco. Dentro do bolso interno havia garrafas com um líquido azul.

    — Só para você saber, esse veneno é único. Se não beber o antídoto em doze horas, nem mesmo uma deusa poderá salvá-lo. Bem impressionante, né? É simples, entregue o Livro que Desafia os Céus e eu lhe darei o antídoto. Eu até lhe darei cinco garrafas, para seus subordinados.

    — …

    — Ainda não sei por que o veneno não te afetou. É forte o suficiente para superar a maioria das resistências. — A assassina riu.

    — Se eu entregar, você irá embora pacificamente?

    — Claro. Não há razão para ficar por aqui. Quem sabe quando mais incômodos aparecerão? — Ela estava mentindo. Não precisei vê-la para saber disso. — Esse livro não combina com você de qualquer forma. Deixe conosco, e faremos bom uso dele.

    — Você vai se arrepender.

    — Me arrepender? Não tenho tempo para isso. A vida já é dura o bastante sem arrependimentos.

    Vasculhei meu casaco e peguei o Livro que Desafia os Céus.

    Os olhos dela escureceram.

    — Jogue.

    — O antídoto primeiro.

    — Huh? Você parece confuso sobre quem está no controle…

    Sorri e pressionei minha espada contra o Livro que Desafia os Céus. A lâmina perfurou a capa de couro.

    — Como você disse, eu sou apenas um cinco estrelas, um ninguém, então eu realmente não preciso disso. Mas veja, que boa hora para testar sua durabilidade…

    — …

    — Entregue o antídoto. Não vou pedir duas vezes. Em dez segundos, vou furá-lo.

    Sss. A lâmina penetrou mais fundo no livro, agora tocando as páginas internas.

    Pode ser um item de grau S, mas ainda é só couro e papel. Se for rasgado em pedaços, quem sabe o que vai acontecer?

    — Seu louco desgraçado.

    — Se está com medo, pode ir embora.

    — Você está me ameaçando? Eu poderia simplesmente te matar e ficar com isso.

    — Faltam três segundos.

    Dois, um. Eu movi a lâmina.

    — …Pare.

    Naquele momento, ela mostrou suas presas. Afrouxei um pouco a minha pegada.

    — Vamos trocar ao mesmo tempo. Nós os jogamos um para o outro. Eu jogo o antídoto, e você o livro. Sem reclamações dessa troca, né?

    — Quando?

    — Quando esta moeda atingir o chão.

    Ela tirou uma moeda de ouro. Assenti silenciosamente.

    — Bom. Vamos logo com isso.

    Ela rolou a moeda na mão e jogou-a bem alto no ar.

    Quando a moeda girando caiu até a metade, uma rajada de vento a levou embora.

    — …

    A mulher jogou o antídoto e, ao mesmo tempo, joguei o livro. Mas nenhum de nós tinha mirado onde o outro queria.

    O antídoto voou alto acima da minha cabeça, saindo do alcance do trem.

    Em um instante, corri atrás dele, me jogando para frente. Pouco antes de cair da borda, estendi a mão e peguei a garrafa de vidro com as pontas dos dedos. Quase perdi o equilíbrio, mas consegui me recuperar. Olhando para frente, vi a expressão frustrada do assassino.

    — Isso é tão importante para você? — Em cima do primeiro vagão do trem, Velkist folheava o Livro que Desafia os Céus. — Não parece tão importante. É só um livro ilustrado chato.

    — …

    — Aquele veneno especial? Fraco. O daquela outra garota é muito pior. — Velkist sorriu.

    ‘Como esperado.’

    Ele tinha o Sangue do Dragão Branco. Se ele herdasse o poder de uma espécie antiga, um veneno como esse não o afetaria. Assim como não me afetou.

    — Se você não quer morrer, me entregue.

    A expressão da mulher ficou assustadora.

    — E se eu recusar? — Velkist riu e guardou o Livro que Desafia os Céus em seu casaco.

    — Hmph. Estou realmente ficando velha. E pensar que eu seria enganada por pragas como essa. — A mulher riu amargamente, cobrindo o rosto. Ela olhou entre Velkist e eu, torcendo os lábios em um sorriso. — Meu nome é Spira Nashmi, Assassina de nível mestre de Makramda. Lembrem-se bem do nosso nome. É a única cortesia que dou antes de matar minha presa.

    Ziiiiiii. Com um som metálico áspero, uma enorme faca kukri foi sacada. Spira girou a kukri uma vez antes de se agachar.

    E num instante ela desapareceu.

    — Velkist!

    — Estou ciente.

    Sem olhar para trás, Velkist desembainhou sua espada. Com um barulho alto, faíscas azuis voaram quando o aço colidiu com o aço.

    — Eu cuido dela. Você cuida da outra.

    A outra.

    Olhei para baixo, onde o teto de aço do trem estava e rolei.

    Krrrak! Uma lâmina gigante atravessou o teto. Seu formato crescente cortou o aço e avançou em minha direção.

    Eu pulei para trás, me esquivando e uma pequena sombra surgiu através do rasgo.

    — Meu nome é Flogel Niashmi. — Uma jovem, elegantemente vestida com um uniforme de comissária de bordo, empunhava uma grande foice.

    Claro, Spira não estava sozinha. 

    A outra estava disfarçada entre os passageiros. Um rosto comum, que não chamava atenção.

    — Por favor, lembre-se dos nossos nomes. É a última cortesia que lhes oferecemos.

    — Por que eu me incomodaria com isso?

    — Flogel, termine logo com isso! Não temos tempo!

    — Sim, irmã.

    Flogel deixou sua foice balançar ao lado do corpo. Seus olhos brilharam friamente enquanto a foice girava em um ângulo não natural.

    Usei Bifrost para contra-atacar e num instante, fui arremessado a vários metros de distância.

    — Uh!

    Com o vento batendo violentamente em meu corpo, mal recuperei o equilíbrio. Se eu tivesse sido jogado um pouco mais longe, teria caído do trem.

    ‘Essa força…não é apenas poder bruto.’

    Minha mão direita foi dilacerada. Embora eu pudesse levantar duzentos quilos facilmente, fui jogado para longe como um brinquedo.

    — Que espada boa. Eu pretendia te cortar ao meio — Flogel falou enquanto piscava.

    ‘É como a habilidade Pressão das Montanhas?’

    Uma habilidade de grau S que concede uma força absurda ao seu usuário. Nesse caso, uma disputa direta não era uma opção.

    Troquei a espada para a mão esquerda.

    Vuuuu. O arco crescente da foice mergulhou de perto. Um golpe longo, seguido de um puxão.

    Kkkkkkkrkkr! Rolei para desviar, enquanto o teto destruído do trem voou.

    Ela estava desmontando o exterior do trem com uma facilidade que eu não tive. Ela com certeza é uma ranqueada.

    Ela não pode usar Gravuras, mas suas habilidades não desapareceram.

    ‘Ainda não…’

    Eu só tenho uma chance. Se nenhum de nós pudesse usar nossas habilidades especiais, o resultado dependerá somente das habilidades. Uma mostra de tudo que fizemos e do suor que derramamos.

    ‘Embora isso seja falso.’

    Mas não usar as habilidades com armas me coloca em grande desvantagem. Afinal, acabei de desbloquear as técnicas avançadas de esgrima.

    Zuuuu. Uma fina fatia de carne foi cortada do meu ombro esquerdo.

    Não havia brechas nos movimentos da menina.

    Normalmente, com uma arma grande e não convencional como uma foice, haveria aberturas óbvias. Mas a garota na minha frente empunhava sua arma como se fosse uma extensão natural de seu corpo. Sua maestria com armas estava pelo menos dois ou três níveis acima da minha. 

    Recuei em direção à parte traseira do trem, desviando de seus golpes o melhor que pude.

    — Mesmo sem Gravuras, posso matá-lo com facilidade.

    Se eu tentasse qualquer defesa sem entusiasmo, meu corpo seria dividido em dois. Bom, eu sempre fui do tipo que confia mais na força bruta do que na técnica.

    — Até onde você acha que consegue correr?

    O fim do trem agora estava à vista.

    Flogel alternava a pegada na foice, aproximando-se cada vez mais.

    — Se você tivesse entregado o Livro que Desafia os Céus, pelo menos poderia ter morrido sem dor. Você realmente achou que poderia vencer sem Gravuras? Isso é um equívoco patético. Minha irmã e eu treinamos no inferno muito antes de você ser invocado.

    Numa fração de segundo, puxei uma adaga e atirei nela. Flogel casualmente pegou a lâmina com a mão nua.

    — Que tolice. — Ela suspirou.

    — Ei, você sabia?

    — …?

    — Quem fala demais, morre cedo.

    Não há necessidade de prolongar essa luta. Não preciso brandir minha espada dezenas de vezes. 

    Para matar alguém, tudo o que você precisa é atingir um ponto vital uma vez. E como ainda tem mais uma oponente, não planejei desperdiçar energia aqui.

    — Eu vou acabar com você.

    A foice de Flogel tem cerca de dois metros de comprimento. O alcance dela era muito superior ao meu. E ela usou essa vantagem ao máximo.

    Enquanto a lâmina deslizava em direção ao meu pescoço, abaixei-me no último momento. A foice naturalmente se curvava, e a lâmina enorme se enrolava como uma cobra, mirando cortar meu corpo inteiro. Sua maestria com armas era aterrorizante.

    ‘Droga.’

    Ela é definitivamente uma Ranqueada. Mas é por esse mesmo motivo…

    — Adeus.

    Zing. Com um movimento leve cravei minha espada no coração de Flogel.

    — …?!

    Com a lâmina ainda embutida, torci o punho. O sangue saiu da boca da garota.

    A foice, que estava pairando perto do meu pescoço, escorregou fracamente de sua mão.

    Flogel se virou.

    Atrás dela, ofegante enquanto subia no teto do trem, estava Jenna. Ela havia entrado pelo buraco que Flogel gentilmente havia aberto com sua foice.

    ‘Se ela ainda tivesse suas gravuras, isso teria sido um pesadelo.’

    Mas aqui, ela era apenas uma pessoa um pouco mais forte que a média.

    Flogel não tinha notado que Jenna tinha acordado, bebido o antídoto e puxado seu arco. Bem, não é como se alguém tivesse olhos na parte de trás da cabeça.

    — Eu disse, quem fala demais morre cedo.

    Se ela tivesse tempo para falar, deveria tê-lo usado para avaliar o ambiente ao seu redor.

    Chutei o corpo de Flogel, fazendo-a voar para fora do trem em alta velocidade.


    Eita que Han não tem um único dia de paz. Vai ser uma loucura derrotar os assassinos.

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    Até a próxima~~

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