Índice de Capítulo

    Tradução: Nimsay


    Quando abri os olhos, um teto familiar apareceu. Era o quarto dos meus aposentos particulares no quinto andar da Sala de Espera.

    Não havia vestígios das explosões que destruíram completamente a mansão. Quando retornei da Cidade Dimensional, as instalações danificadas estavam completamente restauradas, como se nada tivesse acontecido.

    Qlqr1 não me impôs nenhuma sanção.

    Ela simplesmente encheu as vitrines recém-construídas com estátuas. Embora quase um milhão de ouros tenham desaparecido como resultado, Qlqr1 não hesitou, apesar de Lucette estar meio destruída e minha missão de ascensão ter falhado.

    Claro, algumas coisas mudaram.

    Vesti minhas roupas casuais e olhei para minha mão esquerda.

    O anel preto que sempre esteve em meu dedo agora se foi sem deixar vestígios. Era a marca de Mestre, um símbolo de ser de Loki, feito à mão e presenteado a mim por Yurnet. Com o poder daquele anel, eu havia me comunicado com ela.

    — …

    No início da manhã, a Mestra não estava conectada. Depois de beber um pouco de água, fui até o campo de treinamento no quintal.

    No momento em que abri a porta do quintal o som de uma flecha atingindo um espantalho ecoou.

    — Você está um pouco atrasado hoje! — Jenna, vestida com roupas de treino, estava praticando arco e flecha.

    — O que está fazendo?

    — Este lugar é perfeito para praticar. O ar parece… certo.

    Zing! Uma flecha cravou-se no peito esquerdo do espantalho.

    Sentei-me numa cadeira de madeira.

    — Se você tem algo a dizer, diga. Eu não gosto de rodeios.

    — Não, eu só queria vir…

    — É sobre ontem? Curiosa sobre minha identidade? Não vou me incomodar com conversa fiada. É exatamente o que você pensa que é. Embora eu ache que você provavelmente já sabia.

    Zing! A flecha que Jenna atirou atravessou direto o centro daquela que já estava alojada no espantalho. Sem dizer uma palavra, ela se preparou para o próximo tiro.

    — Mais alguma coisa que você esteja curiosa?

    Jenna não pareceu particularmente surpresa. Fazia sentido. Não tínhamos passado apenas um ou dois dias juntos. Houve incidentes suficientes para ela suspeitar da minha verdadeira identidade há muito tempo, mas ela deve ter fingido não notar, para não me deixar desconfortável.

    — Você… — Jenna murmurou. — …já foi um Mestre. As pessoas que vimos eram seus heróis, não é?

    — Isso mesmo. Eu os criei para serem os melhores.

    — Então, é por isso que você sabia de tudo, as maneiras de concluir missões, como se tornar mais forte. Eu achei incrível… porque você nunca pareceu não saber.

    — O quê? Você está desapontada?

    — Não, na verdade não estou. — Jenna dobrou seu arco e foi sentar-se na minha frente. — Você não era originalmente de Taoni. Você tinha outra cidade natal. Era esse, planeta Terra?

    — Sim, eu não sou de Taoni.

    Jenna se levantou e, virando-se, continuou falando.

    — Aquela irmã… ela foi longe demais. Ameaçando você daquele jeito. Ela está desqualificada como subordinada. Se tivesse sido eu, teria feito um trabalho muito, muito melhor. Eu deveria ter sido a única convocada para lá.

    — Hum…

    — Não vou mais perguntar. Sei que deve ser estressante para você. Mais uma coisa! — Jenna se virou e apontou o dedo para mim. — Eu vou me vingar daquela mulher arrogante de algum jeito! Eu não posso simplesmente deixar ela passar por cima de você. Tudo bem?

    — Vingar-se dela?

    — Ela parece muito forte, mas… se eu me esforçar, não consigo superá-la?

    — Você realmente não a conhece, não é?

    Jenna mexeu o dedo.

    — Eu sei. Ouvi histórias sobre ela em Niflheimr. ‘Seris, a invencível.’ Mas ela ainda é como eu, então se eu trabalhar duro, acho que posso superá-la. Só espere para ver. Vou mostrar a ela o que uma gênia pode fazer1!

    — …

    — De qualquer forma, vou continuar treinando! Relaxe hoje, irmãozão. E não se desvie. Não importa qual escolha você faça, não esqueça que eu estou sempre do seu lado!

    Jenna saltou levemente sobre o muro do quintal e desapareceu.

    Dei uma gargalhada. Era uma diferença que poderia ser superada com esforço? Eu certamente não me lembrava de treinar Seris sem entusiasmo.

    Que eu era anteriormente um mestre e fui invocado de algum lugar diferente de Taoni. Essas foram as únicas perguntas de Jenna.

    ‘Ela está sendo atenciosa de propósito ou ela simplesmente odeia coisas complicadas?’

    Meu sorriso aumentou. É difícil dizer, mas uma coisa era certa.

    ‘Vingar-se dela é um absurdo.’

    Não importa quão extraordinário fosse o talento de Jenna, era incomparável ao de Seris. Eu tinha visto em primeira mão. Jenna também devia saber disso. Não tinha como não saber.

    A ostentação tinha seus limites.

    Seris foi o ápice de todos os meus esforços e pesquisas. Ela não era alguém que poderia ser superada apenas por talento ou sorte.

    ‘E ainda assim ela diz isso.’

    Superar Seris significaria superar meu antigo eu.

    — … — Enfiei o Bifrost no chão. — Quem está me observando?

    No quintal vazio, fiquei de pé.

    — Não se esconda e saia logo. Eu sei que você está aí. Não é Seris ou Yurnet. Não combina com Ridgion ou Nihaku também. O que significa que só pode ser uma pessoa.

    Eu me virei.

    Uma sombra farfalhou no canto dos arbustos do quintal e um garotinho surgiu. Ele não parecia mais velho do que um adolescente, usando um boné puxado para baixo sobre o rosto. Sob a aba, olhos violetas brilhavam para mim.

    Muden Neidelk.

    — Você me pegou.

    — Achou que eu não faria isso?

    Naturalmente, eu não era forte o suficiente para detectar sua presença. Era uma dedução lógica. Para algo tão significativo quanto vigilância, não havia como não enviarem alguém.

    — Qual é o seu papel?

    — Guarda e vigilância — Muden respondeu sem rodeios.

    — Você e Seris não se davam bem.

    — Hah, eu odeio esse trabalho também. Você devia ter substituído a sub-mestra. O movimento especial do garoto estava quase pronto.

    Ele estava falando de Aaron? Parece que ele está bem.

    — Você parece saber o que tem no primeiro servidor também.

    — Sim. Ouvi isso da Seris. Não me importo muito, mas ela insistiu. Não tive escolha a não ser vir. — Muden soltou uma risada seca. — Não espere minha ajuda, Mestre. Eu particularmente não gosto de você. Fui usado como bucha de canhão mais vezes do que posso contar, dizendo que eu não tinha talento. Você realmente me fez passar por maus bocados.

    Esse cara era fundamentalmente estoico e distante.

    Mesmo durante a primeira batalha, quando os companheiros de equipe estavam morrendo ao seu redor, ele não entrou em pânico. Seris deve tê-lo escolhido para o trabalho de vigilância por causa disso. Os outros três teriam sido muito imprevisíveis.

    — Só siga o que Seris diz. Conclua a missão e volte para a Terra. Nós cuidaremos das distrações externas. Com sua habilidade, você pode lidar com isso. Quero dizer, você quebrou recordes, concluindo até o sexagésimo andar em menos de meio ano.

    Muden sorriu.

    — Obrigado a todos.

    — Tá.

    — Os outros também estão ouvindo isso?

    Continuei, me perguntando se ele estava escondendo ou se realmente não tinha a mínima ideia do que estava acontecendo.

    — Primeiro, gostaria de dizer obrigado.

    — …?

    — Eu teria lutado muito mais sem vocês. Graças a vocês, cheguei aqui confortavelmente. Essa é a verdade. Lidei rapidamente com os incômodos e fiquei mais forte. Se não fosse pela sua ajuda, teria sido uma estrada muito mais longa. Foi ótimo ter um apoio tão poderoso. Não sabia que ter um apoiador poderoso era tão bom. — Levantei Bifrost do chão. — Mas eu não era seu rei.

    Era uma ilusão.

    A hospitalidade inesperada, o apoio esmagador. Eles me trataram como realeza e me encheram de privilégios. Eles trataram alguém que os via como meros dados como um rei. Se eu dissesse que não me entreguei a isso, seria uma mentira.

    ‘Eu estava carente.’

    Eu os conhecia como personagens do jogo, mas não como pessoas. Essa era a diferença entre mim e El Cid.

    ‘Tell me enganou de novo?’

    A afirmação de que os heróis de Niflheimr me seguiram incondicionalmente. Eu não podia negar, porque também não confiava totalmente neles. Eu apenas aceitava a ajuda deles, raramente dando algo em troca.

    Recebi inúmeros favores.

    No final, sem a intervenção de Niflheimr, eu teria sofrido muito na luta contra os Ranqueados. Essas mesmas pessoas me pediram apenas uma coisa.

    ‘O correto seria obedecer.’

    Pelo menos, eticamente falando.

    — Muden.

    — Hum?

    — Volte.

    Muden olhou para mim como se eu fosse louco.

    — Você enlouqueceu?

    — Você não vai voltar?

    — Claro que não. O que diabos você está pensando…?

    Eu inverti minha pegada no punho de Bifrost, tendo como alvo meu peito esquerdo. Liberando as escamas do dragão negro, empurrei a lâmina para frente com toda a minha força.

    — Merda! — Num instante, Muden apareceu ao meu lado e pegou a lâmina. Um segundo depois, o sangue estava jorrando do meu coração enquanto eu estava esparramado. — Mestre, você está louco?!

    Bam! Bifrost caiu da minha mão.

    Muden rangeu os dentes enquanto falava.

    — Você percebe? Se você morrer, Niflheimr…

    — Estará condenada.

    Mesmo se eu me afastasse, Niflheimr poderia sobreviver por pelo menos dez anos. Isso também significava que, sem mim, a vida de Niflheimr acabaria.

    — A menos que você queira ficar trancado em confinamento solitário, não faça coisas como essa de novo!

    — Como eu vou completar a missão então? Como você vai me mandar de volta?

    — Você enlouqueceu. — Muden sacou sua arma, a lança escura, Runein. — Pense logicamente. Isto é para o seu próprio bem.

    — É o que vocês pensam. Vocês me arrastaram até aqui à força e agora querem que eu vá embora como se estivesse sendo expulso? Não posso fazer isso. Eu faço minhas próprias escolhas. Se fico aqui e crio o inferno ou retorno à Terra e fico por aí. Não tentem me controlar. Se chegar a esse ponto… prefiro morrer. — Soltei uma risada amarga. — Com seu poder, pode me parar. Mas até onde isso vai te levar? Você pode me seguir durante as missões? E se eu me matar no meio da missão?

    — …

    — Eu vou completar a missão. Essa é minha decisão. Além disso, não interfira. Meu destino é meu para decidir. Eu não o confio a ninguém.

    — Você…

    — Sou diferente de quando eu era mestre?

    Dei um passo à frente e a ponta da lança roçou meu peito.

    Ele estava certo. O antigo eu nunca teria feito algo tão imprudente. Estou apostando minha vida nisso.

    — Obviamente, não sou mais o mestre.

    Muden abaixou sua lança.

    — Inacreditável.

    — Diga a Seris para parar de me incomodar, a menos que ela mesma venha.

    — A vida do nosso mestre não é só dele. É nossa também…

    — Eu pareço que vou morrer tão facilmente? — Embainhei Bifrost.

    — …Seris não vai aceitar isso.

    — Diga a ela para vir depois que a torre for finalizada. E aí ouvirei, sem reclamações. Podem até me amarrar e arrastar de volta para o planeta Terra.

    — Você sabe como tirar minha paz de espírito.

    Muden levou as mãos à testa. Com uma tênue imagem residual, ele desapareceu.

    ‘Eu ganhei algum tempo?’

    Estalei os dedos e uma poeira estelar se espalhou, revelando uma fada familiar.

    [Ele se foi?]

    Isel olhou ao redor nervosamente.

    — Você deveria saber melhor que eu.

    [Parece que ele se foi por enquanto…]

    Ela parecia aterrorizada pela presença de Muden. E não é de se admirar, ele é um monstro que superava em muito os heróis comuns.

    E Isel nem estava no nível duzentos.

    Embora ela não fosse páreo para ele em termos de poder de combate, suas outras habilidades eram inigualáveis. Ela poderia interferir diretamente nos servidores e dados do jogo.

    — Abra o portal.

    […Ok.]

    Isel assentiu.

    Ela girou os braços, reunindo energia.

    [Haaaap! Portal das Fadas!]

    Uma luz deslumbrante irrompeu e um portal dimensional se abriu diante de mim. Sem hesitar, entrei.

    Houve a sensação familiar de flutuar e luzes suaves me envolveram.

    Aviso

    Entrada não autorizada…


    Aviso encerrado.

    Isel silenciou o alerta com um toque no holograma.

    Então, um quarto aconchegante se materializou, com uma cama arrumada, escrivaninha e cadeira. Na parede, pendia uma moldura com meu autógrafo.

    【Sala 75244687】

    Quarto de Isel

    Essa era outra dimensão por trás da Sala de Espera. Somente aqueles que tinham acesso concedido por Isel podiam entrar.

    [Ufa.]

    Isel enxugou a testa com as mãos em punhos, exausta enquanto o portal atrás dela finalmente se fechava.

    — O item?

    Isel apontou para a mesa. Ao me aproximar, abri a gaveta e vi um livro encadernado em couro que me era familiar.

    ‘Bem, não é perfeito.’

    Folheei o livro. Algumas páginas estavam rasgadas, cerca de metade delas.

    ‘Passei por muita coisa por isso.’

    Criar um livro falso que parecesse o real exigiu um esforço considerável. Felizmente, era grosso o suficiente para que a falsificação não fosse óbvia.

    Eles caíram nessa.

    Claro, Seris provavelmente nunca tinha visto o verdadeiro Livro que Desafia os Céus. Não foi possível criar uma falsificação completa, então preenchi metade com seções genuínas.

    Eu consegui antes que os assassinos chegassem, no caso de que algo desse tipo acontecesse.

    — Então, você terminou de analisar os dados?

    Virei-me para Isel. Eu fiz a cópia com a maior parte das coisas menos importantes.

    [Hum, bem…]

    — O que?

    Hesitando, Isel falou.

    [… Eu descobri que isso tem a Gravura do El Cid.]


    1. Eu queria ter a positividade da Jenna, sério, ela não se deixa embaçar nem pela Seris…[]

    É eita em cima de eita…

    Enfim, não se esqueçam de ir ao Discord da Illusia caso encontrem um erro, queiram apoiar os autores/tradutores ou conversar com outros leitores!

    Até a próxima~~

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