Índice de Capítulo

    Tradução: Nimsay


    Abri o Livro que Desafia os Céus. Estava rasgado e arranhado, tornando impossível entender seu conteúdo, mas o poder que se retorcia em seu interior era palpável.

    ‘No começo, pensei que ele me deu lixo, mas acabou sendo mais útil do que eu esperava.’

    — Mestre, por favor, pare.

    — Por que eu deveria?

    — Nós convocamos Yurnet. Se você esperar um pouco mais, tomaremos as medidas apropriadas e o enviaremos de volta ao planeta Terra…

    — Você vai me mandar de volta para o planeta Terra?

    Nisled cambaleou ao se aproximar de mim. — Este não é um lugar para o Mestre ficar. Você deveria retornar à Terra e… viver uma vida segura… — o tom de voz dela era quase suplicante.

    — Eu não sabia que você se importava tanto comigo — falei sem olhar para ela.

    — Eu também sou uma heroína do Mestre. Recebi sua graça e sobrevivi até agora. É por isso que…

    — Está fazendo tudo isso por mim?

    — …Sim.

    — Não se preocupe. Eu retornarei à Terra.

    — Então, vá imediatamente…

    — Mas não será agora.

    Em um instante a luz do portal dimensional próximo ao altar no Centro de Fomento diminuiu. Era uma passagem conectada à Terra que provavelmente desaparecerá em menos de um minuto.

    — Eu posso sentir isso — murmurei enquanto segurava o Livro que Desafia os Céus aberto.

    Eu estava sendo chamado.

    Quando coloquei minha mão na borda da capa, uma luz se espalhou por todo o Centro de Fomento.

    — Se se recusar, farei isso à força. — Nisled chutou o chão e pulou em direção ao teto.

    Com movimentos ágeis como os de uma cobra, uma adaga surgiu da mão de Nisled enquanto ela corria de cabeça para baixo pelo teto.

    [Eu não vou deixar você fazer isso!]

    — Ugggh!

    Isel, transformada em um raio de luz, atingiu uma das laterais de Nisled, jogando o corpo da assassina violentamente para trás.

    [Uh! Yaa-aaa-aaa-ah!]

    Isel começou a tremer como se tivesse sido atingida por um raio.

    Ela foi penalizada por atacar um herói, pois não houve justificativa de autodefesa. Mostrando olhos brancos e espumando pela boca, ela parecia bastante chocada.

    [Aaaaaaah! Aaaack! Eu vou morrer…]

    — Você não precisava intervir.

    [Mas…]

    Isel, deitada no chão, olhou para mim enquanto se contorcia.

    Dei um leve sorriso e falei.

    — Você se saiu bem de qualquer maneira, minha primeira subordinada.

    [Hehe, hehehe…]

    — Espere um momento. Eu volto logo.

    [Entendido. Vou esperar.]

    Naquele momento, a porta do Centro de Fomento se abriu com uma força estrondosa. Lá fora havia uma multidão de assassinos, vestidos com roupas pretas e máscaras.

    — …Protejam o Mestre — Nisled, deitada no chão, murmurou.

    Em um instante, dezenas de assassinos, transformados em sombras, avançaram de todas as direções. Eles atacaram de diferentes ângulos e velocidades, mirando em todos os pontos possíveis dos quais eu pudesse desviar.

    — É tarde demais.

    Não preciso fugir ou contra-atacar, só preciso fazer um mínimo movimento.

    Fechei firmemente o Livro que Desafia os Céus e uma luz brilhante se espalhou.

    As figuras dos assassinos correndo em minha direção diminuíram a velocidade como em um vídeo em câmera lenta e depois pararam.

    Soltei um suspiro profundo e fechei os olhos.

    ‘Não posso ir embora assim.’

    Não estou fazendo isso para saber minha origem. Não é por Priasis, Eolka ou Edis.

    É por mim.

    ‘Se estou tão irritado a ponto de não conseguir dormir, preciso garantir que o conseguirei.’

    Uma casa cara, comida deliciosa e um carro… De que servem todas essas coisas? Se houver algo pelo qual deva assumir a responsabilidade, eu o farei, e se houver algo pelo qual preciso pagar, eu também o farei.

    Isto é simplesmente seguir meus próprios princípios.

    ‘Então, não se esconda, saia e me enfrente.’

    Abri meus olhos.

    【Dimensão não reconhecida.】

    Assistência urgente é necessária! Chamem os gerentes!

    Atrás da minha visão turva, apareceu um lugar que eu já tinha visto antes.

    Pisquei algumas vezes até que minha visão clareou e vi um vasto campo de trigo se estendia diante de mim. Uma brisa fresca soprava pelos campos de trigo ondulantes.

    Olhei para a minha direita e uma mensagem holográfica piscou antes que novas palavras aparecessem.

    【100º Andar】

    Tipo de Missão – Desconhecido.

    Objetivo – Desconhecido.

    O centésimo andar?

    — Isso é… — Estalei a língua e comecei a andar pela trilha que se estendia até o campo de trigo. Virando à direita no caminho sinuoso, uma casa de madeira familiar apareceu.

    — Israt. — Um jovem sentado em uma cadeira do lado de fora se levantou. Pryos, vestido com roupas simples de pano, aproximou-se lentamente de mim. — Você finalmente chegou. Eu estava esperando…

    Bum! Pryos rolou pelo campo de trigo depois que recebeu um soco. — É uma recepção bastante rude — ele murmurou com um sorriso amargo.

    Sacudi meu pulso dolorido. Planejei arrancar alguns dentes dele, mas seu rosto era mais resistente do que eu pensava.

    Olhei para o príncipe com uma expressão impassível.

    — Você não estava morto no octogésimo andar?

    — Sim. Eu morri.

    O príncipe limpou o sangue dos lábios e se levantou.

    — Então o que você é? Um fantasma?

    — Mais ou menos. Não estou nem vivo nem morto. Você poderia me chamar de… uma ‘memória’. É uma característica desta terra que criei.

    — Eu não vim aqui para brincar com suas palavras.

    Olhei em volta e vi uma pequena casa construída no meio do campo de trigo.

    ‘Um pedaço de terra.’

    O príncipe criou este refúgio para Pria, para que ela pudesse passar os dias restantes sem nenhuma interferência.

    — O soco de um irmão mais novo já adulto… é tão feroz — Pryos sorriu gentilmente.

    — Não me irrite. Você deveria me agradecer por não ter te batido com mais força.

    — Hahahaha.

    — Agora você espera que eu te trate como um irmão mais velho? Foi tudo uma encenação desde o começo, seu desgraçado.

    — Eu não sou tão descarado assim, Israt.

    — Não me chame por esse nome.

    — Como desejar — Pryos cuspiu o sangue da boca e falou em tom baixo. — Vamos direto ao ponto. Não parece que temos muito tempo.

    — …

    — Se isso continuar, Mobius será destruído em breve.

    — Eu sei.

    — Então eu te pergunto. — Os olhos transparentes de Pryos examinaram meu corpo. — O que você quer fazer?

    — …

    — Você quer voltar para a Terra? Ou vai continuar a luta sem esperança?

    — Antes disso, deixe-me perguntar uma coisa.

    — O que você quiser.

    — Você fez tudo isso para me manter aqui? — depois que falei isso, os olhos do príncipe se estreitaram. — Eu te aviso, mesmo que tudo que eu tenha visto seja verdade, Israt ou o que seja, esse cara morreu há muito tempo. Se você espera que eu te trate como família, nem sonhe com isso.

    — Hahahahaha. É óbvio. Israt, eu te abandonei quando você decidiu ficar conosco em Taoni. Como eu poderia ter a audácia de exigir alguma coisa? — Pryos falou sorridente. — E eu não achei que você sobreviveria. Foi uma aposta com probabilidades muito baixas.

    — Hum…

    — Mas você não apenas sobreviveu, como também voltou para cá. Se não fosse por você, o cenário Taoni nunca teria começado. Era uma dimensão quase descartada devido à sua alta dificuldade e múltiplos erros.

    — …

    — Se não fosse por você… teríamos permanecido adormecidos por incontáveis ​​eras. Eu, Priasis, os heróis e as raças antigas teríamos sido enterrados na escuridão por um longo tempo. É por isso que eu reconheço você. Eu não te ajudei, você chegou até aqui com sua própria força.

    Um sorriso torto apareceu nos lábios de Pryos.

    ‘Ele está falando absurdos novamente.’

    Que hábito muito irritante. Em outras palavras, esse desgraçado arrogante estava me testando. Se eu tivesse morrido no caminho, ele não se importaria.

    ‘Isso significa que ele não se importava se Pria também morresse?’

    Bom, depois de passar por isso dezessete vezes, não consigo adivinhar o que ele estava pensando.

    — Então, quais são as probabilidades? — perguntei.

    — Probabilidades?

    — De vencermos se eu ficar aqui e lutar contra eles.

    Pryos ficou em silêncio me olhando.

    — Eu não faço apostas sem chances de ganhar. Mesmo se eu tivesse o poder do sangue dourado, não acho que conseguiria derrotar todos os fragmentos.

    — Isso é verdade, o poder dimensional não é invencível. Ele tem seus limites, como você já viu. Esse poder… é apenas um remanescente incompleto e imaturo de uma dimensão superior — Pryos falou com calma.

    Cruzei os braços e ponderei. Se eu tiver o sangue do imperador, despertar esse poder e enfrentá-los com toda a minha força… Será que eu conseguiria derrotar aquela desgraçada?

    Não importa o quanto pense sobre isso, parece impossível. 

    Isso vai além do senso comum e não consegui encontrar uma solução mesmo depois de executar centenas de simulações.

    Por enquanto, pelo menos.

    — Israt, o sangue dourado é apenas uma pequena parte do seu potencial. — Estreitei os olhos ao ouvir meu ‘irmão’ falando. — Você sabe por que o plano de sete estrelas falhou?

    — …

    — Porque nenhum herói, não importa quão excelente, poderia conter completamente a existência de um Mestre. O mesmo aconteceu com o herói conhecido como o Conquistador. Seu corpo quebrou ao cruzar as dimensões e teve que ser transferido para o corpo de outro herói. Mesmo isso estava incompleto e quando ele atingiu o limite das sete estrelas, começou a desmoronar.

    O Conquistador, ele deve estar se referindo a El Cid.

    Lembrei-me do que estava escrito no Livro que Desafia os Céus. Quando ele foi invocado pela primeira vez, ele possuía o corpo de um insignificante herói de uma estrela.

    ‘Agora eu entendi.’

    Se uma existência de uma dimensão inferior não pode ir para uma superior, o mesmo deve se aplicar ao contrário.

    Mesmo se transferido, não poderia durar muito ou usar todo o seu poder. Como o sub-mestre da União que lutou contra Niflheim no passado. 

    Enquanto ordenava meus pensamentos, perguntei: — Então como Tell criou o jogo?

    — Ela está apenas manipulando desajeitadamente uma pequena parte do planeta Terra. Isso é quase divino, mas a concentração é diferente da sua, diretamente conectada. — Pryos sorriu largamente. — Israt, você não é nem da Terra, nem de Mobius.

    — Então o que eu sou?

    — Eu conheço um homem que se parece com você.

    — …

    — O Imperador.

    Franzi a testa em silêncio. Esse nome apareceu novamente.

    — Os seres antigos que fizeram um pacto com o Imperador o chamavam de ‘cálice infinito’ — Pryos continuou falando.

    — …

    — Essa é a origem do sangue dourado que Priasis e eu possuímos.

    — Então, ganharei alguma habilidade especial?

    — Você pode fazer síntese infinita.

    Soltei uma risada sarcástica. Desta vez, parece que ele explicou claramente.

    ‘Síntese infinita.’

    Lembrei-me das características das sete estrelas que conhecia.

    Eles podiam ultrapassar o limite de um herói, o nível noventa e nove, e reorganizar e aumentar suas habilidades e gravuras à vontade. Além disso, podem sintetizar heróis, personagens não jogáveis e monstros próximos para ganhar poder no local.

    ‘Mas também tem seus limites, atingindo só o nível novecentos e noventa e nove.’

    Mesmo que ultrapassem o limite de heróis, não podem superar o sistema. E se a síntese for repetida, as informações se misturarão. No final das contas, era uma união de dados.

    À medida que a síntese se repete, a informação original se dilui e isso levará ao colapso.

    Como o que aconteceu com El Cid.

    ‘Mas se não houvesse tal penalidade…’

    — Isso… pode ser útil — murmurei.

    — Você realmente acha isso?

    — …

    — É apenas uma possibilidade. Você acha que pode mudar o destino do universo com esse poder? — Pryos se aproximou de mim com seus olhos dourados brilhando friamente. — Você também viu.

    — Sim, eu vi.

    Eu vi isso duas vezes.

    Primeiro o mar de fragmentos infinitos e depois uma existência de uma escala incomensurável que parecia impossível de encarar.

    Mas é claro que o que eu vi não era nem um centésimo, ou milésimo, deles. Eles não vão parar até que Mobius seja destruído.

    ‘Porque é assim que tem que ser.’

    Quando a vida acaba, ela morre. É uma lei natural que ninguém pode negar. Insetos, plantas, humanos, estrelas, sistemas estelares e galáxias.

    É uma regra absoluta que se aplica a todo o universo.

    ‘Então só posso dizer uma coisa a quem criou essa regra: Vá a merda1.’

    — As chances de ganhar são de cerca de um por cento — falei.

    — Você é muito otimista.

    — Estou arredondando para cima. De qualquer forma, se houver um por cento, vale a pena tentar. Vou sair daqui, continuar sintetizando e aumentar meu poder.

    — E então?

    — Eu vou matar todos eles — falei olhando Pryos nos olhos.

    — Você quer dizer aqueles Ceifadores? Milhões, bilhões, trilhões de fragmentos? Isso é ridículo. Mesmo se fosse possível, depois deles vem…

    — Só preciso acabar com os desgraçados que enviaram os fragmentos2.

    — …

    Virei a cabeça, mas Pryos segurou seu rosto.

    — Você… está louco.

    — Pense no que quiser.

    — Hahahaha — Pryos se curvou. Antes que pudesse falar, ele segurou a barriga e caiu na gargalhada incontrolável. — Ah, ah! Hahahhahaha! Hahahahahaha!

    — …

    — É absurdo! Um mero humano que não é nem um grãozinho no vasto universo ousa dizer coisas tão arrogantes! Hahahaha! Você quer me matar de rir, Israt?

    — Eu não disse isso para fazer você rir.

    — Sério…? Você está falando sério? — Pryos parou de rir e olhou para a cabana que estava atrás dele. Estreitei os olhos quando vi quatro figuras estranhas em vestes esfarrapadas surgindo dela. Seus rostos estavam escondidos sob as sombras de seus capuzes. — Este humano insignificante aqui presente quer desafiar o universo inteiro. Então… o que vocês farão? Eu, Pryos Al Ragna, com legítimo sangue dourado, ordeno.

    — …

    — Cumpram o antigo acordo.

    Com uma ventania, uma energia dourada emanou dos pés de Pryos.

    Aquela luz viajou por seu corpo, apagando as roupas simples que ele usava e vestindo-o com trajes luxuosos e ornamentados. Uma capa majestosa se acomodou em seus ombros, e uma coroa dourada adornou sua cabeça.

    — Como eu disse antes… — Pryos, enquanto falava, estendeu a mão direita e a luz que emanava dele começou a destruir o campo de trigo. — Se não posso terminar aqui, começarei aqui.


    1. Eu queria ser mais agressiva aqui, mas achei que fugiria do personagem ashuahssuhauh.[]
    2. … Eu achando que ele ia fazer algo mais rebuscado, mas não, vai ser o bom e velho: ‘Mata todo mundooooo’.[]

    …A história parece estar dando os passos para a finalização. Mas pra onde vai esse final, nem faço ideia.

    Enfim, não se esqueçam de ir ao Discord da Illusia caso encontrem um erro, queiram apoiar os autores/tradutores ou conversar com outros leitores!

    Até a próxima~~

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