Índice de Capítulo

    Tradução: Nimsay


    Subi as escadas com Sizel pendurada na cintura.

    — Ugh…!

    Já haviam se passado dez minutos desde o fim da primeira batalha no Éden. Estou indo para o último andar de um shopping que eu tinha destruído. Toda vez que eu me movia, Sizel soltava um gemido fraco.

    — Suporte a dor. Não tenho intenção de ser atencioso. Você deveria ser grata por eu não ter te matado.

    Este ser já havia perdido sua divindade. O poder avassalador que tinha visto antes não estava em lugar nenhum. O que sobrou foi apenas um resquício do que já foi uma divindade. 

    É por isso que Tell não hesitou em jogar Sizel em mim.

    Bam. Quando cheguei ao terceiro andar do shopping, joguei Sizel de lado descuidadamente. Ela rolou vários metros pelo chão até bater na parede.

    Zzzzzzzz. Faíscas voaram dos fios quebrados do teto.

    Puxei uma cadeira do meio do corredor e sentei-me em frente a Sizel.

    — Você é a secretária do diretor do jogo Escolha-me!, Sizel. Se estou correto, acene com a cabeça duas vezes.

    Os ombros de Sizel tremeram levemente, mas ela assentiu duas vezes.

    — Ah… Ah…

    Ela queria pronunciar meu nome, mas todas as suas cordas vocais e órgãos fonatórios estavam danificados.

    Sua voz era apenas um gemido quebrado e incompreensível.

    [Hum…]

    Freya bateu as asas e pousou no ombro de Sizel.

    Olhei para a fada e falei.

    — Você consegue fazer isso?

    [Sim, vou tentar.]

    Bom.

    Coloquei minha mão no ombro de Sizel. Meu poder de interferência penetrou em sua pele avermelhada.

    — Eu bloqueei temporariamente seus nervos. Você deve conseguir se mover um pouco.

    — …

    — Agora, Freya vai sincronizar seus sentidos. Diga o que você quer dizer. — Freya fechou os olhos e todo o seu corpo começou a emitir um brilho azul. — Vou perguntar de novo. Você é a secretária do Alpha Zero, Sizel, não é?

    < …Sim. >

    Freya falou e o tom que saiu foi sua voz suave e feminina, que eu já tinha ouvido.

    Com uma voz calma, ela me respondeu.

    < Sim, eu sou… >

    — Agora podemos nos comunicar.

    Sentado na cadeira, cruzei as pernas.

    Sizel, deitada no chão, se contorcia.

    < Obrigada por… me poupar… >

    — De nada.

    Eu não tinha bons sentimentos em relação a ela.

    Na embarcação Mobius, Pioneiro, Alpha Zero e Sizel só me informaram os fatos que lhes convinha. Eles excluíram deliberadamente que o jogo Escolha-me! terminava no nonagésimo andar e que o planeta não poderia ser restaurado.

    — Eu te salvei porque preciso de você.

    Esmagar Tell e sua empresa não é o suficiente.

    Enquanto estiver lutando contra os fragmentos na fronteira, preciso de alguém que possa restaurar Taoni. Não é uma tarefa fácil e somente alguém com as habilidades certas poderia tentar.

    ‘Nesse sentido… Alpha Zero é a melhor opção.’

    O principal arquiteto do sistema deste jogo. Embora tenha me traído, estava claro que ela queria restaurar Mobius.

    ‘Usarei Freya como eixo principal e Alpha Zero como suporte.’

    As condições para a restauração eram suficientes. Eu lidaria com os conflitos com os fragmentos durante o processo.

    — Você sabe por que poupei sua vida?

    < Para coletar informações? >

    — Essa é uma tarefa secundária.

    < O diretor… >

    — Sim. Preciso daquele velho pervertido.

    Com meu poder, eu poderia controlar Alpha Zero facilmente. Seja por meio de lavagem cerebral ou contratos.

    < Ah… Loki. >

    Sizel rastejou em minha direção e agarrou meus pés.

    < Por favor, salve o diretor. Ele ainda está preso na empresa. Embora ele esteja resistindo, em breve aquela mulher o devorará. >

    — Eu sei. Irei assim que terminarmos de conversar.

    < Obrigada! >

    — Não diga bobagens. Faça seu trabalho — falei friamente enquanto cruzava os braços. — Eu vou destruir esta cidade. Logo a dimensão desaparecerá. Então, qual será sua parte?

    < Evacuação. >

    — Certamente há pessoal valioso aqui. Embora você tenha sido expulsa, você era uma alta executiva. Evacue-os como for possível. Se você fizer esse trabalho bem, eu vou tirar a maldição de você.

    < Não faça isso… >

    Ela se negou a retirar a maldição?

    < Não importa o motivo, eu te enganei e brinquei com o destino dos seres neste universo. Você não precisa remover a maldição. Esta tortura é a marca do meu pecado e eu a carregarei até o fim. >

    — Sério?

    < Sim. >

    Eu me acomodei na cadeira.

    ‘Eu não entendo essas pessoas.’

    Primeiro eles me traíram e agora querem se redimir.

    < Eu sinto um grande poder em você. >

    Sizel olhou para mim com seus olhos despedaçados.

    < Você tomou uma decisão? >

    — Que decisão?

    < … >

    — Não é da sua conta. Apenas faça seu trabalho direito. — Tirei uma adaga da bainha do meu cinto. Concentrei meu poder de interferência na lâmina e a joguei perto da cabeça de Sizel. — Use isso. Deve ser o suficiente para se mover.

    Estendi a mão pela vitrine de uma loja de roupas.

    Um longo casaco de manequim foi atraído pela minha mão. Deixei o casaco com capuz ao lado da adaga.

    — Vista alguma roupa. É desagradável ver você assim.

    <…Obrigada.>

    Estalei os dedos e a energia azul que emanava de Freya desapareceu. A sincronização sensorial foi interrompida.

    — Bom trabalho.

    Freya empoleirou-se no meu ombro.

    Olhei rapidamente para Sizel, que estava deitada no chão, e me virei. Comecei a descer as escadas em direção ao andar inferior.

    Não há muito tempo. Tell não morrerá facilmente e está claramente tramando algo. Qualquer que fosse seu plano, tenho certeza de que conseguirei esmagar sua cabeça.

    ‘Mas primeiro…’

    Cheguei ao primeiro andar do shopping e a placa de uma loja de conveniência piscou ao lado da saída.

    Embora estivesse em ruínas, vi alguns itens intactos.

    ‘Faz um tempo…’

    Peguei um sanduíche na prateleira da geladeira.

    Um sanduíche de loja de conveniência. Uma comida instantânea que custa cerca de dois mil wons.

    [Posso ficar com um também?]

    — Por que você está me perguntando isso? Faça o que quiser.

    [Tudo bem!]

    Freya voou e trouxe um milk-shake de banana, com um canudo. Enquanto ela bebia, o líquido amarelo desapareceu da garrafa.

    Sorri e mordi meu sanduíche. Entre os pães havia presunto, ketchup, alface e molho. Eu não sei quando desfrutarei de tanto luxo novamente.

    Mas…

    — Freya.

    [Sim?]

    — Pegue isso.

    Entreguei a ela o sanduíche meio comido. Freya inclinou a cabeça e então enfiou o alimento na boca, enchendo suas bochechas.

    ‘Entendo… eu não sinto mais o gosto.’

    A textura do pão. A crocância dos vegetais. O sabor do ketchup.

    — Ugh.

    Cuspi o pedaço de sanduíche.

    Abri a porta de vidro e saí. Um vento cortante percorreu a rua.

    — O clima aqui…

    [Eh?]

    — Está frio.

    [Como Loki disse, está um pouco frio.]

    Coloquei a capa sobre meus ombros e voltei a caminhar pela estrada que levava à sede.

    ‘Sinto nada.’

    O sabor do sanduíche. O frio do vento noturno em minhas bochechas. A firmeza do asfalto sob meus pés.

    Zzzzz. De repente, minha visão ficou turva. As inúmeras cores que se harmonizavam foram rasgadas em preto e branco.

    ‘Está monocromático…’

    Eu não consigo mais visualizar outras cores. É como se estivesse assistindo a um filme muito antigo.

    Apertei a estátua com força no meu bolso, acariciando-o várias vezes, relembrando sua textura.

    Não demorou muito para que meus sentidos retornassem.

    — …

    Já chegou nesse ponto? Ainda não, tenho coisas para fazer.

    Cerrei os dedos dos pés e pulei com toda a minha força. Toda vez que eu pisava no chão, os carros próximos eram lançados pelos ares com um estrondo.

    Faltavam algumas centenas de metros para a sede. Corri a toda velocidade pelo viaduto tortuoso.

    [Cadê todo mundo?]

    Os prédios e ruas estavam vazios, provavelmente por causa da evacuação.

    ‘Eles não vão mais mandar gente ‘pequena’.’

    Isso me convém, afinal não quero perder tempo.

    No meio da rua, pulei dez metros no ar e corri até o muro do prédio e finalmente cheguei à entrada da sede, a praça.

    > Mobius Inc. <

    Guarda da Cidade Nv.99】x 317

    Centenas de guardas armados com armas pesadas estavam posicionados atrás de barricadas.

    < Estou avisando Mestre Loki! Largue suas armas imediatamente e… >

    Dei um soco no ar. Bum! A barricada de aço de vários metros de altura voou em pedaços.

    — Aaaah!

    — Eles ainda não entenderam?

    Cerrei novamente meu punho. Crunch! Dezenas de soldados foram esmagados além do reconhecimento. Nem vale a pena usar a Espada de Escama de Dragão.

    — Só mais um pouco e os reforços chegarão…

    — Afaste-se.

    Passei o dedo no ar e a multidão de centenas de pessoas na entrada do prédio se dispersou.

    — Recuem! Recuem por enquanto!

    Eles começaram a fugir em pânico, na direção oposta à sede. Uma decisão sábia. Eles não querem ser arrastados para isso.

    Abri a porta giratória e entrei na sede.

    【Mobius Inc.】

    1A

    O interior do prédio estava escuro. Depois de alguns passos, as luzes se acenderam e revelaram o interior.

    — Você chegou. — Atrás do balcão de informações no primeiro andar, um homem de meia-idade, com um terno imaculado, estava me observando. — Você é o herói imprudente que pretende desafiar a empresa? Eu vi seu poder há um momento, mas seria um erro julgar nossa força por isso.

    — Quem é você?

    — Perdoe minha descortesia. Sou uma divindade da assembleia universal, reconhecida pela presidenta e agraciada com a posição de diretor…

    Passei pelo detector de metais.

    O lugar era imenso, mas não havia outros funcionários à vista.

    �∇文G!!#絶Z Nv.999】

    — Como você pode ver, eu trabalho por uma causa nobre. Pelos pobres seres do nosso universo. Por milhares, milhões de anos, nós trabalhamos diligentemente, observando as criaturas…

    — …

    — E ainda assim! Nós, seres superiores, gastamos tanto esforço em seres insignificantes… enquanto essas pragas ousam se rebelar!

    Os olhos do homem se alongaram horizontalmente. Um poder ardente espalhou-se de seus globos oculares.

    — Eu vou te matar!

    Com facilidade, agarrei-o pelo pescoço e levantei-o.

    — Pare de falar bobagens.

    — Kuh, hahaha! Você vai se arrepender, inseto! — Ele olhou para mim e uma chama azul envolveu meu corpo. — Eu sou Hartkent da Chama Primordial. Uma encarnação do fogo desde tempos imemoriais. Você sabe por que Sizel acabou assim? Haha, foi obra minha! Queime. Queime e arrependa-se para sempre… — Enquanto ele falava minha pele derreteu instantaneamente. — Kikikikiki! Meu fogo nunca se apaga. Ele penetra no coração e queima eternamente… Eh?

    — Eternamente?

    — O que…?

    Olhei para meu braço direito. Sob a pele derretida, as escamas negras de um dragão brilhavam.

    ‘Escute bem, Han.’

    A voz de Halkion ecoou na minha cabeça.

    ‘A pele de um dragão é invencível. Nenhuma lâmina afiada pode penetrá-la. Se você realmente entende meu poder…’

    Eu tomei isso como um absurdo na época, mas agora eu entendi.

    — O quê…? Mas… — Trat. Quebrei o pescoço dele e perfurei seu peito com minha mão. — Espere! Espere!

    Ah, encontrei.

    Apertei minha mão esquerda e ao mesmo tempo, seu corpo tremeu e desapareceu num piscar de olhos. Minha capa tremulou e a onda de luz foi absorvida pelo meu corpo.

    [Ufa! Essa foi por pouco.]

    Freya voou em minha direção. Ela tinha se escondido assim que ele apareceu.

    [Loki, você realmente… conseguiu.]

    — Você acha que eu fingiria?

    O primeiro dos trinta e dois. A julgar pela concentração do seu poder de interferência, ele era o mais fraco entre os diretores.

    Eles só o enviaram para ganhar tempo.

    ‘Eles acham que isso vai funcionar?’

    Estendi minha mão direita e uma chama azul queimou em minha mão.


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