Capítulo 319: A missão de Transcendência (4)

Tradução: Nimsay

‘Freya.’

Aaron não entendia por que o nome de Isel havia mudado ou por que ela estava ali sozinha.

A única coisa clara era que essa pobre fada valorizava mais seu relacionamento com meu irmão do que sua própria vida. Ela teve a oportunidade de fugir. No entanto, sabendo que se destruiria, a menina decidiu ficar ali por vontade própria.

— O coração do mestre… — Aaron ficou em silêncio. A espada de Ridgion já estava tocando seu pescoço. — Você está disposto a arriscar nossas vidas por algo incerto?

— Sim.

— Não sabemos se o mestre abandonou aquela fada porque a valoriza ou porque ela não era útil. Mas se não agirmos, perderemos o Sleipnir. A taxa de sucesso da missão cairá para menos da metade. Se a missão falhar, você assumirá a responsabilidade?

— Eu apenas faço o que acredito ser certo.

Sss.

A espada afundou levemente no pescoço de Aaron, causando um filete de sangue.

Restavam apenas dez minutos para a autodestruição da embarcação aérea.

— Se insistir em continuar, terá que passar por cima do meu cadáver. — Aaron falou calmamente.

— Não há nada mais terrível do que um tolo com convicções. — Ridgion sorriu. Ele ainda emanava uma fria intenção assassina. Se ele decidisse, a cabeça de Aaron cairia num instante.

— Senhora Seris. 

Aaron olhou por cima do ombro de Ridgion. No convés do Sleipnir estava uma figura com uma capa vermelha: Seris.

— Você está aqui? — Ridgion falou sem se virar. Ela olhou para os dois e para Freya. — Você decide. Salvamos a fada e abandonamos o dirigível, ou continuamos com a missão?

— Qual é a sua opinião?

— Se abandonarmos a embarcação aqui, não podemos garantir o sucesso da missão. Na pior das hipóteses, podemos ficar presos entre entidades contaminadas.

Seris sorriu amargamente e falou: — Guarde sua espada.

— Você está falando sério?

— Sim, estou.

Ridgion embainhou sua espada.

Seris pulou do convés e se aproximou de Aaron e Freya. A menina estava deitada no chão.

— Há pouco tempo, cometemos um erro semelhante. Agimos por conta própria, pensando que era para o bem do Mestre. Não quero repetir esse erro.

— Mesmo que a missão falhe? — Ridgion perguntou ríspido.

— É um fardo que devemos carregar.

Ridgion fechou os olhos.

Então, ela silenciosamente se afastou de Aaron.

— Obrigado… muito obrigado.

— A decisão foi do Seris. Não me agradeça.

— Me desculpe por causar problemas na missão.

— Não, você se saiu bem. Sem a confiança do Mestre, nada disso faria sentido. — Seris assentiu. — Yurnet.

— Estou aqui. — Da névoa surgiu Yurnet, segurando Bifrost.

— Você pode desativar a autodestruição?

— Não, perdoe-me. O Sleipnir já ativou muitos passos da autodestruição.

Seris mordeu o lábio. Se tivessem implantado o Yurnet logo que o ataque começou, poderiam tê-lo impedido, mas dez minutos já haviam se passado.

Era tarde demais.

— E a ordem de evacuação?

— Já está dado.

Uma escada dobrável foi baixada da lateral do Sleipnir. Os operadores e técnicos saíam apressadamente por ali.

— Se perdermos a embarcação aérea, quais são os riscos?

— São muito sérios. — Os olhos de Yurnet se estreitaram. — Faltam cerca de oito mil metros para o ponto de destino. Se percorrermos essa distância sem uma embarcação aérea, será um grande desafio. A capacidade de frenagem contra as entidades contaminadas será drasticamente reduzida. Teremos que enfrentar milhares de monstros à medida que avançamos. — Yurnet parou por um momento para respirar. — Quanto mais demorarmos, pior será. Os inimigos aumentarão em número e nossa condição se deteriorará devido à névoa contaminada. Vocês terão que participar diretamente. Como sabem, não posso participar devido à transferência de dados.

— Eu entendo.

— É suicídio — Ridgion falou sem emoção.

— Abandonem a embarcação aérea. Vamos mudar o plano da missão. — Seris olhou para Freya, uma fada que adquiriu um corpo humano.

Depois de passar muito tempo ali, ela alcançou uma espécie de evolução.

— Você consegue me ouvir?

「Uh… uh…」

— Estamos agindo em nome de Loki, o Mestre de Niflheimr. Se você conseguir liberar a interferência…

「Loki… me perdoe…」

Não vai funcionar. Ela não consegue se comunicar e parece ter perdido a cabeça.

— Nisel.

[Oi!]

Ao lado de Seris, apareceu uma fada envolta em chamas. Nisel assentiu como se entendesse a situação.

[Você quer que eu ajude essa garota, certo?]

— Você consegue fazer isso?

[Não posso desfazer a contaminação, mas posso levá-la para um lugar seguro.]

— Eu agradeço.

Nisel bateu suas asas perto de Freya e então começou a girar as mãos energicamente.

[Hiper Giro de Fada!]

Um flash brilhou no corpo da garota.

Freya encolheu em um instante, transformando-se em uma pequena fada com dois pares de asas.

[Ela estará segura!]

Nisel levou Freya, e ambas as fadas desapareceram, espalhando poeira estelar.

— Uhhh… — Seris suspirou profundamente.

Eles não conseguiram desativar a autodestruição. Chamas começaram a brotar de várias partes do Sleipnir.

Originalmente, a autodestruição causaria uma explosão em um raio de centenas de metros, mas graças a Yurnet, esse desastre foi evitado. De qualquer forma, a embarcação aérea ficou inoperante.

— Vamos caminhar? — Nihaku se aproximou. Em um canto da clareira, heróis não combatentes observavam em silêncio. — Isso vai ser complicado… — ela coçou a bochecha.

Para chegar à barreira, eles teriam que caminhar vários milhares de metros. Eles não podiam mais contar com a barreira de contaminação e o apoio do Sleipnir.

Grrrr. Uma garota uniformizada encolheu ao escutar os gemidos das entidades contaminadas. Elas estavam perto do parque.

Ao redor deles, muitas sombras apareceram.

— Parece que eles detectaram a nossa presença. — Ridgion colocou a mão no punho da espada. Se tivessem a embarcação aérea, poderiam ignorá-los e passar, mas agora isso não era possível. 

— Parece que há algumas entidades especiais misturadas.

Ridgion examinou a área. As entidades contaminadas ao redor do parque estavam crescendo rapidamente em número.

Todas as saídas estavam bloqueadas. Não havia como escapar.

E então, do nada, o chão em um canto da clareira se levantou.

— Aaaaaaaaa!

Onde os técnicos estavam reunidos, entre os escombros e a sujeira, voavam partes dos corpos e sangue dos heróis.

O monstro aparentemente tem dez metros de altura. Parecia humano, mas sua pele pingava uma substância viscosa.

— É apenas um.

— Não. — Yurnet balançou a cabeça.

Com explosões sucessivas, mais gigantes apareceram por toda parte. O parque vazio rapidamente se encheu de entidades contaminadas.

— Esta é uma grande recepção. — Nihaku deu de ombros e pegou seu arco. — Seris, conseguiremos chegar ao fim disso?

— Vamos tentar. — Seris agarrou sua espada Lævateinn.

Mesmo que conseguissem sair do parque, eles encontrariam entidades contaminadas enchendo as ruas. Não havia como evitar.

‘Conseguiremos fazer isso?’

Se tivessem seguido o conselho de Ridgion, poderiam ter chegado à área final.

Por causa de uma única fada, Seris e sua equipe estavam correndo um risco absurdo.

— Aaah!

— Salve-me!

Seris cerrou os dentes.

Os funcionários não combatentes na beira da clareira estavam em pânico. A cobertura protetora havia desaparecido. Eles estavam expostos à horda de monstros.

‘Me desculpem.’

Não havia tempo para se preocupar com eles. Ela teria que priorizar Yurnet, que estava trabalhando na transferência de dados.

— Aaah!

Bum! Um gigante contaminado atacou com seu punho e dois técnicos foram esmagados instantaneamente. O círculo de inimigos estava se fechando rapidamente.

Centenas de entidades e gigantes contaminados se aproximavam.

— Estamos saindo daqui. Formação de combate.

Os membros do décimo terceiro andar se moveram rapidamente. Eles formaram um círculo ao redor de Yurnet.

— Eles estão vindo.

Gruaaaa! O gigante líder começou a correr.

Seris levantou sua espada para cortar o gigante.

— Huh?

Zing! Uma flecha perfurou a testa do gigante.

‘Isso foi Nihaku?’

Não. Nihaku estava confusa e olhando para cima, vendo a trajetória de uma segunda flecha, que perfurou a testa do gigante.

Logo vieram três, quatro, cinco flechas. O gigante cambaleou e recuou.

— Ufa! Quase não consegui! — Os membros da equipe olharam para o lado esquerdo do parque, onde uma pequena figura saltava entre as árvores, atirando flechas. — Você devia ter me avisado que ia explodir! Quase me queimei viva!

— Gaaaah! — Com um estrondo, o gigante cheio de flechas caiu.

Uma pequena figura pousou nas costas do gigante.

— A jovem arqueira prodígio faz uma entrada espetacular.

— Ahem. — Aaron pigarreou.

Os outros heróis ficaram perplexos.

— Jenna Shirai, uma companheira do Mestre.

— Você a trouxe? — Ridgion olhou para Aaron.

— Sim.

— Isso foi uma invasão de propriedade.

— …Desculpa. — Jenna olhou para os heróis surpresos e colocou as mãos na cintura. — Mas parece que vocês precisam da minha ajuda. Sou a melhor companheira do Mestre desde o primeiro andar. Podemos ler a mente um do outro com apenas um olhar!

— Gaaaah! — Podia-se ouvir as entidades contaminadas gritando enquanto se aproximavam.

— Bem, não temos tempo para apresentações. — Jenna sorriu e estendeu a mão direita. Em sua mão havia uma pedra brilhante de várias cores. — Voe!

Jenna jogou a pedra para cima e pulou.

— Domak Saramuu!

— Abra, portal dimensional!

Com um clarão ofuscante, um círculo mágico apareceu atrás de Jenna.

Finalmente, Qlqr1 começou a se mover.

Rrrmmm. Uma luz brilhante emergiu do círculo mágico no ar.

Jenna girou no ar e pousou agilmente na proa da embarcação aérea que emergia.

— Isso é… — Seris sorriu incrédula.

Finalmente, um pequeno dirigível surgiu do círculo mágico. Com uma carroceria aerodinâmica, o Capitalismo se aproximou da equipe de Seris.

Grrrrr! Gigantes próximos correram em direção à embarcação aérea.

— Aqui vamos nós!

Jenna estalou os dedos.

Rrrrrrr! A dez metros de altura, o Capitalismo fez uma curva acentuada para a direita e acelerou.