Capítulo 320:  A missão de Transcendência (5)

Tradução: Nimsay

Bam! Trum! Parte do Capitalismo colidiu com um prédio ao fazer uma curva fechada, sendo danificado no processo.

A popa do dirigível de aço pousou no parque.

— Venham logo! Não temos tempo! — Jenna gritou da proa, mantendo o equilíbrio.

O Capitalismo balançava de um lado para o outro, desviando dos ataques dos gigantes.

— O dirigível… de Taoni… — Seris, observando, endureceu sua expressão. Não havia tempo para hesitar. As entidades contaminadas se aproximavam. — Preparem-se para embarcar!

— Você quer que a gente entre naquele dirigível? — Ridgion perguntou.

Seris olhou para ele e depois para sua equipe.

— Não é hora de ser exigente. Se houver uma oportunidade, temos que aproveitá-la. Não combatentes primeiro! Eu entro por último! Corram!

Bum! O Capitalismo girou cento e oitenta graus no ar e desceu rapidamente. Os heróis de Niflheim correram em sua direção.

— Se perderem essa chance, não poderão embarcar! Mantenham o foco! — Seris gritou.

Jenna abaixou o corrimão puxando uma alavanca. O Capitalismo continuou a cambalear enquanto caía, raspando o chão e soltando faíscas.

— Agora!

O dirigível inclinou-se para um lado.

— Ahhh! — Um homem pulou no convés gritando. Ao lado dele, também corriam os operadores e técnicos. —Ugh!

Ridgion, Nihaku e Aaron foram logo depois..

E no final Seris, depois de garantir que todos haviam embarcado, agarrou Yurnet e foi também.

— Embarque completo! — Jenna bateu em um pilar de ferro. Antes de bater em uma grande árvore, o Capitalismo girou três vezes e subiu, fazendo vários objetos serem espalhados no convés.

— Ahhh! Vou cair! — Gritou um dos operadores.

— Nihaku!

— Entendido! — Nihaku agarrou os heróis que estavam prestes a cair.

O Capitalismo, tendo deixado os perseguidores para trás, saiu do parque.

Aaron olhou para trás, vendo que a clareira estava cheia de entidades contaminadas. Sem a ajuda de Jenna, eles teriam que enfrentá-los um por um.

— Ufa. — Jenna enxugou o suor da testa. — Não me atrasei. Ganhamos tempo.

— …

— Não precisamos de apresentações, né? Vocês também estão com pressa. — Jenna piscou para Seris, que franziu o cenho.

— Como você chegou aqui?

— É uma longa história.

— Não é fácil abrir um portal dimensional em um lugar como este.

Seris examinou o dirigível. Se o cálculo tivesse sido ligeiramente errado, o Capitalismo teria sido esmagado pela pressão dimensional. Mesmo com a rara Pedra Dimensional, não era algo que pudesse ser usado sem um mago altamente habilidoso.

— Não pense que só vocês têm o direito de lutar. — O time olhou para o lado, vendo um menino de túnica branca surgir de uma porta aberta. O rapaz afastou o capuz. — Antes de ir para casa, queria passar aqui para te dar uma lição.

Ele tinha olheiras.

‘Kátio?’

Aaron viu algumas vezes o  mago de outra dimensão que seu irmão havia recrutado enquanto ele estava em treinamento.

Depois que seu irmão desapareceu, ele se trancou no hangar, pesquisando algo.

— Disseram que não haveria hora extra, mas estão me exaurindo até o fim. Eu ainda vou cobrar isso dele.

Seris trocou olhares com os outros membros do décimo terceiro andar.

Desde que foi abandonada pelo Mestre, Seris deixou de lado seu orgulho desnecessário.

Esses heróis passaram por altos e baixos com o Mestre, provavelmente tendo um vínculo mais profundo do que os próprios heróis de Niflheim.

— Eu sou Seris Argentheim. — Ela se apresentou.

— Eu sei. A Jenna me contou.

— Você vai nos ajudar?

Kátio deu de ombros.

— Estou furioso por ter sido enganado, mas… não tenho escolha. Se eu não tivesse planejado ajudar, não teria vindo. — Kátio olhou para a névoa contaminada, vendo que aquele não era um lugar normal. Lá embaixo, centenas, talvez milhares de monstros vagavam. — Este novo Capitalismo é um dirigível que modifiquei ao longo de dias e noites. Tem um motor Dois Infernos. O equilíbrio não é perfeito, mas a velocidade não será um problema.

O novo Capitalismo era uma obra-prima dele, baseada em suas teorias avançadas de motores.

— …Obrigada pela ajuda. — Seris curvou a cabeça para Kátio.

Kátio entrou na sala de comando sem dizer nada.

Depois, a equipe teve cerca de três minutos para se preparar. Eles reconfiguraram o círculo mágico para o trabalho de dados e estabeleceram um plano de contingência para a missão.

‘Mesmo que seja apenas um plano de contingência…’

Eles estavam basicamente seguindo em frente.

Seris cruzou os braços, nervosa.

O monitor na sala de controle mostrava a paisagem ao redor. Por toda parte, sombras enormes e desconhecidas vagavam pelas ruas. Pareciam estar procurando por algo.

‘Estamos expostos.’

O plano original era passar por áreas perigosas antes que eles acordassem, mas o incidente com Freya frustrou esse plano.

‘Isso não será fácil.’

Alguns não seriam um problema, mas havia dezenas. Eles atacariam o dirigível assim que o detectassem.

‘Mas… não há mais tempo.’

Quanto mais demorassem, pior seria. 

Seris se preparou mentalmente. Os outros heróis já estavam em suas posições.

— Ah, antes de começar… — Kátio tirou um frasco de comprimidos do bolso e entregou alguns a Seris. — Pegue três. Dê também aos seus companheiros.

— …O que?

— Você não sabe…?  Ah, deixa pra lá. — Kátio encheu a boca de comprimidos.

Então, ele puxou uma corda grossa da manga. A corda se moveu sozinha, prendendo Kátio firmemente a uma coluna de aço.

‘O que ele está fazendo?’

Era um comportamento inexplicável.

Kátio sorriu largamente e disse: — Preparem-se. Parece que nos encontraram.

Seris olhou para o monitor externo. Alguns dos gigantes vagando entre os edifícios detectaram o Capitalismo.

Eles emitiam gemidos ao se aproximarem do dirigível.

— É hora de partir.

O plano básico permaneceu o mesmo do Sleipnir. Nihaku cuidaria dos peões e Ridgion das entidades principais.

Aaron permaneceria no convés. A falta de armamento no Capitalismo a preocupava, não havia uma única balista instalada e nem havia resistência à contaminação. Estavam praticamente desarmados.

— O que devemos fazer? — Um técnico que havia pilotado o Sleipnir se aproximou.

— Fiquem parados. Nossa Mestra pilotará a embarcação aérea. — Kátio falou com uma voz sonolenta.

As entidades contaminadas estavam prestes a chegar, quando Jenna falou: — Está na hora.

No convés, Nihaku, com o Brionac, assumiu uma posição de tiro. Ridgion empunhou sua espada.

Grrrrruuuu! Quatro gigantes cercaram o dirigível conforme eles se aproximavam.

— Tudo bem se formos devagar. É melhor do que andar. — Ridgion falou ansioso quando o Capitalismo começou a se mover. — Parece frágil, mas não é…

Uma chama azul saiu do motor do foguete na popa. O dirigível fez uma manobra e avançou. 

Ao longe, uma parede negra se estendia sem fim, era o objetivo da missão. A barreira dimensional que separava o Éden do exterior.

— Grrrr!

Em ambos os lados dos edifícios, centenas de entidades ocultas atacavam a nave. Eles se moviam a uma velocidade maior que a de um carro.

— Onde estão as armas antiaéreas? Precisamos impedi-los de se aproximar.

— Gyaa! — As entidades contaminadas saltaram com um grito agudo.

Antes que alguém pudesse fazer algo, o Capitalismo girou setecentos e vinte graus no ar e ascendeu abruptamente.

— …?! — As entidades que saltaram caíram no vazio.

O dirigível fez uma manobra em forma de oito no ar.

Entre um complexo de apartamentos em ruínas alguns monstros alados surgiram em formação.

A chama do propulsor traseiro ficou azul e com uma explosão, o Capitalismo disparou para frente.

— Uou! — Ridgion gritou assustado. 

A embarcação aérea voou através dos monstros voadores, fazendo dezenas de monstros colidirem com a proa e serem despedaçados.

— Espere…!

O dirigível virou  com tudo e pouco antes de cair no chão, fez uma curva fechada e subiu.

Uma forte vibração sacudiu o convés.

— A pilotagem é um pouco… — Seris falou se segurando nas paredes.

Vrrrrr. O dirigível começou a tremer violentamente. Em menos de dez segundos, o Capitalismo acelerou a centenas de quilômetros por hora, voando como uma flecha.

— Gruuh? — Centenas de entidades contaminadas foram deixadas para trás. Mas obviamente mais monstros os aguardavam.

Vrrruumm! Antes de colidir com eles, o Capitalismo girou noventa graus em direção a um prédio.

— Pare…! — As palavras de Ridgion ficaram suspensas no ar.

Bum! Crash! Trum! O Capitalismo arrombou as janelas do prédio, destruindo os escritórios internos à medida que avançava.

O atrito contra chão ultrapassou os limites e o fundo do dirigível pegou fogo.

Mas isso não fez o Capitalismo não diminuir o ritmo. A embarcação avançou como um touro louco, destruindo o prédio inteiro.

Gritos ecoaram de dentro do dirigível.

Sssssh! Uma cobra com centenas de metros de comprimento, enrolada em um arranha-céu, abriu sua boca. Seu tamanho escureceu temporariamente a área.

— Cuidado à frente…! — Nihaku tentou avisar.

O Capitalismo se virou para evitar a bocarra do monstro. A cauda da cobra se virou em direção ao dirigível, mas o Capitalismo girou sete vezes para se esquivar. A carga no convés caiu.

— Espera! Vá mais devagar! — Aaron, pendurado no corrimão, gritava desesperadamente.

— Não podemos! Estamos ocupados! — Kátio gritou de onde estava.

— Nós vamos cair! — Nihaku berrou.

— Que nada! Continue! 

Bum!

Sem perder o ritmo, o Capitalismo completou doze giros no ar, acelerando ainda mais.

— Pare! Você quer nos matar? — Ridgion gritou desanimado.

— Nós não vamos morrer só com isso! — Jenna gritou animada.

Sssssh! O dirigível passou pela cabeça da cobra e pela cauda, atravessando a área.

— Vocês chamavam aquilo de Sleipnir? Era tão lento que quase adormeci. — Jenna falou sorrindo.

— Isso é loucura!

— Que nada, é assim que um dirigível deve ser. — Kátio falou com uma pontada de riso na voz.

Depois de alguns segundos, o dirigível chegou a uma área densamente construída. O Capitalismo voou através das passagens interligadas.

Centenas de entidades contaminadas atacaram, mas nenhuma os atingiu.

Indo cada vez mais rápido e fazendo manobras cada vez mais mirabolantes..

Todos de Niflheimr estavam silenciosamente abismados e assustados.

Bam! Parte da lateral do Capitalismo raspou na esquina de um prédio. A aparência da embarcação aérea estava completamente destruída em comparação ao início.

Se não fosse pelas placas de metal, ele já teria sido destruído há muito tempo.

Os heróis não combatentes na sala de controle desmaiaram¹.

A embarcação estava coberta de chamas que surgiram devido ao atrito e a velocidade supersônica além dos limites.

Hummm! O motor interno da nave emitiu um ruído mecânico e as chamas do propulsor ficaram brancas.

Mesmo ao fazer uma curva, a embarcação não diminuiu a velocidade.

Esta é uma navegação surreal, fazendo o dirigível traçar facilmente um S. A pressão das curvas fechadas era transmitida diretamente aos heróis a bordo.

— Aaaah!

1. Que bando de fracotes! Levantem as mãos que estamos numa montanha russa![↩]