Capítulo 322: A missão de Transcendência (7)

Tradução: Nimsay

Clang! Clang! Sob a barreira no centro da cidade, o som de armas se chocando ecoou em todas as direções.

— Defendam este lugar! Parem esses desgraçados!

Um cavaleiro cerrou os dentes e ergueu a espada. Diante dele, os heróis de Taoni ergueram suas armas.

Kiaaaakk! As entidades contaminadas emergiram dos edifícios e a cabeça do homem que liderava o ataque foi cortada.

— …

O sangue jorrou como uma fonte, mas os heróis ao redor permaneceram imperturbáveis ​​e continuaram a enfrentar inimigos indistinguíveis de humanos e monstros. Gritos, berros e chamas mágicas irrompiam em todas as direções.

— Eu não esperava por isso — Ridgion murmurou e engoliu em seco. 

Eles estavam lutando com todas as suas forças em um lugar inesperado.

— Sr. Ridgion.

Ridgion se virou e viu uma mulher de terno roxo surgir. Atrás dela, guerreiros em trajes semelhantes se alinharam.

Weiryong, a heroína de cinco estrelas de Mu-ryeon. No passado, ela treinou ao lado de Ridgion e agora ela encontrou seu olhar e o saudou com o punho fechado.

— Antes de retornar, vim pagar uma dívida com o Mestre Han. Graças a ele, sobrevivi e reuni os sobreviventes de Mu-ryeon. — Weiryong e os homens sacaram suas espadas. — Que a glória infinita acompanhe Tacheonhyang¹.

Dezenas de guerreiros saltaram. Imediatamente, uma dança de espadas brilhantes floresceu em meio à horda de entidades contaminadas.

— Parece que a luta do meu irmão não foi em vão. — Aaron falou sorrindo.

— Não é mais um problema só nosso. — Seris sorriu amargamente. Se a missão falhasse, ela não seria a única a pagar o preço.

Eu estaria traindo as expectativas de todos os presentes.

‘Graças a eles consegui conservar minhas forças.’

No cruzamento, Yurnet continuou lançando feitiços. Sem os heróis Taoni contendo as entidades contaminadas, a missão teria sido ainda mais difícil.

Na encruzilhada onde Seris e seu grupo se estabeleceram, centenas de heróis lutavam para ganhar tempo.

Um clarão brilhante emergiu do círculo mágico onde Yurnet estava localizado. Enquanto isso, a voz de Yurnet ecoava na mente de Seris.

< Após eu completar o feitiço, corra imediatamente. No final do caminho, haverá uma porta. >

— Uma passagem para a barreira?

< As coordenadas estão definidas. Se a habilidade de Aaron se manifestar, você poderá alcançar o Mestre. >

Seris assentiu.

Seus companheiros também estavam prontos.

— Yurnet, peço-lhe um favor.

< Fale. >

— Quando partirmos, fique aqui e proteja-os. Precisamos devolver esses bravos guerreiros aos seus lares.

< Você tem razão. Farei tudo o que você disser. >

— Obrigada.

Yurnet olhou para cima.

Shwoosh! O livro mágico que ele segurava se abriu, e inúmeras páginas se rasgaram e se espalharam pelo ar. As páginas se juntaram para formar um caminho aéreo, com centenas de metros de extensão composto por milhões de páginas.

No final daquela estrada estava a barreira que bloqueava o caminho.

— Vamos abrir caminho. Nihaku!

— Sim, sim! Eu vou primeiro!

Tzzzzz! Com um relâmpago, Nihaku saltou e pousou no ar.

Ela atirou uma flecha na testa de uma entidade contaminada que se erguia de baixo e correu pela trilha. Logo atrás dela, Ridgion, com sua espada em punho, avançou em disparada.

Nihaku disparou flechas de relâmpago enquanto Ridgion eliminava os inimigos restantes. As entidades contaminadas foram arrastadas enquanto subiam na estrada.

— Eu também vou. — Aaron, agarrando sua lança, saltou.

Seris, a última a ficar, olhou para trás. Em um beco, Jenna, com uma adaga na mão, estava lutando contra uma entidade contaminada parecida com uma aranha.

‘Jenna Shirai, a primeira subordinada do Mestre.’

— Huh?

Tchunk! Os olhos de Jenna se arregalaram de surpresa. Uma adaga cravada na testa da aranha, atirada de outra direção.

Ele olhou em direção à fonte e viu uma cavaleira loira.

— Obrigada, irmã! — Jenna acenou com a mão para Seris.

— Jenna, você não tem nenhum favor para me pedir antes de eu ir?

— Um favor?

— Quero recompensá-la.

— Nossa, eu não esperava por isso. Não consigo pensar em nada. Só cuide do meu irmãozão. Bem, se eu tivesse que pedir uma coisa, seria que meu irmãozão viesse em casa um dia desses.

— Vou perguntar ao Mestre. E…

— Oh! — Jenna pegou o objeto que Seris jogou nela, um pequeno broche de metal. O fecho de ouro foi gravado com a imagem de uma cabra montesa. 

— Se você quiser se juntar a nós, o caminho está sempre aberto.

— Bem, vou ficar com ele por enquanto.

— Não morra.

— Claro que não. Eu vou para casa depois daqui.

Seris se virou para a estrada que se estendia.

— Irmã! — Jenna gritou levantando o punho. — Boa sorte!

Seris sorriu e correu pela estrada.

Sreung! De sua bainha emergiu a espada vermelha de Lævateinn. Correndo, ela cortou três entidades contaminadas em chamas.

< Seris. >

— Diga.

< Cuidado. A barreira espaço-temporal está distorcida. Você pode ficar presa. >

‘Eu sei. Preciso encontrar o Mestre o mais rápido possível.’

A espada Lævateinn desenhou um arco escarlate e dez entidades contaminadas queimaram simultaneamente.

‘Tantos inimigos…’

Graças à orientação de Qlqr1, o caminho estava livre e os heróis Taoni fechavam a retaguarda. Seus companheiros do décimo terceiro andar abriram caminho, mas o número de inimigos ainda era avassalador.

Preciso fazer tudo com movimentos mínimos. Não posso desperdiçar minhas forças antes de encontrar o Mestre.

Kiiiak!

—  Aaron! — Gritou Ridgion, que estava na frente. Era o sinal para se preparar. 

Aaron girou sua lança e três entidades contaminadas foram empurradas para fora do caminho.

De repente, sombras apareceram na estrada. Eram resquícios do poder divino absorvido por Loki, agora fundidos com a poluição, tornando-se ainda mais fortes.

A sombra à frente soltou um grito silencioso.

A espada negra na mão das entidades vibrava irregularmente e, do nada, sua lâmina se curvou. Mas isso foi rápido demais para ser visto.

Naquele momento, a lança de Aaron deixou uma sombra. A sombra da lança perfurou as espadas da espada.

A entidade contaminada se desintegrou.

— A Seris está chegando! — Aaron conseguiu ouvir ao longe.

— Certo!

Aaron olhou para frente.

Kikikik!

Uma barreira gigante e dezenas de milhares de entidades contaminadas aglomerando-se ao redor dela como mariposas ao redor de uma lâmpada.

— Só uma vez.

Uma vez eu tenho que bater com a lança.

Aaron puxou a lança em sua direção.

Mmmmm! O som de milhões de abelhas zumbindo simultaneamente. Inúmeras sombras se estendiam da lança.

‘Carma.’

O princípio é simples. Sobreponha um empuxo em um ponto. Execute vários movimentos em um instante.

Poderia ser considerado manipulação espacial.

‘Só um louco faria isso.’

A lembrança de seu professor ecoou na mente de Aaron.

‘Levaria séculos para dominar. Quem usaria uma técnica dessas?’

Uma gota de água em uma rocha não tem impacto, mas milhões de gotas mudam a história.

A luz desapareceu dos olhos de Aaron. As sombras da lança cresciam constantemente. De dezenas a centenas. De centenas a milhares.

‘Não é uma técnica.’

Com seu talento, ele não conseguia dominar os segredos da lança. Mesmo que ele tenha estudado até sangrar, nunca entendeu a verdadeira maestria.

Isso é simplesmente transformar seu tempo em espaço e lançá-lo.

Além disso, uma vez que a lança é lançada, ela não pode ser recuperada. Séculos de esforço desaparecem no esquecimento.

‘É por isso.’

Aaron correu com a lança na mão.

Em frente à barreira, entidades contaminadas apareceram na estrada.

— Vai! — Ridgion golpeou diversas vezes e todas as entidades caíram.

Fzzzt! As flechas de relâmpago de Nihaku se dividiram em oito e se moveram.

Aaron correu pela trilha inclinada. Milhares de sombras tremiam a cada passo.

Mil quinhentos e quarenta e três anos. Quinhentos e sessenta e três mil, cento e noventa e cinco dias.

A vida, o suor e o sangue de Aaron.

— Aaaaaaaaaaa!

As entidades contaminadas caíram, enquanto a visão de Aaron escurecia.

‘Mesmo que eu não consiga ver… Eu sei onde mirar.’

Aaron sorriu.

Atrás dele, podia-se ouvir sons de explosões e uma fumaça subia à distância.

Yurnet informou Seris enquanto corria.

< Um buraco se abriu >

— Ele conseguiu.

< O resto é com você. >

Seris aumentou sua velocidade.

A estrada estava coberta de corpos de entidades contaminadas.

Srrr!

Seris franziu a testa.

Uma cobra com centenas de metros de comprimento se aproximou. A mesma criatura antiga pela qual passaram durante o avanço do Capitalismo.

Ele os seguiu até aqui.

— Que criatura irritante. — Ridgion desceu atrás dela.

Ela conseguiu escutar as presas da cobra se chocando com a espada. Ela olhou de esguelha para a batalha.

Sssssssh. As presas foram desviadas e a espada cortou as escamas da cobra. Coberto de sangue azul, Ridgion brandiu sua espada.

— Não se preocupe, vá em frente!

— …Sim.

— Eu confio em você. — Ridgion estendeu a espada em direção a ela.

Seris tocou levemente sua própria espada e foi em direção à barreira.

— Seris! — Nihaku deu uma cambalhota e puxou seu arco. Fzzzt! Um raio dourado queimou as entidades que bloqueavam o caminho. — Cuide do  Mestre!

Seris caminhou até Nihaku.

A uma curta distância, Aaron estava com sua lança.

Perto de um buraco de três metros na barreira, havia uma pilha de corpos de monstros.

— Minha tarefa termina aqui.

— Bom trabalho.

— Por favor, salve meu irmão. — Aaron pendurou sua lança nas costas.

‘Agora é a minha vez.’

Os heróis de Niflheimr e Taoni arriscaram suas vidas, só para levá-la até a barreira.

Seris respirou fundo.

— Loki. — Seus lábios rosados ​​sussurram o nome de seu Mestre. Veias azuis se destacavam em sua mão segurando o punho da espada.

À sua frente estava o buraco que Aaron havia feito. Além dele, uma alma perdida a aguardava.

— Nisel!

A fada apareceu ao lado de Seris, ela bateu as asas e pousou em seu ombro. 

Seus brilhantes olhos esmeralda ficaram vermelhos. O cabelo loiro ficou vermelho escuro. Chamas envolveram seu corpo, queimando intensamente.

Seris agarrou sua espada Lævateinn com força.

— Saiam da frente! — Seris derrubou a última entidade na frente da barreira.

E entrou no buraco.

Mas tudo era escuridão. Ela não conseguia enxergar. Como se estivesse caindo de um penhasco alto. Seris caiu sem parar.

Em algum momento, a escuridão viscosa envolveu Seris.

Mas foi só por um instante. As chamas em suas costas dissiparam a escuridão.

‘As chamas que destroem o mal.’

Enquanto queimasse, Seris nunca seria corrompida. Embora seu corpo afundasse como se estivesse no fundo do oceano, as chamas brilhavam mais intensamente.

Ela não conseguia enxergar claramente e um ruído distorcido ecoou em seus ouvidos.

Sinais de alerta invadiram os sentidos de Seris.

‘O espaço-tempo está distorcido.’

Zzzzzzt! Zzzzzzt! Passado, presente e futuro entrelaçados no caos. A energia de Aaron ainda permanecia, mas não duraria muito.

Se o momento fosse perdido, Seris ficaria presa para sempre.

— …

No meio do caos, Seris teve uma visão.

Fogos de artifício no céu noturno em uma cidade enorme com pessoas comemorando. Em um canto da cidade um grupo caminhava.

— Vitória — eles murmuravam com máscaras de cabra. — Para o deus desconhecido… — Suas orações ecoavam suavemente. — Vitória.

Ela não sabia onde estava, se era no passado ou no futuro. Não consegui identificar quem eram. Todos usavam máscaras estranhas.

— Para um deus desconhecido… Vitória.

O olhar de Seris se estreitou quando viu uma mulher vestida com um manto surrado, ajoelhada. Com cabelos prateados brilhando ao luar e olhos dourados brilhando por trás da máscara.

Seris fez contato visual com a mulher.

— Para o deus desconhecido… — A mulher sussurrou desesperadamente. — Salvação.

Salvação.

— Não se preocupe. — Seris falou para a mulher. Ela não sabia se a voz a alcançaria.

— Ah.

Parecia que a mulher estava olhando para ela.

Seris sorriu suavemente. E então, os pés dela tocaram o chão.

[Seris.]

Nisel sussurrou.

Era óbvio, ela sentiu sem olhar.

Uma presença avassaladora. Só de estar ali, ela sentiu o corpo derreter.

— Mestre — Seris sussurrou.

Não muito longe.

Uma alma perdida abriu seus olhos.

O morto abriu os olhos.

1. Caso não lembrem, ela chama Niflheimr de Tacheonhyang.[↩]