Índice de Capítulo

    Tradução: Nimsay


    Este é o Limite. Um setor que demarca Mobius e o cosmos exterior.

    Seris olhou para frente, para o horizonte tão negro quanto a noite se estendia diante dela. Com um suspiro, ela sentiu um frio que pareceu congelar suas veias.

    Com um movimento, chamas irromperam das pontas dos seus dedos, iluminando os arredores. Na escuridão, um homem se levantou. Sua capa ondulava, revelando seu rosto. 

    Seris o reconheceu.

    Ele era, sem dúvida, o Mestre de Niflheimr que ela estava procurando, Loki. Ele estava sozinho naquele lugar infernal.

    Edén, em contato com a Fronteira, havia passado centenas de anos.

    Quantos anos se passaram? Seris não conseguia nem imaginar.

    ‘Eles estão vazios.’

    Os olhos desfocados de Loki olhavam para Seris, com um rosto desprovido de qualquer emoção. Inorgânico demais para ser descrito como frio, parecia uma réplica humana sem emoções, como um manequim.

    — Mestre — Seris murmurou antes de morder os lábios.

    Aquele homem não era mais o Loki que ela conhecia. Embora ela já soubesse, a dor se espalhou pelo seu peito e as chamas de Seris se intensificaram.

    Além do horizonte, uma montanha de restos negros podia ser vista. Eram cadáveres de fragmentos. Mas o que Seris viu foi apenas uma pequena parte.

    ‘Este espaço em si…’

    Seris percebeu que o chão em que ela pisou era feito de cadáveres.

    Um verdadeiro mar de cadáveres. Ela não conseguia imaginar quantos Ceifadores o Mestre havia eliminado, quanto poder ele havia acumulado ou quantos anos de esquecimento ele havia suportado.

    — Mestre, eu… — Seris deu um passo em direção a Loki.

    [Pare!]

    A fada interveio, Nisel acenou com as mãos desesperadamente.

    [Aquele monstro não é o Mestre! Se você chegar perto, vai morrer!]

    — …Monstro?

    [Lembre do que Yurnet disse. O Mestre atual é como um robô. Mesmo se você estiver na frente dele, ele não saberá quem você é. Seria o mesmo com qualquer outra pessoa.]

    — Acho que você está certa — Seris murmurou.

    Aquele homem não poderia ser chamado de humano. Ele não tinha memórias, nem emoções, nem sequer tinha ego. Era basicamente como um robô que repete uma tarefa infinitamente.

    Uma alma perdida que continuaria sua tarefa até se esgotar.

    E agora, a tarefa que ele estava executando era única. 

    Mate os intrusos.

    「…」

    Os olhos da alma perdida olhavam para Seris. De repente, ela sentiu um vazio avassalador.

    ‘Este é o poder do Mestre.’

    Ssssss. Seris olhou para as mãos e percebeu que estavam lentamente se desintegrando em partículas. A alma perdida, que transcendeu a divindade, poderia destruir alguém apenas olhando para ele.

    Ele não precisava usar sua espada. Para a alma perdida, Seris não passava de um inseto.

    Facilmente esmagável.

    ‘Entendo.’

    Seris sorriu amargamente.

    Mesmo no auge dos heróis de Mobius, ela era apenas um inseto para aquele homem.

    — Nisel.

    […Sim?]

    — Confio a você o que restar.

    Nisel não respondeu, ela fingiu não saber. Seris puxou as asas de Nisel. Já havíamos conversado sobre isso. Não tem outro jeito.

    ‘Tenho tudo o que preciso.’

    Ela trouxe consigo Bifrost, para transferir os dados, e Mistel, perfurar o coração do Mestre. Era hora de cumprir seu papel.

    Seris estendeu a mão para sua companheira.

    A fada assentiu e começou a girar no ar. As chamas brilhavam com uma intensa cor carmesim. Girando em forma de oito, Nisel mergulhou no peito de Seris.

    Uma torrente de chamas irrompeu do corpo da loir, fazendo o que a consumia desaparecer imediatamente.

    ‘Forma Ifrit, a fusão espiritual.’

    O cabelo de Seris, agora vermelho, ardia em chamas.

    「…」

    A alma perdida inclinou a cabeça.

    Talvez fosse um gesto de perplexidade. Ele devia estar pensando: ‘Aquela criaturinha já deveria ter se desintegrado há muito tempo. Mesmo assim, ela permaneceu de pé, sustentando o olhar dele.’

    — Mestre, isso não será fácil. — Seris agarrou Læveteinn com firmeza. — Se você quer me matar, traga sua própria espada e corte minha cabeça.

    Sssshh! Escamas de dragão emergiram das pontas dos dedos do homem. As escamas se entrelaçaram, formando uma espada.

    Ela já tinha visto essa arma pelo vídeo de uma das câmeras de segurança,  a espada de escamas de dragão. A principal arma de Loki após abandonar Bifrost. Finalmente, a alma perdida reconheceu Seris como inimiga.

    Seris sorriu, porque era o que ela desejava.

    ‘Foi você quem me fez, eu que era falsa, mais forte.’

    Os olhos de Seris ardiam.

    O homem desapareceu. Nem mesmo os olhos treinados de Seris conseguiram acompanhar seu movimento.

    ‘Ele é rápido…’

    Trum!

    — Ah!

    Seris voou para trás com uma explosão. Ela girou por dezenas de metros antes de colidir com uma montanha de destroços.

    Um jato de sangue jorrou de sua boca. Se ela não estivesse acostumada às técnicas rápidas de espada de Ridgion, teria sido despedaçada naquele ataque.

    ‘Ridgion… nem sequer comparável.’

    Ele não era apenas rápido.

    — Hahahaha — Seris se levantou, cambaleando. Um fio de sangue escorria pela sua testa cortada. — Você é forte.

    Com a fusão espiritual, sua força ultrapassou em muito os limites de um herói de seis estrelas. Mesmo assim, ela não conseguia ver nem sua sombra.

    — Ainda…!

    Veio o segundo golpe, fazendo ela virar Lævateinn para a direita. A espada de escamas de dragão estava mirando em seu coração.

    Trum! As espadas colidiram e uma onda de choque explodiu.

    — Ugh…!

    Tudo ficou vermelho diante dos olhos de Seris. Crrr. Isso era o som de suas articulações se deslocando, ecoando em seus ouvidos. Sangue jorrou de suas palmas dilaceradas e seus músculos tensos se romperam.

    No terceiro golpe veio com três cortes simultâneos. De cima, pela direita e de baixo. Lævateinn desenhou um semicírculo, encontrando a espada de escamas de dragão.

    [Seris.]

    Trrrruuuum! O chão sob seus pés se abriu profundamente. Sangue voou junto com seus cabelos flamejantes.

    ‘Ainda não.’

    No quarto golpe a espada de escamas de dragão se estendia por dezenas de metros, envolvendo seu corpo. Seris balançou Lævateinn em um longo arco. Fwoosh! Um redemoinho de chamas vermelhas repeliu a espada de escamas de dragão.

    — O poder tem um preço — Seris murmurou.

    O Mestre de Niflheimr, Loki, abandonou sua humanidade pelo cálice infinito. Para ganhar algo, é preciso perder algo.

    ‘O poder que você desejou… garante a vitória eterna.’

    Um poder que nunca se curvaria ao infinito.

    ‘É por isso que não vou falhar.’

    Seris agarrou sua espada.

    No quinto golpe, quando ela repeliu a espada de escamas de dragão, ela sabia que todos os seus ossos estavam quebrados.

    Ela poderia ter explodido como um balão. Não sentia mais dor. Seus ossos e músculos haviam perdido toda a funcionalidade. Mesmo assim, ela não parou de se mexer.

    No sexto golpe, o corpo dela não respondeu.

    Trum!

    ‘Não consigo me mover… Não posso parar!’

    As chamas conectaram seus nervos dilacerados. Chamas fluíam por seus ossos e veias quebrados, infundindo-lhes força. Uma coluna de fogo sustentava seu corpo cambaleante.

    No sétimo golpe, o ataque da alma perdida tornou-se mais feroz. De cima, de baixo, da direita e da esquerda. Como se quisesse garantir que ela não sobreviveria, a espada de escamas de dragão atacou de todas as direções.

    「…」

    Os olhos da alma perdida brilharam.

    Seris sorriu, era óbvio o que devia estar pensando.

    Um ser tão insignificante quanto ela não estava morrendo. Seu corpo estava coberto de feridas. Mãos, braços, pernas, coxas, flancos. Sua pele exposta estava cheia de cortes. 

    Uma gota de sangue caiu da testa dela no chão. — Isso não é suficiente… — Seris cambaleou, olhando para a alma perdida. Seus olhos vermelhos brilhavam através de seu rosto ensanguentado. — Você não pode me matar…

    Trum! Lævateinn e a espada de escamas de dragão se chocaram. Embora tenha sido empurrada vários metros para trás, ela não perdeu o equilíbrio.

    ‘Enquanto meu corpo se quebra…as chamas queimam intensamente sobre seu corpo.’

    Trum! Lævateinn repeliu com força a espada de escamas de dragão. A alma perdida deu um passo para trás, ajustando sua postura.

    ‘Ele virá com tudo.’

    Todos os seus nervos estavam à flor da pele. Em vez de sangue, chamas corriam em suas veias. 

    No oitavo golpe as espadas se chocaram no ar. O ar tremeu. A onda de choque penetrou profundamente na montanha de destroços.

    Ela não conseguia sentir como estava lutando. Seris balançava sua espada instintivamente.

    O fogo primordial, a lenda de Niflheimr. Dizia-se que iluminava a terra com mais brilho do que qualquer outra coisa no universo, em uma terra cheia de neblina e frio.

    ‘Mais intensamente.’

    O fogo irrompeu das profundezas de Seris. Seu coração batia como uma bomba, enviando chamas por todo seu corpo.

    ‘O poder vem com um preço.’

    Para uma vitória, é necessário um sacrifício.

    ‘Mais, mais, mais!’

    As chamas conectaram os ossos quebrados. Os músculos pulsavam intensamente, com os nervos reconectados pelo fogo. Suas memórias passaram diante de seus olhos como um caleidoscópio. Desde a primeira vez que chegou ao saguão até este momento de luta contra seu Mestre. Ela havia lutado, repetidas vezes, por seu Mestre e por si mesma.

    ‘Toda essa dor.’

    Toda a luta e todos os anos. Se tudo existisse apenas para este momento. Se esses momentos foram a razão daqueles anos de luta.

    — Eu não vou perder — Seris murmurou. — Não vou perder para você.

    「…」

    — Você não pode me vencer! — As chamas queimavam com mais intensidade. O cabelo de Seris ficou branco enquanto as chamas da vida ardiam. — Você sacrificou sua humanidade pelo infinito.

    No nono golpe, o branco e o preto entraram em choque. Chamas e escuridão giravam em um vórtice, aquecendo os arredores.

    — Eu sacrifico tudo por este momento.

    Essa é minha ‘persuasão’ para com você.

    ‘Queime, cada vez mais intensamente.’

    No décimo golpe, superei todos os limites, de novo e de novo. Todo o espaço se iluminou com fogo. Os fragmentos ocultos se aproximaram, mas logo se desintegraram em bolhas.

    Os olhos de Seris brilhavam como o sol. Para queimar, era necessário combustível e ela escolheu a si mesma como esse combustível.

    No décimo primeiro ataque, branco e preto se chocaram com ferocidade.

    Lævateinn e a espada de escamas de dragão miravam nos pontos vitais um do outro. Elas empurravam, cortavam e desviavam, empurrando novamente. Cada colisão trazia explosões e chamas.

    Décimo segundo, décimo terceiro, décimo quart, décimo quinto, décimo sexto…

    Antes que as chamas se apagassem. Antes que ela desse seu último suspiro.

    ‘Eu vou acabar com isso.’

    A espada flamejante atacou a alma perdida implacavelmente. Velocidade supersônica, velocidade da luz, velocidade além da luz. Ataques que transcendiam a existência foram lançados contra a alma perdida.

    Mesmo assim, ele os bloqueou e contra-atacou.

    ‘Que homem incrível.’

    Um sorriso se formou nos lábios de Seris. Toda vez que ela lançava seu ataque final, o homem retribuía sem pestanejar.

    ‘Aquele que foi considerado o terceiro no ranque não durou nem um segundo contra ele.’

    Num espaço onde o tempo parecia ter parado, milhares de golpes se cruzaram, se misturaram e se separaram.

    Coberta de chamas ardentes, o fogo primordial consumiu cada vez mais Seris.

    ‘Mais rápido.’

    Agora ela podia ver. Ela podia ver o mundo em que seu Mestre empunhava sua espada.

    Lævateinn girou, deixando um rastro vermelho.

    E logo veio o som de carne sendo rasgada. Sangue negro jorrou do ombro esquerdo da alma perdida.

    O homem não parou. A espada de escamas de dragão espiralou, rasgando o flanco de Seris. Mas ela não sentiu dor. Seus órgãos desnecessários já haviam desaparecido. Seu corpo havia evoluído para uma máquina para este momento.

    ‘Mais forte.’

    Trum! A força avassaladora empurrou a alma perdida para trás. Seris correu em direção ao homem cambaleante.

    ‘Mais. Só mais um pouquinho. Só mais um pouquinho.’

    A cada queima, cada momento sua vida encurtava e as chamas ficavam mais intensas.

    「…」

    Os olhos da alma perdida escureceram. Ele classificou o oponente como ‘formidável’.

    As escamas de dragão voaram. A capa ondulou quando o homem saltou no ar. Seris o seguiu, liberando chamas. O branco e o preto se chocaram novamente.

    Gyaaaah! Não houve problema com os fragmentos rastejando. O poder de combate eliminou os fragmentos intrusos.

    ‘Até onde, Mestre?’

    Trum! Lævateinn e a espada de escamas de dragão se chocaram.

    ‘Até onde tenho que ir para ficar ao seu lado?’

    Seris queimou da cabeça aos pés, cinzas flutuavam atrás dela. Ela não podia mais ser chamada de humana. Era um fogo vivo.

    Somente cinzas permaneceriam quando as chamas se apagassem.

    ‘Mesmo assim.’

    Ela era forte. Absolutamente forte. De uma forma avassaladora.

    Quanto mais Seris pressionava, mais forte ele devolvia os golpes. Em inúmeras trocas, o homem não recuou.

    Ele afirmou com todo o seu ser. Não importava quem o enfrentasse, ele nunca perderia.

    Com sua capa esvoaçante, a espada de escamas de dragão se ergueu.

    E assim, aconteceu o tricentésimo vigésimo oitavo ataque. A espada de escamas de dragão se estendia por dezenas de metros ao redor de Seris balançou e um som desagradável de carne sendo dilacerada ecoou.

    O braço direito de Seris foi arrancado.

    Lævateinn, que ela segurava, voou enquanto o sangue jorrou. 

    Uma escama afiada arrancou seu olho esquerdo. Sua visão escureceu no lado esquerdo.

    — Mestre. — Seris sorriu. No meio de sua visão turva, a alma perdida se aproximava lentamente. — Isso é demais.

    Muito forte. Não importava o quanto ela aumentasse seu poder, ela não conseguia superá-lo. Ela não conseguia alcançar o lugar onde seu Mestre estava.

    É por isso que Seris tinha certeza.

    ‘Este homem conseguirá vencer.’

    Não importa quem fosse o inimigo. Mesmo que fosse uma existência absoluta que superasse os deuses, ele alcançaria a vitória.

    Seris olhou para frente.

    A espada de escamas de dragão mirava em seu coração. Ela não conseguia detê-la, sabia instintivamente. Mesmo que usasse toda a sua força e queimasse até o fim, não conseguiria superar aquele homem.

    ‘Mas, desta vez…’

    Thuck! A ponta da espada de escamas de dragão perfurou o peito de Seris.

    Ela largou a mão que estava segurando.

    — Eu… ganhei…

    O corpo dela caiu para o lado.

    「…」

    A alma perdida olhou para baixo e viu uma pequena adaga branca que estava cravada no lado esquerdo do seu peito.


    AAAAAAAAAAAAAAAAA Eu já estava entediadaaaaaaa! Finalmente ela lembrou de espetar a faquinha nele!

    Sério, eu achei a luta bem desnecessária. Podia cortar toda essa parte, foi pura encheção de linguiça.

    Foi doloroso traduzir isso. Me lembrou de SUN. Misericórdia, nunca mais.

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