Capítulo 326: Epílogo 4 – Valhalla
Tradução: Nimsay
— Por que você deixou de ser uma Maga da Corte?
Faíscas voavam da lareira na frente deles após a pergunta. Eolka tirou as luvas e respondeu: — Você precisa mesmo perguntar? Não tive a oportunidade de mostrar meu talento brilhante.
— Talento brilhante, você diz.
— O quê? Você está insatisfeito?
— É útil para acender fogueiras, eu acho. — O homem encostado numa árvore sorriu.
O homem com uma espada no quadril chamava-se Velkist. Ele era um mercenário reconhecido por sua habilidade na Guilda dos Mercenários.
Uma menina sentada perto do fogo mordeu a perna de um veado. A carne macia rasgava facilmente, e o suco enchia sua boca. Ela carregava três punhais na cintura e um arco curto nas costas. Seu nome era Jenna Shirai.
— Não deviam olhar para si mesmos antes? Embora eu não soubesse, já deviam estar cientes da situação do país.
— Como assim?
— Que há nada para fazer. — Eolka suspirou. — Abdiquei do meu cargo de prestígio e vim para cá, mas não é o que eu esperava. Também não tenho oportunidade de mostrar minha magia brilhante aqui.
— Mas você tem muitas oportunidades de assar carne. — Jenna falou com a boca cheia.
— Eu não quis dizer isso! — Eolka gritou, frustrada.
Após longa contemplação, ela tomou a decisão mais importante de sua vida. Mas sua expectativa foi cruelmente traída. Não houve chance de exibir suas habilidades conquistadas com tanto esforço.
‘Que país é esse?1’
É muito tranquilo. Pacífico, é até demais. Todas as raças que costumavam lutar constantemente com os humanos assinaram tratados de paz com o império. Eles desfrutaram de mais de dez anos de prosperidade e não havia nenhum vestígio de bandidos. Nessa situação, as tarefas dos mercenários eram extremamente limitadas.
Capturar pequenos ladrões, procurar gatos perdidos, trabalhar como garçonete em uma pousada. Apenas pequenas tarefas.
A última foi para despesas de hospedagem porque Eolka perdeu sua carteira.
O reinado da Imperatriz da Coroa de Prata, Priasis I, ultrapassou dez anos. Sob seu governo, os cidadãos do império desfrutavam de tempos de paz. Para onde quer que se olhasse, tudo era paz. O riso das crianças ecoava constantemente pelas ruas.
O nome da maga é Eolka Rivel Strashur, pertencente a uma família nobre.
Depois de se dedicar intensamente à magia, tornou-se a Maga da Corte do Império, mas, em algum momento, foi invadida por uma sensação de vazio. Sentia que algo importante em sua vida estava faltando, como se tivesse esquecido algo.
Então ela decidiu arriscar para preencher aquele vazio em seu coração. Mas ela ainda não sabia o que era isso.
— Ei! Por que você não responde? Quando alguém te diz algo, é educado responder. — Eolka apontou para Velkist, que deu de ombros.
— Não tenho nada a dizer.
— Isso não é justo!
— Se você insiste, eu diria que é chato. — Velkist levantou a cabeça. Através das folhas e galhos, o céu noturno podia ser visto. — Não acho que este mundo seja para mim.
Velkist olhou para a lua.
Então, o olhar de Eolka se voltou para a terceira pessoa.
— Eu? — Jenna apontou para si mesma enquanto mastigava a carne. — Estava entediada.
— E isso levou você a se tornar uma mercenária? — Eolka respondeu com uma expressão decepcionada.
‘Nossa…’
Essas pessoas são parecidas comigo. Ser mercenário em tempos de paz é coisa para excêntricos.
A chefe da Guilda dos Mercenários, Edis, também era estranha.
‘Este lugar está cheio de malucos.’
Eolka se arrependeu de ter vindo para cá. Ela deveria estar apreciando vinho e bifes em sua luxuosa mansão.
Cerca de um mês atrás, os três se conheceram por acaso em uma cidade remota. E, por acaso, se tornaram companheiros.
‘Coincidências atrás de coincidências…’
Até então, nenhum dos três tinha companheiros, mas desta vez foi uma exceção. Era algo mágico, não sentiam nenhuma aversão entre si, como se tivessem compartilhado a vida e a morte em uma vida anterior.
— Então, quanto tempo falta para chegar às ruínas? — perguntou Eolka. Há uma semana, um boato chegou aos ouvidos dos três mercenários ociosos.
— Valhala?
— É por isso que estamos aqui.
A lenda de Valhalla.
Em algum lugar em Taoni, há ruínas de um deus sem nome. Aqueles que passarem pelo teste das ruínas poderão viajar para um novo mundo.
Mas eram apenas rumores.
Quase ninguém tentou. A maioria dos mercenários considerou a história inútil e a ignorou, mas os três eram diferentes. Rapidamente fizeram planos e partiram em busca de aventura.
‘Preciso provar minhas habilidades.’
Para mostrar que sou excepcional., que tenho mérito suficiente. Que sou uma gênia escolhida.
‘Mas… para quem?’
Ela não sabia.
Eolka balançou a cabeça.
— Ugh, aqui está. — Jenna tirou um pequeno objeto metálico da bolsa. Uma insígnia dourada com a figura de um carneiro. A insígnia emitia uma luz fraca na mão da mulher. — Está reagindo. Parece que estamos próximos — Jenna disse enquanto acariciava a insígnia.
— Não é falsa, é? — Eolka olhou para a insígnia com desconfiança.
Ela perguntou a Jenna onde ela conseguiu isso, mas Jenna respondeu que não se lembrava.
— Mana, isso não é falso.
— Tenho minhas dúvidas. De onde veio algo tão conveniente? Uma insígnia que guia para as ruínas só por tê-la. E você nem lembra onde a conseguiu. — Eolka grunhiu.
— Bem, talvez eu tenha feito grandes feitos na minha vida passada… — Jenna sussurrou no ouvido de Eolka. — Talvez tenha sido um presente de um deus.
Eolka suspirou.
No dia seguinte, os três fizeram as malas e continuaram a viagem. Eles estavam na parte mais oriental de Taoni.
Uma selva densa e exuberante se estendia diante deles. Se Eolka não tivesse dominado a magia do vento2, eles poderiam ter morrido de calor. Originalmente, ela só conseguia lidar com magia de fogo, mas após árduo esforço, também dominou a magia do vento.
Os três mercenários seguiram o caminho guiado pela luz através da selva.
Dia após dia, noite após noite.
— Está aqui — murmurou Velkist.
Em um alto penhasco na borda da selva, havia uma igreja velha em ruínas.
— O símbolo é igual — Jenna falou animada.
Acima da entrada da igreja continha o desenho de um carneiro. Era o símbolo de Valhalla, o lugar que eles procuravam.
Velkist agarrou firmemente o punho da espada.
— Se você passar no teste, poderá ir para um novo mundo3.
— Que tipo de lugar será? — Jenna inclinou a cabeça.
Eolka levantou um dedo.
— Hehehe, com certeza…
— …?
— Será um lugar cheio de coisas deliciosas.
Velkist sorriu antes de entrar na igreja.
Seu corpo desapareceu no corredor escuro. Jenna o seguiu correndo.
— Espere! Devíamos discutir isso primeiro! — Eolka, que havia ficado para trás, começou a andar nervosamente.
‘Eles não têm ideia do que é bom senso!’
Não havia nada a fazer ficando parada, então Eolka também correu atrás deles.
As luzes mágicas no corredor acenderam sozinhas. Dentro da igreja, estendia-se um amplo corredor. Havia esculturas nas paredes de um homem com uma espada lutando contra monstros desconhecidos. O homem com a espada, os seguidores atrás dele e os monstros hostis pareciam quase vivos, cheios de vitalidade.
‘Este homem…’
Eolka estendeu lentamente a mão em direção ao homem esculpido na parede.
— Mana!
— Hã? O que foi? — Eolka pulou de susto e parou o que estava fazendo.
— O que você está fazendo aí, parada? Chegamos ao fim.
Eolka correu para frente.
No final do corredor contém uma grande caverna e do outro lado há uma porta enorme. De cada lado da porta, estátuas de guerreiros em armaduras erguendo suas espadas.
— É isso?
— Tenho certeza. — Jenna ergueu a insígnia, que emitia um brilho dourado. — Finalmente conseguimos.
Jenna sorriu largamente.
Trrrrrr! De repente, a caverna começou a tremer. Eolka, que estava distraída, quase perdeu o equilíbrio e caiu.
[Guerreiros que desejam se juntar à guerra eterna.]
Os olhos das estátuas próximas à porta brilhavam e uma voz majestosa ecoou da boca da estátua.
Uma pequena porta de pedra apareceu no lado direito da caverna.
[Eu os desafio.Provem a si mesmos.]
A porta de pedra se abriu com um rangido.
[Os indignos não podem entrar no campo de batalha.]
‘Devemos passar pelo teste daquela porta?’
Velkist olhou para dentro da porta aberta. Ele já estava preparado.
‘Não será chato.’
Este mundo parecia terrivelmente chato para ele.
Nenhum inimigo foi capaz de satisfazê-lo. Esta provação não acalmaria seu vazio, mas poderia proporcionar algum entretenimento. Velkist agarrou o punho da espada e começou a andar.
— Vocês dois esperem aqui. Eu vou sozinho… — Ele começou a dizer.
— Vamos ver, meu irmão disse que foi feito assim.
Velkist se virou e viu Jenna inserindo a insígnia dourada em algum lugar na grande porta.
‘O que ela está fazendo?’
Depois de lutar por um tempo, Jenna inseriu a insígnia em uma fenda na porta. A enorme porta na frente da caverna começou a se abrir.
[Se você passar no teste do guerreiro, você… você…]
— Pronto! Vamos, pessoal. — Jenna esfregou as mãos feliz.
[O que vocês estão fazendo, trapaceiros!]
Uma pequena luz emergiu da boca da estátua. No meio do brilho apareceu uma fada com quatro asas.
[Como você ousa trapacear no julgamento!]
A fada, com as bochechas coradas, gritou.
— Ah! — Eolka ficou assustada. — É um monstro, um monstro!
— Não é um monstro. É a Isel.
[Quem é Isel? Eu tenho meu próprio nome, Freya! Como você abriu a porta…? O quê?]
A fada, observando os três, arregalou os olhos, surpresa.
[Por que você está aqui…?]
Jenna piscou confusa para fada, que olhava para ela.
— É desconfortável que você esteja me olhando desse jeito.
[Você tem… memórias?]
— Meu irmão veio secretamente uma vez. Ele nos disse como chegar.
[Você não ia ficar na floresta?]
— Depois de ficar parada por alguns anos, minhas mãos começaram a coçar. — Jenna mostrou a língua.
[Ugh!]
Com um grande barulho, a grande porta abriu-se completamente.
Jenna olhou para os outros dois.
— Bom trabalho, pessoal. Vejo vocês lá. — Atrás da porta havia um jardim e no centro dele havia um portal dimensional brilhante. — Fui!
Jenna saltou agilmente e mergulhou no portal dimensional. Velkist e Eolka observaram surpresos enquanto ela desaparecia.
[Ugh, isso a culpa é minha…]
A fada voou em direção a Velkist e a poeira estelar de suas asas caiu sobre ele, fazendo ele brilhar.
— … — Os olhos dele mudaram enquanto o brilho esmaecia. — Então é assim.
Velkist olhou para o portal dimensional.
— O que está acontecendo? O que está acontecendo?
— Eu queria viver uma vida normal, mas… parece que não consegui. — Velkist desembainhou sua espada e um sorriso satisfeito apareceu em seu rosto.
— Que diabos? Cadê a Jenna? Que porta é essa? E aquela fada estranha? — Eolka gritou coçando a cabeça.
— Descubra você mesma, maga.
Velkist abaixou sua espada e caminhou em direção ao portal dimensional. Logo, a silhueta do homem foi engolfada pela luz e desapareceu.
— Você deveria explicar! — Eolka cerrou os punhos e gritou.
Claro que não havia ninguém para ouvir sua reclamação.
[Você está sozinha.]
A fada falou enquanto cutucava a orelha.
[Faça o que quiser. Vá ou não.]
— Para onde foram os outros dois?
[Quem sabe.]
— Que grosseria!
‘Não pense que não conheço magia dimensional!’
Eolka caminhou furiosamente em direção ao portal, embora ela não soubesse muito sobre magia dimensional.
[Você também vem?]
— Por que não deveria?
[Os outros dois, eu não sei, mas você vai ter que se esforçar. Você desiste no meio do caminho.]
— O quê? Você está dizendo que eu sou uma pessoa inútil e sem talento?
[Eu não disse isso…]
— Você me subestima! — Eolka apontou para o portal. — Certo. Vou mostrar àquele idiota dentro do portal as habilidades da grande maga, Eolka Rivel Strashur.
[Você sabe quem está lá dentro?]
— Bem… — Naquele momento, uma vaga lembrança cruzou sua mente, mas foi apenas por um instante. — Não importa quem seja!
Swish!
Eolka tirou um leque do vestido.
— Eu vou mostrar a eles quem eu sou.
[Faça o que quiser.]
— Hahaha! Preparem-se. — Vra! Eolka fechou seu leque w depois de três passos ela tropeçou na saia do vestido e caiu. — Ah!
[…]
— Não olhe. — Eolka se levantou rapidamente e entrou no portal.
Freya a observou e suspirou.
[Vai ficar barulhento de novo.]
Não parecia haver mais visitantes além deles.
Bum! A porta começou a fechar.
‘Talvez eu deva ir também.’
Ela estava curiosa sobre o que aconteceria.
Freya bateu suas quatro asas e se dirigiu ao portal. Para onde seu herói a esperava.
Nossa, eu queria que esse capítulo fosse mais emocionante… Mas eu amei mesmo assim.
Nossa maga maluca vai encontrar novamente o Han <3
Por favor, vejam a enquete no discord.
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