Capítulo 39: Tipo de Missão: Defesa (4) (Parte 2)

À medida que as palavras de Jenna desvaneciam, o chão tremia abaixo de nós. Quebrei a cabeça de outro goblin com meu escudo e recuei. Em meio à chuva torrencial, uma figura corpulenta emergiu.

— Fique calma. Lide com isso exatamente como fizemos com o anterior.

— Mas este parece… diferente?

— Diferente como?

O novo ogro estudou o cadáver de seu companheiro por um momento antes de desviar o olhar para a represa, onde uma parede de fogo brilhava intensamente.

‘Ele está mirando na represa.’

— Peguei ele!

Com outro movimento rápido, Jenna lançou uma flecha que se alojou na axila do ogro.

Em resposta, o ogro soltou um rugido desafiador e virou-se para olhar para Jenna.

— Excelente. Agora, está focado em mim…

Mas então o ogro se curvou, lançando-se numa corrida em direção à represa.

‘Caramba.’

— Bloqueiem seu caminho!

Com um som agudo, uma segunda flecha atingiu a panturrilha do ogro. Implacável, a criatura continuou seu ataque.

Os Goblins, aglomerados em sua rota, foram esmagados ou catapultados no ar.

— Ele perdeu a cabeça?

Nossa barricada de fogo poderia conter os goblins, mas era impotente contra o avanço resiliente de um ogro.

Soltando meu escudo, agarrei minha espada e lancei-me para frente. No entanto, meus passos pareciam dolorosamente lentos. Eu não conseguia alcançá-lo.

— Aaron, evite que ele chegue à represa!

Aaron tentou pará-lo, espetando a lança em seu joelho. Mas o monstro estava imperturbável. Apenas soltou um rugido atormentado e passou pelo lanceiro.

‘Está determinado a destruir a barragem, vivo ou morto?’

Uma ameaça imprevisível havia aparecido.

Jenna, rápida como um chicote, subiu nas costas blindadas do ogro. Sacou sua adaga e, repetidamente, perfurou o músculo trapézio da criatura, onde o pescoço e o ombro convergiam.

Stchnk! Stchnk! Stchnk! Stchnk!

— Grruuuaaahhh! — O ogro rugiu de dor.

— O que há com esse monstro? — gritou Eolka que abriu os olhos, parou o feitiço e começou a correr.

Ignorando goblins, facadas, pedras e chamas, o ogro correu em direção a represa sem qualquer hesitação.

‘É tarde demais.’

— Saia daí, Jenna!

Em uma graciosa cambalhota no ar, Jenna se desvencilhou do ogro que atingiu o centro da represa. Toda a estrutura estava cheia de rachaduras. Com um estalo ensurdecedor, um grande buraco apareceu e a água jorrou incontrolavelmente.

— …

O nível do rio começou a subir.

Só então o som distante, dos cascos dos cavalos pisoteando a terra que escutei no sétimo andar, ecoou.

— Kya-ro!

Em um movimento rápido, enfiei minha espada na boca de um goblin. A lâmina emergiu da nuca, cortando sua língua.

Era o último ogro. Após completar sua tarefa, ele se deixou ser arrastado pela correnteza rápida do rio, desaparecendo de vista. 

Chutando o corpo sem vida de um goblin aos meus pés, murmurei: — Falhamos.

— Então, o que…

— Vamos voltar. Precisamos bolar um segundo plano.

E temos um segundo plano?

Eu ponderei brevemente sobre essa perspectiva.

Sem qualquer apoio, a realidade assustadora era clara. Trezentas e setenta pessoas teriam que conter uma horda de mais de três mil goblins.

Eu cerrei os dentes. Um imprevisto imprudente lançou nossa missão no caos. Mas a rendição não era uma opção. Tínhamos que encontrar uma solução, existisse ou não. Recuperando meu escudo, pendurei-o por cima do ombro.

As batidas dos cascos dos cavalos ficaram mais altas e urgentes. No entanto, o rio, agora uma força ameaçadora, crescia a um ritmo alarmante.

Esta linha do tempo não faz sentido. Eu lutei para conter um suspiro que ameaçava sair.

De repente, Eolka quebrou o silêncio.

— Espera.

— O que?

【Draste Siradus.】

Um flash azul luminescente brilhou nos olhos de Eolka.

De repente, uma rocha à beira do rio levitou.

【Move!】

Guiada pelo gesto de Eolka, a rocha flutuou no ar, selando o rompimento da barragem.

A água, antes fluindo livremente pelas aberturas, parou abruptamente. Eolka jogou o cabelo encharcado para trás, rindo de satisfação.

— Ei, você, como …

— Telecinese? É a mais básica das artes mágicas. Surpreso?

— Por que diabos você não disse que poderia fazer algo assim antes? — Eu gritei furiosamente.

— Por que você está zangado? Acabei de salvar uma missão que teria falhado…?

Cambaleante, Eolka vacilou à beira do colapso.

Aaron correu para frente, firmando-a.

— Obrigada. Você tem boas maneiras, ao contrário de alguns. Eu… ah!

Puxei a bochecha de Eolka de repente.

— Quem disse para você esconder seus poderes, hein? Eu fui claro. ‘Diga-me todos os feitiços que você consegue usar’.

— Você… Ai! Este feitiço era muito básico…!

— Suficiente.

Quando soltei sua bochecha, Eolka me lançou um olhar, uma carranca mal-humorada sob seus olhos marejados.

— De qualquer forma, estamos vivos graças a você. Muito obrigado. Reagrupem-se e tomem goles de suas poções.

Recuando para o local sombreado por árvores de antes, limpamos a poeira e bebemos nossas poções. Eolka, mais pálida que um fantasma, parecia prestes a vomitar, lutando com sua poção de mana.

— Eu gostaria que esta chuva diminuísse.

Jenna torceu o vestido, uma cascata de água escorrendo pelas dobras.

De repente, o som de cascos se aproximando encheu o ambiente.

Um cavaleiro na vanguarda agitava uma bandeira carmesim com o emblema de um leão.

Seguindo-o, uma cavalaria de centenas de pessoas saiu trovejando da floresta. Vestidos com armaduras brilhantes, seus corcéis robustos mantiveram a velocidade, imperturbáveis ​​pela lama.

— Todos, avancem! Demonstre o valor da Cavalaria do Leão de Ferro!

— Mas capitão, o rio…

— Veja se eu me importo? Nada pode nos parar hoje! Atravessem!

— Sim senhor! Todos, avancem!

Um por um, os cavaleiros começaram a mergulhar no rio.

A fúria do rio não foi páreo para o ataque implacável da cavalaria.