Capítulo 4: Tutorial (2) (Parte 1)

Eu cambaleei, mas fiquei de pé.

Não há como voltar. Não há como sair pela lateral. O único caminho é seguir em frente.

Então, isso significa que terei que lutar contra aquele monstro?

Então tá!

Eu irei lutar. E independente de ser um sonho ou não, irei quebrar a cara de quem me mandou aqui. ¹

Respirei fundo, várias vezes, mas mesmo assim meu coração não se acalmou, então mordi a língua com força. O gosto amargo de sangue encheu minha boca.

Avalie a situação.

Entenda.

Onde estou? O que devo fazer? Posso pensar nas razões mais tarde. Posso reservar um tempo para olhar em volta depois de acordar desse sonho.

— Se for assim…

Eu examinei meu entorno.

Casas em chamas e algumas abandonadas. Aldeões em fuga. Goblins perseguindo-os. Eu já tinha visto essa cena em algum lugar antes. Não foi apenas um mero vislumbre, pois poderia me lembrar disso vividamente.

Escolha-me, Gacha Infinito.

Este lugar era a fase do prólogo do jogo Escolha-me.

O campo da aldeia em chamas. Era muito mais realista e detalhado, mas era apenas um ‘pano de fundo’, como se estivesse em uma peça de teatro. Eu não conseguia interagir com os outros e eles não conseguiam interagir comigo.

Mas por que estou aqui…? Não.

Afastei os pensamentos negativos persistentes. Eu poderia desabafar minha raiva depois de acordar.

Girei a espada de ferro na mão direita uma vez e meu ombro direito ficou rígido com o peso.

Existe apenas um inimigo.

Embora houvesse centenas de Goblins no fundo da aldeia, havia apenas um Goblin no ‘campo’. O resto poderia ser tratado como inexistente.

Sob a colina, um Goblin com capacete enferrujado piscou os olhos. Sangue escorria da lâmina.

—  Kerrruk!

— Lembro-me de olhar para esta cena e dizer… Se você vai conseguir, pelo menos faça decentemente…

Os gráficos não eram tão bons, afinal Escolha-me era um jogo para celular. Definitivamente não possui esse tipo de gráfico. Presas no canto da boca, olhos vermelhos, protuberâncias na pele. Sangue respingado.

Por que é tão realista?

Mesmo se a pessoa tivesse uma personalidade ousada, não poderia deixar de sentir medo quando fosse jogada do nada em um lugar como este, recebendo uma espada e sendo instruída a lutar contra monstros.

Pelo menos me empreste uma AK-47 ou me dê uma arma para atirar! Só de ficar aqui, minhas pernas tremem.

Minha visão escureceu e minha respiração ficou presa na garganta. Um hálito quente saiu da minha boca.

Vai doer se eu for atingido por aquela espada? Se eu morrer aqui, morrerei na realidade também?

Ou vou acordar deste sonho?

— Droga….

Eu não tinha intenção de descobrir. Seria muito doloroso.

Cuspi saliva misturada com sangue.

O físico do Goblin era menor que o meu. Na melhor das hipóteses, era do tamanho de um estudante do ensino médio. Seus membros eram finos e frágeis. Em termos de músculos, provavelmente não era tão forte. Quer seja um estudante do ensino fundamental ou médio, uma facada com uma espada seria suficiente.

Além disso, eu estava em uma colina íngreme e o Goblin estava abaixo.

O terreno estava a meu favor.

— Seu desgraçado!

Corri descendo a colina e saltei chutando o Goblin no peito. 

Ele caiu, mas enquanto o Goblin rolava, ele brandia a espada.

Não fique tenso. Não pisque. Não feche os olhos. Assista até o fim! Se você não olhar, você morrerá!

Quando dei um passo para trás, a lâmina passou pelo meu nariz. Um pedaço frio de gelo se instalou em meu peito.

Se eu tivesse sido um pouco mais lento…

— Seu bostinha!

Eu joguei a espada de ferro. O punho atingiu o capacete do Goblin, fazendo um som estridente. O Goblin cambaleou. Eu pulei nele e ataquei.

O Goblin e eu caímos juntos.

— Morra, desgraçado!

Eu assumi a posição de montaria e dei um soco no rosto do Goblin.

Com os dois joelhos prendendo seus ombros, soquei seu nariz. Houve um baque surdo e o nariz do Goblin afundou, respingando sangue.

Parecia que minha cabeça estava pegando fogo. Montando no Goblin, eu soquei descontroladamente como um louco. Eu até esqueci da espada. Coloquei toda a minha força em cada soco. Eu soquei até que meus punhos estavam prestes a quebrar.

Isso durou alguns minutos.

— Haah, haah…

Rolei para longe do Goblin e caí no chão.

O Goblin, coberto de sangue, estremeceu ligeiramente e depois parou de se mover.

Mais uma vez, minha visão mudou abruptamente.

Quando abri os olhos, estava em uma sala branca.

A fadiga desapareceu completamente. Não havia feridas visíveis em meu corpo. Levantei-me instável. Em vez de fadiga, uma sensação de vazio tomou conta de mim.

Porque essa mensagem apareceu? Poderia ser?

Abri a porta e entrei na praça. Entre os portões de ferro bem fechados, o portão da ‘Estação de Invocação’ estava aberto.

Sem chance.

Invocação?

Tremendo, entrei na Estação de Invocação.

No centro da sala espaçosa, um círculo de magia negra estava gravado.

De pé sobre ele estava uma cavaleira. Depois de um tempo, parte do meu campo de visão brilhou e a janela de status de Shay apareceu.

A cavaleira usava uma armadura deslumbrante que podia ser vista em filmes, com os olhos fechados. O florete prateado pendurado em sua cintura brilhava.

Shay abriu os olhos.

— Então, fui convocada.

Ela murmurou em voz baixa e saiu do círculo mágico com firmeza. Ela olhou para mim, que estava parado.

— E você?

— Ah, Han Seojin.

— Han Seojin? Esse é um nome estranho. Eu sou Shay Radasterry. Uma cavaleira — Shay respondeu com indiferença e saiu da Estação de Invocação.

Agora não é a hora. Cocei a cabeça e segui Shay. Ela estava olhando ao redor no centro da praça.

— Hmm, então este é o lugar. Eu entendo.

Ela assentiu como se entendesse alguma coisa.

1. Sim, vocês vão perceber que tempo verbal não é o forte desse autor. Ele fica colocando o pensamento sem aspas e depois com aspas, como já aconteceu nos capítulos anteriores.[↩]