Capítulo 5: Tutorial (3) (Parte 2)

Shay se transformou em partículas de luz, que se espalharam.

Clunk.

O portão que dava para a praça se abriu.

Com um efeito sonoro alto, a janela holográfica desapareceu.

Parado na praça por um tempo, gritei bem alto.

— Isel, você está aí? Responda-me!

[Por que está me chamando? É tão irritante!]

Isel apareceu no espaço vazio.

Ela dobrou as asas e pousou no chão, balançando os braços para cima e para baixo de raiva.

[Que idiota! Sintetizou uma quatro estrelas com um uma estrela? Você é um acéfalo? Eu disse para você usar os favoritos! Dicas, já falei sobre as dicas! Leia as dicas! Arghhh, estou ficando louca, louca!]

— …

Então, foi isso que aconteceu.

A razão pela qual sobrevivi foi simples. O método de síntese do herói envolvia arrastar e soltar o herói a ser sacrificado. Ele inadvertidamente tocou e aceitou o sacrifício sem perceber.

Uma risada amarga me escapou. Sobrevivi por um golpe de sorte. Por outro lado, Shay morreu devido a um simples erro de controle.

Uma mensagem anunciando o fim do jogo apareceu.

Isel, que estava inquieta, enxugou uma lágrima do olho.

[Droga, finalmente começou e termina assim…]

— Conte-me sobre a situação. Estou curioso e prestes a enlouquecer. Onde é este lugar? Como cheguei aqui e como volto?

[Hmph, por que eu deveria?]

Isel chutou o vazio e depois mostrou a língua. Sua figura gradualmente ficou embaçada.

[Se você quer saber, suba na torre. As respostas estão aí. Tchau!]

— Ei, espere!

Acenei com a mão onde Isel estava, mas nada foi pego.

Ela havia escapado.

— …

Fiquei sozinho na praça.

Tanto a fada atrevida quanto a cavaleira haviam desaparecido.

Ambos sabiam coisas que eu não sabia. Se eu soubesse disso, deveria ter perguntado a Shay.

Deixando a praça vazia para trás, voltei para a sala.

O quarto ainda parecia uma residência luxuosa. Quando abri o armário da penteadeira, havia um macarrão instantâneo dentro.

Com uma sensação sombria, peguei uma panela e fervi água.

Eletricidade, água e gás estavam todos funcionando. Enquanto a água fervia, procurei uma saída, mas não consegui encontrar. O edifício em si era um enigma, sem qualquer pista sobre as suas origens.

Engoli o macarrão.

O ramen, comido depois de muito tempo, estava incrivelmente delicioso.

Sem nem mesmo tomar um banho, me arrastei para a cama.

Só então percebi completamente o que tinha acontecido até aquele momento.

Kerrruk.

O grito do goblin que parecia catarro fervente. Os olhos sangrentos e sinistros. As casas em chamas e as pessoas em fuga. O som de uma espada cortando o ar ao se aproximar de mim. A sensação de vida se extinguindo na ponta dos meus dedos.

‘Eu não fui escolhida. Foi isso.’

A voz amarga de Shay ecoou em minha mente.

Não foi você quem não foi escolhida. Você simplesmente teve azar. Em primeiro lugar, deveria ter sido eu, o herói comum que deveria desaparecer. Lembrei-me de Shay, envolto em luz, desaparecendo.

Não faz sentido.

Eu havia entrado em um jogo.

Poderia tal coisa realmente acontecer?

Se tudo acabasse sendo um sonho quando eu acordasse, seria ridículo.

Havia até uma parte de mim que queria aplaudir o sonho ridículo de entrar em um jogo. Como pude ter um sonho tão realista?

Mas se não fosse um sonho. 

Se tudo permanecesse igual quando eu acordasse. 

Se esta sala inorgânica e a praça vazia lá fora ainda existissem.

E se eu realmente tivesse entrado em um jogo como um herói, não como o Mestre…

Virei o cobertor e pensei.

Que tipo de pessoa eu sou em Escolha-me? Classificado em quinto lugar entre cem milhões de Mestres em todo o planeta.

Não havia um usuário que soubesse mais sobre esse jogo do que eu.

Eu conhecia quase todas as receitas de criação de habilidades e itens, estratégias e táticas eficientes, métodos de desenvolvimento de heróis e elementos ocultos.

As pessoas se referiam a mim como o Mestre dos Mestres.

Isso é quem eu era.

Mas se tudo continuasse igual quando eu acordar?

— Se isso acontecer…

Não pude deixar de me lembrar do momento antes de cruzar para este mundo.

Um monstro bugado de nível novecentos e noventa e nove, com identidade desconhecida.

Sem dúvida, esse ser bugado estava zombando de mim.

Só poderia ter sido ele quem me trouxe aqui.

Cerrei os dentes.

— Você mexeu com a pessoa errada.