Capítulo 60: Tipo de Missão: Escolta (4) (Parte 2)
Mesmo que uma cidade seja um exemplo de organização, haverá locais onde estão as pessoas menos abastadas.
Um homem sentado próximo à entrada se levantou.
Seu rosto sujo de óleo estava coberto de suor. Rindo, ele se aproximou de nós.
Seu alvo era visivelmente a garota.
— Hehe, o que esse bolinho de arroz está fazendo aqui?
A garota deu um pulo de surpresa e recuou.
— A senhorita está perdida? Ou você fugiu? Deixe-me guiá-la…
O homem pareceu ignorar Edis à sua frente enquanto passava.
Edis o agarrou enquanto o mesmo passava e empurrou seu pé com força.
O homem girou no ar e caiu no chão.
Bum!
Edis bateu na nuca dele com o calcanhar. Com um som semelhante ao de ossos quebrando, o sangue jorrou.
O homem tremia, contorcendo-se no chão.
Ignorando o homem caído, adentramos na favela.
Assim que entramos, pedaços de lixo que estavam voando foram trazidos pelo vento. Junto com isso, um cheiro nauseante indescritível flutuava no ar. A garota franziu a testa e tapou o nariz.
Próximo dali, era possível ver um varal entre muros altos, onde roupas sujas estavam penduradas.
Mas não havia moradores à vista.
— Se estamos nos escondendo, este lugar deve ser bom. Os caminhos são tão emaranhados quanto um labirinto e há muitos edifícios.
Concordei com as palavras de Edis.
Primeiro, precisávamos de um lugar para ficar até escurecer. A ação viria depois disso.
Foi quando a mensagem apareceu.
[Dicas: Um fato sobre Missões Longas. Às vezes as missões podem demorar muito e mesmo que você saia, os heróis continuarão ativos.]
Era uma explicação sobre como lidar com missões longas.
Como havia sinais de que a missão estava se arrastando, o sistema resolveu agir.
— Vou verificar o local primeiro.
Edis se abaixou como se estivesse se fundindo com as sombras da parede, fazendo sua figura ficar embaçada.
Era o efeito da habilidade exclusiva dos ladinos, Furtividade. Edis, que ativou a habilidade, desapareceu no interior da rua.
— Fique atrás de mim.
Caminhei lentamente, examinando os arredores.
Quase não havia pessoas na favela.
Era melhor assim. Em breve, os soldados também chegarão aqui e a busca começará.
Olhei para trás brevemente.
A expressão da garota estava tensa, mas mantinha um certo nível de compostura. Não havia nenhum indício de infantilidade ou acessos de raiva que eram típicos dessa idade.
‘Ela não é como uma garotinha comum?’
Se fosse, provavelmente teria rejeitado a sugestão de nos seguir.
Em meio ao caos, ela rapidamente identificou sua maneira de sobreviver.
Depois de um tempo Edis voltou e, seguindo suas instruções, entramos em um prédio em ruínas.
Era um edifício feito de pedra de dois andares à beira do colapso. As janelas estavam cobertas com tábuas pregadas. Lá dentro, muito pouca luz penetrava, tornando-o escuro. Além da porta da frente, havia também uma porta dos fundos, e notei um beco visível que poderia ser usado como rota de fuga.
‘É um local apropriado.’
Mesmo que os soldados se aproximassem, havia uma maneira de fugir.
Decidimos passar um tempo aqui. Edis imediatamente começou a montar armadilhas usando cordas finas e pedras. Ela colocou uma pilha de pedras amarradas com barbantes no topo da entrada depois de esticar o barbante sobre ela. Se alguém tocasse a corda, a pilha de pedras desabaria, criando barulho.
Foi o efeito de uma das habilidades de Edis, Instalação de Armadilhas.
Ladinos têm mais ênfase em missões desse tipo. Edis também havia adquirido inúmeras habilidades ao longo do tempo.
— Vamos passar um tempo aqui.
A garota caiu contra uma das paredes meio desabadas.
Seu vestido antes branco agora estava sujo de lama e poeira.
Puxei uma cadeira empoeirada da sala e sentei nela. Com uma bainha de faca no colo, olhei pela janela. O céu visível através das frestas do pano pregado estava mal iluminado.
— Vou sair um pouco.
— Saindo de novo?
— Eu também tenho um papel a desempenhar. Você é mais que suficiente para lidar com a guarda. Vou encontrar uma rota de fuga. — Edis sorriu levemente e desapareceu silenciosamente.
‘Talvez eu devesse ter trazido Jenna em vez dela.’
Nesta configuração, não tenho muito o que fazer.
Descansei meu queixo na mão e passei um tempo em silêncio. O som dos insetos do lado de fora da janela podia ser ouvido. Cerca de dez minutos se passaram assim.
— Priasis Al Ragna.
Voltei meu olhar para a garota.
Com longos cabelos prateados e olhos dourados, a garota, Priasis, estava olhando para mim.
— É meu nome. Eu sou a segunda herdeira do trono imperial.
— E?
— Parece que você é bem teimoso.
Priasis soltou uma risada amarga.
No entanto, ela logo recuperou a expressão determinada e continuou falando.
— De onde você veio?
‘Que pergunta estranha.’
De qualquer forma, nosso relacionamento seria de curta duração.
Eu respondi brevemente.
— Você não precisa saber.
— Eu revelei minha identidade e nome. Você não pode ao menos dizer isso?
— Mesmo se eu disser, você não vai entender.
— É tão complicado assim? Você veio de algum lugar que eu não conheço?
— Vamos dizer que sim.
— Por acaso… Vocês são os heróis que salvaram Nelsa?
Eu fiz uma careta.
Nelsa era o nome da cidade que salvamos no décimo andar.
— Parece que acertei.
— Como você sabia?
— Eu vi isso em um sonho.
— … Um sonho.
— Nesse sonho, os heróis lutavam para proteger a cidade. Não consegui ver seus rostos, mas tive uma forte sensação de que era você. — Priasis soltou uma risada, mas logo assumiu uma expressão determinada. — Há um ano, tenho tido sonhos estranhos. Eram basicamente pesadelos. Naqueles sonhos, tudo estava chegando ao fim. A capital do Império que durou mais de mil anos, as grandes cidades das quatro principais famílias, todas as outras grandes e pequenas cidades e vilas. Tudo no continente estava queimando.
— …
— No meio daquele sonho, me convenci de que se as coisas continuarem assim, o continente será destruído. — Priasis baixou o olhar. — Você sabe? Coisas estranhas têm acontecido ultimamente em todo o continente. Doenças não identificadas estão se espalhando, os insetos estão fervilhando e os monstros estão enlouquecendo. A invasão na cidade de Nelsa deve fazer parte disso. Originalmente, eles não invadiam os territórios humanos.
Ela estava falando devagar.
Pasmo com o que ela estava dizendo, perguntei: — Por que está me contando isso?
— …Eu preciso de poder.
— Poder?
— O poder de salvar este mundo.
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