Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 147: Corpo Elétrico Despertado
Quando a onda de dor foi embora, Celine teve um pequeno pico de energia. Os olhos coçavam, com uma suave queimação circulando pelas pálpebras. Os arredores continuavam com um tipo de aura para serem identificados, tanto que o mestre Liane era possível de se identificar naquele espaço, mas por algum motivo, o que estava à sua frente tinha uma manifestação diferente.
Os objetos e o vento pulsavam, partículas amarelas saltavam de um lado para o outro e criavam os contornos das coisas, desde os minúsculos vãos das tábuas de madeiras até os cômodos da casa. Ainda por cima, podia facilmente dizer a direção do vento sem o uso do tato. Ela se ergueu. As barreiras de aura no círculo ao redor desapareceram, sinal de que o procedimento havia terminado.
— Celine? Dá pra me ouvir? Você tá bem?
A garota virou o rosto na mesma direção da voz, ficando boquiaberta quando seus sentidos captaram uma estranha alteração no ambiente. Ao redor de Liane havia um tipo de campo de força, sobrepondo a pele. Além disso, era possível reparar em cada minúsculo movimento, desde as pulsações do coração aos músculos na mandíbula se esticando e relaxando. Era tão esquisito reparar no mundo assim, onde cada mísero detalhe fazia uma grande diferença.
— Sim, não há nada de errado… mas o que é isso sobre você, mestre Liane?
— Isso o que? Minha roupa? Calma, você recuperou a visão?!
— Não exatamente, mas diria que consigo ver uma coisa na sua pele… — Ela pôs as mãos no braço de Liane, apenas para notar que o campo se dobrou de acordo o do seu corpo, como se os dois se entrelaçassem e brigassem entre si. — Que estranho, parece que é um fantasma. Tem algo, mas não posso tocar.
— Você está vendo um pouco do meu mundo — disse Er’Ika, manifestando-se como sombra. Seu campo de força era errático, mudando a cada instante e assumindo diversos formatos. — Eu chamo isso de campos elétricos. Todas as coisas sofrem desse fenômeno, eu apenas dei um jeito de vê-los.
— Erika, que história é essa?! — Liane franziu o cenho. — Você tá falando que forçou o corpo da Celine a usar magia? Foi perigoso!
— Hah, pequenino, você só esquece que quem está no comando sou eu. Ativar magia é algo mais simples do que aparenta, sinais específicos são disparados no cérebro quando se usa um feitiço, eu só repliquei a carga do mesmo jeito e esse foi o efeito colateral. Ela desbloqueou seu potencial mágico, que talvez tenha algo relacionado a eletricidade… provavelmente porque eletricidade é o elemento mais básico de se expor quando se aprende magia.
Celine reparou na garganta do mestre se movendo, dessa vez gerando um suspiro. O mundo ao redor parecia muito diferente do que acreditava, substituindo o cinza do chão com linhas amarelas trêmulas. Naquela mesma hora, ela tentou apanhar os desenhos dos campos elétricos, mas seus dedos não tocavam-no direito. Uma coisa que reparou foi que alguns objetos detinham contornos diferentes, como revelado pelo próprio Er’Ika.
“Seria possível então interagir com algo sem ter que necessariamente tocá-la com minhas mãos? Se quando essa força ao redor muda ao tocar outra fonte, o que acontece se eu tentar puxar outra coisa?”
O pensamento cruzando pela mente a encheu de hipóteses. Se tal coisa realmente fosse crível, então ela conseguiria por exemplo lançar o mestre para o alto. Seus olhos pararam no caldeirão de metal próximo à lareira. Existia uma movimentação uniforme do campo de força naquilo, fluindo no mesmo ritmo para uma direção.
Celine, tendo obtido a compreensão que havia uma camada igual ao seu redor, esticou o braço para o caldeirão. A aura sobre a pele se estendeu rumo ao objeto, quase que grudando nele, mas teve um efeito inesperado. O caldeirão voou rumo aos dois, ela reagiu por instinto e se agachou, puxando Liane pela cabeça para também ficar caído, enquanto a peça de metal voou por cima da cabeça deles.
A porta da casa foi completamente arrebentada pelo impacto, sendo injustamente escolhida como alvo daquele arremesso. Ambos arregalaram os olhos, muito mais do que assustados, um porque não esperava aquilo acontecer e o outro sem entender como diabos um caldeirão pesado criou asas e passou pela sala.
— Mil desculpas, mestre Liane, eu tomarei a responsabilidade de consertar a porta quando for a hora.
— Foi você quem fez isso?!?
— Eu acho? O caldeirão tinha um campo elétrico, eu só estendi o meu e ele acabou vindo na minha direção. A culpa é inteiramente minha.
— Ce-Celine, não ligue tanto pra isso, é só uma porta…
Dessa vez, Liane tremia, coisa que a garota prontamente reparou quando os contornos amarelos ficaram ainda mais instáveis.
— Hahaha, os efeitos colaterais são muito interessantes — comentou Er’Ika, observando a cena. — Escutem com atenção, crianças, os campos de energia estão em constante relação uns com os outros. Normalmente, o que eles fazem é causar repulsão, de afastar outras coisas ao redor, mas certos materiais acabam se atraindo… como o caso de certos metais. Há ferro na composição daquilo.
Celine absorveu as informações cheia de espanto, então tocou na própria palma, a mesma usada para puxar o caldeirão. Se assim funcionavam os campos, a faca escondida na sua coxa funcionaria da mesma forma. Ela puxou do local escondido, e quando tentou puxar a faca, percebeu que não saia de nenhum meio da palma. Lançou-a pela janela, na mesma hora ativando sua habilidade.
A arma retornou numa velocidade ainda maior, cravando-se na parede.
— In-Incrível… esse poder é incrível!
Liane não sabia direito do que sentir mais medo, da faca escondida tendo aparecido ou de Celine mostrando suas emoções pela primeira vez. Havia um brilho ao redor dela, como se um mundo inteiro de possibilidades tivesse aparecido.
Hooh, essa garota tem muito potencial, já se interessou pelos próprios poderes.
“Erika, eu acho que você despertou um monstro. Ela tinha uma faca, eu nunca vi isso!”
Ah, pobre pequenino, você é tão ingenuo… Nós precisamos de monstros para enfrentar monstros, é a melhor forma de garantir uma vitória absoluta sobre os outros.
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