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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    Depois de firmarem um acordo, Er’Ika e Liane desde então andavam pela cidade no tempo livre para identificar os possíveis locais onde ocorriam reuniões de seitas demoníacas. Por causa da sensibilidade da criança, que por sinal era maior que a da entidade, tornou-se uma tarefa fácil andar de um lado para o outro e marcar um mapa da cidade com um pincel. O problema era obviamente o excesso de trabalho, pois o pouquíssimo tempo de descanso entre as sessões de treino ou estudo desapareceram.

    É para o nosso próprio bem, você precisa se manter forte caso queira uma vida pacífica depois que nos separarmos. Em pouco tempo isso terminará, fique tranquilo.

    A desculpa não caía tão bem, especialmente quando se levava em conta o tanto de coisas que estavam fazendo simultaneamente. O treino para energia demoníaca demonstrava um ótimo progresso, pelo menos, diferente das demais áreas onde ficou meio estagnado por ter alcançado o limite devido a idade. Ele não conseguia disparar mais magias, seu corpo não comportava “mana” o bastante, logo, só sobrou aprender maneiras mais feitiços básicos e meios eficientes de usá-los.

    Quanto a esgrima, ainda tinha um certo caminho a se seguir, mas nada relevante. A memória motora de bandidos e outros indivíduos pavimentou parte do conhecimento de Liane, faltando se acostumar com os movimentos, no entanto, não levou em conta a diferença de peso, de músculos e de anatomia, era impossível imitá-los por completo devido a esses atributos.

    Ele soltou um suspiro, marcando mais um X no mapa, em cima de uma loja cheia de armaduras e armas. Ao seu lado, havia uma empregada sempre virada com o rosto para frente, demonstrando um total de zero emoções. Era Celine, que desde o dia do ataque, ficava ao seu lado em qualquer ocasião.

    — Mestre Liane, você se afastou de novo, por favor, fique perto de mim para que eu possa protegê-lo.

    Digamos que um lado desconhecido apareceu naquela garota. Agora, mesmo totalmente seguro, jamais podia fazer qualquer coisa sozinho. Agradecia muito pela segurança extra, porém Liane conseguia se virar no caso de um conflito, além do mais, era perito em fugir e derrotar inimigos que o subestimavam.

    — Celine, você não devia tá com a irmã Zana?

    — Quando contei do incidente, ela ordenou que eu permanecesse ao seu lado.

    — Acho que ela faria ainda pior se soubesse dos detalhes de tudo…

    Para não preocupar Zana demais, Liane e Celine contaram a história pela metade, removendo a parte de que foram até o território de uma seita demoníaca e depois atacados. O que foi dito era que um deles saiu para usar o banheiro, então foi atacado por um monte de gente esquisita e fugiram para a cidade, achando ser mais seguro lá do que em casa.

    O plano funcionou muito bem. Os dois saíram ilesos de um castigo e agora aproveitavam uma bela tarde caminhando na cidade de Verdan, com Liane pontuando lugares que detectava um forte fluxo de energia demoníaca. Assim seguiam os momentos sem trabalho, assim se tornou sua vida.


    Zana era uma assassina treinada, não uma mulher qualquer cuidando de duas crianças. Ela tinha motivos de sobra para ter suspeitas, primeiro que já havia notado as “saidinhas” de Liane sozinho, além de reparar em Celine acompanhando-o tarde da noite. Havia algo definitivamente suspeito, esse sentimento foi reforçado quando escolheu seguir os dois disfarçada na multidão.

    Seus olhos estavam sempre mirados naqueles dois, até notar que as mãos do garoto carregavam um mapa e um pincel. Ele às vezes encarava um estabelecimento e marcava o mapa, apenas para continuar andando. Sua sobrancelha se ergueu, querendo entender o que diabos significava, mas o único jeito de descobrir seria entrando num dos locais marcados.

    Ela respirou fundo, dali em diante deixaria os pequenos desprotegidos, ou quase. Ainda reconhecia a existência da fada, e tinha certeza que o principal motivo deles terem sobrevivido ao ataque foi por causa dela. Essa coisa era assustadora, sabia que foi por causa dela que mataram um dragão na Vila do Dente. Mesmo sem ter a informação de parte dos seus poderes, possuía a certeza de que enquanto Liane estivesse vivo, a fada trataria de protegê-los e garantir a vida do garoto, o mais importante entre os dois.

    Zana encarou a loja de arma. Seus instintos avisaram do perigo. Um cheiro de enxofre se espalhou pelo ar, rapidamente captado pela mulher.

    “Fogo? Alguém pretende queimar esse lugar?”

    Adentrou o estabelecimento pela frente, um sino ecoou acima da sua cabeça.

    — Ah, um cliente, seja bem…! — O balconista estava cheio de animação ao ouvir o som, mas assim que viu a mulher, mudou de expressão. — Uma mulher… desculpe, madame, mas não vendemos talheres aqui, apenas armas.

    Uma típica resposta machista. Mulheres lutadoras eram incomuns no mundo, muitas assumiam cargos dentro de casa, como cozinhar e cuidar das criança. Zana era uma das poucas exceções e conhecia várias outras enquadradas nisso, no entanto, era impossível mudar o pensamento mundano dos vendedores de loja. Ela ignorou por completo aquele comentário e se aproximou da armadura exposta num manequim, um traje de couro e também com um capuz verde pintado.

    Era uma ótima proteção para batedores e para aventureiros sem dinheiro. Ela cruzou os braços, procurando de novo o cheiro.

    — Madame, eu já falei, aqui não é…

    — Você pode calar a sua boca? — Zana franziu as sobrancelhas e contorceu o rosto, assimilando-se a um monstro. — Está me irritando.

    — Si-Sim, mil desculpas! — O balconista se encolheu diante daquela expressão, dando um passo para trás de medo. Era feia igual o diabo!

    A moça ruiva pôde se concentrar novamente no que procurava uma vez que aquele idiota se aquietou. Suas mãos começaram a avaliar o material nas espadas e armaduras, era tudo extremamente pobre e frágil. Se uma daquelas armas fosse usada, com certeza quebraria em poucos golpes. Como se não bastasse ser extremamente inconveniente, o dono do lugar ainda vendia mercadorias pobres.

    Após tanto avaliar os objetos, ela chegou numa caixa cheia de esferas de papel. Aquilo era uma Bomba de Fogo, um item mágico menor muito útil para demolições… o problema era o forte cheiro de enxofre, indicando que aquela coisa explodiria a qualquer momento.


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