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    Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.

    De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!

    A invasão foi um completo sucesso. Sion, em sua armadura de placas com ornamentos que ostentava o símbolo de uma serpente, adentrou os confins da mina abandonada com seu esquadrão. Ele estava no meio, carregando uma espada na cintura e um escudo nas costas. Mesmo que o equipamento fosse pesado, a sua motivação superava qualquer mísero incômodo.

    Mais cedo, ouviu o disparo de uma flecha, mas seus oficiais disseram que foi apenas uma criança que apareceu. Se fosse o caso, ou seu outro esquadrão já havia alcançado os civis e os libertado, ou esse grupo de bandidos possuía até pequeninos nas suas fileiras. A segunda opção era mais palpável, uma pena que agora era tarde demais para decidir qual das opções seriam a correta, então precisavam marchar rápido.

    O marquês seguiu com os demais até chegarem numa encruzilhada. Havia dois caminhos, um à direita e outro à esquerda, só que antes mesmo de lançarem sortes para decidir por onde iriam, escutaram sons vindo do lado direito. Eram gemidos, grunhidos estranhos e passos. Todos levantaram as armas, temendo o que apareceria dali, mas o que menos esperavam era um conjunto de pessoas saindo das sombras.

    Eles estavam em péssimas condições, suas feridas à mostra e a sequidão nos lábios indicavam sua situação miserável. Não demorou para que Sion reconhecesse um deles, alguém que estava sendo carregado por dois homens e cuja cicatriz era a marca registrada.

    — Sir Aymeric! — Ele saiu do meio dos homens e avançou sem pensar contra a multidão.

    Outros homens seus, soldados de baixa patente, foram reconhecidos entre as pessoas. Eram todos sobreviventes, mas quem se encontrava no pior estado era o cavaleiro.

    — Levem-no daqui, depressa! Carreguem-no até o acampamento, meu pessoal irá guiá-los. Aos demais, também sigam, mas não desacelerem por um momento!

    Dado o aviso, a tropa atrás do marquês rapidamente se organizou e foi decidido quem seriam os guias para a volta. Eles prestaram serviço e saíram logo após conferirem quem podia andar e quem teria que ser carregado, dando garantia que voltariam bem para casa. 

    No entanto, foi informado ao marquês que uma parte do grupo de escolta da senhorita Silva tinha ido à frente para resgatá-la. Tal coisa era esperada, além do mais, ninguém esperava um resgate se nem sabiam onde estavam, e em meio a um desespero tão grande tentariam tirá-la das mãos do inimigo. A condição dela também era desconhecida, o que só aumentava a paranoia dos homens para agirem quando houvesse a chance.

    As coisas pioraram ainda mais quando descobriu como fugiram: um garoto matou os dois guardas e abriu as celas, depois escapou. As peças se encaixaram como num relâmpago, aquela criança que seus homens alvejaram muito provavelmente era a mesma que os libertou, mas matar dois homens com tanta facilidade em tenra idade era realmente um feito de se admirar.

    — Ele é realmente filho daquela bruxa… — Um sorriso curto surgiu em sua face, pensando em como o pequeno monstro resolveu parte de seus problemas.

    Ele já sabia como era impossível adentrar furtivamente sem ser pego, além do mais, suas tropas foram treinadas para guerra, não para espionagem. Esse caos estava nos seus planos, mas tê-lo tão cedo mudava a linha de raciocínio necessária para os passos a seguir.

    — Marquês, senhor! — Um homem berrou no meio dos demais, ajoelhado com a cabeça batendo no chão. — Permita-me ir com o senhor!

    Sion o olhou. Era um dos jovens no grupo de Aymeric, seu nome era Merk e seu talento era radiante, não à toa se tornou braço direito do cavaleiro e estava destinado a se tornar seu escudeiro quando retornassem à mansão. No entanto, pela forma como o destino se alterou, possivelmente ele nunca mais lutaria ao lado de seu ídolo, e por isso estava ajoelhado ali, quase com lágrimas nos olhos.

    — Por favor, senhor marquês, eu imploro! 

    Aqueles olhos explodiram em determinação, um brilho raro entre os mais corajosos homens. Não era necessário esforço para entender o que se passava na sua cabeça, e como reconhecia bem tal desejo ardente, o marquês acenou para um do seu grupo.

    A pessoa em questão se ajoelhou na frente de Merk e lhe deu uma lança e uma armadura de couro que estavam dentro da mochila do carregador não muito longe. Os olhos daquele ex-escudeiro se alegraram, e ele sem demora se equipou, apenas para acompanhá-los em pé de igualdade com uma chama maior no coração maior que todos combinados.

    Sion ficou contente, e assim todos o seu grupo andou contra as sombras. Sua missão era simples: resgatar sua filha e resgatar um garoto a mando da bruxa Isis. O menino era fácil de discernir, mas a prioridade número um seria sempre a senhorita Silva. 

    Gritos e o ranger de metal colidindo contra metal se tornou mais evidente, fazendo todos pararem de andar e começarem a correr padronizadamente rumo ao epicentro do caos. Foi assim que, no meio do caminho, apareceu exatamente o que o marquês tanto procurava. Fios prateados se destacaram na escuridão de uma cela, do qual seu olho passou rápido, mas que era indiscernível de qualquer outra coisa.

    Ele parou o passo, obrigando os demais atrás a também interromperem a corrida. A menina escondida no canto da cela levantou a cabeça, havia um mar de lágrimas em seus braços e olhos se mesclando as mechas claras do cabelo.

    — Pai…?

    — Silva, Silva! 

    O marquês queria chorar naquele momento, no entanto gastou toda sua vontade em quebrar aquelas barras com força bruta. Foi um esforço inútil, a ferrugem e a dureza daquele material o impediu, mas logo a esperança raiou em sua direção. Nas mãos da menina havia uma pequena chave velha.

    Ela entregou para seu pai, que desastradamente girou a chave na fechadura e abriu a porta. Ele se jogou contra sua filha e a abraçou com força, permitindo que a dor fluísse para fora do corpo. 

    — Papai… — disse Silva, sua voz embargava conforme seus dedos alcançaram as costas daquele homem. — Papai…

    — Eu estou aqui, filha, eu estou aqui. Ficará tudo bem…

    E finalmente, pai e filha se reencontraram.


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