Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 58: Na Face do Perigo
Os olhos de Liane se concentraram nas mãos levantadas de ambos os sequestradores. A adaga ficou parcialmente escondida no casaco sobre seus ombros, não dando para vê-la em meio ao conjunto de sombras formadas pelos tetos das casas.
— Não deixe ele escapar, idiota — disse um dos homens, pondo um par de luvas com espinhos na ponta. — Lembra do que aconteceu da última vez quando você se desatentou, né?
— Ah, só cala a boca… — respondeu o outro, com um porrete de madeira na mão. — Ei, menininha, seja bem educada que a gente não te machuca. Será só um breve passeio.
Menininha? Kuhuhahahahaha! Menininha, menininha!
Uma veia saltou da testa de Liane. Essa maldita piada e confusão começou a irritar pelo tanto de vezes que aconteceu, piorou ainda mais quando sentiu uma mão tocar no seu ombro. Era do homem de luva, cujo azar estava no limite, pois a adaga entre os dedos do garotinho escorregou rumo a mão, rasgando ao longo do antebraço enquanto rapidamente recuava com um passo para frente.
O do porrete arregalou os olhos diante do grito de dor de seu amigo, mas levantou o porrete a tempo de bater contra a cabeça do menino.
— Sua maldita, agora eu não vou ser educado!
As experiências de dezenas de lutas com faca vieram a sua mente, ao mesmo tempo que a memória muscular desenvolvida ao longo dos dias possuíram o corpo de Liane. Com uma rápida passada para o lado, ele rodopiou no próprio calcanhar e cravou a adaga contra a lateral do abdômen, reforçando seus músculos para continuar o corte em linha reta, passando por baixo dos ombros do oponente.
Os olhos do garoto estavam completamente abertos, seu rosto virado contra os dois oponentes. O machucado ataque foi o bastante para colocar um ajoelhado de dor e o outro com um sangramento considerável, jogando um cheiro de ferro combinado ao de carne podre pelo ambiente. Um suspiro fugiu de sua boca, deveria terminar logo o serviço e sair o mais rápido possível.
Não tenha pressa. Quero que deixe um deles vivos, tive uma ideia interessante.
“Esses lixos merecem morrer. Por causa de gente como eles, aquilo aconteceu.”
Errado, por causa de gente como a Jessia que aquilo aconteceu. Ambos são úteis para a gente, pense só: você pode encontrar o esconderijo ou o canto que vendem as crianças, libertá-las, tirar um dinheiro e sair como herói no meio. Você não quer ajudar os outros?
Liane mordeu a língua. Odiava imaginar o que os dois fizeram nessa vila, sua mente se incendiava em raiva ao pensar em como pessoas como a Silva sofreram tanto por causa dos desejos gananciosos de homens assim. Felizmente, só precisava de um deles vivo.
— Joshua, pare de se lamentar pelo seu braço e mata logo a desgra…!
Durou um único instante, um único segundo. Liane cortou a distância entre os dois num impulso repentino e cravou a adaga na nuca do homem com o porrete, atravessando sua garganta e silenciando de uma vez sua voz. Sangue carmesim inundou a adaga e o chão, o aroma delicioso satisfez as vontades de Er’Ika, que rapidamente absorveu as memórias do morto.
Encontrou bastante coisa útil, guardando para quando fosse de fato necessário. Por ora, queria ver como o pequenino planejava render um adulto com o dobro de seu tamanho.
— Joshua, certo? — disse Liane, levantando o queixo em direção ao canalha vivo enquanto deslizava a adaga para fora da garganta do cadáver. — Quer ter o mesmo destino dele? Se não, faça questão de me mostrar seu quartel general, então vou te poupar.
— Urgh… Não, foi golpe de sorte, você é só uma criança!
Com o punho esquerdo levantado, Joshua avançou para cima de Liane, apenas para rapidamente ser detido com uma facada na coxa seguida por uma descarga elétrica que paralisou o corpo inteiro. Ele lentamente caiu para trás, acompanhando a lâmina fria se aproximar do peito, enfim reparando como subestimou demais seu oponente. Sem mais nem menos, ele morreu.
Outro conjunto de memórias foi adicionado a grade de dados de Er’Ika. Liane estava parcialmente enxotado de sangue, e ao olhar para baixo fez uma cara feia, porque assustaria qualquer um se aparecesse no meio da rua. Ao menos, sua mente estava leve por acabar finalizando as coisas rápido. Não gostava de matar, mas não significava que se livrar de homens maus era necessariamente ruim.
Acreditava fielmente que suas ações eram um serviço para o bem de todos, independente de tudo.
Oh, que triste, ele tinha uma filha e esposa. Pelo visto as duas vão viver sozinhas a partir de agora… Pelo menos foi um bom pai durante a vida.
Aquele comentário de Er’Ika foi um espinho na sua garganta. Liane apagou os sentimentos de empatia com pensamentos como “Ele fez o errado”, mas ainda se sentiu incomodado. Para limpar mais a cabeça, saiu dali, deixando pegadas sangrentas para trás conforme se aprofundava pelos becos, assustando qualquer pessoa com quem se encontrava.
Por que não seguiu meu comando à risca?
“Você conseguiria extrair as informações daqueles dois se estivessem mortos, sequer precisava de um deles vivos, tudo o que queria era ver o caos se espalhando quando chegássemos lá e me dar motivo para matar mais gente, não é?”
Que saco, estou começando a ficar previsível. Tudo bem, esqueça disso.
Liane revirou os olhos, seguindo o caminho proposto por Er’Ika ao longo das vielas, o que os levou diretamente a um prédio abandonado no meio de barracos dos moradores de rua. As janelas quebradas e a madeira murcha davam um ar de casa mal-assombrada, ainda mais quando a neve se acumulando no telhado dava sinais de estar prestes a cair.
Um breve mapa mental se formou na sua mente, resultado da combinação daqueles dois sujeitos mortos. A rota mais eficiente, pelo menos para Liane, era por cima. Reforçando suas pernas, ele deu um salto e grudou na parede, escalando qualquer tijolo ou madeira disponível para se apoiar.
Ao abrir uma das janelas quebradas no topo, ele se deparou com um quarto cheio de símbolos, porém o pior estava logo no centro, onde uma figura encapuzada estava com uma espada erguida para o alto, prestes a se cravar no peito de uma criança no centro de um pentagrama.
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