Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 114: Resultado Nulo
Liane era um garoto introvertido com um lado extrovertido para quem gostava. A melhor forma de representá-lo seria uma criança quieta em público, mas quando estava dentro de casa, tornava-se um diabinho. Por isso, quando Jessia ouviu sobre o bispo e recebeu a notícia de que deviam comparecer a “desintoxicação”, ela imediatamente pensou em arranjar o símbolo de um deus e exorcizá-lo
Uma pena que se provou inútil qualquer esforço, o senso de “dever” da heroína a obrigava de qualquer forma, além do mais, já tinham corrido rumores por aí a respeito do seu comparecimento àquele momento para fornecer sossego aos residentes. Claro, ela claramente jamais faria isso se assim pudesse, mas com uma nova reputação a zelar, decidiu que iria de um jeito ou de outro.
Agora, Liane e Jessia se encontravam próximos à fila que levava ao objeto de inspeção. Os paladinos e sacerdotes trouxeram uma ferramenta piramidal, um tipo de maquinário mágico movido a outra coisa que não era mana. Er’Ika prontamente analisou a coisa e descobriu ser diferente de outros instrumentos que viram, como a pedra comunicadora e o filtro d’água. Ele não estava em contato direto, mas já tinha entendido que a forma dizia muito sobre os mecanismos internos e dava uma grande noção sobre como funcionava.
As pessoas tocavam na ponta da pirâmide e uma lâmpada se acendia. Ela ia do dourado ao roxo, o dourado indicando uma alta quantidade de energia divina, o roxo se referindo a energia demoníaca. Havia também a cor branca, que era um intermédio entre ambas as forças, mas ao que tudo aparentava, não havia uma forma de discernir mana.
Quem demonstrava uma afinidade com o divino, era separado dos demais pelos clérigos e recebia a chance de ter uma vaga para entrar no tempo de Lithia, já os outros, ou se resumiam a pessoas infectadas com uma alta concentração demoníaca, ou eram pessoas que estavam completamente bens. Em dado momento, Liane e Jessia tiveram que entrar na fila para realizar uma avaliação.
Como a mulher era o centro das atenções, não era de menos que todos olhavam, curiosos pelo resultado que surgiria. Ela engoliu seco, deu um passo à frente e estendeu a mão, assim que o dedo encostou na superfície, um breve resplendor amarelado emergiu. Aquilo por conta própria sinalizou a existência de uma baixa quantidade de poder divino, acalmando a consciência do bispo Vylon, aquele que supervisionava o local.
— Uff, tô limpa, agora não adiantará me sabotarem ou coisa do tipo — murmurou Jessia para si mesma, tendo perdido muito da tensão no rosto devido ao resultado.
Por fim, foi a vez de Liane. As pessoas se concentraram na heroína e acreditaram estar realmente certo, faria sentido precisar de um pouco do sobrenatural para matar um dragão. Era a oportunidade para perfeita para o garoto se esgueirar e passar despercebido pelos outros… ou assim imaginou.
— Se-Senhor, a pirâmide parou de funcionar — disse o clérigo responsável por cuidar do artefato, com o rosto espantado de confusão.
— Tente consertá-lo, ainda temos mais uma fila inteira de pessoas pela frente.
— Nã-Não, senhor, venha ver mais de perto.
Vylon franziu as sobrancelhas e checou o item. A pirâmide era um objeto constituído de diversas linhas de poder divino, criada por especialistas na construção de artefatos dentro da igreja, ou seja, era supostamente um avaliador preciso e que dificilmente causava problemas. No entanto, o que ocorreu ao artefato era diferente de tudo o que o bispo já viu.
O conjunto de circuitos, linhas douradas que realizavam nós e voltas ao longo do mármore para aumentar a consistência da avaliação, estavam apagadas. Ele não estava quebrado, na verdade, não havia nenhum modo de colocar energia dentro, como se a entrada pela qual a fonte entrava tivesse sido danificada. O homem paralisou em um momento de choque, isso só acontecia em casos tão específicos que podia contar no dedo o número de eventos, este, inclusive, era a segunda instância que pôde ver pessoalmente o artefato danificado.
Liane encarou aqueles dois, o bispo e o clérigo, cochicharem entre si. De repente, uma leva de ansiedade tomou conta de seu corpo, o sexto sentido para as situações ruins prestes a aflorarem.
Eles descobriram alguma coisa de errado. Se prepare para correr quando tiver a chance.
O garoto concordou mentalmente, as costas suavam frio pela expectativa do desconhecido. Finalmente, aqueles dois pararam de conversar, com o bispo vindo em sua direção com olhos diferentes do usual, trocando as espirais vazias e a falta de vida por um brilho exótico. Era estranho, muito mais do que o normal, e quando trocaram olhares, raios pareceram estalar no vento.
Liane sentiu como se uma coisa movesse dentro de si e olhasse cada canto do seu interior, mas, quando chegou ao coração, Vylon congelou. A boca tentou se mover para falar alguma coisa, uma pena que nada veio, aumentando ainda mais os temores do menino que agora se via numa estranha encruzilhada. Er’Ika também se encontrava muito quieto, mais do que o normal, sem indicar nenhum comando.
Depois do que demorou uma eternidade, o transe foi cortado abruptamente pela mão de uma mulher pegando o garoto pelo braço e o pondo abaixo da axila igual um saco de batatas.
— Não precisa ficar olhando demais, bispo, o garoto não tem nada demais.
O tom de Jessia, por outro lado, mais se assemelhava a uma ameaça velada. O brilho sumiu dos olhos de Vylon, retomando a clássica escuridão melancólica, seu semblante retornou ao normal de uma hora para a outra e agora ele escondia a face com o rosto.
— Perdão, só tive a impressão de ver alguma coisa nele…
— Entendi. Bem, estamos voltando, adeus.
Com esse corte seco, a bandida deu as costas e levou Liane embora. O bispo permaneceu no mesmo lugar, encarando o cabelo roxo dela balançar, distanciando-se gradativamente. Por outro lado, Jessia ficou muito mais tranquila e colocou o menino no chão assim que viu estarem longe do raio de visão dos paladinos, passando a murmurar mil e umas coisas incompreensíveis para si.
Liane, o epicentro dessa situação estranha, teve a intuição atiçada por um sentimento ruim.
“Erika, o que foi aquilo?”
Ele me viu.
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