Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 44: Lobo Vermelho
Z pretendia levar a garota consigo ao ponto de encontro para terminar a negociação com seu cliente, mas agora estava inseguro quanto ao sucesso de sua missão. Jessia não respondia a Pedra Comunicadora não importava quanto mandasse mensagens, algo de fato incomum. A mulher era bastante competente, então manteria o item consigo a todo momento, e com o mago mirim ao seu lado, atenderia sempre que recebesse um chamado. Pensar nisso atiçou suas paranoias.
Ele saltou entre as árvores, passando por cima das trilhas de neves feitas por animais, sem nenhuma dificuldade de saltar de galho em galho. Seu conjunto de agulhas ficou pronto por baixo do manto escuro, ao mesmo tempo que as adagas travadas na coxa viriam a calhar caso precisasse enfrentar algum empecilho, porém, durante o caminho inteiro, nunca fez uso. A floresta estava quieta demais.
Z possuía pouco conhecimento daquele lugar, o que sabia era sobre como seu nome, Floresta da Rosa Negra, se dava por meio da incomum presença de rosas escuras. Na verdade, tudo naquele lugar crescia com um tom mais escuro, dos troncos às pétalas das flores. Combinado com o fato de que ataques de monstros irreais e outras criaturas eram comuns, os nervos do assassino ficavam atentos, como se pressentisse o perigo cercando seus arredores.
Não acreditava em boatos, porém, a aura pesada desse lugar lhe deixava cauteloso. Enfrentar um monstro era algo completamente diferente de enfrentar uma pessoa. Se demorou tanto para derrubar com veneno um homem como Aymeric, podia-se dizer que um monstro comum levaria quem sabe o dobro ou triplo disso. O único motivo pelo qual escolheram esse lugar para se esconder era a parcial segurança dada pelo medo das demais pessoas em investigarem.
Se vissem homens em pedaços no meio da neve, se vissem membros decepados pelo caminho, ou até mesmo alguém empalado na copa de uma árvore, quem em sã consciência se arriscaria em saber o que diabos habitava lá dentro? Era melhor se fazer de cego, dar meia-volta e correr o mais rápido possível.
Z chegou próximo à entrada da caverna, e o que viu foi a realização de seus temores. A entrada foi arruinada, o musgo ao redor exalava um cheiro de queimado e no chão havia sangue seco. Ele não teve coragem de seguir em frente, a essa altura talvez tivesse se tornado a toca de alguma criatura. No entanto, era necessário checar mesmo que não quisesse, apenas para ter certeza de tudo.
Ele apertou o botão que prendia o seu manto e adentrou o local. A escuridão logo veio lhe abraçar, escondendo-o como os braços de um antigo amigo. Estava acostumado a isso, então andar por esse ambiente foi fácil, e já tendo memorizado os caminhos e a estrutura da mina, lembrava onde deveria ir.
A primeira coisa que decidiu conferir foi as celas comuns — sequer encontrou algum prisioneiro. Quando foi à sala principal, um tipo de taverna improvisada com seu balcão de madeira, também não encontrou nenhum dos bandidos. A falta de movimento e silêncio apagou a vã esperança de que a nobre ainda estivesse aqui, então após um grande passeio à procura de qualquer coisa, desistiu de procurar.
Ele retornou à taverna, indo conferir o restante dos quartos, mas seu coração parou no instante em que se deparou com alguém no meio do corredor. A pessoa abriu a porta de um quarto específico e adentrou, nenhum barulho ecoou daquela madeira velha. Uma adaga escorregou para a mão de Z.
“Você não devia estar aqui, seja lá quem for…”
Seus passos se tornaram mudos enquanto chegava perto do invasor, cada movimento era calculado para não ser percebido. Poderia ser só um batedor qualquer de outro grupo de bandidos, ou quem sabe alguém de passagem para roubar os pertences. Independente do caso, morreria da mesma forma.
Pôs os pés para dentro do quarto, o indivíduo suspeito estava parado na frente de uma cama, com um pedaço de trapo velho na mão. Seus punhos estavam terrivelmente cerrados, quase ao ponto de saírem sangue. A raiva era tão aparente que o corpo tremia e os dedos queriam cravar na carne. Tais emoções eram a única distração necessária para um assassino dar um golpe fatal.
Uma adaga se aproximou do pescoço, mas, para a surpresa de Z, sua lâmina nunca encostou na pele. Faíscas iluminaram o quarto por uma fração de segundo, permitindo visualizar por um momento o rosto e a arma nas mãos da mulher. Olhos claros como água no deserto e um cabelo ruivo carmesim, junto de uma rapieira extremamente fina.
O assassino era acostumado a escuridão e agir rápido quando estivesse banhado nela, por isso que visualizar seu inimigo se tornava uma tarefa fácil quando comparado ao seu excesso de experiência, mas o que menos esperava era ter que recuar. Essa pessoa não era normal.
Não houve tempo para qualquer palavra, a ponta da rapieira voou em sua direção como um relâmpago dando-lhe uma janela infinitamente pequena para reagir. Ele aparou e deu um passo para trás, apenas para aumentar a distância com seguidos passos e conseguir mais espaço no meio do corredor.
A mulher teve pouquíssima pressa para sair, as suas pesadas botas fizeram um som reverberar pelas paredes e crescer a pressão exercida no ambiente. No entanto, sua espada ficou baixa, e bastou um breve movimento no bolso para que um orbe de luz rolasse pelo chão e iluminasse as trevas.
Naquele momento, os olhos de Z se arregalaram. Antes crente de que poderia vencer ou se livrar da maioria dos problemas, teve sua fé lançada por terra.
A pessoa à sua frente usava uma máscara que cobria a parte superior do rosto, como as de um baile luxuoso, em que os tons escuros ressaltaram qualquer uma das características faciais.
— Ah, eu lembro de você… — ela disse, com uma expressão de escárnio. — Veio até o orfanato e com um falso nome e ainda por cima tocou no bem mais precioso da senhora, não é, Jay?
— Não… não pode ser… Você era aquela moça gentil? Por favor, eu…!
— Sem mais desculpas, já é tarde demais para se redimir. Sei que faz parte da Lâmina Fantasma, e eu, como a mais fiel espada da minha senhora, decreto aqui a sua morte.
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