Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 18: Apenas Negócios
A derrota de Aymeric foi decidida a partir do momento que lutou contra um membro da Lâmina Fantasma. Esse grupo era um dos mais temidos entre cavaleiros e nobres pelo simples fato de sempre serem especializados em combate, portando diversos objetos úteis e se adaptando a qualquer ocasião à frente, não importando se o inimigo usasse uma armadura de placas ou estivesse protegido atrás de centenas de soldados. No final, eles alcançariam o alvo e cortariam sua garganta.
O homem estava ajoelhado no meio do corredor, seus olhos se desfocavam do ambiente e seu corpo não respondia direito, efeito de um veneno injetado a partir das agulhas anteriormente usadas. O assassino, por outro lado, apenas guardou o restante de sua munição para mais tarde, encarando o homem com um certo espanto, pois o rosto dele ficou coberto por agulhas e mesmo assim ainda estava vivo.
— Você não deve saber, mas o tanto de veneno que recebeu deixaria pelo menos três homens em coma. — Largou um suspiro, decepcionado por perder um escravo valioso. — Se sobreviver, considere-se um abençoado, porque só de ter lutado até o fim significa que você é um monstro.
O capitão Aymeric não conseguia responder, depois de ser atingido muitas vezes ao longo das bochechas, queixo e lábio, partes do rosto paralisaram por completo. Por pouco evitou ter o pescoço e os olhos acertados, do contrário, a morte lhe aguardava em breve. Ele fitou o inimigo com uma intenção de sangue enorme, mesmo mal conseguindo visualizar e distinguir sua silhueta, mas era inútil.
— Senhor Z, rendemos o restante dos soldados! — gritou alguém do andar de baixo, o que imediatamente causou um mar de felicidade no vitorioso do combate.
— Ouviu isso? Seus homens perderam. — Ele deu de ombros e virou as costas, respondendo em alto e bom tom de volta: — Bom trabalho! Traga alguns dos nossos aqui e amarrem o capitão daquele grupo, se quiserem, cortem uma das mãos para evitar que ele traga qualquer problema!
Aquilo parecia uma piada de mal gosto, mas Z de fato gostou da reação de seu inimigo, da palidez ao escutar toda aquela tragédia. A sensação melhorou ainda mais quando passou ao seu lado, rumo ao quarto da garota nobre.
— Eu vou conferir como a querida Silva está. Olhe pelo lado bom, você não precisará mais lidar com aquela pirralha mimada, não é?
Sem sequer olhar para trás e conferir a reação esboçada por Aymeric, o assassino adentrou o quarto. Para o seu desprazer, nem Quari, o subordinado que enviou, e nem as crianças estavam lá. Uma breve investigação nos arredores lhe deu noção do que aconteceu, as crianças fizeram uma corda improvisada, desceram pela janela e correram para dentro da floresta.
Haviam pegadas, a corda de lençóis permaneceu inerte na neve, com um pedaço cortado. Z saltou dali e usou um apoio a partir do teto para cair com segurança no chão, mas depois de analisar um pouco mais, estranhou alguns fatos na cena.
“Quari cortou isso com a espada, então eles devem ter caído, porém como que há pegadas indo para tão longe e como aqueles dois sendo crianças mantiveram distância de um mago com magia de aprimoramento?”
O mistério circulou pelos seus pensamentos, ao ponto de obrigá-lo a investigar. Seguindo a trilha de passos deixados, ele logo se viu cada vez mais longe para a floresta, a uma distância já considerável e que seria o bastante para uma pessoa sair do raio de ação que o grupo detinha. Àquela altura, desde que se separassem, uma das crianças ao menos fugiria.
No entanto, a cena que Z viu traiu qualquer raciocínio lógico seu. Deitado no meio dos montes de neve estava Quari, com a cabeça levemente inclinada para o lado e o pescoço torcido de uma maneira horripilante, como se tivesse sido destroçada por algum objeto em alta velocidade, enquanto as duas crianças se isolaram próximas a uma árvore.
Silva balançava um garoto caído, cujo sangue escorria pelo lado esquerdo do rosto e os pés tremiam sem parar. Numa das mãos desse mesmo menino havia um punhal encharcado de sangue, contendo pedaços de carne em seu fio. Numa questão de segundos, o assassino juntou os pontos.
A menina nobre, que acreditava ser a mais provável de ter matado seu homem, na verdade não fez nada, pois seu vestido continuava limpo e intacto. Aquela roupa permanecer em tal estado após uma luta com bastante derramamento de sangue era um fato improvável demais para se acreditar, logo, o mais lógico seria apontar para o desmaiado e jogar a culpa nele.
“As mãos ensanguentadas, a blusa também… Tudo indica que foi esse moleque, mas algo desse nível é impossível pra alguém da idade dele.”
Qualquer um acharia que fosse falácia uma coisa assim acontecer, mas lá estava o cadáver de Quari no meio do nada, sendo testemunha absoluta de fatos que desafiavam o senso comum. Ainda havia a teoria de uma terceira pessoa se esgueirar nas sombras e ter matado o seu colega, essa inclusive era uma teoria muito vigente na sua cabeça, no entanto, fazia pouco sentido.
Por que diabos uma pessoa apareceria do nada no meio da noite e evitaria a captura das crianças sem antes levá-las consigo, tendo força para matar um mago despercebido e ir embora sem deixar rastros? Era mais fácil apostar no caso desse garoto ser um talento de potencial incomensurável.
Z soltou um suspiro e andou muito lentamente na direção de Silva, sem causar sequer um barulho.
— Liane, Liane, acorda! Não me deixa sozinha, Liane, acor…!
O homem retirou um frasco pequeno do bolso e o colocou na boca de Silva, ao mesmo tempo que agarrou sua garganta e a tirou do chão. O líquido agiu rapidamente, causando dormência pela língua, impedindo-a de gritar para chamar ajuda, apenas para em seguida amolecer seu corpo inteiro e tirar a energia que lhe restava. Ela continuava consciente, só paralisada.
— Oh, que conveniente esse adereço novo… — disse Z, notando a efetividade do produto. — Farei questão de recomendar essa engenharia nova do velho Ted, o careca sabe bem o que faz…
Ele colocou a garota abaixo de seu colo, mas ao olhar para o garoto caído, teve uma certa pena de deixá-lo para trás. A pena, no entanto, não era porque ele morreria de frio, mas porque tinha uma curiosidade inata de saber até onde essa criança poderia ir.
Se ele matou um mago dessa forma, tendo só essa idade, quem dirá do que seria capaz quando crescesse.
— Vou colocar você junto com os outros, mas, depois da troca com essa garotinha, você vai comigo ao QG dos Lâminas… Vou adorar ver sua cara de tortura quando passar pelo treinamento de recrutas, hehehe.
E assim, Z apanhou o garoto pelo cabelo e o arrastou pela neve.
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