Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 135: Rica e Mimada
Liane não era de nenhuma forma nobre. Ele podia ter uma aparência bonita, ser confundido com no gênero e até usar sua ingenuidade como proteção contra empecilhos, mas na realidade nunca teve nenhuma experiência de etiqueta. O mundo da elite era algo completamente diferente da sua realidade, tão distante que às vezes tinha inveja por não possuir os mesmos brinquedos e privilégios deles.
Por isso, quando passou pelos portões, ele ficou mesmerizado.
Ohhh, agora faz sentido aqueles almofadinhas serem tão arrogantes e mimados!
Ambos os lados da entrada da mansão eram cobertos por um lindo jardim, que durante aquela manhã estava sendo podado pelos jardineiros. Rosas, orquídeas e até girassóis eram cuidados para demonstrarem uma graça sobrenatural aos visitantes, o que teve claro efeito naquela criança muito sem noção. Por onde seus olhos iam, encontrava um novo motivo para admirar a morada, confundindo suas emoções entre respeito, inveja e surpresa.
Mesmo uma criança ainda sofria com os problemas dos adultos, ou melhor, o processo amadurecedor que Liane forçadamente passou pela presença de Er’Ika tinha lá resultados interessantes. No entanto, os sentimentos ruins pouco se destinavam a Silva, muito pelo contrário, se voltavam a existência da nobreza.
“Se eles tem tantas coisas, por que as pessoas da Vila do Dente passavam por dificuldades? Por que a gente no vilarejo tínhamos que costurar nossas roupas a mão e comer o mínimo?”
É um questionamento interessante, mas o mundo não é simples como você deve estar imaginando agora, pequenino. Na verdade, ele é muito injusto. Aqueles que são espertos abusam da própria posição para manterem seu poder, ou empurram os mais fracos para baixo enquanto sobem na hierarquia.
Er’Ika tinha o costume de usar palavras complicadas para perturbar o pensamento do garoto. Ele cerrou os punhos, tentando ignorar a balbúrdia e seguiu rumo às portas, que foram abruptamente abertas por um mordomo de cabelo grisalho, monóculo e bigode refinado. Ele usava um belíssimo terno, com luvas finas de seda, tudo para refletir a classe desnecessariamente alta de uma família abastada.
— Seja bem-vindo, mestra Liane. — O homem realizou uma breve reverência e abriu espaço para a entrada. — Por favor, entre, senhorita Silva lhe espera no quintal da mansão.
Puff, ainda te confundem querendo ou não, eu nunca deixo de achar isso engraçado!
O garoto fez uma expressão emburrada devido ao comentário, mas acenou com a cabeça e entrou sem falar nada. Devido a emergência da carta, o mínimo a se acreditar seria que aquela menina nobre causou um turbilhão dentro da própria mansão com seus servos, avisando a cada um especificamente como deviam tratar seu convidado de honra no momento que aparecesse.
Esse tipo de tratamento encucava Liane, desacostumado com tanto respeito lhe rondando e vendo como tratavam-no igual uma boneca de porcelana. Ele acompanhou o mordomo com passos longos, pois suas perninhas eram muito curtas e as do sujeito longas demais para acompanhar caminhando normalmente. No caminho, observou os corredores, cheios de mobílias caras e pinturas que remontavam aos ancestrais da família Tanite.
Era bastante interessante de se olhar, porém isso só atraia a curiosidade de Er’Ika, que gostava de analisar o comportamento humano à sua maneira. Para Liane, tudo não passava de um showzinho medíocre, pois nem ele recebeu sequer um desenho ou quadro para guardar em casa.
A chegada no quintal de repente passou num piscar de olhos. Aquele local era bastante amplo, dando para visualizar o cercado de grades de ferro e tijolos na distância, além de ter uma árvore solitária plantada próxima a um lago. Diferente da entrada, parecia a um campo pacato, silencioso e cheio de quietude para um grande pensador se sentar e ouvir a canção de uma brisa de primavera.
Mas apenas parecia.
— Ponha mais força nos braços, Silva, assim você não derrubará nem um filhote de javali!
— Sim, madame!
O local estava infestado pelo barulho de espadas de madeira se chocando, terra espancada por pisadas de pé e respirações ofegantes. O mordomo suspirou, desviando o olhar daquela cena esquisita de duas moças varrendo poeira e trocando golpes um atrás do outro.
— Me perdoe essa imagem constrangedora e minha falta de modos, mestra Liane, mas como serviçal do meu senhor por anos, nunca entendi a senhorita Silva.
— Tá-Tá tudo bem, eu ainda tento entender…
Nisso, os dois transmitiram um sinal de empatia, na dúvida sobre o funcionamento da mente daquela garota exótica.
— Com sua licença…
O homem fez uma reverência antes de sair, deixando a criança para trás observando aquela batalha. Aos padrões de Liane, não pareciam nada demais, visto que compartilhava a experiência de várias lutas de espada e presenciou a morte de um dragão, não lhe dando medo algum. Os passos rápidos da tutora, no entanto, chamaram sua atenção. Eram rápidos igual um fantasma, de uma hora para a outra estavam em posições diferentes e assegurando sua postura firme em solo.
Já Silva, faltava muito refinamento, seus passos às vezes se estendiam demais e por vezes o pé se dobrava de maneira que não devia. Lembrava uma dança exagerada pelos movimentos de espada, tendo mais beleza que eficiência.
— Hã, Liane? Au!
Foi por uma breve janela de tempo, mas a nobre percebeu seu amigo parado um pouco distante, e essa distração fez com que a espada de madeira da tutora atingisse o topo de sua cabeça, erguendo um galo no lugar.
— Eu falei para não se distrair, Silva! Não olhe para o lado em nenhum momento!
— Mestra, isso é pouco importante agora! Ela veio, ela veio!
A mulher virou o rosto, finalmente reparando na criança. Levantou a sobrancelha, um óbvio julgamento indireto que Liane rapidamente devolveu igualmente com os olhos arregalados. Ambos se estranharam, como se houvessem faíscas invisíveis no caminho.
— Lianeee, Liane!
E assim, a criança permaneceu travada até receber um forte abraço de Silva, que conseguiu estralar aqueles ossinhos.
— Ai, não precisa me apertar tanto!
— Como eu vou perder essa chance quando você demorou tanto pra vir?!
— Mas eu recebi a carta ontem…
Esse fato foi diligentemente ignorado, com Silva apanhando outra espada de madeira para entregá-lo. Com a sua arma em mãos, ela ficou com o queixo para o alto e um rostinho arrogante de confiança.
— Pois bem, eu devo mostrar os resultados do meu treinamento! Eu te desafio para um duelo!
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