Ei, você é curioso? Se for, que bom, deixo saberem o quanto quiserem de mim! Pra começo de conversa, eu sou um sapo mágico, tá ligado? Eu sei que minha foto de perfil engana, mas é sério! Infelizmente, estou preso no fundo do poço, minha sabedoria não pode sair desse lugar, mas você pode sempre vir aqui e jogar uma moedinha ou perguntar ao sapo do poço sobre sua sabedoria.
De qualquer forma, esse sapo já foi autor de outras coisas, sabia? Ele também ensina e faz trabalhos relacionados a escrita! Bizarro? Com certeza é um sapo mágico, oras! Agora, se encante com minha magia e leia todas as minhas histórias (e entre no discord), simsalabim!
Capítulo 17: Medidas Extremas
— Acordem! Acordem! Temos invasores! Jay, Merk, Pron, levantem as suas bundas gordas e peguem suas armas!
Silva acordou quando ouviu aquelas palavras e olhou em direção a porta, apenas para se deparar com um clarão de luz passando pela fechadura da maçaneta. Ela engoliu seco e correu para abrir uma fresta, onde assistiu sir Aymeric disparar um virote de sua besta e correr até o final do corredor.
Atordoada e com um tremor correndo pelas suas mãos, viu Liane dormindo na cama, mas seu desespero explodindo naquele momento a fez balançar seus ombros tanto ao ponto do garoto despertar com estrelas girando nos olhos. Ele mostrou uma expressão bem descontente.
— Silva…? Tá tarde, volta a dor…
Um tapa na bochecha do menino obrigou sua mente a se mover a todo vapor. Er’Ika também pareceu se dar conta do ocorrido, mais cedo havia se distraído com a organização de memórias, mas a situação levou a uma emergência imediata. Controlando parte do corpo de Liane, bombardeou cada uma de suas partes com energia, enfim terminando seu estado embriagado pelo sono profundo.
— Por quanto tempo você vai ficar com essa cara de tacho?! — Ela puxou os cobertores, rapidamente criando nós entre cada um. — Temos que sair daqui o quanto antes, se não estaremos mortos!
Liane tremeu, um medo nasceu nos confins de sua mente. Morte era uma palavra assustadora aos seus ouvidos, ao ponto dele ficar parado por segundos sem saber o que fazer e o que pensar.
É um ataque. Acabei de conferir na sua memória de agora pouco, o som do lado de fora e o desespero no rosto dessa garota dizem muito. Ajude-a o quanto antes, pois assim vamos sair com vida.
“Mas e a irmã? E o senhor Aymeric? E o Jay?”
Acho irônico você lembrar desses dois agora. Eles possivelmente sobreviverão com as habilidades que tem, sua irmã também sabe se virar. Por enquanto, foque em fugir com vida. Zana não gostaria de receber um cadáver na porta de casa.
Aquele comentário fez um frio correr pela espinha de Liane. Ele rapidamente se ergueu e ajudou a garota com os nós, amarrando-o num gancho de ferro próximo a janela. A corda de lençóis desceu até a metade do caminho, naquela altura havia pouca chance de dar certo, mas era isso ou falecer nas mãos de qualquer coisa que entrasse pela porta
Liane foi primeiro, não demorando para chegar ao final da corda improvisada, seguida de Silva, que completamente sem jeito escorregou por aquela coisa. Ela evitou olhar para baixo, suas mãos geladas a forçaram a dar um movimento de cada vez, enquanto a respiração preenchida de ansiedade definiu um caos em seu rosto já deformado pela preocupação.
Quando estava prestes a alcançar Liane, uma pessoa apareceu na sacada da janela. Era um sujeito magro com uma fileira de dentes podres aparecendo num sorriso sádico. O rosto de Silva gelou ao reparar na espada em suas mãos, que num único movimento cortou os fios do tecido.
Er’Ika reparou na falta de apoio repentino, o corpo de Liane estava prestes a cair contra o chão.
Pequenino, vou tomar o controle. Não resista.
“Cer-Certo!”
As pernas de Liane se jogaram na parede contra a sua vontade, usando-a para se impulsionar para cima, pegando Silva nos braços e em seguida despencando rumo ao chão. Ambos os pés fizeram um som desagradável de estralo, no entanto, a neve negou grande parte do dano. O garotinho não conseguia acreditar no que fez, em como saltou tão alto e ainda assim pôde aterrissar com perfeição.
Uma pena que era cedo demais para pensar em questões tão absurdas, pois logo em seguida seu corpo correu em alta velocidade rumo a floresta. Ele já imaginava o efeito de se forçar tanto assim, mas agora era isso ou se jogar à mercê da sorte.
Silva enrolou os braços no pescoço do garoto, vendo por cima de seus ombros o sujeito mal-encarado de antes descer flutuando da janela, apenas para em seguida persegui-los com uma rapidez absurda. Os passos estavam se aproximando conforme se aprofundavam na mata. O frio estava consumindo o corpo parcialmente desprotegido de Liane, minando muito lentamente suas energias, ao ponto de inevitavelmente ser alcançado por não aguentar correr mais.
Ele se ajoelhou e pôs a garota no chão, respirando o mais fundo possível para se manter consciente, até virar a cabeça para trás e se deparar com o homem se aproximando lentamente.
— Não atrasem o meu trabalho mais do que deveriam, crianças…
Liane encarou o reflexo da lâmina nas mãos do inimigo, suas pernas estavam tremendo de tanta tensão e por exceder o limite do seu corpo infantil. Ele rangeu os dentes, sem saber o que fazer, e Er’Ika não parecia querer dizer alguma coisa. Com o restante das suas energias, saltou na direção do homem mal-encarado, mas…
Liane, não!
… um chute o acertou diretamente no rosto, as botas com espinhos atingiram quase que diretamente o olho, fazendo o sangue fluir ao redor e dentro das íris. O golpe foi tão forte que sua cabeça não estava funcionando direito, o mundo ao redor girava, lágrimas sangrentas despencavam pelo rosto e tudo o que ele viu foi Silva tirar um punhal de seu vestido e segurá-lo contra o agressor.
Infelizmente, bastou uma simples pancada com a espada para desarmá-la. O punhal caiu diante do olho funcional de Liane.
Me desculpe por fazer o que devo agora, pequenino…
Outra vez, Er’Ika se apossou forçadamente do corpo de Liane. Os músculos em suas pernas gemeram, enquanto as dezenas de cãibras percorrendo cada fibra causavam a dor de inúmeras agulhadas simultâneas. O garotinho não sentiu nada, a sua cabeça bagunçada pelo chute bagunçou grande parte dos seus sentidos. Ele agarrou o punhal, e de repente, voou para o lado do homem num salto.
A lâmina deslizou no pescoço, cortando as veias e destroçando parte da garganta. As pernas de Liane não tinham mais forças para nada, e por isso rolou até bater as costas contra o tronco de uma árvore.
Silva se apressou para permanecer ao seu lado e a última coisa que ele viu foi o corpo do inimigo cair no chão e o cabelo prateado da nobre brilhar sob o luar.
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